Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSUFICIÊNCIA RENAL SÍNDROME URÊMICA Manifestações clínicas e laboratoriais ● Filtração: o Retenção de escórias “azotemia” (escórias nitrogenadas: uréia, creatinina): pericardite, encefalopatia urêmica, disfunção plaquetária (tendência à sg.), manifestação GI (dor abdominal, náuseas) ▪ 3 causas de pericardite hemorrágica: TB, uremia e CA ● Equilíbrio hidroeletrolítico e ácido básico: o Hipervolemia (edema, congestão, hipertensão) o Alto: H (acidose), hiper K, hiper P o Baixo: hipo Ca e Hipo Na ▪ IR é BaCaNa ▪ acidose aumenta a fração livre do cálcio (protege organismo da sintomatologia da hipocalcemia) ● Função endócrina: o Disfunção endócrino metabólica: o diminuição da eritropoietina (anemia), o diminuição calcitriol (vit. D ativa pela rim): tendência à desenv. doença óssea (na DRC) ▪ vit. D importante para fazer absorção intestinal do cálcio o dislipidemia, aterogênese Obs.: Valores de referência: ● Uréia: 20-40 mg/dl ● Creatinina: <1,5 em homens e 1,3 em mulheres ● ClCr: 80-150 ml/min Diferença de insuficiência renal: ● Aguda ○ evolução rápida, mas reversível ○ sem anemia ou doença óssea ○ creatinina prévia normal ○ US renal normal ● Crônica ○ evolução lenta, mas irreversível ○ com anemia ou doença óssea ○ creatinina prévia alterada ○ US renal alterado: diminuição do tamanho do rim (<8,5 cm/ fibrose), perda da relação córtico-medular A fisiopatologia da IR leva em consideração a diminuição da TFG. ● A TFG normal é em torno de 90 a 120. Para quantificar a função renal, utiliza-se a dosagem de ureia e creatinina: ● Só alteram quando TFG <50%! ✔ Ureia aumenta com HDA, sepse, corticoides... ✔ Creatinina aumenta com rabdomiólise, musculatura... Clearance de Creatinina: o clearance é o volume de plasma que se vê livre da massa de uma substância eliminada a cada minuto, através da urina. Só se usa na IRC ClCr = (140 – idade) x peso / 72 x Cr plas (x0,85 se mulher) ClCr (crianças) = k x altura (cm)/creatinina ✔ Cockroft-Gault é menos utilizada na prática, utiliza-se mais a MDRD e CKD-EPI. ✔ As equações de ClCr só alteram com TFG < 70%, e superestimam a TFG em 10-20% a TFG! Nem toda a creatinina é clareada por filtração glomerular, pois uma parte também é clareada por secreção tubular. Logo, o valor obtido não expressa a TFG real. O ideal seria uma substância que seja apenas filtrada e não sofra secreção tubular. CKD-EPI e MDRD: ● Não usam peso! ● Ajustam pela cor! ● Expressos em ml/min por 1,73m². Clearance de inulina e iotalamato: ● As substâncias mais fidedignas são a inulina e o iotalamato, pois são apenas filtradas. Como identificar lesão renal? ● Albuminúria > 30 mg/dia! INJÚRIA RENAL AGUDA ● Definição: o aumento 0,3 mg/dL de creatinina em 48h ou o aumento de 50% na creatinina em 7 dias o diurese < 0,5ml/kg/h por mais de 6h ● Classificação: o AKIN, RIFLE ● Etiologia: Tipos Causas Tratamento Pré renal 55% Hipoperfusão renal (hipovolemia/ choque) Restaurar perfusão/ volemia Renal (intrínseca) 40% Glomerulopatias, NTA, NIA Abordar Causa Pós renal 5% Obstrução urinária (HBP, nefrolitíase) Desobstrução (cisto/nefrostomia /duplo J) Principal exame para diagnóstico diferencial: ● Urina tipo I/ EQU/ EAS ● Eosinofilúria: o NIA, ateroembolismo ● Cilindros: o Hialino: pré renal o Granulosos/epiteliais: NTA o Hemáticos: glomerulonefrite o Marrons/pigmentados: rabdomiólise Quando dialisar de urgência? ● Refratariedade de: