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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG Curso de Graduação de Farmácia Disciplina: Química Geral Experimental F- U7B Educadora: Elizângela A. Santos Camila Oliveira - 2011025464 Gliciene Oliveira - 2010025673 EXPERIÊNCIA N° 08 (26/05/2011) Corrosão Belo Horizonte Maio / 2011 Introdução A corrosão é um processo resultante da ação do meio sobre um determinado material, causando sua deterioração. Cientificamente, o termo corrosão tem sido empregado para designar o processo de destruição total, parcial, superficial ou estrutural dos materiais por um ataque eletroquímico, químico ou eletrolítico. A corrosão metálica é a transformação de um material metálico ou liga metálica pela sua interação química ou eletroquímica num determinado meio de exposição, processo que resulta na formação de produtos de corrosão e na libertação de energia. A corrosão pode ser vista como nada mais que a tendência ao retorno para um composto estável. Assim, por exemplo, quando uma peça de aço enferruja, o ferro, principal componente, está retornando à forma de óxido, que é o composto original do minério. Objetivos: Analisar experiências relativas à corrosão úmida do ferro. Obs: Os procedimentos 1,2,3 e 5 foram previamente preparados por outra turma (aproximadamente sete dias antes da prática) e deixados em estado de repouso, sendo apenas analisados no relatório a seguir. Procedimentos: Procedimento 1 Corrosão do ferro na atmosfera: Em um experimento contendo um pedaço de palha de aço no fundo de uma proveta de aproximadamente 40 cm foi adicionado água e posteriormente emborcado em um béquer que também continha água de maneira que deixasse o ar penetrar cerca de 10 cm da proveta. Procedimento 2 Corrosão úmida do ferro: Neste experimento, a fim de comparar a natureza do meio, foram escolhidos reagentes em diferentes concentrações. Sendo assim, 9 pregos de ferro (4cm x 1cm), previamente limpos, foram mergulhados nas seguintes soluções: - Tubo 1 – água de torneira; - Tubo 2 – HCl p.a. diluído (3 mol L-1); - Tubo 3 – HCl p.a. (6 mol L-1); - Tubo 4 – NaOH (0,1 mol L-1); - Tubo 5 – H2SO4 (3,5 mol L-1); - Tubo 6 – H2SO4 conc. - Tubo 7 – NaCl a 5 %. - Tubo 8 – Somente a lâmina de ferro. Procedimento 3 Corrosão na linha D’água. Neste experimento um prego de ferro foi mergulhado em dois tubos de ensaio contendo as soluções a seguir, e logo após foram tampados. - Tubo 1 – água de torneira. - Tubo 2 – NaCl a 5 %. Procedimento 4 Verificação das áreas Anódicas e Catódicas: Colocou-se em uma placa de ferro limpa (decapada com HCL, lavada e seca), 2 gotas de solução (já preparada) de NaCL contendo K3[Fe(CN)6] ( indicador ferroxílico) e fenolftaleína. Procedimento 5 Corrosão sob tensão: Sabe-se que a “tensão’’ interna do material resulta da aplicação de esforço atuante ou pode ser a tensão residual resultante de um esforço sofrido pela peça (esmagamento, solda e etc), que é o caso do prego onde a cabeça e a ponta foram esmagados na sua fabricação. Com base nisso , neste experimento, mergulhou-se um prego nas seguintes soluções: - Tubo 1 – NaCl a 5 %. - Tubo 2 – HCl a 6 mol L-1. Procedimento 6 Corrosão galvânica: A corrosão galvânica ocorre quando se justapõem dois metais diferentes expostos a um meio corrosivo. Diante disso foi mergulhado em um béquer de 50 ml, contendo 3 ml de uma solução indicadora (NaCl contendo K3[Fe(CN)6] (indicador ferroxílico) e fenolftaleína), peças de Fe: Cu e Fe: Zn unidas por um fio de cobre soldado (condutor). Resultados e Discussões Procedimento 1: Corrosão do ferro na