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PUERPÉRIO NORMAL – SAÚDE MATERNO INTRODUÇÃO · Puerpério ou período pós-parto: período que tem início após a dequitação e se estende até 3 semanas completas após o parto. 42 dias de pós parto. · Classificação: · Puerpério imediato: até o término da 2ª hora após o parto; · Puerpério mediato: do início da 3ª hora até o final do 10º dia após o parto; · Puerpério tardio: do início do 11º dia até o retorno das menstruações ou 6 a 8 semanas nas lactantes. ALTERAÇÕES ANATOMICAS E FISIOLÓGICAS · INVOLUÇÃO UTERINA · Início: após a dequitação · Fundo uterino atinge a cicatriz umbilical 24h após o parto · Região entre a sínfises pública e a cicatriz umbilical depois de 1 semana. · 12º dia após o parto o fundo uterino se localiza rente a borda superior da sínfise púbica. · Dimensões pré-gravídicas em cerca de 6 a 8 semanas de puerpério (não palpável). · A involução uterina costuma ser mais rápida nas mulheres que amamentam. · Após a dequitação, persiste a porção basal da decídua duas novas camadas: superficial (descamação) e profunda (regeneração do novo endométrio). · Processo de regeneração da ferida placentária + alterações involutivas produção e eliminação de quantidade variável de exsudatos e transudatos lóquios. · Lóquios: eliminação de exsudatos e transudatos, são fisiológicos. · LÓQUIOS · Consiste em eritrócitos, leucócitos, porções de decídua, células epiteliais e bactérias. · Lochia rubra: primeiros dias quantidade de eritrócitos para que os lóquios sejam de cor vermelha. · Lochia fusca: após 3 a 4 dias, os lóquios vão se tornando serossanguíneos, mais acastanhados, em razão da hemoglobina semidegradada. · Lochia flava: depois do 10º dia após o parto há incorporação de leucócitos e diminuição do volume da loquiação coloração amarelada. · Lochia alba: esbranquiçada. · Volume total da loquiação pode variar de 200 a 500ml · Duração aproximadamente 4 semanas podendo durar até 6 a 8 semanas após o parto. · Duração não é influenciada pela idade materna, paridade, peso do recém-nascido e amamentação. · A administração rotineira de ocitocina além do pós-parto imediato não diminui a perda sanguínea e não acelera a involução do útero. · COLO UTERNO · A dilatação regride lentamente: entre 2 e 3 cm nos primeiros dias e menos de 1cm com 1 semana de pós parto. · Orifício externo apresenta zona transversa de cicatrização (forma de fenda) permite distinguir a paciente com parto vaginal anterior da nulípara ou submetida a cesárea. · ALTERAÇÕES SANGUÍNEAS E PLASMÁTICAS · Durante a gestação aumento médio de 30% de massa eritrocitária · Após o parto: perde-se em média 14% da serie vermelha espera-se uma ascensão dos níveis de hemoglobina e de hematócrito da ordem de 15% sobre os níveis pré-gravídicos. · Leucócitos pode chegar a 20, 25 mil em gestantes normais. · Série branca: durante o trabalho de parto importante leucocitose, a qual se estende ao puerpério imediato pode chegar a 25.000 leucócitos/mL, com aumento da concentração de granulócitos. · SISTEMA ENDÓCRINO · Após a dequitação desaparecimento da fração beta da gonadotrofina coriônica humana (beta-hCG); · Os valores de hCG retornam ao normal em 2 a 4 semanas após o parto, podendo levar um tempo maior. · hCG e os esteroides sexuais estão em baixos níveis nas 2 ou 3 semanas iniciais do puerpério. · Mulheres não lactantes: retorno da menstruarão varia de 7 a 9 semanas com média de 45 dias para nova ovulação (varia de 25 a 72 dias). * · 70% das pacientes irão apresentar menstruação até a 12ª semana depois do parto e dessas, 25% serão precedidas por ovulação. · Só amamentação não é contraceptivo pós parto. · Mulheres lactantes: atraso no retorno da ovulação prolactina inibe a liberação do GnRH pelo hipotálamo. · ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS · Cloasma: desaparece no puerpério (tempo indefinido). · Eflúvio telógeno: queda dos cabelos comumente observada entre 1 e 5 meses após o parto autolimitado, com restauração dos padrões normais de crescimento dos cabelos entre 6 e 15 meses após o parto. · SISTEMA URINÁRIO · Dilatação do sistema pielocalicial até a 6ª semana pós parto. · Fatores predisponentes para a infecção do trato urinário. LACTAÇÃO · Recomendada para todos os RN nos primeiros 6 meses de vida, devendo ser parcialmente continuada após esse período, com a inclusão de outros alimentos até pelo menos 12 meses após o parto, ou depois desse período se possível. · A OMS recomenda que essa amamentação parcial deva se estender até pelo menos os 2 anos de idade. · Contraindicações a amamentação:** · Mulheres portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV) ou do human T-cell lymphotropic vírus (HTLV 1 e 2). · Usuárias de drogas. · Não se deve suspender a amamentação quando lactante fizer uso de alguma medicação; · Observar a real necessidade do uso do medicamento e a menor dose que seja segura para o RN e efetiva para a mãe. · Aumentar o intervalo entre a administração da droga e as mamadas. · Orientar a paciente acerca dos possíveis efeitos colaterais. · Medicações contraindicadas na amamentação: DROGA EFEITO RELATADO Bromocriptina Suprime a lactação; pode ser prejudicial à mãe Cocaína intoxicação por cocaína Ciclofosfamida Possível imunossupressão; efeito não conhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese; neutro pen ia Ciclosporina Possível imunossupressão; efeito não conhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese Doxorrubicina* Possível imunossupressão; efeito não conhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese Ergotamina Vômitos, diarreia, convulsões (em doses utilizadas para tratamento de cefaleia) Lítio Um terço a metade da concentração sanguínea terapêutica em RN - deve ser monitorizado o nível sérico no RN Metotrexato Possível imunossupressão; efeito não conhecido sobre o crescimento ou associação com carcinogênese; neutro pen ia Fenciclidina Alucinógeno potente Fenindiona Anticoagulante; aumento do TP e TTPA no RN lodo radioativo e outros elementos Amamentação contraindicada por longos períodos ASSISTENCIA NO PUERPÉRIO · Queixas frequentes: · Cólicas abdominais · Dor na episiorrafia ou na cicatriz cirúrgica abdominal · Ingurgitamento mamário · Hemorroidas · Cefaleia após anestesia raquidiana · Cuidados com as mamas · Uso de sutiã com alças largas e firmes manter os ductos mamários em posição anatômica · Descida do leite ocorre somente entre o 2º e 3º dias do puerpério, antes disso é colostro. · Complicações durante a amamentação: · Ingurgitamento patológico · Traumas mamilares · Bloqueio de ducto lactífero · Infecções mamarias · Baixa produção de leite · INGURGITAMENTO MAMÁRIO · Congestão, aumento da vascularização, edema, obstrução da drenagem linfática acúmulo de leite, com distensão tecidual excessiva e grande desconforto. · É duro, difuso. · Pode apresentar febre · Geralmente ocorre entre o 3º e o 5º dia do parto. Quadro clínico Gabriela de Godoy Medicina · 2 · Mama aumentada de tamanho; · Dor importante; · Áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e brilhantes; · Mamilos achatados, retesados; · Dificuldade de pega e saída do leite. Conduta · · Massagem prévia da aréola com extração láctea manual · Massagens circulares e delicadas das mamas e compressa fria, nunca quente · Ordenha · Não pode parar a amamentação · Sustentação das mamas eretas (sutiã firme) · Anti-inflamatórios sistêmicos não hormonais. · TRAUMAS MAMILARES · Incluem eritema, edema, fissuras, bolhas e equimoses; · Principal causa de desmame precoce. Conduta · · Correção do posicionamento e pega adequada · Manter aréola e mamilo secos · Limpeza suave das lesões · Manter lesões expostas após as mamadas · Casos extremos: suspender amamentação – interrupção temporária ordenha do leite e oferecer em copinho, até que haja cicatrização ( 2 a 3 dias). · Cremes hidratantes a base de lanolina purificada ** · Laser (promisor) · Bicos de silicone: excepcionalmente nos casos de dor intensa por período limitado. · MASTITE PUERPERAL AGUDA ·Processo inflamatório de 1 ou mais segmentos da mama infecção bacteriana mastite infecciosa. · 2 a 6% das lactantes · Processo inicialmente inflamatório instalado devido ingurgitamento mamário proliferação bacteriana processo infeccioso abcesso mamário sepse. · Agentes etiológicos: S. aureus, epidermidis e albus; estreptococo do grupo A ou B; escherichia coli; bacteroides sp. Conduta · Formas iniciais: - Hidratação oral - Esvaziamento por meio de ordenha manual - Posicionamento correto das mamas - Analgésicos e anti-inflamatórios - Não existe indicação de suspensão da amamentação · · Formas infecciosas: Antibióticos de amplo espectro Não está contraindicado aleitamento, exceto nos casos de saída de pus diretamente pelo mamilo. · Abcesso mamário: - Evolução da mastite em 10% dos casos - Formação de “lojas” (únicas ou múltiplas) pode evoluir para necrose do tecido mamário. - Tratamento com antibióticos e drenagem guiada por ultrassom (abcessos < 5 cm). - Drenagem cirúrgica nos casos mais extensos suspensão temporária da amamentação realizar ordenha manual. · ANORMALIDADES COMPORTAMENTAIS NO PUERPÉRIO · Depressão · Psicose pós parto · Blues puerperal · BLUES PUERPERAL · Situação transitória caracterizada por alteração leve e rápida de comportamento, seguida de tristeza, choro fácil, irritabilidade, ansiedade, diminuicao da concentração, insônia. · 40 a 80% das puérperas. · 2 ou 3 dias após o parto. · Sintomas acentuam no 5º dia pós parto e desaparecem depois de 2 semanas. · Maioria dos casos não é necessário nenhum tratamento reconhecer o problema e tranquilizar a puérpera. · Pode ser necessário uso de benzodiazepínicos em baixas doses e curto período clonazepam ou lorazepam a noite. · Se persistência por mais de 2 semanas ou houver piora investigar depressão 20% das puérperas. · DEPRESSÃO PÓS PARTO · Início 5 primeiras semanas de puerpério. · Antecedente de depressão é o principal fator de risco para um novo episódio. · Não há associação entre depressão pós parto e o tipo de parto. · Sintomas surgem normalmente até 30 dias após o parto e incluem: · Alterações somáticas como distúrbios do sono, da energia, do apetite, do peso, da função gastrointestinal e da libido. · Sintomas adicionais: ansiedade extrema (ataques de pânico), irritabilidade, raiva, sentimentos, de culpa e incapacidade de cuidar do RN · ANTICONCEPÇÃO · Estrogênio não está na conduta nas primeiras 6 semanas pós parto. · Obs. Diu intraparto / pós parto. · Progestagênio isolado pode.
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