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FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 1 4. FUNDAMENTOS DA CONVECÇÃO 4.1. LEI BÁSICA PARA CONVECÇÃO O calor transferido por convecção, na unidade de tempo, entre uma superfície e um fluido, pode ser calculado através da relação proposta por Isaac Newton : TAhq ∆= ..& ( eq. 4.1 ) onde, q . = fluxo de calor transferido por convecção ( kcal/h); A = área de transferência de calor (m2); ∆T = diferença de temperatura entre a superfície (Ts) e a do fluido em um local bastante afastado da superfície (TT) (oC). A figura 4.1 ilustra o perfil de temperatura e ¦T para o caso de um fluido escoando sobre uma superfície aquecida; h = coeficiente de transferência de calor por convecção ou coeficiente de película. [ figura 4.1 ] A simplicidade da equação de Newton é ilusória, pois ela não explícita as dificuldades envolvidas no estudo da convecção, servindo apenas como uma definição do coeficiente de película (h). O coeficiente de película é, na realidade, uma função complexa do escoamento do fluido, das propriedades físicas do meio fluido e da geometria do sistema. Seu valor numérico não é, em geral, uniforme sobre a superfície. Por isto utiliza-se um valor médio para a superfície. A partir da equação 4.1 , podem ser obtidas as unidades do coeficiente de película. No sistema prático métrico, temos : h q A T Kcal h m C Kcal h m Co o = =FHG IKJ . . / . . .∆ 2 2 (eq. 4.2) Analogamente, nos sistemas Inglês e Internacional, temos : Sistema Inglês Btu h.ft .2 → oF Sistema Iinternacional W m2 → .K A tabela 4.1 mostra, para diversos meios, ordens de grandeza do coeficiente de película em unidade do sistema prático métrico : FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 2 Tabela 4.1 - Ordens de grandeza do coeficiente de película ( h ) Meio kcal/h.m2.oC Ar, convecção natural 5-25 Vapor, convecção forçada 25-250 Óleo, convecção forçada 50-1500 Água, convecção forçada 250-10000 Água convecção em ebulição 2500-50000 Vapor, em condensação 5000-100000 4.2. RESISTÊNCIA TÉRMICA NA CONVECÇÃO Como visto anteriormente, a expressão para o fluxo de calor transferido por convecção é : TAhq ∆= ... ( eq. 4.3 ) Um fluxo de calor é também uma relação entre um potencial térmico e uma resistência : R Tq ∆=. ( eq. 4.4 ) Igualando as equações 4.11 e 4.12, obtemos a expressão para a resistência térmica na convecção : R h A = 1 . ( eq. 4.5 ) 4.3. MECANISMOS COMBINADOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR (CONDUÇÃO E CONVECÇÃO) Consideremos uma parede plana situada entre dois fluidos a diferentes temperaturas. Se as temperaturas T1 e T4 dos fluidos são constantes, será estabelecido um fluxo de calor único e constante através da parede (regime permanente). Um bom exemplo desta situação é o fluxo de calor gerado pela combustão dentro de um forno, que atravessa a parede por condução e se dissipa no ar atmosférico. FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 3 Utilizando a equação de Newton ( equação 4.1 ) e a equação para o fluxo de calor em uma parede plana ( equação 3.6 ), podemos obter as seguintes equações para o fluxo de calor transferido pelo forno : ( ) .. 211 TTAhq −=& ( eq. 4.6 ) ( ) . 32 TTL Akq −=& ( eq. 4.7 ) ( ) .. 432 TTAhq −=& ( eq. 4.8 ) Colocando as diferenças de temperatura nas equações 4.14 a 4.16 em evidência e somando membro a membro, obtemos : ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ++=−+−+− =− =− =− AhAk L Ah qTTTTTT Ah qTT Ak LqTT Ah qTT . 1 .. 1. . )( . .)( . )( 21 433221 2 43 32 1 21 & & & & Substituindo as expressões para as resistências térmicas à convecção e à condução em parede plana na equação acima, obtemos fluxo de calor transferido pelo forno : ( ) tR totalTq RRR TT AhAk L Ah TT q ∆=⇒++ −= ++ −= && 321 41 .2 1 ..1 1 41 ( eq. 4.9 ) Portanto, também quando ocorre a ação combinada dos mecanismos de condução e convecção, a analogia com a eletricidade continua válida; sendo que a resistência total é igual à soma das resistências que estão em série, não importando se por convecção ou condução. • Exercício 4.1. Uma parede de um forno é constituída de duas camadas : 0,20 m de tijolo refratário (k =1,2 kcal/h.m.oC) e 0,13 m de tijolo isolante (0,15 kcal/h.m.oC). A temperatura dos gases dentro do forno é 1700oC e o coeficiente de película na parede interna é 58 kcal/h.m2.oC. A temperatura ambiente é 27 oC e o coeficiente de película na parede externa é 12,5 kcal/h m2 oC. Desprezando a resistência térmica das juntas de argamassa, calcular : a) o fluxo de calor por m2 de parede; b) a temperatura nas superfícies interna e externa da parede. FENÔMENOS DE TRANSPORTE GLEYZER MARTINS 4 • Exercício 4.2. A parede de um edifício tem 30,5 cm de espessura e foi construída com um material de k = 1,31 W/m.K. Em dia de inverno as seguintes temperaturas foram medidas : temperatura do ar interior = 21,1 oC; temperatura do ar exterior = -9,4 oC; temperatura da face interna da parede = 13,3 oC; temperatura da face externa da parede = -6,9 oC. Calcular os coeficientes de película interno e externo à parede. parede de refratário : parede de isolante : L m k Kcal h m C L m k Kcal h m C h Kcal h m C h Kcal h m C T C T C o o i o e o o o 1 1 2 2 2 2 1 3 0 20 1 2 0 13 0 15 58 12 5 1700 27 = = = = = = = = , , . . , , . . . . , . . T C k W m K T C A m T C L m T C 1 0 2 0 2 3 0 4 0 21 1 1 31 13 3 1 6 9 0 305 9 4 = = = = = − = = − , , . , , , ,
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