Buscar

resumasso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Ciências Sociais – Maquiavel – Resumo, anotações e resposta às questões.
(as questões não são respondidas da maneira mais objetiva possível, pois incluem registros gerais do texto. Tampouco têm a pretensão de estar 100% corretas, visto que misturam registros de aula com interpretações pessoais. Devem ser usadas como orientação apenas)
Texto 1 - Maria Tereza Sadek
Há aproximadamente quatro séculos os termos “maquiavélico” e “maquiavelismo” extrapolaram as fronteiras do debate político para adentrarem no campo das relações privadas e cotidianas. Seja onde for, seu significado está quase sempre atrelado à idéia de velhacaria, traição, astúcia e má fé. Segundo análise de Claude Lefort, o maquiavelismo “serve a todos os ódios, metamorfoseia-se de acordo com os acontecimentos, já que pode ser apropriado por todos os envolvidos em disputa. É uma forma de desqualificar o inimigo, apresentando-o sempre como a encarnação do mal. Personificando a imoralidade, o jogo sujo e sem escrúpulos, o ‘maquiavelismo’, ou melhor, o ‘antimaquiavelismo	‘, tornou-se mais forte do que Maquiavel”. Em contrapartida, filósofos de renome como Rousseau, Hegel e Spinoza interpretam o “autor maldito” como sendo um defensor da liberdade, oferecendo conselhos para sua conquista ou manutenção. Rousseau – “Maquiavel, fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo”.
Qual a regra metodológica básica do pensamento político de Maquiavel?
A regra metodológica básica do pensamento político de Maquiavel baseia-se na observação de uma realidade concreta (“verità effetuale”, a verdade efetiva das coisas) como ponto de partida e chegada para a tomada de decisões relativas ao Estado. Mas é importante ressaltar que o Estado almejado por Maquiavel é um Estado real, capaz de impor a ordem, em contrapartida à tradição idealista dos filósofos gregos, que imaginavam o melhor Estado, dentro do reino do “dever ser”. Sua regra impõe um olhar para a realidade tal como é, e não como se gostaria que ela fosse, no “reino do ser”, da realidade. A instituição de um governo estável será possível quando a adoção de políticas públicas estiver em conformidade com a conjuntura real do estado, em detrimento de situações idealizadas.
Quais as razões históricas que fazem Maquiavel se preocupar tanto com a ordem?
As razões históricas que fazem Maquiavel se preocupar tanto com a ordem baseiam-se na constatação da existência de traços humanos imutáveis ao longo dos séculos. Ele reafirma a presença de uma natureza humana, que de maneira cíclica, se revela na forma de conflito e anarquia, como conseqüências inevitáveis das malévolas paixões humanas (ingratidão, volubilidade, simulação, covardia, avidez por lucro). Ao concluir que tais instintos não podem ser domesticados em absoluto, Maquiavel enuncia a dinâmica das sociedades: ordem sucedida por desordem, indefinidamente. Dito isso, a história se apresenta como fonte de ferramentas para conter hoje situações semelhantes às do passado.
Obs.: Anarquia X Principado e República. O contexto determina o regime.
O caos, como conseqüência da imutável natureza humana, possui um fator de instabilidade social advindo de duas forças opostas: a do povo de não ser dominado e oprimido pelos grandes, contraposta à vontade dos grandes de dominar o povo. O problema político é então impor a estabilidade dessa relação, algo que pode ser realizado através do Principado ou da República, segundo Maquiavel. Mas a escolha de um ou de outro modo de governar não nasce de mera vontade ou de considerações abstratas e idealistas sobre o regime, mas sim da situação concreta e da necessidade da nação. Se esta encontrasse assolada por crises e corrupção, faz-se necessária a presença de um governo forte e autoritário, que coordene instrumentos de poder a fim de neutralizar as forças desagregadoras. Nesse caso, o príncipe figura não como ditador, mas sim como fundador do Estado. Uma vez encontrado o equilíbrio, o poder político já cumpriu sua função educadora e regeneradora, dando lugar à República (por vezes referida como liberdade, pelo autor florentino), de modo que a partir desse ponto, o povo é virtuoso e os conflitos são desejáveis, à medida que revelam uma cidadania ativa.
Para Maquiavel, o Príncipe com virtù vai conseguir uma ordem que seja aceita de forma permanente pela sociedade. Você concorda com essa frase? Por quê?
Não, pois a sociedade é eminentemente dividida, não há Deus ou mercado que unifique todos os gostos e paixões humanas por tempo indeterminado. A virtù pode atenuar as disparidades momentaneamente, mas sempre haverá uma força no sentido oposto à ordem vigente. Não há ordem justa. Ordem é poder. Maquiavel põe fim à idéia de uma ordem natural e eterna. Ordem deve ser construída pelo homem para evitar o caos e a barbárie criados pelas próprias insurgências humanas, e é impossível, para ele, eliminar a ameaça de que seja desfeita.
Na sua opinião, existe para Maquiavel uma ordem justa?
