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SEMANA 1 - ORGANIZAÇÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA DO ESTADO

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Direito Constitucional II
Prof. Francisco de A. M. Tavares
E-mail: zipellius@hotmail.com
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SEMANA 1
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO
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REGRAS DE ORGANIZAÇÃO
ADOÇÃO DA FEDERAÇÃO:
	A Constituição da República de 1988 adotou como forma de Estado o federalismo, que constituí-se em uma aliança ou união de Estados, baseada em uma Constituição. 
	Merece destacarmos que os Estados que aderem à federação perdem sua soberania, mantendo uma autonomia política limitada.
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PRINCÍPIO DA AUTONOMIA E DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA
A adoção da espécie federal de Estado gravita em torno do princípio da autonomia e da participação política dos entes federativos, pressupondo a consagração de certas regras previstas no Texto Constitucional.
	A caracterização da organização constitucional federal, exige do constituinte a decisão de criar o Estado Federal e suas partes indissociáveis (Estados-membros) com um governo geral, que pressupõe a 
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	renúncia e o abandono de certas porções de competências administrativas, legislativas e tributárias por parte dos governos locais.
Previsão constitucional: Arts. 1o. e 18, da CRFB/88 
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PRINCÍPIOS PREVISTOS NA CARTA POLÍTICA
Os cidadãos dos diversos Estados-membros devem possuir uma única nacionalidade;
Repartição constitucional de competências entre a União, estados-membros, Distrito Federal e município;
Necessidade de cada ente federativo possuir uma esfera de competência tributária que lhe garanta renda própria;
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Poder de auto-organização dos Estados-membros, Distrito Federal e municípios, atribuindo-lhes autonomia constitucional;
Possibilidade constitucional excepcional de intervenção federal, para assegurar o equilíbrio federativo;
Participação dos Estados no Poder Legislativo Federal, de forma a permitir-se a ingerência de sua vontade na formulação da legislação federal; 
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Possibilidade de novo Estado ou modificação territorial de Estado existente dependendo da anuência da população do Estado envolvido no processo;
Existência de um órgão de cúpula do Poder Judiciário com competência para interpretar e proteger a Constituição da República, atuando como guardião desta.
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PRINCÍPIO DA INDISSOLUBILIDADE DO VÍNCULO FEDERATIVO
Finalidades:
A unidade nacional;
A necessidade descentralizadora.
	
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	A República Federativa do Brasil é formada pela união indissolúvel dos Estados e municípios e do Distrito Federal (Art. 1o.)
 	A organização político-administrativa da República compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios, todos autônomos e possuidores da tríplice capacidade de auto-organização e normatização própria, autogoverno e auto-administração.
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CAPITAL FEDERAL
O art. 18, par.1o., da CF, determina que Brasília é a Capital Federal, estando inserida geograficamente no Distrito Federal, sendo este o ente federativo.
Ao Distrito Federal é vedado dividir-se em municípios (art. 32, CF/88)
 
