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PREPARATÓRIO PARA OAB Professor: Dr. Flávio Tartuce DISCIPLINA: DIREITO CIVIL Capítulo 4 Aula 5 TEORIA DO PAGAMENTO II. DAS REGRAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO E DAS FORMAS DE PAGAMENTO INDIRETO. Coordenação: Dr. Flávio Tartuce 01 1. Do Pagamento em Consignação ou da Consignação em Pagamento (artigos. 334/345 Cc) "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br A consignação em pagamento, que para nós consiste em uma regra especial de pagamento, pode ser definida como o depósito feito pelo devedor, da coisa devida, visando liberar-se de uma obrigação assumida em face de credor determinado. Tal depósito pode ocorrer, conforme prevê o art. 334 do novo Código Civil, na esfera judicial ou extrajudicial. A consignação, pela letra da lei, pode ter como objeto bens móveis e imóveis. Havendo consignação de dinheiro, pode o devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da competente ação de consignação em pagamento. Por isso, denota-se que essa regra de pagamento tem natureza mista, de instituto de direito civil e processual civil, ao mesmo tempo. A consignação libera o devedor do vínculo obrigacional, isentando-o dos riscos e de eventual obrigação de pagar os juros moratórios e cláusula penal (multa). A consignação, por uma questão lógica, não pode ser relacionada com obrigação de fazer ou não fazer. O art. 335 do Código Civil atual, traz um rol taxativo de situações em que a consignação poderá ocorrer. a) Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar a receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma. b) Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condições devidas. c) Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, estiver declarado ausente, ou residir em lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil. d) Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento. e) Se pender litígio sobre o objeto do pagamento. Quanto ao depósito em dinheiro, para que a consignação em pagamento seja válida, deverá o devedor observar todos os requisitos do pagamento direto (art. 336 do nCC). 2. PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO (artigos. 346/351 CC) A sub-rogação é conceituada pela doutrina como a "substituição de uma coisa por outra, com os mesmos ônus e atributos ou de uma pessoa por outra, que terá os mesmos direitos e ações daquela, hipótese em que se configura a sub-rogação pessoal de que trata o Código Civil no capítulo referente ao pagamento com sub-rogação" (Diniz, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 2º Volume. São Paulo: Saraiva, 17ª Edição, 2002, p. 254). Aula 5 02 Desse modo, efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito, não podendo mais requerer o cumprimento da obrigação. No entanto, como o devedor originário não pagou a obrigação, continuará obrigado ante o terceiro que efetivou o pagamento. A sub-rogação pessoal, prevista pela Teoria Geral das Obrigações, pode ser classificada em: SUB-ROGAÇÃO LEGAL (art. 346 do nCC) nas seguintes hipóteses: A) do credor que paga a dívida do devedor comum a outro credor; B) do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel. C) do terceiro interessado, que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. Podemos aqui citar o caso do fiador que paga a dívida do devedor principal e fica sub-rogado nos direitos do credor. - SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL (art. 347 do nCC) nos seguintes casos: a) quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; b) quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. A sub-rogação não se confunde com a novação subjetiva ativa, forma de pagamento indireto que será ainda visualizada. Isso porque, como veremos, nessa última, há o surgimento de uma nova obrigação, com "animus novandi' inequívoco. A sub-rogação também não se confunde com a cessão de crédito, pois na última a obrigação é apenas transmitida. 3. DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO (arts. 352/355 CC) Como se sabe, não há qualquer óbice para que um pessoa contraia com outra várias obrigações. Justamente por isso, prevê o art. 352 do Código Civil atual que "a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos forem líquidos e vencidos". Como elementos da imputação, temos a identidade de devedor, de credor e a existência de dois ou mais débitos da mesma natureza. A imputação do pagamento visa favorecer o devedor, ao lhe possibilitar escolher o débito que pretende extinguir. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 03 Se o devedor não fizer qualquer declaração, transfere-se o direito de escolha ao credor. Caso nem sujeito passivo, nem ativo se manifestar o pagamento será feito pela lei, conforme as regras de imputação legal (arts. 354 a 355 do nCC). De acordo com os artigos 354 e 355 do Código Civil atual, e pelo entendimento doutrinário, tem-se a seguinte ordem prevista para a imputação legal: 1º) Havendo capital e juros, o pagamento será feito primeiro nos juros vencidos e depois no capital. 2º) A imputação se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. 3º) Caso todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, será feita a imputação na mais onerosa. Inicialmente a mais onerosa será a de maior valor. Entretanto, pode ser considerada mais onerosa aquela que apresenta maior taxa de juros no quesito comparativo. 4º) Não havendo juros, sendo as dívidas líquidas, vencidas ao mesmo tempo e iguais, a imputação será relacionada a todas as dívidas na mesma proporção. Esse o posicionamento doutrinário, tendo em vista a ausência de previsão legal. 4. DA DAÇÃO EM PAGAMENTO (artigos. 