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CCJ0009-WL-AMRP-01-Estrutura das peças processuais

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Teoria e Prática da Narrativa Jurídica 
Professor Nelson Tavares 
Aula 1 
 
Sabemos que uma das expectativas dos estudantes do Curso de Direito é iniciar, quanto 
antes, a produção das principais peças processuais, em especial a petição inicial. As disciplinas 
Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), Teoria e Prática da Argumentação 
Jurídica (terceiro período) e Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto período) pretendem, 
juntas e progressivamente, ajudar você a desenvolver todas as habilidades e competências 
necessárias à consecução dessa tarefa, em especial: a) organização das idéias; b) seleção e 
combinação de informações; c) produção convincente dos argumentos; d) identificação das 
características estruturais de cada peça; e) redação em conformidade com a norma culta da 
língua etc. 
Para isso, é necessário, em primeiro lugar, identificar a macroestrutura linguística da 
peça, bem como os requisitos impostos pelo art. 282 do CPC. 
 
Art. 282 do CPC – A petição inicial indicará: 
Inciso I o juiz ou tribunal, a que é dirigida; 
Inciso II os nomes, prenomes, estado civil, profissão, 
domicílio e residência do autor e do réu; 
Inciso III o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; 
Inciso IV o pedido, com as suas especificações; 
Inciso V o valor da causa; 
Inciso VI as provas com que o autor pretende 
demonstrar a verdade dos fatos alegados; 
Inciso VII o requerimento para a citação do réu. 
 
No mesmo sentido, vejamos quais os requisitos exigidos, por exemplo, para a sentença. 
 
Art. 458 do CPC – São requisitos essenciais da sentença: 
Inciso I O relatório, que conterá os nomes das 
partes, a suma do pedido e da resposta do 
réu, bem como o registro das principais 
ocorrências havidas no andamento do 
processo; 
Inciso II Os fundamentos, em que o juiz analisará as 
questões de fato e de direito; 
Inciso III O dispositivo, em que o juiz resolverá as 
questões, que as partes lhe submeterem. 
 
Esses dois documentos – bem como outros – mostram-nos que há uma regularidade na 
organização das peças processuais: são indispensáveis a narrativa dos fatos importantes da 
lide, a fundamentação de um ponto de vista e aplicação da norma, em forma de pedido, 
decisão etc. 
Não importa se a narrativa dos fatos será denominada “dos fatos” (petição inicial) ou 
“relatório” (sentença, parecer, acórdão). Também não cabe, neste momento, nomear a parte 
argumentativa como “do direito” (petição inicial) ou fundamentação (parecer). Pretendemos 
apenas, nesta primeira aula, como já dissemos, que o estudante de Direito perceba que as 
peças processuais seguem, independente de suas peculiaridades, uma estrutura regular: 
narrar, fundamentar e pedir. 
Essa estrutura não existe sem motivação. Uma proposta teórica, internacionalmente 
conhecida, chamada Teoria Tridimensional do Direito, do jusfilósofo brasileiro Miguel Reale, 
defende que o Direito compõe-se de três dimensões: FATO, VALOR e NORMA. Assim: 
 
Teoria 
Tridimensional 
Macroestrutura de algumas peças processuais 
petição inicial parecer sentença 
FATO Dos fatos Relatório Relatório 
Narrar os fatos importantes 
VALOR Do direito Fundamentação Motivação 
Fundamentar um ponto de vista 
NORMA Do pedido Conclusão Dispositivo 
Conclusão, na forma de pedido, decisão etc. 
 
E como a universidade pensou as disciplinas de Português Jurídico diante dessa 
perspectiva? Adiante, uma síntese do que se pretende em cada matéria. 
Em Teoria e Prática da Narrativa Jurídica (segundo período), serão estudadas com 
profundidade todas as questões relativas à produção do texto narrativo, primeira dimensão do 
direito, que consiste na exposição de todos os fatos importantes para a adequada solução da 
lide. 
Teoria e Prática da Argumentação Jurídica (terceiro período) terá como objeto 
principal de estudo a Teoria da Argumentação, segundo a proposta de Chaïm Perelman, 
oportunidade em que as técnicas e estratégias para a produção do texto jurídico-
argumentativo e a respectiva aplicação da norma serão minuciosamente analisadas. Por meio 
dos tipos de argumento, e todos os demais recursos linguísticos e discursivos disponíveis ao 
profissional do direito, o aluno será estimulado a defender as teses que julgar adequadas. 
Por fim, em Teoria e Prática da Redação Jurídica (quarto período), não mais 
produziremos isoladamente as partes narrativa ou argumentativa, mas uma peça inteira. 
Elegemos o parecer técnico-formal especialmente porque não será necessária capacidade 
postulatória para redigi-lo, ou seja, mesmo não sendo ainda advogado, em princípio, já se 
pode produzir esse documento com validade processual.

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