Buscar

pergustas e resposta 2,1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 78 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1. Pesquise e traga um exemplo da contribuição da Filosofia que possa reforçar a opinião do Professor Cortella de que a Filosofia é um modo de ser?: São vários os exemplos que podemos dar da Filosofia como um modo de ser: todo
aquele ou aquela que indaga sobre o lugar que lhe foi determinado e julga ser possível
sair desse lugar e escapar das determinações da aparência e revelar o seu potencial,
para além das limitações que são impostas, reforça o modo de ser da filosofia
Cortella possui visões interessantes sobre a sociedade e seus aspectos relacionados à vida.O ponto aqui está ligado a como o ser humano está lidando com a modernidade e seu uso, por isso, desde que esse uso seja positivo a sociedade tende a se desenvolver cada vez mais de forma positiva.
Porém, o ponto negativo está nesse desequilíbrio onde o mundo que nos formou se tornou obsoleto e precisa de mudanças não só nos aspectos sociais mas econômicos e na forma como a sociedade enxerga os valores culturais.
2. Segundo o filósofo Cortella, o que podemos entender por movimento filosófico? Movimento filosófico é saber colocar um ponto de interrogação naquilo que parece óbvio. O indivíduo questiona, indaga e critica a aparência superficial e busca conhecer a
essência. U m movimento filosófico pode ser dito como uma escola do pensamento, diversos
autores que pensam de forma análoga.
Movimento filosófico é saber colocar um ponto de interrogação naquilo que parece óbvio. O indivíduo questiona, indaga e critica a aparência superficial e busca conhecer a essência.
3. A Filosofia é necessária na atualidade por conta da vigência do mito na sociedade contemporânea? A palavra mito é grega e significa contar, narrar algo para alguém que reconhece o proferidor do discurso como autoridade sobre aquilo que foi dito. Assim, . A filosofia contemporânea tem como escopo a própria contemporaneidade. Ou seja, a filosofia contemporânea se propõe a pensar a atualidade, ainda que em sua originalidade temporal. Necessariamente, o pensamento atual tem uma relação com a história do pensamento. Por outro lado, na atualidade, convive-se com fenômenos naturais (aquecimento global), tecnológicos (digitalização da vida), comportamentais (relações sociais mediadas por máquinas) nunca vistos antes. Nesse contexto, é correto afirmar que: A. a filosofia contemporânea é independente da tradição, pois os problemas atuais nunca foram vistos. B. a filosofia contemporânea é inexistente de pensamento original, pois a tradição já esgotou as problemáticas humanas. C. a filosofia contemporânea se fundamenta somente na filosofia moderna, pois a antiguidade não contribui à atualidade. D. a filosofia contemporânea é pensada a partir de toda a história da filosofia, ou seja, é um giro constante entre presente e passado. E. a filosofia contemporânea pouco recorre à história da filosofia, foca na filosofia da ciência que pensa a tecnologia apenas
4. Como é ser filósofo? O filósofo é considerado um sábio, sendo aquele que reflete sobre essas questões e busca o conhecimento através da filosofia. Filósofo é a pessoa responsável por estudar a natureza de todas as coisas existentes e as relações que possam existir entre estas coisas. Noções de valores, sentidos, fatos, além da conduta e destino do homem também são temas estudados por este profissional.
5. O que é filosofia? Filosofia é um campo do conhecimento que estuda a existência humana e o saber por meio da análise racional. Do grego, o termo filosofia significa “amor ao conhecimento”.
Segundo o filósofo Gilles Deleuze (1925-1995), a filosofia é a disciplina responsável pela criação de conceitos.
1. Como se dá o nascimento da filosofia? 
A filosofia, como expoente do conhecimento racional pensado de maneira sistemática, surgiu na Grécia em meados do século VI a.C. Essa nova ciência surgiu a partir da necessidade de explicar o mundo de maneira racional. Até o surgimento dessa maneira de pensar e compreender o mundo, as explicações eram dadas através dos mitos.
2. É possível definir um conceito de filosofia?
Diferentes autores tentam definir o conceito de filosofia, mas não há um consenso ou uma definição exata do que é, essencialmente, a Filosofia.
Algumas tentativas de definir o conceito:
"A verdadeira filosofia é reaprender a ver o mundo." (Maurice Merleau-Ponty)
"A filosofia busca tornar a existência transparente a ela mesma.(Karl Jaspers)
"Ó filosofia, guia da vida!" (Cícero)
"A filosofia ensina a agir, não a falar." (Sêneca)
"Ciência é o que você sabe. Filosofia é o que você não sabe." (Bertrand Russell)
"A filosofia é um caminho árduo e difícil, mas pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade." (Baruch de Spinoza)
"Se queres a verdadeira liberdade, deves fazer-te servo da filosofia." (Epicuro)
"Filosofia é a batalha entre o encanto de nossa inteligência mediante a linguagem."( Ludwig Wittgenstein)
"Fazer troça da filosofia é, na verdade, filosofar." (Blaise Pascal)
3. Qual a contribuição da filosofia? Organiza as ideias; Ensina a questionar; Refletir racionalmente os desafios da vida; Auxilia quanto aos inúmeros dilemas morais e éticos; Permite redefinir saberes; Aliviar nossas angústias pessoais; Ensina a viver melhor, mais consciente de nossa época e nosso papel social; Provoca o distanciamento para a avaliação dos fundamentos dos atos humanos e dos fins que eles se destinam (transcendência humana); A filosofia impede a estagnação.
4. Como se dá o nascimento da filosofia? A filosofia é o resultado da compreensão que os gregos desenvolveram a partir do advento da pólis (cidadeestado), ou seja, a partir do surgimento da vida urbana e no contato com conhecimentos produzidos por outras culturas. Viagens marítimas, invenção do calendário, invenção da moeda, advento da vida urbana, invenção da política. A forma de vida social se desenvolveu na cultura grega com debate público por parte de cidadãos definidos como iguais e membros de uma cidade concebida como bem comum. Essa percepção propiciou o surgimento de um novo pensamento que procurava ordem, simetria, equilíbrio e igualdade.
5. Qual a diferença entre mito e filosofia? O pensamento filosófico é algo muito diferente do mito, por resultar de uma ruptura quanto à atitude diante do saber recebido. Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. A filosofia procura racionalmente a explicação dos fenômenos. O declínio do mito ocorre no momento em que a experiência social tornou-se, entre os gregos, o lugar de uma reflexão pautada no debate público acerca de argumentos racionais, independente de visões religiosas, para decidir as questões da cidade – a vida pública se tornou o coroamento da vida humana: o homem virtuoso, o bom cidadão.
6. Quem foram os primeiros filósofos? A filosofia grega se inicia com Tales da cidade de Mileto, por volta do séc. VI a. C Os primeiros filósofos pré-socráticos que se destacaram: Tales, Heráclito, Parmênides, Anaximandro, Anaxágoras, Anaxímenes
7. A filosofia caracteriza-se por ser um tipo de reflexão: 1. Radical: por procurar a raiz da questão ou problema; 2. Rigorosa: segue regras e métodos; 3. De conjunto: pensar cada problema relacionando todos os seus aspectos.
8. Mito e Filosofia: “A passagem da mitologia para o logos (uso da razão) ocorreu quando se tornou necessário o uso da razão para a solução dos problemas apresentados pela pólis, cidades-Estado”. Um mito não é uma história simplesmente inventada ou ficção; trata-se de um modo sobrenatural de explicar a realidade, que usa nessa explicação figuras de deuses ou seres imortais, que seriam as causas de tudo o que acontece no mundo. A Filosofia surge, portanto, como uma forma de romper com o tipo de explicação da realidade que caracteriza o mito, a filosofia tentará explicar a realidade apenas a partir da razão ou inteligência.
9. o que é exatamente a Filosofia? “É um conhecimento,uma forma de saber e, como tal, tem sua esfera particular de competência; sobre esta esfera busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas. Mas, enquanto é fácil dizer qual é a esfera de competência das várias ciências experimentais, não é igualmente cômodo delimitar o campo de pesquisa próprio da filosofia. Ela estuda toda a realidade ou, de algum modo, procura apresentar uma explicação completa e exaustiva de um domínio particular da realidade”.
1. O que significa cidadania? Cidadania é o exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um país, por parte dos seus respectivos cidadãos (indivíduos que compõem determinada nação).
Qual a relação entre cidadania e ética?  relação entre eles é que ambas compõem a sociedade, e para que haja uma cidadania é um princípio básico o respeito aos direitos humanos, porque eles se relacionam em busca dignidade da pessoa.Ética e cidadania são dois conceitos fulcrais na sociedade humana. ... A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Cidadania significa o conjunto de direitos e deveres pelo qual o cidadão, o indivíduo está sujeito no seu relacionamento com a sociedade em que vive.
O que significa dizer que homem algum é uma ilha? O grande filósofo Teilhard de Chardin criou uma célebre frase; no men is an island, ou seja, nenhum homem é uma ilha. Isto significa que o homem não consegue viver isoladamente e precisa um dos outros para a sua sobrevivência. 
Ilha é um lugar isolado. O autor usou a expressão que nenhum homem é uma ilha. Na verdade, essa afirmação é verdadeira, pois o homem faz parte de tudo, do continente, do mundo. O homem é um ser naturalmente social e não sabe viver sozinho, isolado de tudo.
2. A trajetória brasileira padece de um mal de origem que comprometeu a consolidação de uma consciência cidadã. Quais as causas possíveis para este cenário? porque não resultou de uma reivindicação popular autêntica. E mais, foi agravada por determinadas práticas que se revelaram fortalecidas por interesses privados que aprisionaram o Estado, bem como o descompromisso com a educação, os direitos de cidadania que foram transmitidos como se fossem uma concessão, não uma conquista.
3. O que significa o patrimonialismo? O patrimonialismo é um conceito desenvolvido por Max Weber que se refere à característica de um Estado sem distinções entre os limites do público e os limites do privado.