356/359 CC). A dação em pagamento pode ser conceituada como uma forma de pagamento indireto em que há um acordo privado de vontades entre os sujeitos da relação obrigacional, pactuando-se a substituição do objeto obrigacional por outro (art. 356). A dação em pagamento pode ter como objeto uma prestação qualquer, não sendo dinheiro. Poderá ser entregue um bem móvel ou imóvel. Também poderá ter como conteúdo fatos e abstenções . O credor poderá receber coisa mais valiosa ou não. Se o credor for evicto da coisa recebida, a obrigação primitiva será restabelecida, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiros de boa- fé (art. 359 do nCC). Se a coisa dada constituir título de crédito, haverá cessão, aplicando-se as regras dessa (art. 358 do nCC). A dação em pagamento não se confunde com a novação real eis que na primeira não ocorre a substituição de uma obrigação por outra, mas tão somente do objeto da prestação, mantendo-se os demais elementos do vínculo obrigacional, tais como os seus acessórios (jurose cláusula penal, por exemplo). "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 04 5. DA NOVAÇÃO (art. 360/367 CC). A novação pode ser conceituada como uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma obrigação anterior, por obrigação nova, diversa da primeira, criada pelas partes da relação obrigacional primitiva. Seu principal efeito é de extinguir a dívida primitiva, com todos os acessórios e garantias, sempre que não houver estipulação em contrário. A novação não produz, como no pagamento direto, a satisfação imediata do crédito. São elementos essenciais da novação a existência de uma obrigação anterior e de uma nova obrigação, ambas válidas e lícitas. A intenção de novar ("animus novandi") é também pressuposto para a existência da novação, sem a qual não se pode falar no instituto. Prevê o art. 361 do novo Código Civil que o ânimo de novar pode ser expresso ou mesmo tácito. A novação tácita não constava da codificação anterior, entretanto, mesmo tácita prevê o código que a novação deve ser inequívoca. A novação pode ser assim classificada: Novação Objetiva ou Real: modalidade mais comum de novação, ocorre nas hipóteses em que devedor contrai com o credor nova dívida para extinguir a primeira. Novação Subjetiva ou Pessoal: quando se dá a substituição dos sujeitos da relação jurídica obrigacional, criando-se uma nova obrigação, com novo vínculo entre as partes. A novação subjetiva pode ser assim sub- classificada a) Novação Subjetiva Ativa: quando ocorre a substituição do credor, criando uma nova obrigação com o rompimento do vínculo primitivo. b) Novação Subjetiva Passiva: hipótese em que ocorre a substituição do devedor que sucede ao antigo, ficando este último quite com o credor. A novação subjetiva passiva, ou por substituição do devedor, pode ainda ser sub-classificada: b1) Novação Subjetiva Passiva Por Expromissão: quando um terceiro assume a dívida do devedor originário, substituindo-o sem o consentimento deste, mas desde que o credor concorde com a mudança no pólo passivo. b2) Novação Subjetiva Passiva Por Delegação: quando a substituição do devedor será feita com o consentimento do devedor originário, pois é ele quem indicará uma terceira pessoa para assumir com o seu débito, havendo concordância do credor. c) Novação Mista ou Complexa: quando, ao mesmo tempo, substitui-se o objeto e um dos sujeitos da relação jurídica obrigação. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br 05 6. DA COMPENSAÇÃO (artigos 368/380 CC) Ocorre a compensação quando duas ou mais pessoas forem ao mesmo tempo credoras e devedoras umas da outras, extinguindo-se as obrigações até o ponto em que encontrarem. De acordo com a sua origem, a compensação comporta a seguinte classificação: A) Compensação Legal - aquela que decorre de lei e independe de convenção entre os sujeitos da relação obrigacional, operando-se mesmo que uma delas não queira a extinção das dívidas. Para que ocorra a compensação legal, são necessários os seguintes requisitos: reciprocidade de débitos; liquidez das dívidas, que devem ser certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto e valor; exigibilidade atual das prestações, estando as mesmas vencidas e fungibilidade dos débitos, havendo identidade entre as naturezas das obrigações. B) Compensação Convencional - quando há um acordo de vontade entre os sujeitos da relação obrigacional. Na compensação convencional não há necessidade dos pressupostos acima apontados para a compensação legal. C) Compensação Judicial - por meio de decisão do Juiz que percebe no processo o fenômeno de extinção obrigacional. Em casos tais, é necessário que cada uma das partes alegue o seu direito contra a outra; o réu precisa ingressar com a reconvenção. 7. DA CONFUSÃO (artigos 381/384 CC) A confusão obrigacional é o concurso em uma mesma pessoa das qualidades de credor e devedor, por ato "inter vivos" ou "mortis causa", operando a extinção do crédito, pois ninguém pode ser credor e devedor de si mesmo. A confusão pode ser assim classificada, de acordo com o que prevê o art. 382 do Código Civil: A) Confusão total (ou própria) - quando se realizar em relação a toda dívida; B) Confusão parcial (ou imprópria) - quando se operar em relação a parte da dívida. 8 DA REMISSÃO DE DÍVIDAS (artigos 385/388 CC) A remissão é o perdão de uma dívida, constituindo um direito exclusivo do credor de exonerar o devedor. Entretanto, pela regra contida no art. 385 do Código Civil atual, e que não encontra correspondente na codificação anterior, a remissão constitui agora um ato jurídico bilateral. O perdão pode ser expresso - quando firmado por escrito -, ou tácito - conduta do credor, prevista em lei incompatível com a conservação do direito. Conforme aponta a doutrina, não se pode confundir os institutos da renúncia (gênero) com remissão (espécie). A renúncia pode incidir sobre determinados direitos pessoais e é ato unilateral. A remissão só diz respeito a direitos creditórios e é ato bilateral. "Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).” www.r2direito.com.br
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