hipervolemia, hipercalemia, acidose ● Caso grave (uremia franca): encefalopatia, pericardite, hemorragia ● Intoxicação exógena IRA e HIPOcalemia leptospirose, aminoglicosídeo, anfotericina B e nefroesclerose hipertensiva maligna Como diferenciar IRA e DRC? ● Se não houver exame antigo, devemos partir para outros métodos de diferenciação. ● O rim é um órgão endócrino e também realizada o equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico. Podemos diferenciar pela análise de duas funções renais: o Distúrbios hidroeletrolíticos e ácidos-básicos o Endocrinopatias – diminuição da EPO e do calcitriol (mais comum na DRC) Devemos observar então as seguintes alterações: ● Anemia – por ↓EPO ● Alterações no RX, sintomas ósseos e ↑PTH o Hiperpara secundário por ↓calcitriol Manifestação tardia, ausente não afasta! ● USG renal o ↓tamanho renal: < 8 – 8,5 cm o DRC com rins de tamanho normal ou aumentado ▪ Diabetes, HIV, amiloidose, anemia falciforme, esclerodermia, rins policísticos, nefropatia obstrutiva crônica, mieloma o Perda da relação córtico-medular ou parênquimo-sinusal ▪ Observar a relação entre o parênquima e o seio renal (periferia preta e centro branco) ▪ O rim normal mede > 9-10 cm de um polo ao outro ▪ O rim fibrosado é mais endurecido, tendo sua ecogenicidade aumentada, ficando mais branco DOENÇA RENAL CRÔNICA Definição: anormalidade funcional ou estrutural ● Queda da filtração: o TFG < 60 mL/min/1,73m² ● Lesão renal: o Albuminúria ≥ 30 mg/dia (por dia ou por g de creatinina) ● Deve ter uma ou as duas alterações por ≥ 3 MESES Principais causas: ● HAS (Brasil) ● Diabetes (mundo) ● Glomerulopatias primárias Classificação: ● De acordo com TFG e albuminúria ● TFG: ○ clearance de inulina (padrão-ouro) ○ clearance de creatinina ■ MDRD ■ CKD-EPI (maior acurácia) ■ Cockcroft Gault (possível usar) Estadiamento da DRC (KDIGO - 2013) A DRC divide-se em 5 grupos: ● G1 (≥ 90): TFG NORMAL o Mas tem albuminúria! Logo, possui lesão renal sem IRC o Para saber a TFG dos outros grupos, baixa 30 e depois vem de 15 em 15 ● G2 (≥ 60): DIMINUIÇÃO LEVE. o Pode ter noctúria ● G3a (≥ 45): DIMINUIÇÃO LEVE A MODERADA. o Perda da metade da TFG. Ureia e creatinina elevam-se. Azotemia e síndrome urêmica ● G3b (≥ 30): DIMINUIÇÃO MODERADA A GRAVE. o Azotemia e síndrome urêmica ● G4 (≥ 15): DIMINUIÇÃO GRAVE. o Síndrome urêmica exuberante ● G5 (< 15): FALÊNCIA RENAL (acrescentar a letra D se estiver em diálise). o Candidatos a terapia de reposição renal Classificação pelo grau de albuminúria: ● A1: < 30 → normal ● A2: 30 - 300 → aumento moderado (microalbuminúria) ● A3: > 300 → aumento grave (macroalbuminúria) Obs.: O tratamento das complicações geralmente inicia-se a partir do estágio 3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DRC - Síndrome urêmica - Anemia: a causa principal é a diminuição da EPO ● Céls renais produzem EPO, que vão até a medula óssea para estimularem a fabricação de hemácias ○ Necessário os combustíveis: ■ EPO (hormonal) ■ Ferro, ácido fólico, B12 ● Principal causa da anemia da DRC: ○ Deficiência de EPO ■ Tto: reposição de EPO (alvo: Hb 10-12 g/dL) ● Outras causas de anemia na DRC incluem: o Carência de ferro o ↓ da meia-vida das hemácias: ↑reticulócitos o Lesão medular: leucopenia o Carência de folato / B12: macrocitose ● O tratamento deve sempre avaliar os estoques de ferro o Manter ferritina ≥ 200 e saturação de transferrina ≥ 20% TRATAMENTO ● Estoques de ferro normais: o