Dica e Observação: Esse rol formou uma primeira leva de direitos que, mais recentemente foi denominado de “primeira geração de direitos humanos” (que mais adiante veremos ser melhor definida pela expressão “primeira dimensão de direitos humanos”). Nos dias atuais entende-se que incluem-se em tal rol os seguintes direitos: 
a) direito à vida;
 b) direito à liberdade física;
 c) direito à segurança pessoal;
 d) direito à integridade pessoal; 
e) direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; 
f) direito à liberdade de opinião e expressão; 
g) direito à liberdade de convivência e associação pacífica; 
h) direito ao casamento e à constituição de família; 
i) direito ao julgamento justo e público; 
j) direito à deslocação;
 k) direito à cidadania;
 l) direito à propriedade de bens; 
m) direito à participação na administração do próprio país; 
n) direito a ser tratado sem distinção segundo raça, cor de pele, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, propriedades, nascimento em outra condição. 
01. O que significa dizer que os direitos humanos são históricos? Os direitos humanos são históricos, o que quer dizer que mudam através do tempo, respondendo as necessidades e circunstâncias específicas de cada momento. A ideia de direitos humanos, tal como a conhecemos, é bastante recente, mas tem precedentes históricos nascidos sob a égide do pensamento liberal moderno. São anteriores, por exemplo, a Carta Magna – de 1921, que delimitava o poder dos monarcas ingleses – e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – documento de 1787, que estabelece a igualdade jurídica do homens em meio ao processo da Revolução Francesa. Entretanto, o documento internacional que deve se ter por base hoje, quando falamos em direitos humanos, foi formulado no contexto pós Segunda Guerra e adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948. Trata-se da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
02. Quais as características dos direitos humanos da primeira geração? Essa geração tem como elemento principal a ideia clássica de liberdade individual, concentrada nos direitos civis e políticos. Esses direitos só poderiam ser conquistados mediante a abstenção do controle do Estado, já que sua atuação interfere na liberdade do indivíduo.
03. Quais as características dos direitos humanos da segunda geração? Os direitos de segunda geração, por sua vez, nasceram a partir do início do século XX, introduzidos pelo constitucionalismo do Estado social (Constituição Mexicana de 1917 e de Weimar de 1919) e compõem-se dos direitos de igualdade em sentido amplo, a saber, os direitos econômicos, sociais e culturais, cujo adimplemento impõe ao poder público a satisfação de um dever de prestação preponderantemente positiva, consistente num facere. São os reconhecidos direitos à saúde, à educação, à previdência, etc. Os direitos de terceira geração são os direitos da comunidade, ou seja, têm como destinatário todo o gênero humano, como os difusos e coletivos, que se assentam na fraternidade ou solidariedade. Dentre eles, destaque-se o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, assim como os direitos ao desenvolvimento, ao patrimônio comum da humanidade e à paz (este último com alguma divergência, conforme se verá).
04. Qual a finalidade da Carta das Nações Unidas por ocasião de seu surgimento? capítulo 10 • 133 O principal propósito da Carta das Nações Unidas foi o de transferir o monopólio da força legítima de cada Estado para um gendarme mundial. A Carta da ONU tem como objetivos principais o respeito aos direitos e liberdades fundamentais do indivíduo, a manutenção da paz e segurança internacional e promoção do desenvolvimento social, com melhorias nas condições de vida dos indivíduos.
05. Qual a importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos? O Dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é celebrado em 10 de dezembro, data em que foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris (França), em 1948, por meio da Resolução 217 A (III) como uma norma comum a ser alcançada por todos os povos e nações. Ela estabelece, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos.
06. O que é multiculturalismo?
ATIVIDADES ]
01. O que significa direitos humanos? 
02. Qual a relação entre direitos humanos, direitos naturais e direitos fundamentais? 
03. O que significa razão pragmática? 
04. Por que a violação dos direitos humanos implica a violação da dignidade humana?
COMENTÁRIO 1. Embora possamos citar a Magna Carta inglesa de 1215 (ou seja, em pleno período medieval), como o primeiro documento que estabelece garantias contra as arbitrariedades da Coroa contra seus súditos, alguns documentos ingleses posteriores, influenciados pelos mesmos princípios vão se tornar famosos pelo mesmo objetivo. Assim, por exemplo, temos a capítulo 10 • 123 Petição de Direitos (1628), o Ato Habeas Corpus (1679) ou mesmo a Declaração de Direitos (1689). 
2. A Declaração Americana da Independência surgiu em 4 de Julho de 1776 e nela constavam os direitos naturais do ser humano que o poder político deve respeitar. Esta declaração teve como base a Declaração de Virgínia proclamada a 12 de Junho de 1776, onde estava expressa a noção de direitos individuais.
 3. A paradigmática Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada na França em 1789, expressou direitos enunciados pelos pensadores iluministas, alargando o campo dos direitos humanos.
Esse rol formou uma primeira leva de direitos que, mais recentemente foi denominado de “primeira geração de direitoshumanos” (que mais adiante veremos ser melhor definida pela expressão “primeira dimensão de direitos humanos”). Nos dias atuais entende-se que incluem-se em tal rol os seguintes direitos: 
a) direito à vida; 
b) direito à liberdade física; 
c) direito à segurança pessoal; 
d) direito à integridade pessoal; 
e) direito à liberdade de pensamento, consciência e religião;
 f) direito à liberdade de opinião e expressão; 
g) direito à liberdade de convivência e associação pacífica; 
h) direito ao casamento e à constituição de família;
 i) direito ao julgamento justo e público;
 j) direito à deslocação; 
k) direito à cidadania; 
l) direito à propriedade de bens; 
m) direito à participação na administração do próprio país;
 n) direito a ser tratado sem distinção segundo raça, cor de pele, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, propriedades, nascimento em outra condição.
Em razão de tais direitos terem sido reconhecidos em momento histórico posterior aos que acima citamos como os de “primeira geração”, esse segundo rol de direitos viriam a ser considerados pertencentes à chamada “segunda capítulo 10 • 125 geração de direitos humanos”. São reconhecidos como direitos desta “segunda geração”, entre outros, os seguintes:
 a) direito ao trabalho; 
b) direito à segurança social; 
c) direito à proteção contra o desemprego; 
d) direito ao repouso e ao tempo livre; 
e) direito ao nível de vida apropriado para a saúde e bem-estar; 
f) direito das mães e crianças a cuidados especiais e ajuda;
 g) direito à educação.
O fato de serem estes direitos posteriores aos considerados de primeira e segunda gerações (ou dimensões), levou-os a serem classificados como direitos de terceira geração. Estes distinguem-se por exigir a participação consciente e intensa de todo o grupo social que, de forma necessariamente solidária, busca salvaguardar interesses que ultrapassam os meros interesses individuais de cada um de seus membros. De modo geral, vêm sendo consensualmente considerados direitos fundamentais da terceira dimensão, os seguintes: 
a) os direitos à paz; 
b) o direito à autodeterminação dos povos; 
c) o direito ao desenvolvimento; 
d) o direito ao meio ambiente e qualidade de vida; 
e) o direito à conservação e utilização do patrimônio histórico e cultural; 
f) o direito à vida das gerações futuras; 
g) o direito de comunicação.
1.1 O que significa a palavra Filosofia? Sabedoria de vida? Visão de mundo? Visão religiosa?
2. Mas o que é filosofia? R:Como área do conhecimento, Filosofia nasce da nossa condição de seres racionais e livres, bem como da consequente necessidade de atribuirmos significados a todas os acontecimentos da vida (ARANHA; MARTINS, 2009). o termo Filosofia nos remete à cultura grega antiga. Este termo foi constituído por duas palavras philos e sophia1, para designar a busca pelo saber, pois philos é um termo grego que significa “amigo de” e sophia, “sabedoria” (ARANHA; MARTINS, 2009) o filósofo, “amigo do saber”,
3. Qual a relação da Filosofia com a atitude crítica? R: a Filosofia como um saber mais rigoroso, percebemos que está vinculada a um modo de pensar que denominamos de racional e a atividade de racionalizar. O a palavra racional: “capaz de usar a razão, de raciocinar (...) 2. Que se baseia na razão, no raciocínio lógico, e não na emoção (decisão racional, medida racional). Racionalizar como “tornar mais racional ou reflexivo, buscar compreender, expor ou tratar (algo) de maneira racional, lógica” Trata-se, portanto, de um saber que se orienta segundo regras para que o pensamento mantenha certa coerência ou sentido
4. Então, o que podemos pensar sobre a Filosofia? Podemos compreender como atitude crítica, ou seja, a postura de alguém que investiga as ideias, sem aceitá-las de maneira passiva, mas antes procura examinar as concepções com rigor – “Quem disse? “ “Por que disse?” “Como disse?” “Vivenciou a situação ou ouviu de um terceiro?” “E esse terceiro, como ficou sabendo?”
5. Filosofia: admiração ou espanto? Pensadores como Platão e Aristóteles comentaram que a Filosofia começaria pela admiração ou pelo espanto.
6. Por que a Filosofia começaria pela admiração ou pelo espanto? O que queriam enfatizar? Os termos admiração e espanto ligam-se ao sentido de algo visto pela primeira vez. A atitude filosófica procede assim, olha para o mundo com olhar indagador, interroga o próprio ser humano como compreendeu Sócrates ao estudar a célebre frase no oráculo de Delfos: “Conhece-te a ti mesmo” (ARANHA; MARTINS, 2009).
7. A filosofia possui uma finalidade imediata? Podemos dizer que a Filosofia possui uma finalidade prática? Uma utilidade imediata como em outros saberes? Ou seria a Filosofia um questionar sem sentido, ao saber de cada pessoa? o trabalho do cientista pressupõe conhecimentos filosóficos, por exemplo. E, neste ponto, nos ajuda a compreender um papel muito importante para a Filosofia na construção do autoconhecimento e do conhecimento científico.
estamos vivendo num mundo novo que está redefinindo papéis sociais, novas áreas de saber e uma multiplicação infinita de informações que precisam ser selecionadas e ordenadas criticamente. Na verdade, o que está em jogo no mundo contemporâneo é o próprio significado de ser humano e sua finalidade a partir de uma trajetória histórica que não poderá ser esquecida, mas, ao contrário, repensada criticamente.