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Segundo preleciona o mestre José Afonso da Silva: “ Brasília assume uma posição jurídica específica no conceito brasileiro de cidade. Brasília é civitas civitatum, na medida em que é cidade-centro, pólo irradiante, de onde partem, aos governados, as decisões mais graves, e onde acontecem os fatos decisivos para os destinos do País.
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UNIÃO
A União, pessoa jurídica de Direito Público Interno, é entidade federativa cabendo-lhe exercer as atribuições da soberania do Estado brasileiro.
A União poderá agir em nome próprio, ou em nome de toda Federação, quando relaciona-se internacionalmente com os demais países.
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Estados-membros
Autonomia estadual
A autonomia dos Estados-membros caracteriza-se pela tríplice capacidade de: 
auto-organização e normatização própria,
Autogoverno
auto-administração.
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AUTO-ORGANIZAÇÃO
E
NORMATIZAÇÃO PRÓPRIA
Os Estados-membros se auto organização pela manifestação do seu poder constituinte derivado-decorrente, culminando com a edição das respectivas Constituições Estaduais e , posteriormente, através de sua própria legislação, sempre, porém, atendendo integralmente os princípios extraídos da Constituição da República, ou seja, os princípios constitucionais sensíveis, princípios federais extensíveis e princípios constitucionais estabelecidos. (c/f STF – Pleno – Adin 216/PB – Rel. Min. Celso de Mello; RT 146/388.)
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS SENSÍVEIS
São assim denominados pois a sua inobservância pelos Estados-membros no exercício de suas competências legislativas, administrativas ou tributárias, pode acarretar a sanção politicamente mais grave existente em um Estado Federal, a intervenção na autonomia política. (Art. 34, inc. VII, da CRFB/88)
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PRINCÍPIOS FEDERAIS SENSÍVEIS
São as normas centrais comuns à União, estados, Distrito Federal e municípios, portanto, de observância obrigatória no poder de organização do Estado.
Ex. Arts. 1o. I a V; 3o., Ia IV; 4o. I a X; 2o.; 5o.; 6o a 11; 93, I a XI; 95, I, II e III.
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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS ESTABELECIDOS
Consistem em determinadas normas que se encontram espalhadas pelo texto da constituição, e, além de organizarem a própria federação , estabelecem preceitos centrais de observância obrigatória aos Estados-membros em sua auto-organização.
Normas de competência: Arts. 23; 24; 25 CF
Normas de preordenação: Arts. 27; 28; 37 CF
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AUTOGOVERNO
O autogoverno caracteriza-se pelo fato de ser o próprio povo de Estado quem escolhe diretamente seus representantes nos Poderes Legislativos e Executivos locais, sem que haja qualquer vínculo de subordinação ou tutela por parte da União.
A CF prevê expressamente a exist~encia dos Poderes Legislativo (art. 27), Executivo (art. 28) e Judiciário (125), no âmbito dos estados.
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AUTO-ADMINISTRAÇÃO
Complementando a tríplice capacidade asseguradora da autonomia dos entes federados, os Estados-membros se auto-administram no exercício de suas competências administrativas, legislativas e tributárias definidas constitucionalmente.
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REGIÕES METROPOLITANAS, AGLOMERAÇÕES URBANAS E MICROREGIÕES
Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (art. 25, par. 3o. Cf/88), com o objetivo de oferecer soluções para problemas ou carências localizadas nos Estados.
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Regiões metropolitanas: caracterizam-se por um conjunto de municípios limítrofes, com certa continuidade urbana, que se reúnem em torno de um município-pólo;
Microrregiões: constituem-se por municípios limítrofes, que apresentam características homogêneas e problemas em comum, mas que não se encontram ligados por certa continuidade urbana. Será estabelecido um município sede.
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Aglomerados urbanos: são áreas urbanas de municípios limítrofes, sem um pólo, ou mesmo uma sede. Caracterizam-se pela grande densidade demográfica e continuidade urbana.
Requisitos constitucionais comuns ‘as três hipóteses:
Lei complementar estadual
Tratar-se de um conjunto de municípios limítrofes
Ter por finalidade a organização, planejamento e execução de funções públicas de interesse comum
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MUNICÍPIOS
A Constituição Federal elevou o município ao status de ente indispensável ao nosso sistema federativo, integrando-o na organização político-administrativa e garantindo-lhe plena autonomia. (Arts. 1o.; 18; 29; 30 e 34, VII, CF/88)
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AUTONOMIA MUNICIPAL
A autonomia municipal, da mesma forma que a dos Estados-membros, configura-se pela tríplice capacidade de auto-organização e normatização própria, autogoverno e auto-administração.
A auto-organização se dá através da Lei Orgânica Municipal, e leis municipais;
Autogoverna-se mediante a eleição direta de seu prefeito, Vice-prefeito e vereadores, sem qualquer ingerência dos Governos Federal e Estadual;
Auto-administra-se, no exercício de suas competências administrativas, tributárias e legislativas, conferidas pela Constituição Federal. 
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Exercício
CASO 1 - Tema: Autonomia dos entes federativos 
	A Constituição do Estado do Amapá estabelece no caput do artigo 195, que o plano diretor, instrumento básico da política de desenvolvimento econômico e social e de expansão urbana, devidamente aprovado pela Câmara Municipal, deveria ser obrigatoriamente observado pelos municípios com mais de cinco mil habitantes. 
	Sob o argumento de que o dispositivo da Constituição estadual seria inconstitucional, determinado prefeito de um município que se enquadrava na hipótese prevista no dispositivo da Constituição estadual, lhe formula consulta sobre a validade daquela norma, tudo sob o argumento de possível afronta à autonomia municipal assegurada pelo artigo 18 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
	Encontraria amparo constitucional a tese do prefeito, se observado o disposto no artigo 182, § 1º, da Constituição da República de 1988?
	O artigo 195 da Constituição do Estado do Amapá realmente afronta a autonomia municipal, que, inclusive, é princípio constitucional sensível, conforme previsão constante no inciso VII, alínea c, do artigo 34 da Constituição da República de 1988?
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LEI ORGÂNICA MUNICIPAL
A Lei Orgânica organizará os órgãos da Administração, a relação entre os órgão do executivo e Legislativo, disciplinando a competência legislativa do município, observada as peculiaridades locais, bem como sua competência comum, disposta no art. 23, e sua competência suplementar, disposta no art. 30, II, da CF/88; além de estabelecer as regras do processo legislativo municipal e toda regulamentação orçamentária
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DISTRITO FEDERAL
A Constituição assegura ao Distrito Federal a natureza de ente federativo autônomo, em virtude da tríplice capacidade de auto-organização, autogoverno e auto-administração (arts. 1o.; 18; 32; 34, da CF/88), vedando-lhe a possibilidade de subdividir-se em municípios.
O DF também se auto-governará por lei orgânica, e também reger-se-a pelas leis distritais, editadas no exercício de sua competência legiferante.
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TERRITÓRIOS
Os Territórios integram a União, e sua criação, transformação em estado ou reintegração ao estado de origem serão reguladas em lei complementar (CF art. 18, par. 2o.)
Os Territórios não são componentes do Estado Federal, pois constituem simples descentralizações administrativas-territoriais da própria União.
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FORMAÇÃO DOS ESTADOS
A divisão político-administrativa da República Federativa do Brasil não é imutável (CF art. 18, par. 3o).
A divisão político-administrativa interna poderá ser alterada com a constituição de novos Estados-membros, pois a estrutura territorial interna não é perpétua.
São quatro as hipótese de alterabilidade divisional interna do território brasileiro:
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Hipóteses de mutação do território 
Incorporação (Fusão): Dois ou mais Estados se unem adotando novo nome. Consiste na reunião de um Estado a outro, perdendo ambos os Estados incorporados sua personalidade, por se integrarem a um novo Estado.
Subdivisão: ocorre quando um Estado dividi-se em vários novos Estados-membros, todos com personalidades diferentes, desaparecendo por completo o Estado-originário. Significa separar um todo em várias partes, formando cada qual uma unidade nova e independente das demais.
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Desmembramento: Consiste em separar uma ou mais partes de um Estado-membro, sem que ocorra a perda da identidade do ente federativo primitivo, ou seja, o Estado que sofre a mutação não deixa de existir, mantendo sua personalidade primitiva.
Desmembramento-anexação: A parte desmembrada poderá anexar-se a um outro ente federativo;
Desmembramento-formação: A parte desmembrada poderá constituir novo Estado, ou ainda, formar um Território Federal.
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Requisitos essenciais à mutação territorial
Consulta prévia às populações diretamente interessadas, por meio de plebiscito – vedada a possibilidade de realização posterior de consulta das populações diretamente interessadas, por meio de referendo, mesmo que haja previsão da Constituição Estadual nesse sentido; 
 Oitiva das respectivas Assembléias Legislativas dos Estados interessados (CF. art. 48, VI) – Função meramente consultiva.
Lei Complementar Federal específica aprovando a incorporação, subdivisão ou o desmembramento.
 
