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ATIVIDADE INDIVIDUAL FALENCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS _ Passei Direto

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Impresso por Carolina Santos, CPF 432.157.478-12 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e
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ATIVIDADE INDIVIDUAL 
 
Disciplina: Falências e Recuperação de Empresas - 0721-1_2 
Aluno: Lucas Vinicius Salomé – Turma 2. 
 
 
Matriz de resposta 
São Paulo, 20 de agosto de 2021. 
 
Trata-se de parecer que visa analisar viabilidade ou não da recuperação da 
empresa VFC Comércio e Indústria de Material Esportivo LTDA. 
 
Atualmente, a empresa VFC possui um passivo composto da seguinte forma: 
R$1.000.000,00 de débitos trabalhistas; R$ 3.500.000,00 de débitos para fornecedores não garantidos; –
R$ 6.500.000,00 de débitos bancários, garantidos por hipoteca; R$ 1.500.000,00 de débitos para 
fornecedores ME ou EPP não garantidos; e R$ 100.000,00 de débitos perante a operadora de prestação –
de serviço de energia elétrica. 
 
A seguir iremos analisar quais as possibilidades de recuperação existem para a 
empresa VFC e qual a medida, em nosso entendimento, deve ser adotada para a atual situação. 
 
1. Falência e Recuperação de empresa. 
 
Importante para prosseguirmos é entender a diferença entre falência e a 
recuperação da empresa, pois com a clarificação dos conceitos poderemos definir o caminho a ser traçado. 
 
Tanto a falência e a recuperação são institutos regidos pela lei n.º 11.101/2005, 
reformada pela LEI Nº 14.112, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2020 que visam a satisfação dos créditos devidos 
por uma empresa, porém a distinção reside no intuito da continuidade ou não do empreendimento. 
 
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Quando tratamos da recuperação, tem como princípio guiador a preservação da 
empresa, busca-se tempo para que se haja uma restruturação do negócio com a finalidade de se recuperar 
a capacidade de gerar resultados positivos. 
 
Assim nos ensina o artigo 47 da lei n.º 11.101/2005: 
 
 Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação 
de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da 
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, 
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à 
atividade econômica. 
 
Em contrapartida, a falência tem como princípio basilar a satisfação e pagamento 
dos credores, uma vez que não haverá uma restruturação da empresa, somente seu fim. Conforme incisos 
primeiro e segundo do artigo 75 da lei n.º 11.101/2005: 
 
Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, 
visa a: 
I - preservar e a otimizar a utilização produtiva dos bens, dos ativos e dos recursos 
produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa; 
II - permitir a liquidação célere das empresas inviáveis, com vistas à realocação 
eficiente de recursos na economia (...). 
 
Nesse sentido ainda, Ricardo Negrão p.21, afirma que: 
“Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um 
empresário declarado falido pessoa física ou jurídica é arrecadado, visando –
pagamento da universalidade de seus credores, de forma completa ou 
proporcional. É um processo judicial complexo que compreende a arrecadação 
dos bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o 
acertamento dos créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os 
credores. Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo 
devedor falido.” 
 
A falência tem como escopo principal o cumprimento do par condicio creditorum, 
isto é, perpetrar situação igualitária entre os credores presentes no rol, trazendo satisfação coletiva no que 
tange seus créditos. 
 
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2. Da Autofalência. 
 
Como exposto no caput do artigo 105 da lei n.º 11.101/2005, o próprio 
empresário pode pedir a falência da empresa: 
 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos 
requisitos para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua 
falência, expondo as razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade 
empresarial, acompanhadas dos seguintes documentos: (...) 
 
Para que seja realizado o pedido de autofalência, importante analisar se a crise 
que passa a empresa não preenche os quesitos de uma recuperação judicial, quesitos esses que trataremos 
mais à frente. 
 
Para o doutrinador Waldo Fazzio, 2006, p.716: A falência requerida pelo próprio 
devedor é uma liquidação voluntária sob a égide jurisdicional, ou seja, quando a 
empresa pede a própria falência, esta tem amparo jurisdicional para que seja 
realizada uma liquidação voluntária. 
 
2.1. Vantagens da autofalência. 
 
As vantagens da autofalência estão pontuadas no artigo 159 da lei de Falência 
11.101/2005, o qual nos ensina que o falido fica livre de suas dívidas, bem como o empresário será rá
reabilitado, ainda que não salde seus débitos, caso não tenha cometido nenhum crime falimentar, após cinco 
anos do fim do processo de falência; e, caso tenha cometido, o prazo será de dez anos: 
 
Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158 desta Lei, o falido poderá 
requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por 
sentença. 
§ 1o O requerimento será autuado em apartado com os respectivos documentos 
e publicado por edital no órgão oficial e em jornal de grande circulação. 
§ 2o No prazo de 30 (trinta) dias contado da publicação do edital, qualquer credor 
pode opor-se ao pedido do falido. 
§ 3o Findo o prazo, o juiz, em 5 (cinco) dias, proferirá sentença e, se o 
requerimento for anterior ao encerramento da falência, declarará extintas as 
obrigações na sentença de encerramento. 
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§ 4o A sentença que declarar extintas as obrigações será comunicada a todas as 
pessoas e entidades informadas da decretação da falência. 
§ 5o Da sentença cabe apelação. 
§ 6o Após o trânsito em julgado, os autos serão apensados aos da falência. 
 