7.1 Qual a contribuição da Filosofia? A Filosofia nos ajuda a organizar as ideias, nos ensina a questionar, ou seja, a refletir de maneira mais organizada e cuidadosa sobre os desafios da vida cotidiana, nos auxilia quanto aos inúmeros dilemas morais e éticos, nos permite repensar nossa própria capacidade racional para construção ou redefinição de saberes, poderá, ainda, aliviar nossas angústias pessoais, por fim, dentre tantas possibilidades, nos ensina a viver um pouco melhor, mais consciente de nossa época e nosso papel social.
7.2 É possível uma definição para o termo Filosofia? Encontraremos em muitos autores, variadas definições para Filosofia, diferenciando-a enquanto saber racional. Por conseguinte, Filosofia não se confunde com religião, um saber que se orienta por meio da confiança, da crença, nem se confunde com a ciência, com suas aplicações práticas. A filosofia é um modo de pensar que acompanha o ser humano na tarefa de compreender o mundo e agir sobre ele. Mais que postura teórica, é uma atitude diante da vida, tanto nas condições corriqueiras como nas situações-limites que exigem decisões cruciais
7.3 Quais as características da filosofia? De um modo geral, interpretamos a Filosofia como um saber radical, um estudo rigoroso e interdisciplinar.
7.4 O que significa dizer que a Filosofia é um saber Radical? O termo radical assume o sentido latino de radix, radicis que significa raiz, origem, fundamento, base (A filosofia é radical porque busca explicitar os conceitos que estão na base do pensar e do agir. Investiga as raízes, os princípios que orientam nossa existência
7.5 O que significa dizer que a Filosofia é um saber rigoroso ou sistemático? Significa afirmar que o filósofo deve dispor de um método (caminho a ser seguido) a fim de proceder com rigor em sua análise. São vários métodos para proceder a investigações e desenvolver um pensamento rigoroso, fundamentado, coerente e expresso numa linguagem também rigorosa, opera com definições claras, precisas, cuidadosamente investigadas e que respeita a autoria.
7.6 O que significa dizer que a Filosofia é um saber interdisciplinar, ou saber de conjunto? Significa afirmar que a Filosofia se desenvolve sob uma perspectiva segundo a qual relaciona diferentes aspectos de um fenômeno a ser investigado. Ao proceder às análises, observa as diversas nuances de um problema, por isso interdisciplinar, relaciona diferentes enfoques que estão presentes no objeto a ser investigado.
7.7 O que diferencia a filosofia de outras disciplinas? Uma das suas contribuições mais relevantes não é o que se estuda, propriamente, mas como se estuda, ou seja, o método. Ela nosempresta a dimensão radical, o método sistemático que visa coerência no raciocínio e o olhar crítico que é sempre indagador.
· . Qual o sentido etimológico da palavra filosofia?
· 02. O que significa reflexão crítica? 
· 03. A filosofia é um saber acessível a qualquer pessoa? 
· 04. Por que a filosofia se relaciona com admiração e espanto? 
· 05. Qual a utilidade da filosofia? 
· 06. Apresente e explique o conceito de filosofia, bem como suas características. 
· 07. O que diferencia a filosofia de outras disciplinas?
· Podemos verificar algumas condições históricas que propiciaram o advento da Filosofia, a saber:
· VIAGENS MARÍTIMAS Contribuíram para o desencantamento do mundo, pois muitos lugares vistos como sagrados ou inexistentes passaram a integrar uma nova geografia do mundo conhecido na época.
· INVENÇÃO DO CALENDÁRIO Propiciou um processo de racionalização da percepção do ser humano inserido no tempo. 
· INVENÇÃO DA MOEDA Demonstrou uma crescente abstração nas relações entre sujeitos – troca passa a ser feita pelo cálculo de um valor, não necessariamente através do escambo. 
· ADVENTO DA VIDA URBANA Com o comércio, a figura dos comerciantes, bem como novos valores que modificaram o olhar do ser humano. 
· INVENÇÃO DA POLÍTICA Para governar a cidade, a construção da ideia de bem comum, propiciando o diálogo, a discussão sobre as decisões importantes da cidade.
1.1 O que significa mito? Qual a relação da filosofia com o mito? Mito e mitologia são palavras que nos remetem às narrativas gregas sobre a origem do mundo, as relações de poder, sobre a verdade...
1.2 Observação: o pensamento filosófico é algo muito diferente do mito, por resultar de uma ruptura quanto à atitude diante do saber recebido. Enquanto o mito é uma narrativa cujo conteúdo não se questiona, a filosofia problematiza e, portanto, convida à discussão. No mito a inteligibilidade é dada, na filosofia é procurada (...).A filosofia rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos. Ainda mais: a filosofia busca a coerência interna, a definição rigorosa dos conceitos, organiza-se em doutrinas e surge, portanto, como pensamento abstrato.
1.3 Quem foi Os primeiros filósofos? Tales, Heráclito, Parmênides, Anaximandro, Anaxágoras, Anaxímenes etc.
1.4 •  o que perguntaram os primeiros filósofos?
Por que os seres nascem e morrem? 
•  Por que tudo muda? 
•  Qual a origem de todas as coisas?
Observação : Foi Aristóteles quem considerou Tales como o iniciador do pensamento filosófico. Este novo pensamento nasceu da insatisfação com a explicação sobre o mundo ofertada pelo mito. O que os primeiros filósofos queriam era explicar o mundo natural baseado em causas naturais, por isso foram considerados naturalistas. Assim, compreenderam que a chave para explicação do mundo estaria no próprio mundo. Todavia, o mito persiste, pois, a religião permanece, embora com papel reduzido. Os primeiros filósofos estabeleceram conceitos constitutivos de nossa tradição, tais como: physis, causalidade, arqué, cosmos, logos e o caráter crítico. Assim, os primeiros filósofos, estudiosos da natureza, buscaram uma explicação causal dos processos e fenômenos naturais, por isso o termo physis, dinâmica da vida, Natureza. Buscaram, também, uma causa primeira como ponto de partida para todos os seres, diferente da explicação religiosa ofertada pelo mito.
1. O que significa O termo cosmo ? significa ideia de ordem, harmonia e beleza.
2. O que significa O termo? Arché significa o princípio primeiro das coisas e do universo. 
3. Então...quais as principais características da Filosofia nascente?
•  Tendência à racionalização, independente dos aspectos religiosos, baseados na crença; 
•  Postura crítica para os problemas da cidade, as decisões são construídas através do debate público; 
•  Pensamento fundamentado em razões, ou seja, argumentos racionais; 
•  Recusa de justificativas preestabelecidas, recusa de ideias baseadas em crendices, senso comum etc.; 
•  Tendência à generalização, para percepção de semelhanças e identidades
4. Qual a origem da filosofia? 
5. Quais as especificidades que marcaram o nascimento da filosofia na Grécia antiga? 
6. O que significa mito? 
7. Qual a relação entre mito e filosofia?
8. Compare a função exercida pelo mito na Grécia antiga com os dias atuais. 
9. Quais são os nossos mitos? 
10. Como podemos designar os primeiros filósofos e o que investigaram? 
11. Quais os conceitos estabelecidos pelos primeiros filósofos?
12. E por que precisamos pensar melhor? Porque não vivemos sozinhos.
13. O que significa “refletir”? Refletir significa, antes de tudo, organizar o pensamento para o conhecimento. Significa o distanciamento em relação ao objeto a ser investigado para se verificar as próprias condições do ato de conhecer. E
Observação: “A filosofia de Platão nasce de perguntas e de respostas contextualizadas, do exame refutativo, (...) da busca da verdade e do desejo de livrar o homem dos sofismas e da falsa retórica”.
Observação: A metáfora platônica da caverna representa o nosso mundo material ou mundo sensível, lugar das sombras, ou seja, das cópias imperfeitas. Representa o nosso campo de existência, o mundo de nossa experiência (DUPRÉ, 2015). O mundo fora da caverna simboliza o que Platão designou de mundo das ideias, ou seja, mundo real, lugar das verdades, das formas puras, dos conceitos - o mundo da verdade. O cavernícola liberto representa aquele que busca o conhecimento verdadeiro e que consegue se afastar das sombras para investigar a realidade através do pensamento reflexivo. Assim, a saída da caverna e a vivência no mundo externo, iluminado pelo sol, representa o movimento que nos retira da ignorância e nos conduz à busca da sabedoria e que passa necessariamente pela construção de um pensamento reflexivo. Seria o nosso mundo uma grande caverna? Podemos argumentar que os preconceitos, as falsas ideias, ideologias, avanços e retrocessos, bem como a intolerância poderiam representar as correntes que nos mantém prisioneiros na caverna de Platão? E os sofistas responsáveis por esse cativeiro? Onde estão hoje em dia? O prisioneiro liberto ridicularizado por seus próprios companheiros poderia ser visto, atualmente, como o estudioso e que muitas vezes o senso comum tenta desacreditar, chamando-o de tolo.
14. O que significa refletir? 
15. O que significa reflexão filosófica?
16. O que a metáfora platônica da caverna representa? 
17. O que significa em Platão o mundo inteligível e sensível? 
18. Quem é o prisioneiro (cavernícola) que se liberta na narrativa platônica do mito da caverna? Por quê? 
19. Qual a intenção de Platão ao discutir o mito do anel de Giges? 
20. Qual a contribuição da Filosofia que você julga mais significativa?
21. O que é ética :? A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens, o da moral, considerado, porém na sua totalidade, diversidade e variedade. (...) O valor da ética como teoria está naquilo que explica, e não no fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situações concretas (1993, p. 11, grifos nossos).
22. Do que estamos falando quando se trata de ética e de moral? A ética estuda os fatos morais. A ética3 e moral são conceitos diferentes, mas confundidos com frequência pelo senso comum. Sob o ponto de vista etimológico, ética é um termo que deriva da palavra grega ethos que já observamos que designa costume, hábitos e práticas de uma cultura e liga-se ao sentido de caráter A palavra moral decorre do latim mos, mores que também significa maneira de se comportar regulada pelo uso, ou seja, costumes.
23. "O que é moralidade num dado tempo e lugar?" (DUPRÉ, 2015). Aquilo que determinado grupo social reconheceu como bom, útil e desejável e atribuiu um valor moral. A moral possui esse aspecto: liga-se a um grupo social, a um tempo, certos valores e etc.