EPO 3x/semana; Darbepoetina alfa 1x/semana ● A principal complicação da EPO é a hipertensão arterial. DOENÇA ÓSSEA - OSTEODISTROFIA RENAL ● Formas de osteodistrofia renal: o Doença Óssea Adinâmica o Osteomalácia por intoxicação por alumínio o Osteíte Fibrosa Cística ● Fisiologia: o Vitamina D ativada pelo rim (calcitriol) auxilia na absorção de cálcio no intestino ▪ Ca participa da matriz óssea o Osso em constante reabsorção óssea por estímulo do PTH (tira cálcio do osso)- hipercalcemia por excesso de PTH OSTEÍTE FIBROSA (HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO): ● Doença óssea de alto turn-over/ hiperpara 2º ● DRC: Reduz função renal e filtração renal ● =Diminuição do calcitriol: faz com que menos cálcio seja absorvido no intestino e o cálcio sérico diminui. ● =Aumento do fosfato (VN: 2,5-4,5 mg/dl) pela retenção (diminuição da TFG), que consome cálcio. O fosfato inibe o calcitriol. o O fosfato de cálcio que resulta é insolúvel e inabsorvível. o O resultado é uma diminuição ainda maior do cálcio. ● Estratégia do organismo para aumentar o cálcio do sg.: ● Hiperplasia da paratireóide, com ↑PTH (VN: 10-60 pg/dl) (Hiperparatireoidismo secundário) oPTH estimula ativ. dos osteoclastos (reabsorção óssea) e um pouco a ativ. dos osteoblastos (neoformação óssea imperfeita, com depósito de colágeno frouxo= o osso fica doente e fibroso- no Rx aparece como um osso doente e cístico). ● A clínica é de dor lombar, fraturas patológicas, fraqueza (falta de Ca) e prurido. ● O laboratório é PTH > 50, P > 6,5 e ↑FA. ● Alterações radiológicas: o reabsorção subperiosteal das falanges (patognomônico) o crânio em sal e pimenta, o coluna em rugger Jersey (camisa de rugby/listrada), o tumor marrom (osteoclastoma). Tratamento do Hiperparatireoidismo secundário: (1) Restrição de fósforo na dieta: 800-1000 mg/dia - diminuir principal fonte (proteínas) (2) Quelantes do fósforo nas refeições: carbonato de cálcio ou Sevelamer ou Lanthanum o Sevelamer: não tem cálcio (Ca pode aumentar o risco CV, e em alguns pacientes) o O cálcio pode se encontrar com o fosfato no intestino formando fosfato de cálcio no sangue, o Sevelamer não tem absorção intestinal (3) Vitamina D: calcitriol/ paricalcitol – apenas se vitamina D baixa e fosfato normal o Se fosfato aumentado o calcitriol aumenta a reabsorção intestinal de cálcio, que será quelado pelo fosfato no sangue, formando precipitados. o Multiplicar cálcio x fósforo. Se o produto for > 55 (70), não utilizar calcitriol! ▪ Disfunção orgânica: coração, pulmões, calcifilaxia. ● Patologias obstrutivas ● Necrose cutânea (4) Calcimimético: Cinacalcet: calcimimético que aumenta sensibilidade do PTH em relação ao cálcio: engana a paratireóide, ↓ secreção de PTH. Autorizado em pacientes dialíticos, embora na prática seja usado em não-diláticos. o Se não houver melhora do hiperpara secundário, optar por cirurgia. ▪ Paratireoidectomia subtotal Evolução... HIPERPARATIREOIDISMO TERCIÁRIO: DRC + hipercalcemia: hiperparatireoidismo terciário (autonomia da paratireóide que produz MUITO PTH). ● Cálcio aumentado, PTH aumentado ● Conduta: cirurgia (paratireoidectomia) DOENÇA ÓSSEA ADINÂMICA: ● Baixo turnover ósseo ● Paciente hiper tratado ○ Vit. D, quelante de fósforo (em excesso) ○ Diagnóstico: ■ Baixo PTH e Ca alto ■ PTH não pode cair tanto: ajuda na renovação óssea ○ Conduta: ■ Diminuir intensidade do tto da osteíte fibrosa - Doença Cardiovascular ● Principal causa