atmosfera. Foi possível observar, após uma semana, uma mudança na coloração da porção mais exposta da palha de aço ao oxigênio e a água, que se encontravam no interior da proveta. Essa parte da palha de aço adquiriu uma cor alaranjada, o que é explicado de acordo com as seguintes reações: Reação 1: Fe(s) + H2O(l) + 1/2O2(g) → Fe(OH)2(aq) Nesta reação, o ferro metálico é oxidado à Fe2+ na presença de água e oxigênio gasoso. Reação 2: Fe(OH)2(aq) + H2O(l) +3/2O2(g) → Fe(OH)3(aq) + H2O(l) Esta reação ocorre apenas na presença de O2(g), e o hidróxido produzido - Fe(OH)3(aq) – é rapidamente decomposto. Reação 3: Fe(OH)3(aq) → H2O(l) + Fe2O3(s) Como o hidróxido Fe(OH)3 é um composto instável, há uma rápida degradação deste composto em Fe2O3(s), sólido comumente chamado de “ferrugem”, de coloração vermelho-acobreado e textura áspera. Observou-se também que no interior da proveta houve um decréscimo no volume de ar e consequentemente um aumento no volume da água. O volume de ar diminui devido ao consumo do oxigênio, O2, na oxidação do Bombril. Com isso, a pressão atmosférica “empurra” a água para a coluna de água. Procedimento 2: Corrosão úmida do ferro. Lista de reações: Reação 1: Fe(s) + H2O(l) + 1/2O2(g) → Fe(OH)2(aq) Reação 2: Fe(OH)2(aq) + H2O(l) +3/2O2(g) → Fe(OH)3(aq) + H2O(l) Reação 3: Fe(OH)3(aq) → H2O(l) + Fe2O3(s) Reação 4: Fe(OH)2(aq) → H2O(l) + H2(g) + Fe3O4(s) Reação 5: 2Fe(s) + 6HCl(aq) → 2FeCl2(s) + 4H2(g) Reação 6: Fe(s) + H2SO4 → H2(g) + FeSO4(s) Tubos Solução a que o ferro foi exposto Aspecto inicial Corrosão Sim\ Não Equações envolvidas Justificativa 01 água de torneira Normal Sim Reações: 1,2 e 3 Na presença de O2 e H2O o ferro oxida. 02 HCl p.a. diluído (3 mol L-1) Normal Sim Reação 5 Houve oxidação do prego em concordância com a reação 5, com formação do sólido FeCl2(s), cuja coloração característica é o verde. Ocorreu a liberação do gás H2. 03 HCl p.a. (6 mol L-1). Normal Sim Reação 5 O resultado observado foi o mesmo do tubo 2. Porém, a corrosão do prego se deu com uma maior intensidade, porque a concentração do ácido corrosivo no tubo 3 é maior do que no tubo 2, o que aumenta a velocidade da reação. 04 NaOH (0,1 mol L -1). Normal Não Reações: 1 e 2 Não há evidencias macroscópicas de que houve uma reação, todavia, sabe-se que o ferro oxidará em meio aquoso; portanto, há formação de hidróxido de ferro, Fe(OH)2 , de acordo com as reações 1 e 2. Este composto deposita-se sobre o prego, protegendo-o da corrosão e cessando assim as reações, pois o meio alcalino ‘impede’ que o hidróxido formado se solubilize. 05 H2SO4 (3,5 mol L -1). Normal Sim Reação 6 O ácido estava diluído, logo, os íons em solução atacaram o prego, corroendo. Formou-se um precipitado azul claro (FeSO4) sobre o ferro. 06 H2SO4 conc. Normal Não Reação 6 Não ocorreu reação em níveis significativos, uma vez que a alta concentração de ácido sulfúrico (aproximadamente 97%) dificulta a formação de íons H+ dissociados em solução, impedindo assim a ocorrência da corrosão descrita pela reação 6. 07 NaCL a 5 % Normal Sim Reações: 1,2 e 3 As reações de corrosão são as mesmas apresentadas no tubo 1, todavia, a presença de um maior número de eletrólitos por causa do NaCl dissolvido intensifica a corrosão. 