24. Qual seria a boa lição que podemos guardar do contato com o relativismo? aquela em que o conhecimento é colocado como perspectivo Significaque enxergamos o mundo de acordo com nossos "óculos"; "nossa visão de mundo parte sempre de certa perspectiva ou de um ponto de vista", ou "só podemos ter uma compreensão intelectual da realidade de dentro do nosso próprio quadro conceitual, determinado por uma combinação complexa de fatores que incluem nossa cultura e história
25. Então, qual é o seu quadro conceitual? É nesse sentido que observamos que aquele que não busca ampliar seu quadro conceitual com leituras, arte, viagens, diálogos e etc., fatalmente demonstrará uma visão mais restrita sobre a vida o que poderá comprometer suas escolhas.
26. O que é ética? Qual a origem etimológica do termo? 
27. O que é moral? Qual a origem etimológica do termo? 0
28. Há diferença entre ética e moral?
29. O que são fatos morais? 
30. O que significa relativismo? 
31. Explique o sentido da “dupla moral brasileira”.? uma sociedade que vive em contradição com ideais igualitários. Essa moral se consubstancia em esperteza, vantagem indevida, malandragens, fingir que não está vendo certas posturas, pagar ou receber propina – um conjunto de práticas que parte de ilícitos, supostamente toleráveis, como “dar uma cervejinha” até situações mais graves como roubos, fraudes, extorsões... a maior parte dos brasileiros sofre de ambivalência, ora agindo de forma íntegra e se indignando com as condutas espertas que identificam nos outros, ora resvalando para atitudes oportunistas e se justificando com a bandalheira geral que afirmam estar campeando no país.
Observação: O fato de valorizar a importância do hábito não significa que Aristóteles considere a virtude moral uma forma de comportamento padronizado. O hábito é o primeiro passo na educação moral. Mas, se tudo correr bem, o hábito por fim é incorporado e passamos a entender o que ele significa.
32. O que significa “teoria ética”? 
33. Como podemos classificar a ética de Aristóteles? 
34. Quais os pontos que o autor Olinto Pego raro ressalta como caracterizadores da ética de Aristóteles?
35. Qual a relação que Aristóteles estabelece entre felicidade e intelecto? 
36. Por que Aristóteles insiste na prática da virtude? 
37. O que significa excelência moral? 
38. O que significa sabedoria prática? 
39. O que significa “ ética da decisão prudencial”? 
40. Como Aristóteles relacionou justiça e vida boa?
41. Além de evitar tanto o dogmatismo quanto o ceticismo, a filosofia caracteriza-se por ser um tipo de reflexão. O termo reflexão vem do verbo latino reflectere, que significa “voltar atrás”. Filosofar, portanto, significa retomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, examinar detidamente, prestar atenção e analisar com cuidado. Em contrapartida, não é qualquer tipo de reflexão. Não é correto dizer que sempre quando refletimos sobre algo estamos filosofando. Para que isso acon- capítulo 1 • 13 teça, precisamos seguir alguns caminhos. Quais são eles? Bom, a reflexão filosófica deve ser: 
a) Radical: dizer que a reflexão filosófica é radical significa afirmar que é uma reflexão profunda, que vai até as raízes da questão ou problema, até os seus fundamentos. Comumente, quando pensamos em algo, permanecemos na superficialidade do que todo mundo diz ou pensa. Pensar filosoficamente é ir mais além, pensar de modo próprio e profundo. 
b) Rigorosa: a reflexão filosófica é rigorosa porque segue regras e métodos específicos. Para ser profunda, uma reflexão precisa ser realizada com rigor, colocando de lado as conclusões da sabedoria popular ou os preconceitos que trazemos conosco a respeito de determinado tema. 
C De conjunto: além do que já foi dito, a reflexão filosófica deve ser também de conjunto, e isso significa que devemos pensar cada problema relacionando todos os seus aspectos, isto é, pensando cada aspecto do problema com relação aos demais, construindo uma visão do todo. Uma reflexão filosófica não pode ser parcial, privilegiando um ponto de vista, mas total ou global.
1. O que é Filosofia? O homem, diz-se, é naturalmente filósofo, “amigo da sabedoria”. E é verdade. Ávido de saber, não se contenta em viver o momento presente e aceitar passivamente as informações fornecidas pela experiência imediata, como fazem os animais. Seu olhar interrogativo quer conhecer o porquê das coisas, sobretudo o porquê da própria vida. Mas, enquanto o homem comum, o homem da rua, formula estas interrogações e enfrenta estes problemas de maneira descontínua, sem método e sem ordem, pessoas há que dedicam a essas pesquisas todo o seu tempo e todas as suas energias e propõemse a obter uma solução concludente para todos os ingentes problemas que espicaçam a mente humana, por meio de uma análise aprofundada e sistemática. São estas as pessoas que costumamos chamar “filósofos”. 
2. Mas, então, o que é exatamente a Filosofia? É um conhecimento, uma forma de saber e, como tal, tem sua esfera particular de competência; sobre esta esfera busca adquirir informações válidas, precisas e ordenadas. 
A DEMOCRACIA ATENIENSE FOI UMA REVOLUÇÃO NA MANEIRA COMO AS CIDADES-ESTADOS GREGAS SE ORGANIZARAM NA ANTIGUIDADE. ELA INFLUENCIOU MEIO MUNDO E, ATÉ HOJE, É IMITADA E ADAPTADA PELOS PAÍSES DO OCIDENTE LIBERAL. ASSINALE A SEGUIR A ALTERNATIVA QUE MOSTRA UMA CARACTERÍSTICA POSITIVA DESSA CONSTITUIÇÃO NA ÉPOCA DE PLATÃO. 
A) Ser aberta a, no máximo, 20% da população. 
B) Ter mecanismos para supervisão direta do aparato administrativo. 
C) Impedir que estrangeiros, como Aristóteles, debatessem nas assembleias. D) Excluir as mulheres das discussões políticas. 
E) Ter baixa participação dos atenienses, que preferiam cuidar de seus próprios negócios.
2. QUERENDO CRIAR UMA MANEIRA DE PENSAR QUE ELE APELIDOU DE FILOSÓFICA, SÓCRATES COMBATIA DIRETAMENTE O GRUPO DOS SOFISTAS, CONSIDERADOS ADVERSÁRIOS INTELECTUAIS. ASSINALE A SEGUIR A ALTERNATIVA QUE MAIS BEM DEFINE A FILOSOFIA, SEGUNDO SÓCRATES.
 A) Uma retórica inferior, um brinquedo lógico. 
B) Um procedimento amoral que não se importa com o certo ou o errado. 
C) Um truque para agradar as pessoas.
 D) Um jeito de educar apenas os jovens. 
E) Uma forma de encontrar a bondade na alma das pessoas.
 GABARITO 1. A democracia ateniense foi uma revolução na maneira como as cidades-Estados gregas se organizaram na Antiguidade. Ela influenciou meio mundo e, até hoje, é imitada e adaptada pelos países do Ocidente liberal. Assinale a seguir a alternativa que mostra uma característica positiva dessa constituição na época de Platão. 
A alternativa "B " está correta. A democracia ateniense na Antiguidade era formada por um conjunto de processos burocráticos, como a assembleia, que visava distribuir o poder entre os cidadãos. Entre suas funções, estava conferir a quantas andava a administração pública. O problema é que tal mecanismo impedia mulheres, estrangeiros e escravos – o bojo da população da época – de participar das discussões.
 2. Querendo criar uma maneira de pensar que ele apelidou de filosófica, Sócrates combatia diretamente o grupo dos sofistas, considerados adversários intelectuais. Assinale a seguir a alternativa que mais bem define a filosofia, segundo Sócrates.
 A alternativa "E " está correta. Enquanto acreditava que os sofistas só se preocupavam em ensinar jogos retóricos a quem lhes pudesse pagar, Sócrates via na filosofia um caminho oposto, moral. Era por meio dela que se podia alcançar o bem suprem
AO COMEÇAR A “POVOAR” NA IMAGINAÇÃO SUA CIDADE IDEAL, PLATÃO, POR MEIO DE SÓCRATES, “EXPULSA” POETAS, DRAMATURGOS E OUTROS ARTISTAS. QUAL É O ARGUMENTO PARA SE PROIBIR ESSAS ARTES? 
A) São úteis demais, criando uma dificuldade de imaginação além delas próprias. B) Inflam nos escravos a vontade de lutar por suas liberdades, o que atrapalharia a economia grega. 
C) Demonstram como as mulheres são iguais aos homens, o que contrariaria o senso comum da época. 
D) Era uma maneira de acabar com as diferenças de classe entre cada um dos moradores dessa cidade idealizada. 
E) Produziriam sentimentos que atrapalham a harmonia e o equilíbrio. 
1. 2. SÓCRATES DEFENDIA QUE A ÚNICA FORMA DE CONSTRUIR UMA SOCIEDADEIDEAL SERIA FAZER COM QUE FOSSE GOVERNADA POR UM FILÓSOFO OU TORNAR SEUS GOVERNANTES FILÓSOFOS, PORQUE: 
A) Apenas os filósofos escapariam da degradação moral e enxergariam a verdade eterna.
 B) Os filósofos são os únicos desocupados na cidade de questões práticas. 
C) Os filósofos são os melhores na retórica e na oratória. 
D) Os poetas haviam sido expulsos da cidade ideal. 
E) Ele estava defendendo a própria profissão e querendo arranjar uma fonte de renda fixa, uma vez que não recebia nada por suas aulas. GABARITO 1. Ao começar a “povoar” na imaginação sua cidade ideal, Platão, por meio de Sócrates, “expulsa” poetas, dramaturgos e outros artistas. Qual é o argumento para se proibir essas artes?
 A alternativa "E " está correta. Com Homero e Hesíodo em mente, poetas famosos de sua época e muito usados para educar as crianças, Sócrates queria evitar que houvesse perturbações emocionais entre os futuros cidadãos de sua cidade ideal. Ele os considerava poetas que criavam histórias, mesmo que pudessem ser verdadeiras, imorais, pois não miravam a temperança, o equilíbrio. 