de morte na DRC Hipertensão Arterial → Restrição de sal ● Tratamento: restrição de sal ● Alvo: albuminúria < 30 mg/dia = PA < 140x90 o Tratamento individualizado: usar iECA ou “sartans” + tiazídico ● Albuminúria > 30 mg/dia = PA < 130x80 o Tratamento: Ação do tiazídico é perdida se TFG muito baixa; furosemida se TFG < 20-30 Dislipidemia: ● O nefropata crônico tem a mesma dislipidemia da síndrome metabólica o ↑Triglicerídeos e ↓HDL ● Tratamento: atorvastatina (LDL < 100) – medicação de escolha por não precisar ajustar dose o As estatinas reduzem o colesterol e estabilizam as placas de ateroma o Reduz o risco CV! Mais recentemente, tem noção de impacto na progressão da DRC! TRATAMENTO DA DRC: ● G1, G2, G3ab - Evitar progressão o Cessar tabagismo, tratar HAS, DM, restrição proteica, tratar acidose metabólica, vacina para hepB (quatro vacinas com dose dobrada, intensa imunodepressão humoral), pneumococo, influenza Acidose metabólica ● Quanto maior o ânion-gap, pior a insuficiência renal. ● Se HCO3 < 20 mEq/l → usar bicarbonato de sódio VO o O bicarbonato diminui a progressão da DRC ● G4 – Preparar terapia de substituição renal (G5) o Fístula: se creatinina > 4 ou ClCr < 25 ▪ MS não dominante – artérial radial anastomosada com veia cefálica ▪ Demora de 1-3 meses para maturação da fístula (o ideal é aguardar 6 meses) ▪ Principal complicação é a não-maturação (pelo uso antes do tempo) ▪ Principal complicação pós-maturação é a estenose do componente venoso proximal ● G5 – Terapia de substituição renal TRANSPLANTE RENAL: ● Imunossupressão: corticoide + inibidor de calcineurina (tacrolimus ou ciclosporina) + antiproliferativo (micofenolato ou azatioprina) ● Indicações de transplante: o Estar em TSR E/OU TFG < 10* o Se < 18 anos: TFG < 15 (ou seja, menor de 18 entrou no G5 já pode transplantar) o DM em tratamento conservador e TFG < 15 o O transplante aumenta a expectativa de vida do doente renal crônico ● Contra Indicações de transplante: o Expectativa de vida < 5 anos o Câncer, infecção ativa o Psicose grave o Usuário de droga / alcoolismo o O transplante renal é realizado na fossa ilíaca! o 5-6% dos transplantados desenvolvem neoplasia ▪ Pele, lábios, colo uterino, linfomas não-hodgkin DIÁLISE: ● Agudo: urgência → veia jugular interna direita ● Crônico: TFG < 10 ou < 15 se DM ou ICC -> via fístula ● Há duas modalidades de diálise: o Contínua: se tem instabilidade hemodinâmica o Intermitente: a mais usada, realizada 2-3x/semana ● Hemodiálise: ○ VJI, v. femoral, fístula AV (se crônico) ● Diálise peritoneal: ○ Crianças / sem acesso / não toleram hemodiálise ● Indicações de diálise de urgência: ○ Melhor v. p/ urgência: VJI direita (reta) ○ A subclávia estenosa em 40% dos casos, impedindo que seja feita fístula no membro. o Encefalopatia ou pericardite o Hipervolemia refratária (EAP) o Acidose metabólica (pH < 7,1) e/ou hipercalemia (>6,5) refratárias ▪ Hipercalemia >5,5 com alteração ao ECG refratária também é indicação! o Disfunção plaquetária com sangramento grave e refratária ● Manifestações que podem reverter com a diálise o São as indicações de diálise de urgência! ● Manifestações que não revertem com a diálise (endócrino-metabólicas) o Anemia / osteodistrofia o Aterosclerose e dislipidemia o Imunodepressão o Desnutrição o Prurido ● O distúrbio eletrolítico mais comum é a hipocalemia! ● Síndrome do Primeiro Ano: não tolera hemodiálise - realizar diálise peritoneal
Compartilhar