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Lei ordinária federal prevendo os requisitos genéricos exigíveis, bem como a apresentação e publicação dos Estudos de Viabilidade Municipal;
Consulta prévia mediante plebiscito, às populações dos municípios diretamente interessados – (O art. 5o. Da Lei n. 9.709, de 18/11/1998, regulamentou a hipótese plebiscitária).
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NOTA IMPOSTANTE: Proclamado pelo TER o resultado negativo da consulta, a decisão negativa – preclusa no âmbito da Justiça Eleitoral - ,tem eficácia definitiva e vinculante da Assembléia Legislativa, impedindo a criação do Município projetado, sob pena de inconstitucionalidade por usurpação de competência judiciária. (RTJ. 158/36)
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FORMAÇÃO DE MUNICÍPIOS
	A EC N. 15/96, trouxe profundas alterações ao texto original do art. 18, da CF/88, alterando os requisitos de observância obrigatória para todos os Estados-membros, para criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios, a saber:
Lei complementar federal estabelecendo genericamente o período possível para a criação, incorporação, fusão ou desmembramento 
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Exercício
CASO 2 – Tema: Criação, incorporação, fusão e o desmembramento de Municípios
	Em outubro de 1996, determinado município teve seus limites territoriais redefinidos em decorrência do desmembramento de parte do seu território, que foi incorporada ao território do município limítrofe. A alteração se deu em atenção ao clamor da população do município que sofreu o desmembramento, anseio constatado através de pesquisa de opinião, vários abaixo assinados e declarações de associações comunitárias. Cabe ressaltar que o desmembramento fez-se por lei estadual atendendo aos requisitos previstos em Lei Complementar estadual.
	O processo de desmembramento seu deu amparado na redação originária do parágrafo 4º, do artigo 18, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, uma vez que a Emenda Constitucional nº 15/96, revestiu o mencionado parágrafo de eficácia limitada, dependente de complementação infraconstitucional.
	A validade do desmembramento foi questionada perante o Supremo Tribunal Federal. 
Indaga-se:
a) Pesquisas de opinião, abaixo-assinados e declarações de organizações comunitárias, favoráveis à criação, à incorporação ou ao desmembramento de Município, são capazes de suprir os requisitos constitucionais de validação do ato?
b) Como deveria ocorrer a manifestação popular, como forma de democracia participativa, indispensável ao pretendido desmembramento?
c) Como a questão do desmembramento deveria ser enfrentada à luz da eficácia e aplicabilidade da norma contida no § 4º, do artigo 18, da Constituição da República?
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VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS DE NATUREZA FEDERATIVA
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
	I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
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	"Imunidade tributária de templos de qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, b e § 4º, da Constituição. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. A imunidade prevista no art. 150, VI, b, CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços 'relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas'. O § 4º do dispositivo constitucional serve de vetor
interpretativo das alíneas b e c do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Equiparação entre as hipóteses das alíneas referidas." (RE 325.822, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 14/05/04)
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II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

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