2. Sócrates defendia que a única forma de construir uma sociedade ideal seria fazer com que fosse governada por um filósofo ou tornar seus governantes filósofos, porque: 
A alternativa "A " está correta. No mito da caverna, Sócrates narra a história de um homem que se desvencilhou dos grilhões da escuridão e conseguiu chegar à luz – é o filósofo. Os demais habitantes do mundo continuariam vendo sombras sem enxergar as verdades eternas. Portanto, apenas o filósofo seria capaz de guiar uma cidade, por não se contaminar com as misérias do dia a dia.;;
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. Estudamos o conceito de “cidade” de Santo Agostinho, que é “o conjunto de homens unidos pelo amor comum a certo objeto”. Assinale a alternativa que corresponde essencialmente ao ideal agostiniano:
A sociedade medieval.
A polis ateniense.
A ideia de “califado” do Islã.
O Império Romano pagão.
O Estado formado na base do “contrato social” hobbesiano.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
Dos exemplos listados, apenas a polis ateniense representa uma sociedade cujos cidadãos são unidos pelo mesmo amor à cultura helênica (comum a toda Hélade) e pelo diálogo em busca da sabedoria (específico a Atenas, que é algo superior à mera formalidade democrática). Os demais exemplos unem à força pessoas que não possuem uma positiva solidariedade essencial.
Parte superior do formulário
2. O conceito agostiniano de “justiça” é análogo à questão da “iluminação” da verdade, porque:
As leis humanas positivas são a fonte que esclarece a consciência para que o homem possa agir de modo justo.
As nossas escolhas pessoais determinam a verdade prática, iluminando nosso agir.
O consenso social ou democrático funciona como guia luminoso para o procedimento justo.
A consciência humana é iluminada por Deus para agir em conformidade com a lei eterna.
Os costumes e as tradições dos povos iluminam a existência moral.
Parte inferior do formulário
Parabéns! A alternativa "D" está correta.
Assim como no caso da verdade, a Luz de Deus é o foco da verdade especulativa. No caso da justiça, ela é o foco da verdade prática, e não as leis, os costumes ou os procedimentos exteriores, nem nossos pensamentos subjetivos.
Parte superior do formulário
1. Estudamos as virtudes em Santo Tomás de Aquino e vimos o conteúdo da “prudência”, ou seja, a capacidade de agir segundo a verdade. Qual dos exemplos a seguir não é uma atitude imprudente para o Aquinate?
Descumprir uma ordem injusta da autoridade.
Dirigir sem conhecer as leis do trânsito.
Votar sem conhecer a prática dos candidatos e sem verificar a exequibilidade de suas propostas.
Preencher o Imposto de Renda sem ler o regulamento.
Responder a estas questões sem ler o conteúdo ou a partir de ideias preconcebidas.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "A" está correta.
A ordem injusta é aquela que não corresponde à verdade e ao bem. Portanto, não pode ser objeto da virtude da prudência.
Parte superior do formulário
2. Segundo Tomás de Aquino, a virtude cardeal da “fortaleza” supõe o bem justo e verdadeiro e o conserva. Que atitude listada a seguir corresponderia a um ato objetivo de covardia?
Entregar a carteira ao ladrão armado.
Não enfrentar a agressividade excessiva e injusta da autoridade policial.
Não responder a uma ofensa pessoal.
Não fazer postagens nas redes sociais contra as injustiças sociais.
Não sacrificar a vida para salvar esposa e filhos.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "E" está correta.
A fortaleza ou coragem não é audácia. Ela só exige o martírio diante de um dever absoluto — neste caso, proteger a família da morte com a própria vida, se necessário.
Parte superior do formulário
1. Estudamos o nominalismo de Ockham e como incidiu nas considerações sobre a moral e a política. Qual das afirmativas a seguir melhor expressa a relação Igreja-Estado para o autor?
A Igreja cuida sozinha das coisas espirituais e tem potestade indireta sobre o Estado.
A Igreja cuida sozinha das coisas espirituais e o Estado tem total potestade nas coisas temporais.
O Estado tem potestade nas coisas temporais e pode interferir nas leis eclesiásticas.
A Igreja cuida sozinha das coisas espirituais e tem potestade direta sobre o Estado.
O Estado tem a potestade nas coisas temporais e religiosas.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
Ockham sustenta a separação dos dois poderes sem qualquer tipo de interferência e com uma possível cooperação.
· CONCLUSÃO 
DESCRIÇÃO
A história da Filosofia medieval, conhecimento imprescindível para a entender o mundo moderno e, em particular, de sua ordem jurídico-política liberal.
PROPÓSITO
Entender o sentido da Filosofia medieval, para fins de conhecimento da via moderna do nominalismo e da gênese do direito “das gentes”, é importante para a sua formação, pois lhe permitirá entender o arcabouço teórico do Direito e da política modernos.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar o estudo deste tema, é importante ter à mão um bom dicionário de Teoria Política ou mesmo de Filosofia. Sugerimos o Dicionário de Filosofia, de Abbagnano, e o Dicionário de Política, de Bobbio, Matteucci e Pasquino, ambos disponíveis virtualmente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Definir os conceitos de cidade e justiça em Santo Agostinho
MÓDULO 2
Reconhecer as características das virtudes morais cardeais, segundo Santo Tomás de Aquino
MÓDULO 3
Distinguir a novidade na concepção de lei no nominalismo e na Escola Ibérica em relação aos pensamentos agostiniano e tomista
INTRODUÇÃO
Estamos iniciando um percurso que nos levará aos elementos fundamentais da história da Filosofia medieval. Primeiro, entenderemos esse conceito, que consistiu em um diálogo entre a fé religiosa e a razão grega. Em seguida, veremos suas etapas e seus principais expoentes:
A patrística – Com Santo Agostinho de Hipona (354 d.C.-430 d.C.). O termo é uma homenagem a líderes cristãos cuja literatura floresceu a partir do ano 95 d.C. e que foram considerados os “pais” da Igreja. Também se refere à Filosofia cristã daqueles primeiros séculos, mesmo quando não escrita por líderes religiosos (POLESI, 2014).
A escolástica – Com Santo Tomás de Aquino (1225-1274).
No estágio final, de transição para a Filosofia moderna – com o nominalismo, de Guilherme de Ockham (1285-1349), e a escolástica ibérica, de Francisco de Vitória (1483-1546), em Salamanca, e Francisco Suárez (1548-1617), em Coimbra –, a razão filosófica foi se tornando cada vez mais independente da revelação bíblica.
Nosso interesse será, sobretudo, a Filosofia prática (moral e política): como foram compreendidos nestas três etapas, pelos principais expositores, os conceitos de sociedade, justiça,razão prática, princípios morais, virtudes, comunidade política e lei. O entendimento dessas questões também requer a indicação de algumas noções fundamentais da Filosofiado ser (metafísica) e da Filosofia do conhecimento dos autores estudados.
Veremos, ainda, como se passou de uma concepção à outra, nesta ordem:
0. Concepção mais estritamente teológica da moral, do direito e da política (a da patrística em geral e de Agostinho em particular) – baseada no platonismo e na Bíblia, em que “Deus” era o centro das reflexões.
1. Concepção mais estritamente filosófico-metafísica (a da escolástica em geral e de Tomás em particular) – baseada no aristotelismo e na Bíblia, em que a “essência” ou “razão” das coisas passou a ocupar um lugar decisivo.
2. Concepção jurídico-científica (no sentido moderno) – baseada na investigação da razão empírica, à parte da teologia e da metafísica das essências.
MÓDULO 1
Definir os conceitos de cidade e justiçaem Santo Agostinho
CONCEITO DE FILOSOFIA MEDIEVAL
Antes de iniciar a exposição sobre o Santo Agostinho e a patrística, precisamos entender o sentido fundamental da “Filosofia medieval”. Antes, um breve aviso: a Filosofia medieval não foi apenas aquela pensada pelos intelectuais cristãos! Também houve Filosofia medieval entre os pensadores judeus e muçulmanos.
As três correntes, contudo, tiveram a mesma estrutura intelectual: a de um diálogo entre a respectiva escritura sagrada e o pensamento grego platônico, neoplatônico e aristotélico.
A Bíblia, no caso dos cristãos.
A Tanak ou Antigo Testamento, no caso dos judeus.
O Alcorão, no caso dos muçulmanos.
Do ponto de vista da história da Filosofia, entretanto, foi a corrente cristã que, levando as outras duas como afluentes, conectou a fonte do pensamento antigo ao oceano da modernidade filosófica. É nesse contexto que Gilson afirma:
Num primeiro sentido, ela designa todos os escritores eclesiásticos antigos, mortos na fé cristã e na comunhão da Igreja [...]. Chama-se de literatura patrística o conjunto das obras cristãs que datam da idade dos padres da Igreja, mas nem todas têm como autores padres da Igreja.
(GILSON, 1995)
O autor toma o cuidado de esclarecer que, além dos autores cristãos, outros não cristãos contribuíram com a fecundidade deste período.
Entre os intelectuais cristãos, a Filosofia nunca constituiu uma ciência ou investigação independente da teologia. Para os gregos, a “Filosofia” significava — etimologicamente — “o amor à sabedoria”. Para os cristãos, a “verdadeira Filosofia” era o Evangelho de Cristo, que, na fé cristã, é a própria Sabedoria em pessoa. Assim, para os teólogos católicos, a Filosofia era um instrumental capaz de auxiliar a razão iluminada pela fé a conceituar os mistérios revelados.
Gilson (2020), importante filósofo contemporâneo e historiador da Filosofia medieval, perguntou-se se havia sentido em falar de uma “Filosofia cristã”. Ele considerou que é possível abstrair do todo da investigação teológica um conjunto de reflexões filosóficas originais em relação àquelas de origem grega.
Tais reflexões nasceram a partir de temas que, embora estejam presentes na Bíblia, não constituem exatamente mistérios de fé, mas realidades do mundo e do homem que a perspectiva da fé ajudou a vislumbrar melhor do que a razão grega havia feito.
São exemplos desses temas:
Clique nas barras para ver as informações.
