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Nota à 6ª edição Nesta edição, concentramos nossa atenção na atualização do Capítulo 17 – “Ordem Social”, em razão da recente promulgação pelo Congresso Nacional de duas emendas à Constituição Federal. A EC 65/2010 incluiu os jovens entre os grupos de indivíduos que merecem especial proteção do Estado. Assim, o Capítulo VII do Título VIII da vigente Carta Política passou a denominar-se “Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso”. Já a EC 66/2010 deu nova redação ao § 6º do art. 226 da Constituição Federal, que dispõe sobre a dissolubilidade do casamento civil pelo divórcio, suprimindo o requisito de prévia separação judicial por mais de um ano ou de comprovada separação de fato por mais de dois anos. Embora se trate de alterações pontuais do texto constitucional, optamos desde logo pela elaboração de uma nova edição, tendo em conta a relevância social das inovações trazidas. Os Autores. PONTOS DO LIVRO “DIREITO CONSTITUCIONAL DESCOMPLICADO” QUE FORAM OBJETO DE ATUALIZAÇÃO NA 6ª EDIÇÃO DA OBRA. CAPITULO 17 1) O item 8 passou a ter a seguinte redação (transcrição integral do item, até o ponto em que houve alterações): 8. PROTEÇÃO À FAMÍLIA, À CRIANÇA, AO ADOLESCENTE, AO JOVEM E AO IDOSO A Constituição Federal confere ampla proteção à unidade familiar, proclamando que a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. O casamento é civil e gratuita a celebração. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. Observa-se que o texto constitucional reconhece três espécies de entidades familiares, com as mesmas proteções constitucionais, a saber: a) a constituída pelo casamento civil ou religioso com efeitos civis (art.� 226, §§ 1.º e 2.º); b) a constituída pela união estável entre o homem e a mulher, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento (art. 226, § 3.º); e c) a constituída por qualquer dos pais e seus descendentes (art. 226, § 4.º). Em relação à “cabeça do casal”, em consonância com a igualdade entre homens e mulheres (art. 5.º, inciso I), estabelece a Constituição Federal que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. A Constituição Federal estabelece que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio (art. 226, § 6º, com a redação dada pela EC 66/2010). O texto constitucional originário exigia, para a concessão do divórcio, o requisito de prévia separação judicial por mais de 1 (um) ano ou de comprovada separação de fato por mais de 2 (dois) anos, mas essa exigência foi revogada pela EC 66/2010. Atualmente, portanto, o pedido de divórcio é imediato, sem necessidade de observância de tais prazos. Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, caput, da Constituição Federal, com a redação dada pela EC 65/2010). O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: I – aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil; II – criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas de discriminação. A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência. O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos: I – idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7.º, XXXIII (proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos); II – garantia de direitos previdenciários e trabalhistas; III – garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola; IV – garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar específica; V – obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade; VI – estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandonado; VII – programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins. A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente. A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação (art. 227, § 5.º). Por força dessa disposição constitucional, de aplicabilidade direta e imediata, é assegurada a plena igualdade aos filhos, sem possibilidade de qualquer restrição ou prejuízo ao filho adotivo ou adulterino. Em relação ao direito de ação de investigação da paternidade, assegurado a todos os filhos, sem distinção, a jurisprudência majoritária do Supremo Tribunal Federal entende inadmissível a submissão coercitiva do possível pai à realização do exame de DNA, sob o fundamento de que “discrepa, a mais não poder, de garantias constitucionais implícitas e explícitas – preservação da dignidade humana, da intimidade, da intangibilidade do corpo humano, do império da lei e da inexecução específica e direta de obrigação de fazer – provimento judicial que, em ação civil de investigação de paternidade, implique determinação no sentido de que o réu seja conduzido ao laboratório, ‘debaixo de vara’, para coleta do material indispensável à feitura do exame do DNA. A recusa resolve-se no plano jurídico- instrumental, consideradas a dogmática, a doutrina e a jurisprudência, no que voltadas ao deslinde das questões ligadas à prova dos fatos”.1 A lei estabelecerá: I – o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens; II – o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas dopoder público para a execução de políticas públicas. 1 HC 71.373/RS, rel. Min. Francisco Rezek, DJU 22.11.1996. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial. .................... FIM
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