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PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Caracteriza-se pela multiplicação bacteriana em qualquer segmento do aparelho urinário que resulte em sintomas • É uma das infecções mais comuns da infância o Prevalência geral em crianças menores de 2 anos e febris é de aproximadamente 7% • No 1º ano de vida as ITU prevalecem no sexo masculino, devido as infecções neonatais → sepse tambem é mais comum em meninos, os quais acabam desenvolvendo por disseminação hematogênica tambem ITU o A partir de 1 ano predomina em meninas → relação de 10:1 • É mais comum em pré-escolares (3-5 anos, fase de treinamento esfincteriano) e adolescentes (alterações hormonais e iniciação sexual) ❖ Fatores de Risco o Brancos o Sexo feminino → uretra menor e mais próxima do anus, atividade sexual ▪ Secagem vulvar de trás para frente, roupas apertadas o Meninos não circuncidados o Treinamento de toalete → reter muita urina aumenta o risco de infecção o Constipação → pode prejudicar o esvaziamento da bexiga o Anormalidades anatômicas → obstrução de Jupe, refluxo vesicoureteral o Anormalidades funcionais → bexiga neurogênica, disfunção miccional ▪ Uropatias obstrutivas são FR pelo esvaziamento incompleto da bexiga → a urina estagnada é excelente meio de cultura para a maioria dos patógenos relacionados o RN de mães que apresentaram, na gestação, ITU de repetição têm risco até 4x maior de ITU neonatal • Infecção ascendente onde bactérias do períneo ascendem pela uretra → bactérias de flora intestinal, gram negativas o E. coli (75 a 90%) em meninas ▪ Bactérias com fímbrias p → capacidade de se aderir ao uroepitélio, facilitando a ascensão ✓ causadoras de pielonefrite ▪ Além de produzirem hemolisinas → ajuda a evadir das defesas naturais do hospedeiro o Nos meninos Proteus (coloniza o prepúcio) e E. coli tem o mesmo índice (50%) o Klebsiella, Enterococcus o Pseudomonas em imunossuprimidos e manipulação cirúrgica de trato urinário o Stafilo saprofítico → mais comum em adolescentes do sexo feminino ▪ As infecções causadas por bactérias que não E. coli estão mais associadas a anomalias do trato urinário, ITU materna neonatal e tratamento prévio com antibióticos o Candida → principalmente depois do uso de atb prolongado em imunossuprimidos ou pctes com cateter vesical por longos períodos ❖ Disseminação hematogênica pode ocorrer, sendo mais comum em RN, imunodeficientes, sepse, anomalias do TU o Streptococcus B (recém-nascidos), S. aureus, Salmonella (sepse) • Existe cistite viral → adenovírus, causa cistite hemorrágica (ITU com hematúria importante) o Mais comum em meninos e pré-escolares • A ITU pode levar a IRC se não tratada adequadamente e se reincidente → levando a lesão renal • Desenvolvimento da infecção, localização e gravidade dependem da virulência bact. e resistência do hospedeiro FATORES DE DEFESA DO HOSPEDEIRO • “Clearance bacteriano” no ato miccional → para ser mais eficaz necessita de perfeita integridade anatomofuncional o É o mais importante, pois garante a eficácia dos outros fatores de defesa • Condições que inibem o crescimento bacteriano → baixo pH urinário, alta concentração urinária de ureia e amônia, lisozima e imunoglobulinas IgG e IgA PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 • Mucosa vesical tem forte resistência à adesão bacteriana e descama quando agredida o As bactérias são arrastadas e acabam não se fixando à mucosa • Fagocitose por leucócitos polimorfonucleares e macrófagos na submucosa CISTITE • Infecção se limita a bexiga • Disuria, polaciúria (+frequência), urgência miccional, incontinência urinaria, dor suprapúbica, urina com mau cheiro o Se febre, é baixa • Não causa lesão renal PIELONEFRITE • Parênquima renal afetado • Lesão renal deixa cicatriz pielonefritica → se repetidas pode levar a IRC, HAS... • Sinais e sintomas, além dos típicos o Queda do estado geral, inapetência, dor