Em minha opinião, Maquiavel não crê numa ordem justa, pois uma vez que esta não é fruto do acaso, mas sim do homem – e sendo o homem ingrato, simulador e covarde em suas características imutáveis -, a ordem construída por ele tenderá a refletir tais características. Sua preocupação não se encontra na legitimidade do governante, mas sim na estabilidade que ele consegue impor em seu Estado, de modo que a supressão das liberdades de determinados grupos, contanto que para o bem do Estado, será honrada, ainda que vista como injusta pelos indivíduos oprimidos.
Por que razão Renato Janine Ribeiro afirma que a política não é apenas o contrário da ética?
Renato Janine Ribeiro afirma que política não é apenas o contrário da ética porque na verdade constitui uma ética alternativa, com suas próprias particularidades, sendo a principal delas um forte compromisso com as conseqüências de seus atos. Os atos políticos considerados antiéticos (pela ética convencional e piedosa) constituem, na visão de Maquiavel, a natureza específica da política, em favor dos governantes que desejem manter o poder promovendo o bem comum.
Qual a origem do poder político, para Maquiavel?
Para Maquiavel, o poder tem uma origem mundana, pois nasce da “malignidade” intrínseca à natureza humana, sendo a única – ainda que precária – maneira de domesticá-la, evitando o conflito transitoriamente. O poder se funda na força.
O que distingue a virtù maquiaveliana da virtude cristã?
A virtù maquiaveliana é o atributo marcado pela coragem e virilidade dos homens, permitindo com que submetam e conquistem as recompensas providas pela deusa da Fortuna, a sorte. Em suma, trata-se das conquistas dos homens quando obtidas através do exercício do livre-arbítrio e da força, mas principalmente da manutenção dessas conquistas através da utilização inteligente da força e da capacidade de se precaver contra imprevistos. Por sua vez, a virtude cristã prega a libertação das tentações terrenas, de modo que as recompensas desejadas pelos homens (honra, glória, riqueza e poder) serão obtidas no céu. A felicidade não se realiza no mundo terreno.
Em que consiste e como é possível a utilização virtuosa da força?
A utilização virtuosa da força é a condição indispensável para a manutenção do poder. No geral, é a sabedoria no uso da força, dosando atitudes ofensivas e defensivas de acordo com a necessidade do governante. A força por si só fundamente e garante a obtenção do poder, mas é a posse de virtù o elemento de sucesso do príncipe, permitindo a perpetuação de seu governo. A utilização virtuosa é possível com a criação de boas leis, instituições e armas, mostrando que o príncipe é capaz de evitar tanto a ascensão de seus inimigos como de golpes de sorte imprevisíveis.
Ao dizer que “um príncipe desejoso de conservar-se no poder tem de aprender os meios de não ser bom” (p. 37), Maquiavel está dizendo que a política não se guia por preceitos de natureza moral?
Ao dizer isso, Maquiavel, afirma que há sim moral na política, mas que esta é extremamente diferenciada da moralidade tradicional(cristã), pois contém em seus ensinamentos a sabedoria de guiar-se pela necessidade, agindo conforme as circunstâncias. Ou seja, a moralidade tradicional está aí incluída, mas envolta por um jogo de aparências juntamente com “os meios de não ser bom”, cabendo ao príncipe decidir qual dos caminhos seguir após analisar a realidade concreta, e é isto que constitui a essência da política. A moralidade tradicional não acompanha a virtù maquiaveliana e sozinha, não basta para conter os impulsos do homem, pois o indivíduo que a adotar logo será engolido por aqueles de orientação diferente. “O que conta é o triunfo das dificuldades”, de modo que se for com a finalidade de garantir a manutenção do Estado, todos os meios utilizados pelo príncipe serão honrosos.
A política tem ética e lógica próprias (p. 24): explique a frase (ver também pg. 39).
Dizer que a política tem ética e lógica próprias é uma tentativa de propor um novo olhar para o modo como se faz política, principalmente no que diz respeito à distinção entre vícios e virtudes. Agir como animal, se necessário, pode ser benéfico para salvar o estado, enquanto que o apego à visão piedosa do moralismo convencional pode tornar o governante fraco e vulnerável. A lógica política reclassifica os vícios e virtudes como não-possuidores de um significado por si próprios. Ganham sentido à medida que sua aplicação é condizente com as necessidades da nação.
Por que razão quem chega ao poder por meio de magnatas tem maior dificuldade de conservá-lo do que quem o faz com base no povo?
O governante que chega ao poder por meio de magnatas compartilha com esse grupo o desejo de dominar e oprimir o povo (na visão maquiaveliana), estabelecendo de imediato uma oposição duradoura e inevitável entre ambos os lados, já que possuem interesses iguais e concorrentes. Aquele que chega ao poder com base no povo encontra a necessidade de equilibrar sua vontade de dominar com a vontade do povo de não ser dominado, e nessa contraposição existe a possibilidade de equilibrar interesses. É sobre esse equilíbrio que o objetivo da política se desenvolve e ganha significado.

Outros materiais