O FATO DE O MUNDO TER UM INÍCIO
O que deixou sua marca na própria Ciência moderna.
A VALORIZAÇÃO DO MUNDO VISÍVEL, DA MATÉRIA E DO CORPO
Uma vez que estes foram criados por Deus.
A SUPERVALORIZAÇÃO DO SER HUMANO
Pois é revelado como “pessoa”, “imagem” de Deus, dotado de alma espiritual e chamado a uma vocação transcendente.
A VALORIZAÇÃO DA MULHER, DA INFÂNCIA, DOS QUE SOFREM, DOS QUE PADECEM DE ESCRAVIDÃO
Porque que também são “pessoas” pelas quais Cristo morreu.
A VALORIZAÇÃO DO TEMPO E DA HISTÓRIA
Visto que nela Deus intervém.
O INCREMENTO DA NOÇÃO DE “MEMÓRIA”
Posto que Deus está presente em seu fundo.
O INCREMENTO DA INVESTIGAÇÃO SOBRE O PROBLEMA DO “MAL”
Auxiliada pela noção bíblica de uma criação essencialmente “boa” e do “pecado”.
O INCREMENTO DAS NOÇÕES DE “LEI” E DE “CONSCIÊNCIA”
A voz de Deus manifesta-se à consciência e aí dita seus juízos, audíveis ao homem reto.
A luz da revelação bíblica suplementa a razão grega também no que diz respeito à razão puramente. Nós, modernos, vivemos desses incrementos, e não do âmbito dos problemas e conteúdos gregos, porém agora desconectados da teologia e reduzidos ao horizonte da imanência. Dito isso, passemos à patrística e a Santo Agostinho.
CONTEXTO HISTÓRICO E BREVE BIOGRAFIA
Por “patrística” entende-se o período do pensamento teológico e filosófico dos “padres da Igreja” (séculos II a VIII). “Padres”, aqui, não são os presbíteros ou sacerdotes católicos, mas os “pais” dos dogmas católicos, que uniram a revelação de Cristo e dos apóstolos ao pensamento grego racional, cunhando, em disputa com as heresias nos primeiros concílios ecumênicos, os artigos fundamentais da fé católica, como a divindade de Cristo ou a Trindade de pessoas divinas.
Tais crenças só vieram a ser dogmatizadas por ocasião do fim das perseguições, dos questionamentos dos hereges e da oportunidade da Filosofia grega.
 Figura 1. Cenas da vida de Santo Agostinho.
Dentre os padres, sobressai no Ocidente a figura de Santo Agostinho. Quando ele nasceu em Tagaste (norte da África, na atual Argélia), o cristianismo já tinha liberdade de culto (desde 325, sob o imperador Constantino). Sua mãe, Mônica (que seria canonizada como santa católica), embora muito devota, seguindo um costume de então, não batizou seu filho quando bebê, e ele não cresceu como católico praticante.
Intelectualmente inquieto, Agostinho interessou-se por Filosofia a partir da obra perdida Hortênsio, de Cícero, e estudou literatura latina, tendo sido professor de gramática e retórica. Viveu durante anos uma relação de concubinato com uma mulher que lhe deu um filho, Adeodato. Aderiu à seita maniqueísta, mas, estudando o neoplatonismo de Plotino (205 d.C.-270 d.C.), descobriu a realidade do “espírito”, e abandonou o maniqueísmo.
Em Milão, escutava com interesse estético os sermões do bispo Ambrósio (340 d.C.-397 d.C.), e começou a interessar-se pelos temas cristãos e a experimentar uma grande alegria espiritual ao ouvir seus cânticos. O canto ambrosiano é semelhante ao mais conhecido canto gregoriano.
Enfim, converteu-se ao catolicismo, abandonou o concubinato, iniciou uma comunidade de monges para dedicar-se à Filosofia, mas teve de voltar à África, onde tornou-se padre católico e, depois, bispo da cidade de Hipona.
 Figura 2. Santo Agostinho,
Philippe de Champaigne, século XVII.
A essa altura, as invasões bárbaras implodiam o decadente Império Romano e os pagãos remanescentes culpavam o cristianismo, com sua pregação do “amor” como causa da fraqueza de Roma. Agostinho, então, respondeu a esses ataques com sua obra principal: A Cidade de Deus.
A CIDADE DE DEUS E A JUSTIÇA
 Figura 3. Alegoria do bom governo, Ambrogio Lorenzetti, 1338.
Em A Cidade de Deus, Agostinho (2006) defende que uma sociedade se forma a partir do amor de vários indivíduos pelo mesmo objeto. Ele exemplifica com os espetáculos: os espectadores ignoram-se mutuamente, mas, ao admirarem a performance do ator, também passam a nutrir simpatia uns pelos outros.
Atualmente, poderíamos ver algo semelhante nas competições esportivas: uma torcida de futebol, formada por pessoas que não se conhecem, estabelecem um vínculo de simpatia por causa do time que as empolga.
Essa tese agostiniana vai ao encontro da tese de Aristóteles, segundo o qual a polis é o âmbito dos “amigos”, dos que amam e odeiam as mesmas coisas. E contrapõe-se à teoria moderna de Hobbes, do “contrato social”, que considera que o Estado nasce como um pacto para cessar a luta de todos contra todos, para nos protegermos dos “vizinhos”, e não dos inimigos externos.
“Cidade” é o conjunto de homens unidos pelo amor comum a certo objeto. E haveria fundamentalmente duas cidades:
A Cidade de Deus
Unida pelo amor divino e que dirige sua existência temporal à glória de Deus.
A Cidade dos homens
Unida pelo amor às coisas temporais, de costas para Deus.
É por issoque Agostinho preocupou-se com a arte de governar, pois, para ele, a política deve contemplar o homem em sua plenitude constituída de corpo e de alma. Portanto, não haverá política verdadeira se esta não estiver ligada a Deus.
 Figura 4. Alegoria do mau governo, por Ambrogio Lorenzetti, 1338.
Nesse contexto, dirigia-se aos que pretendiam governar a “Cidade dos homens” para que não se esquecessem desse princípio e, assim, fizessem da cidade terrena uma antecipação da “Cidade de Deus”: a Pátria Celestial.
Se os que governam não pensarem na política como uma arte e que esta não pode ser pensada sem a presença de Deus, não haverá concórdia na cidade terrena. Assim, as virtudes não serão praticadas e os vícios reinarão. Em suas palavras:
Escolhe desde já o teu caminho, a fim de poderes ter glória verdadeira, não em ti, mas em Deus [...]. Nós te convidamos, nós te exortamos a vir a esta pátria, para que constes no número de seus cidadãos, cujo asilo é, de certo modo, a verdadeira remissão dos pecados. Não prestes ouvido aos que degeneram de ti. [...] É que nos tempos não buscam o repouso da vida, mas a segurança do vício. [...] Volte-te, agora, para a pátria celeste. Por ela trabalharás pouco e nela terás eterno e verdadeiro reino. Não encontrarás o fogo de veste nem a pedra do Capitólio, mas Deus, uno e verdadeiro, que não te porá limites ao poder nem duração a império [...]. Nela, a vitória é a verdade, a honra é a santidade, a paz é a felicidade, e a vida é a eternidade. [...] Evita, por conseguinte, comunhão com os demônios, se queres chegar à cidade bem-aventurada.
(AGOSTINHO, 2006)
Embora a Igreja Católica seja a realidade que encaminha a vida dos homens à Cidade de Deus definitiva, a divisão entre esta e a Cidade dos homens não corresponde exatamente à divisão entre Igreja e mundo, porque há quem esteja na Igreja com o corpo, mas com o coração no mundo; e há quem esteja no mundo, mas ingressará na Igreja e na Cidade divina. O conjunto dos homens que vivem em uma cidade é chamado de “povo” por Agostinho.
Há um fim comum a toda sociedade, seja qual for, e este fim é, segundo Agostinho, a “paz”. A paz que as sociedades desejam é pura tranquilidade de fato, mas a paz verdadeira é a que satisfaz plenamente as vontades de todos tão bem que, ao ser obtida, nada mais se deseja. Afinal, “uma coisa não é a ventura da cidade e outra a do homem, pois toda cidade não passa de homens que vivem unidos” (AGOSTINHO, 2006).
A condição fundamental para que a paz seja permanente é a ordem. Para que um conjunto de partes concorde na busca de um mesmo fim, é preciso que cada qual esteja em seu lugar e desempenhe sua própria função corretamente. Assim:
· A paz do corpo é o equilíbrio bem ordenado dos apetites ou das paixões.
· A paz da alma racional é o acordo entre o conhecimento e a vontade.
· A paz doméstica é a concórdia dos moradores da mesma habitação quanto ao comando e à obediência.
· A paz da cidade é a concórdia da família estendida a todos os cidadãos.
· A paz da cidade cristã é uma sociedade ordenada de homens que amam a Deus e se amam mutuamente em Deus.
A paz, em tudo, é a tranquilidade da ordem, o bem soberano, assim como define o teólogo:
Na paz final, entretanto, que deve ser a meta da justiça que tratamos de adquirir aqui na Terra, como a natureza estará dotada de imortalidade, de incorrupção, carecerá de vicias, e não sentiremos nenhuma resistência interior ou exterior, não será necessário a razão mandar nas paixões, pois não existirão [...]. Tal estado será eterno, e estaremos certos de sua eternidade. Por isso, na paz dessa felicidade e na felicidade dessa paz, consistirá o soberano bem.
(AGOSTINHO, 2006)
Obviamente, Agostinho considera a paz da Cidade dos homens uma paz aparente, uma desordem. Por essa razão, ainda que seus ensinamentos expressem a transitoriedade da cidade terrena e a definitiva paz na cidade celestial, ele chamava atenção daqueles que não praticavam as virtudes. Assim, promoviam os vícios que desqualificam os sentidos da política terrena, conforme destaca o trecho a seguir:
Depois, os senadores começaram a submeter o povo ao jugo da escravidão, a dispor, à moda dos reis, da posse e da vida, a proibir-lhe a entrada no campo e a governar sozinhos o império, sem para nada contar com os demais. Oprimido por semelhantes sevícias e, de modo especial, pela usura, suportando, entre guerras contínuas, tributos e, ao mesmo tempo, encargos militares, o povo instala-se nos montes Sagrado e Aventio e consegue que lhe deem tributos da plebe e outras garantias legais. A Segunda Guerra Púnica pôs fim às discórdias e pendências entre ambas as partes.