abdominal, febre alta, calafrios, náuseas, vômitos, dor lombar ▪ Sinal de Giordano → punho percussão + BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA • Apenas presença de bactérias na urina → sem manifestações clinicas • Mais comum em mulheres • Urocultura + mas sem sinais inflamatórios no EQU • Sem necessidade de tratamento → com exceção das gestantes, nas quais pode evoluir para cistite/pielo ❖ O quadro clinico é tao mais inespecífico quanto mais nova a criança Recém-Nascidos → febre, baixo ganho ponderal, irritabilidade, má-sucção, distensão abdominal, vômitos e ate cianose e icterícia (geralmente exibem quadro séptico/toxemico) o Dor à palpação abdominal e urina com odor fétido podem ser alguns achados ao exame físico Lactentes → febre é o principal sinal clinico (sem sinais localizatórios), baixo ganho ponderal, choro as micções, alteração do odor/cor da urina ▪ Se lactente apenas com febre → levar em consideração os fatores de risco para pensar em ITU • Meninos → branco, fimose sem circuncisão, T > 39ºC, febre > 24h, ausência de outra fonte • Meninas → idade < 1 ano, T > 39ºC, febre > 48h, ausência de outra causa ▪ ITU febril em lactente → sempre considerar como pielonefrite → não da pra diferenciar da cistite Pré Escolares, Escolares → a partir daqui os sintomas passam a ser localizatórios, com quadro típico o Polaciúria, disúria, estrangúria, urgência, enurese, dor lombar, febre, calafrios, náuseas e vômitos, em diferentes composições para nos fazer suspeitar de infecção alta ou baixa Adolescentes → polaciúria, disúria e dor em baixo ventre são as mais comuns, podendo haver hematúria o Se pielonefrite há febre, calafrio, dor nos flancos... • Sempre que diante de um quadro suspeito de ITU → colher EQU e urocultura para confirmar ou descartar EQU → mostrando alteração inflamatória o Leucocitúria + bacteriúria - cilindros leucocitários, nitrito + (produzido por bactérias gram negativas) ▪ Leucocitúria → > 10 leuc/mm3 ou > 10k leuc/mL ou esterase leucocitária + ▪ Lactentes geralmente não tem nitrito + → pois urinam com frequência maior que 4h (tempo necessário para o nitrito ser produzido) Urocultura → colhido de forma adequada, mostrando única bactéria uropatogênica, com > 50000 UFC/mL • Formas de coleta o Jato médio → criança maior o Punção suprapúbica ou cateterismo vesical → melhor confiança para lactentes o Saco coletor → em lactentes → por mais que se faça assepsia adequada a chance de contaminação é alta ▪ Coloca o saco estéril aderido ao períneo, a cada 30min troca, faz assepsia... PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ▪ Na urocultura → se negativo quer dizer que realmente n tem infecção, uma vez que teve muitas chances de contaminar etc → se positivo, não é de certeza ✓ Sugestivo de contaminação → < 10k UFC/mL, bactéria não uropatogênica ❖ Pielonefrite • Pode haver outros achados laboratoriais → leucocitose com desvio a esquerda, elevação de PCR ou VHS, elevação da ureia e creatinina • Associação com sepse → colher hemoculturas ESTUDOS DE IMAGEM • A taxa de recidiva da ITU é alta → em até 30-40% pode haver novo quadro o Recorrência maior quando 1º episódio no 1º ano de vida, e no sexo feminino o Deve-se investigar todas as crianças que tiveram ITU ❖ USG de Rins e Vias Urinarias o Primeiro exame de investigação, fundamental diante de pielonefrite ▪ Poderá revelar aumento do volume renal, alterações da ecogenicidade do parênquima, perda da visualização normal das pirâmides e dilatação pielocalicial. o Sempre em < 2 anos com ITU febril → faz-se após 1-2 semanas do termino do tto ▪ E quando evolução clinica desfavorável → faz na fase aguda ❖ Cintilografia Renal com DMSA o Se evolução desfavorável→ feito em fase aguda ▪ Melhor exame para identificar cicatriz pielonefritica de lesão renal ▪ Padrão ouro para pielonefrite o Feito quando histórias pregressas de ITU febris e se RVU já diagnosticado → após 