08 Somente a lâmina de ferro. Normal Não Tempo insuficiente para se observar uma reação. Procedimento 3: Corrosão na linha D’água. No Tubo 1 (água de torneira) a corrosão ocorreu da linha d’água em direção a porção submersa, uma vez que a solução é rica em oxigênio. A solução passou a apresentar uma coloração amarelada, devido a formação do hidróxido férrico, Fe(OH)3 (s). Fe (OH2) (aq) + ½ H2O (l) + ½ O2 (aq) → Fe(OH)3 (s) (amarelado) No Tubo 2 (NaCl a 5 %) houve formação de precipitado, e por ser um meio pobre em oxigênio a solução apresentou uma coloração esverdeada. Fe(OH)2(aq) → H2O(l) + H2(g) + Fe3O4(s) (preto esverdeado) Procedimento 4: Verificação das áreas Anódicas e Catódicas O líquido gotejado no ferro era uma solução dos seguintes indicadores: 1- fenolftaleína, que torna a solução rosa, quando esta apresenta íons hidroxila, a qual caracteriza um meio básico; 2- K3[Fe(CN)6], indicador de Fe2+ em solução, cuja coloração característica na presençadesses íons é o azul. Verificou-se que a borda da gota que estava sobre a placa de ferro - local onde há contato do ferro com O2(g) – adquiriu a coloração rosa, o que indica excesso de OH- na região. O centro da gota adquiriu a coloração azul , o que indica que houve a oxidação do Fe(s) a Fe2+(aq) Sabendo que no ânodo ocorre uma reação de oxidação e no cátodo, uma reação de redução, concluímos que o centro da gota (azul) é o ânodo e a borda (rosa) é o cátodo. Isso é verificado de acordo com aa reações a seguir: Fe(s) → Fe2+(aq) + 2e- H2O(s) + ½ O2 (g) + 2e- → 2OH-(aq) -------------------------------------------------------- Fe(s) + H2O (l) + ½ O2 (aq) → Fe 2+(aq) + 2OH-(aq) Procedimento 5: Corrosão sob tensão. Os pregos nos tubos de ensaio, após uma semana, apresentaram corrosões diferenciadas. No tubo 1 o prego enferrujou-se de acordo com as seguintes reações: Fe(s) + H2O(l) + 1/2O2(g) → Fe(OH)2(aq) Fe(OH)2(aq) + H2O(l) +3/2O2(g) → Fe(OH)3(aq) + H2O(l) Fe(OH)3(aq) → H2O(l) + Fe2O3(s) Já o prego do tubo 2 corroeu-se de acordo com a seguinte reação, formando o sólido FeCl2(s), cuja coloração característica é o verde: 2Fe(s) + 6HCl(aq) → 2FeCl2(s) + 4H2(g) Além destes aspectos, observou-se a presença de fissuras ao longo da estrutura do ferro indicando o efeito da tensão mecânica em conjunto com a tensão corrosiva. Procedimento 6: Corrosão galvânica Ocorre quando há o encontro de dois metais que apresentam diferentes potenciais elétricos. É provavelmente o tipo mais comum de corrosão. Dois eletrodos de materiais diferentes são imersos em um eletrólito e são eletricamente ligados entre si. Nessas condições, é necessário que os materiais do anodo e catodo sejam diferentes, ou melhor, apresentem potenciais de oxidação (tensão gerada por cada em relação a um eletrodo neutro de referência) diferentes. Reação entre as peças Fe:Cu: Fe(s) → Fe2+(aq) + 2e- ε = +0,44V (reação anódica) Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s) ε = +0,34V (reação catódica) ----------------------------------------------------------------- Fe(s) + Cu2+(aq) → Fe2+(aq) + Cu(s) ∆ ε = +0,78V Reação entre as peças Fe:Zn: Fe2+(aq) + 2e- → Fe(s) ε = -0,44V (reação catódica) Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e- ε = +0,76V (reação anódica) ---------------------------------------------------------------- Fe2+(aq) + Zn(s) → Fe(s) + Zn2+(aq) ∆ ε = +0,32V Conclusão: Ao avaliarmos os diferentes tipos de corrosão, tem-se um conjunto de fenômenos químicos que representam situações comuns no dia-a-dia. Além disso, verificamos que este tema permite identificar diversos conteúdos, como reações de compostos inorgânicos, oxi-redução, cinética química, equilíbrio químico e eletroquímica. Referências: Tito/Canto; “Química na abordagem do cotidiano – volume único”; Ed. Moderna. Mortimer, Eduard Fleury; Química, volume único: ensino médio/ Eduard Fleury Mortimer, Andréa Horta Machado. São Paulo: Scipione, 2005.
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