(AGOSTINHO, 2006)
A justiça é a virtude que realiza a ordem, que dá a cada um o que é devido: subordina o inferior ao superior, mantém a igualdade entre coisas iguais e dá a cada um o que lhe pertence. A justiça deriva da lei eterna, que nos ordena conservar a ordem e impedir que ela seja perturbada. Essa lei imutável ilumina nossa consciência moral como a luz do Mestre interior — que é Cristo, “o Verbo que ilumina todo homem” — ilumina nossa inteligência.
Assim, também há em nós uma lei, chamada “lei natural”, que é como a “transcrição” da lei eterna ou divina em nossa alma. A exigência fundamental da lei é que tudo esteja ordenado. E é a justiça que estabelece no homem a ordem pela qual o corpo submete-se à alma e essa a Deus, como declara Agostinho:
Das coisas temporais devemos usar, não gozar, para merecermos gozar as eternas. Não como os perversos, que querem gozar do dinheiro e usar de Deus, porque não gastam o dinheiro por amor a Deus, mas prestar culto a Deus por causa do dinheiro.
(AGOSTINHO, 2006)
Porém, apenas Deus pode dar ao homem a virtude da justiça e as demais virtudes. Nos termos do teólogo:
A verdadeira virtude consiste, portanto, em fazer bom uso dos bens e males e em referir tudo ao fim último, que nos porá na posse da perfeita e incomparável paz.
(AGOSTINHO, 2006)
Uma das maiores batalhas intelectuais de Santo Agostinho foi contra Pelágio (360 d.C.-420 d.C.), que defendia que o homem poderia ser justo com seus próprios recursos, sua própria força.
Vamos, agora, aprofundar a importância da Patrística, em especial de Santo Agostinho,
para a concepção política da Idade Média
VERIFICANDO O APRENDIZADO
Parte superior do formulário
1. Estudamos o conceito de “cidade” de Santo Agostinho, que é “o conjunto de homens unidos pelo amor comum a certo objeto”. Assinale a alternativa que corresponde essencialmente ao ideal agostiniano:
A sociedade medieval.
A polis ateniense.
A ideia de “califado” do Islã.
O Império Romano pagão.
O Estado formado na base do “contrato social” hobbesiano.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "B" está correta.
Dos exemplos listados, apenas a polis ateniense representa uma sociedade cujos cidadãos são unidos pelo mesmo amor à cultura helênica (comum a toda Hélade) e pelo diálogo em busca da sabedoria (específico a Atenas, que é algo superior à mera formalidade democrática). Os demais exemplos unem à força pessoas que não possuem uma positiva solidariedade essencial.
Parte superior do formulário
2. O conceito agostiniano de “justiça” é análogo à questão da “iluminação” da verdade, porque:
As leis humanas positivas são a fonte que esclarece a consciência para que o homem possa agir de modo justo.
As nossas escolhas pessoais determinam a verdade prática, iluminando nosso agir.
O consenso social ou democrático funciona como guia luminoso para o procedimento justo.
A consciência humana é iluminada por Deus para agir em conformidade com a lei eterna.
Os costumes e as tradições dos povos iluminam a existência moral.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "D" está correta.
Assim como no caso da verdade, a Luz de Deus é o foco da verdade especulativa. No caso da justiça, ela é o foco da verdade prática, e não as leis, os costumes ou os procedimentos exteriores, nem nossos pensamentos subjetivos.
Avalie este módulo:
 
    
MÓDULO 2
Reconhecer as característicasdas virtudes morais cardeais segundo Santo Tomás de Aquino
CONTEXTO HISTÓRICO
Santo Tomás de Aquino é o maior expoente do período escolástico da teologia e Filosofia católica, cujo nome deriva das “escolas” monásticas ou catedralícias, nas quais eram ensinadas a teologia e as “artes liberais”:
Trivium
Artes da linguagem (gramática, retórica e lógica).
Quadrivium
Artes das relações numéricas (aritmética, geometria, astronomia, música).
O período escolástico teve início a partir do século IX, quando Alcuíno (735 d.C.-804 d.C.) promoveu a reforma carolíngia no âmbito educacional, que foi impulsionada pelo imperador Carlos Magno (742 dC-814 d.C.), do recém-criado Sacro Império Franco-Romanol, após a chamada “Idade das Trevas”, provocada pelas invasões bárbaras e pela queda do Império Romano (séculos V a VIII).
O “método” da escolástica madura era a disputatio, que consistia em um embate dialético de opiniões contrárias e favoráveis a determinada tese. Ele foi inaugurado por Pedro Abelardo (1079-1142), no século XII, iniciando-se a era das grandes “sumas”.
As “sumas” buscavam compendiar todo o saber teológico e filosófico, reunindo as teses dos padres da Igreja e dos filósofos, confrontando-as entre si e com a Bíblia, e buscando a melhor solução para os problemas filosóficos e teológicos.
Figura 5. Triunfo de Santo Tomás de Aquino
sobre Averroes, Benozzo Gozzoli, século XV.
À época de Aquino, já haviam sido fundadas as primeiras universidades do Ocidente, a Igreja havia atingido o auge de seu poder temporal — quando reinava o Papa Inocêncio III (1161-1216) — e começava a se mundanizar, com o apego dos eclesiásticos à riqueza e ao luxo.
Foi quando surgiram as ordens “mendicantes” dos “irmãos menores” ou franciscanos, de São Francisco de Assis (1182-1226), e dos “pregadores”, de São Domingos de Gusmão (1170-1221), para pregar a pobreza como ideal de vida cristã.
Também nesse momento, o Sacro Império, que havia passado das mãos dos francos à mão dos germanos, tinha Frederico II (1194-1250) à frente, talvez o imperador no qual podemos identificar as primeiras aspirações absolutistas, no auge da Idade Média. Ele havia iniciado a caçada violenta aos cátaros e tinha conseguido da Igreja autorização para a Inquisição.
Tomás de Aquino, frade da Ordem dos Pregadores, ensinava em Paris, e os livros da ética e da metafísica aristotélicas começaram a circular na Europa cristã — até então, era fundamentalmente adepta da obra lógica conhecida de Aristóteles —, a partir das traduções e interpretações dos árabes, que haviam entrado em contato com a tradição filosófica grega por meio dos cristãos da Síria.
Essas interpretações questionavam a visão cristã do mundo, porque Aristóteles era apresentado como alguém que, por exemplo, negaria a criação do mundo ao afirmá-lo como eterno.
Santo Tomás solicitou traduções diretas do grego ao latim e pôs-se a comentar Aristóteles — a quem chamava “O Filósofo” —, contrapondo às interpretações árabes um entendimento de Aristóteles compatível com a verdade revelada do cristianismo.
Assim, o Aquinate defende que, sem o conhecimento revelado do início temporal do mundo no livro de Gênesis, poderíamos dizer que o mundo foi criado desde toda a eternidade, porque o essencial na criação é ter um princípio ontológico (de origem causal do ser), e não um princípio cronológico (de início temporal do ser).
ÉTICA DA LEI NATURAL E DAS VIRTUDES
 Figura 6. Alegoria da Virtude, Rafel Sanzio, 1511.​
Assim como para Agostinho, para Aquino (2011), a lei eterna de Deus é participada à mente humana como “lei natural”, e o papel de tal lei — como de todas — é orientar o homem à sua finalidade e felicidade, que é Deus. Como conteúdo, essa lei é um hábito — que Tomás também chama de “sindérese” — dos princípios da vida moral.
Vejamos o primeiro desses princípios: “O bem é o que todos desejam”. Dele deriva o primeiro preceito da lei natural: “O bem deve ser feito, e o mal, evitado”. A razão prática apreende como bem as coisas para as quais o homem tem uma inclinação natural: seguir vivendo, propagar a espécie e educar os filhos, buscar a verdade e viver em sociedade.
A virtude é definida por Aquino (2011) como “uma boa qualidade da mente pela que se vive retamente, da qual ninguém usa mal, produzida por Deus em nós sem intervenção nossa”. Em sentido lato, “virtudes” são aquelas humanas, que destinam-se aos fins da razão humana e que podem ser obtidas pela reiteração dos atos.
Contudo, para Santo Tomás de Aquino a virtude em sentido próprio é a “infusa”, inseparável da virtude teologal da caridade, com a qual Deus incrementa as virtudes humanas ou cardeais — prudência, justiça, fortaleza e temperança — para o cumprimento do fim último e sobrenatural da vida humana, que é o próprio Deus.
Vejamos um pouco sobre cada virtude cardeal, pois esse é um conhecimento filosófico de grande densidade existencial:
Prudência
Esta é a virtude pela qual o homem aplica os princípios da sindérese (hábito) ou lei natural à situação concreta. Por ela, conhecendo a verdade dos princípios e da situação, o homem atua com justiça. O querer e o agir devem ser conformes à verdade. A prudência não se refere ao fim último, mas às vias que a ele conduzem, isto é, ela não decide o que é a felicidade, mas apenas como chegar lá. A unidade viva de sindérese e prudência é o que chamamos de “consciência”.
 Figura 7. Prudência, Piero del Pollaiolo, 1469.
A prudência é cognoscitiva e imperativa: apreende a realidade para, depois, ordenar o querer e o agir. O essencial na prudência é que o saber da realidade transforme-se em império prudente, e este, em ação boa. Sem a vontade do bem em geral, o esforço por descobrir o prudente e o bom aqui e agora seria ilusório e vão.
 Figura 8. Justiça, Piero del Pollaiolo, 1469.
Justiça
Esta é a constante e perpétua vontade de dar a cada um o seu direito. A matéria da justiça é a operação exterior, enquanto esta, ou a coisa que por ela usamos, é proporcionada à outra persona, à qual estamos ordenados pela justiça.
A justiça legal é a mais preclara (notável) entre todas as virtudes morais, na medida em que o bem comum é preeminente sobre o bem singular de uma pessoa considerada individualmente.