4-6 meses ❖ Uretrocistografia Miccional o Realizado com administração de contraste iodado intravesical o Padrão ouro para refluxo vesicoureteral o Feito a partir da 2ª ITU febril e se o USG / cintilografia pós 1º episódio mostrar alteração ▪ Após 2-3 semanas do tto • A escolha do atb deve ser baseada na epidemiologia local, uso recente de antibiótico e gravidade do quadro • Devido a demora da urocultura, se pode começar o antibiótico empírico se EQU com leucocitúria + bacteriúria o Retardar o tratamento aumenta o risco de lesão renal diante de pielonefrite o Após resultado da urocultura, descalonar o tratamento CISTITE • VO = EV em eficácia, uma vez que a maioria tem excreção renal, se concentrando na urina • Maioria das crianças > 2 meses pode ser tratada ambulatorialmente → mas garantir reavaliações/acompanhamento. • Tratamento de 3-7 dias o Antibiótico oral ▪ Sulfametoxazol/Trimetoprim (bactrim) ▪ Cefalosporinas 1ª geração ▪ Amoxicilina ✓ Em alguns lugares começa com amoxi + clavulanato por aumento da resistência da E. coli ▪ Nitrofurantoína → apenas em cistite, pois pouca penetração no parênquima renal PIELONEFRITE • Duração de 7-14 dias • Se bom estado geral, > 2 meses, boa aceitação alimentar → pode tentar atb oral (os mesmos) o Critérios de internação e atb EV → idade < 3 meses, má aceitação oral, sepse, doenças obstrutivas/mal- formações, IRA, imunossupressão ▪ Cefalosporinas 3ª geração (ceftriaxone) ou aminoglicosídeos (gentamicina) ✓ Em RN → associar ampicilina (estrepto grupo B, enterococcus) PEDIATRIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 ❖ Medidas de suporte → hidratação adequada, micções frequentes, manejo de febre e dor, tto constipação • Má evolução clinica o Febre > 72h após início do atb → pesquisar mal formações e complicações como abcesso renal ▪ Nova urocultura, USG rins e vias urinarias • Baixo custo-efetividade → precisa de muitas doses para prevenir um único episodio o Pode se associar ao aumento da resistência bacteriana • Indicada se alto risco de lesão renal em próxima ITU o RVU > grau III, cicatriz renal em cintilografia, disfunção miccional até correção cirúrgica • Nitrofurantoína, sulfametoxazol/trimetoprim, cefalexina DISFUNÇÃO DAS ELIMINAÇÕES • Situação comum de recorrência de ITU o Mais comum em > 2 anos, ITU recorrente o Incontinência urinaria, Constipação, Alterações no SNC ▪ Tratar constipação, aumentar ingesta hídrica, micções frequentes GUIDELINE DE MANEJO INICIAL DA UTI FEBRIL EM CRIANÇAS DE 2 A 24 MESES 1. Antibiótico para lactente com febre sem foco • Colher urina antes da 1ª dose para ter certeza se não é ITU o Cateterismo ou punção suprapúbica 2. Febre sem foco sem necessidade de uso imediato de antibiótico • Avaliar probabilidade de ITU → se alta, testar urina → se baixa espera o FR para meninas → idade < 1 ano, T > 39ºC, febre há pelo menos 48h, ausência de outra fonte de infecção o FR meninos → fimose sem circuncisão, T > 39ºC, febre > 24h, ausência de outra fonte ▪ Testar via cateterismo ou PSP para EAS + cultura ▪ Ou EAS – leucocitúria, nitrito +, bacteriúria → cateterismo ou PSP para cultura 3. Para o diagnostico serão necessárias o Urinálise com piúria ou bacteriúria + cultura com > 50k UFC/mL de 1 único patógeno, em urina colhida por cateterismo ou PSP 4. Via de administração do antibiótico o Maior eficácia → oral x parenteral semelhantes, mas escolhe de acordo com o estado da criança 5. Duração do tratamento o 7 a 14 dias 6. Exame de imagem o Lactente com ITU febril → USG renal e de vias urinarias 7. Uretrocistografia Miccional o Faz após a 2ª ITU febril ou após a 1ª se USG alterado → não é rotina 8. Instrução aos pais após a 1ª ITU febril o Alertar a sinais de ITU e febre e procurar atendimento para início imediato de atb a cada infecção LITERATURA: - Tratado de Pediatria da SBP 4ª Ed. - 2017 - MEDCURSO 2019 PEDI - MEDCEL
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