A justiça particular também sobressai entre as outras virtudes morais por duas razões: a primeira se toma pelo sujeito, porque se acha na parte mais nobre da alma, na vontade; a segunda razão deriva de parte do objeto, porque o justo comporta-se bem a respeito de outro, e, assim, a justiça é, de certo modo, um bem de outro.
Fortaleza
Sua essência não é se expor a qualquer risco, mas entregar-se, de maneira razoável, ao verdadeiro valor do real. A autêntica fortaleza supõe uma valoração justa das coisas, tanto das que se arrisca como das que se espera proteger ou ganhar.
O bem do homem é a realização de si conforme a razão, e o bem da razão vem da prudência. A justiça quer realizar esse bem. A fortaleza e a temperança o conservam (com primazia da fortaleza).
 Figura 9. Fortaleza, Piero del Pollaiuolo, 1469.
Sem a “coisa justa”, não há fortaleza: a coisa é o que decide, e não o dano que se possa sofrer. Ser forte não é o mesmo que não ter medo: a fortaleza supõe o medo do homem ao mal, e sua essência é não deixar que o medo a force ao mal ou a impeça de realizar o bem.
O mais próprio da fortaleza é a resistência e a paciência, e não o ataque, pois o mundo real é de tal forma, que só o caso de extrema gravidade exige a mais profunda força anímica do homem.
 Figura 10. Temperança, por Piero del Pollaiolo, 1469.
Temperança
O sentido da temperança é realizar a ordem no interior do homem, com absoluta ausência de egoísmo. Dela brota a tranquilidade do espírito. A tendência natural ao prazer sensível que se obtém na comida, na bebida e no deleite sexual manifesta as forças naturais mais potentes que atuam na conservação do homem.
Essas energias vitais, que se puseram no ser para conservar no indivíduo e na espécie a natureza, dão as três formas originais do prazer e destroem a ordem interior quando se desordenam. Disso resultaque as funções mais específicas da temperança sejam a abstinência e a castidade (ordenação do comer, do beber e da sexualidade segundo a razão).
Quando a exigência natural do homem de vingar uma injustiça desemboca em desatada cólera, é destruído o que deveria ser edificado à base de mansidão e doçura. Inclusive a natural ânsia de conhecer pode degenerar, sem temperança, em ansiedade ou em mania patológica. Santo Tomás de Aquino chama essa depravação de “curiosidade” e a temperança que a modera, de “estudiosidade”.
Castidade, sobriedade, humildade e mansidão, junto com a estudiosidade, são formas da temperança. Luxúria, desenfreio, soberba e uma cólera irracional, junto com a curiosidade, são formas da destemperança.
POLÍTICA
Para Aquino (2011), o homem é um “animal sociável e político”: desprovido de instrumentos que lhe garantam automaticamente a sobrevivência, mas dotado de razão para buscar os meios da existência, ele não pode, sozinho, encontrar tudo que necessita. Portanto, a vida social lhe é natural.
Ao contrário, a Filosofia política de Thomas Hobbes (1588-1679) afirma que o indivíduo, no “estado de natureza”, é “o lobo do homem”, e o Estado é um artifício, o “Leviatã” que, por meio da força, impõe a “paz”. Se o homem não pode viver sua vida a não ser em sociedade, é preciso sobrepor o bem comum de todos aos bens particulares. 
A política é a arte de dirigir a multidão à consecução do bem comum — e não meramente um jogo de luta pelo poder —, para a qual é imprescindível a presença de um governante que saiba harmonizar os interesses presentes na sociedade, subordinando-os aos interesses mais gerais.
 Figura 11. A política de São Tomás de Aquino, Carlo Crivelli, 1476.
Quando o governante busca seu bem privado, o governo é injusto e perverso, implicando:
· Tirania – Governo injusto de um só.
· Oligarquia – Governo injusto de alguns poucos ricos.
· Democracia – Governo injusto de muitos.
Os governos justos são:
· Politia – Governo da multidão.
· Aristocracia – Governo de poucos, porém virtuosos (os “melhores”).
· Realeza ou monarquia – o governo de um só (o rei). 
A princípio, Tomás de Aquino diz preferir o governo do rei para realizar o objetivo primordial da sociedade, que é a unidade da paz, precisamente porque considera que um só tem mais condições de evitar o conflito. Depois, no entanto, Aquino (2016) inclina-se a um governo misto, que combina os três regimes justos. Em suas palavras:
Esta é a organização política mais perfeita, bem mesclada do reino, enquanto um preside; da aristocracia, enquanto muitos exercem o principado segundo a virtude; e da democracia, isto é, do poder do povo, porque dentre os populares podem ser eleitos os príncipes, e ao povo pertence a eleição dos príncipes.
(AQUINO, 2016)
O fundamental no governo é a orientação da sociedade ao bem comum. O governante não pode deliberar sobre este bem comum, mas tão somente sobre os meios para alcançá-lo. Nesse sentido, Tomás de Aquino não veria com bons olhos uma democracia que se entendesse, não como método que faz a multidão participar da eleição dos meios ou das estratégias políticas, mas como fim do próprio processo político.
É como se a noção do bem comum pudesse ser constantemente refeita por novas demandas.
 Figura 12. Nero contempla o grande incêndio de Roma, Karl Theodor von Piloty, 1861.
Entre os regimes injustos, a “democracia” é o mais aceitável, porque os muitos governantes se atrapalham, o que minimiza os estragos do regime. O pior é a tirania, pois busca-se somente o bem de um.
Os tiranos esmeram-se para que seus súditos não sejam virtuosos ou magnânimos, perdendo, assim, a capacidade de reagir a seu regime. Eles semeiam discórdias entre os súditos para que não haja entendimento entre eles, e, assim, sua tirania possa se exercer mais facilmente.
Tomás de Aquino reconhece à sociedade o direito de destituir o governante instituído ou de lhe refrear o poder, caso abuse tiranicamente dele. Ao tirano, cujo governo só se sustenta pelo temor, Deus não permite que reine por muito tempo.
Para compreender este “princípio da rebelião”, destacamos os dois princípios estabelecidos no Tratado da Lei: o primeiro, de que uma lei humana é injusta, contradiz-se à lei natural (AQUINO, 2016); o segundo afirma que a autoridade política pertence ao povo (ou a seus representantes). Vejamos:
Ora, ordenar algo para o bem comum compete a toda a multidão ou a alguém a quem cabe gerir, fazendo as vezes de toda a multidão. Portanto, estabelecer a lei pertence a toda a multidão ou à pessoa pública à qual compete cuidar de toda a multidão.
(AQUINO, 2016)
Esse segundo princípio não implica menosprezo da ideia bíblica de que “todo poder vem de Deus”, precisamente porque a lei natural é uma participação na lei eterna, e a autoridade humana é uma participação no domínio de Deus sobre os homens.
A política não significa uma ordem humana independente da ordem cósmica, mas inserida nela. Com isso, podemos entender melhor a relação entre a vida política e o sentido religioso da vida humana segundo Santo Tomás de Aquino.
O fim da sociedade humana é a vida virtuosa, mas o fim último do homem é a fruição divina. Assim, o fim último da multidão também é chegar à fruição divina. Disso resulta que os governantes humanos devam estar sujeitos à Igreja, que realiza a obra de Cristo de conduzir os homens à bem-aventurança eterna.
Trata-se não de confusão entre Estado e Igreja (teocracia), mas de uma distinção sem separação, com uma subordinação do Estado, não nos assuntos eminentemente políticos, e sim naquilo que toca à salvação dos homens. 
É nesse contexto que Santo Tomás de Aquino apresenta as três condições exigidas para uma boa vida da multidão:
· A unidade da paz.
· O procedimento virtuoso dos cidadãos, isto é, a ação em conformidade com o bem moral que se expressa na lei natural.
· A abundância do necessário para o viver bem.
Vamos aprofundar o conceito de AUTORIDADE, no contexto da Filosofia de Tomás de Aquino,
enfatizando pontos relevantes de tal filosofia
VERIFICANDO O APRENDIZADO
. Estudamos as virtudes em Santo Tomás de Aquino e vimos o conteúdo da “prudência”, ou seja, a capacidade de agir segundo a verdade. Qual dos exemplos a seguir não é uma atitude imprudente para o Aquinate?
Descumprir uma ordem injusta da autoridade.
Dirigir sem conhecer as leis do trânsito.
Votar sem conhecer a prática dos candidatos e sem verificar a exequibilidade de suas propostas.
Preencher o Imposto de Renda sem ler o regulamento.
Responder a estas questões sem ler o conteúdo ou a partir de ideias preconcebidas.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "A" está correta.
A ordem injusta é aquela que não corresponde à verdade e ao bem. Portanto, não pode ser objeto da virtude da prudência
. Segundo Tomás de Aquino, a virtude cardeal da “fortaleza” supõe o bem justo e verdadeiro e o conserva. Que atitude listada a seguir corresponderia a um ato objetivo de covardia?
Entregar a carteira ao ladrão armado.
Não enfrentar a agressividade excessiva e injusta da autoridade policial.
Não responder a uma ofensa pessoal.
Não fazer postagens nas redes sociais contra as injustiças sociais.
Não sacrificar a vida para salvar esposa e filhos.
Parte inferior do formulário
Comentário
Parabéns! A alternativa "E" está correta.
A fortaleza ou coragem não é audácia. Ela só exige o martírio diante de um dever absoluto — neste caso, proteger a família da morte com a própria vida, se necessário
  MÓDULO 3
Distinguir a novidade na concepção de lei no nominalismo e
na Escola Ibérica em relação aos pensamentos agostiniano e tomista
GUILHERME DE OCKHAM
Com sua Filosofia “nominalista”, Guilherme (ou William) de Ockham iniciou o processo fideísta e  racionalista que caracteriza a Modernidade, com suas separações entre fé e razão, graça e natureza, Igreja e Estado, as quais quebram a harmonia buscada por Agostinho e Tomás de Aquino.
Ockham ensinou em Oxford, onde a investigação filosófica pendeu para o conhecimento empírico da natureza, com as pesquisas de Roberto

Continue navegando