Poderá se livrar também de parte do débito, caso pague até 25% dos credores 
quirografários conforme disposto no artigo 158 da lei n.º 11.101/2005, reformada pela lei Nº 14.112/2020. 
 
2.2. Desvantagem da Autofalência. 
 
No entanto, a desvantagem desse procedimento é que existe um tempo mínimo 
de restrição. 
 
Com apontando no item anterior, o período de reabilitação do empresário será de 
05 (cinco) a 10 (dez) anos, calculados a partir da finalização da falência, o qual se diferencia com base na 
existência, ou não, de crime falimentar por parte da empresa falida ou seus representantes. 
 
Assim, o empresário ficará por determinado período impossibilitado de atuar no 
ramo empresarial, tempo este que poderá ser aproveitado para o seu restabelecimento financeiro para início 
de eventual “nova” empresa. 
 
Contudo, durante este período, e caso o empresário possua uma rentabilidade 
mensal que seja superior a um salário-mínimo nacional, parte de seus recebimentos serão penhorados pelo 
juízo para a amortização de parte de seus débitos. 
 
 Ainda nesse sentido, caso o empresário possua bens em seu nome, ele deverá 
entregar os seus bens, seja móvel ou imóvel, isto é, qualquer bem que possam ser vendidos para adimplir 
os valores em questão. 
 
Com o exposto acima, entendemos que o pedido de autofalência não seja o 
caminho mais viávelpara a empresa VFC Comércio, uma vez que o negócio é viável, bem como se trata de 
uma crise econômico-financeira e não patrimonial (bens e direitos maiores que dívidas), muito menos de 
gestão ou de incapacidade de inovação. 
 
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Desta forma, vamos tratar dos institutos da Recuperação e qual melhor se encaixa 
em nossa realidade. 
 
3. Tipos de Recuperação de empresa. 
 
A recuperação judicial versa sobre uma reestruturação financeira e administrativa 
de uma empresa, por via judicial, para evitar a falência. Esse instituto tem como base o princípio da 
preservação da empresa e diferente do instituto da falência, que não visa a manutenção da empresa, existem 
possibilidades e benefícios para que a empresa em stress possa voltar aos trilhos. 
 
3.1. Recuperação judicial ordinária 
 
O instituto da recuperação judicial ordinária se diferencia das demais em razão 
da sua maior complexidade e custos. Prevista nos artigos 47 e 69 da Lei 11.101 de 2005, o procedimento 
visa possibilitar a superação das questões econômicos e financeiras. 
 
Na recuperação ordinária existem três fases: a postulatória, a deliberativa e a 
execução: 
 
a) a apresentação do pedido com uma proposta de plano de recuperação; 
b) verificação e validação do plano 
c) deferimento do pedido e plano colocado em prática. 
 
3.2. Recuperação judicial especial 
 
A recuperação especial voltada para microempresas e empresas de pequeno é 
porte, conforme determinado no artigo 70 da Lei 11.101 de 2005. A especial se difere da ordinária nos 
seguintes pontos: 
 
a) Quando da solicitação do plano, deve-se deixar claro que se trata da 
recuperação especial conforme §.1º do artigo 70 
b) Com a aprovação do plano as ações da empresa serão suspensas por 180 , 
dias. 
c) Para este tipo de recuperação, não é necessária a formação de assembleia 
geral para o plano de recuperação. 
d) O pagamento dos credores pode ser feito em até 36 meses, ressaltando que 
a parcela do primeiro pagamento deve ser efetuada no máximo em 180 dias 
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contados da distribuição da recuperação especial. por fim, o pagamento aos 
credores pode ser feito em até 36 meses, sendo a 1ª parcela no prazo 
máximo de 180 dias, contados da distribuição do pedido de recuperação 
judicial. 
 
3.3. Recuperação extrajudicial 
 
Conforme Ricardo Negrão, p.237, a recuperação extrajudicial é: “a modalidade 
de ação integrante do sistema legal destinado ao saneamento de empresas regulares, que tem por objetivo 
constituir título executivo a partir da sentença homologatória de acordo, individual ou por classes de 
credores, firmado pelo autor com seus credores”. 
 
Trata-se de ferramenta alternativa a recuperação judicial, pois admite a 
negociação direta entre a devedora com seus credores, a qual resultando em um acordo pode ser submetido 
à homologação judicial. 
 
A grande vantagem do instituto consiste no fato de que, preenchidos os requisitos 
legais, o acordo aceito pela maioria dos credores de uma determinada categoria ou classe (acima de 50%) 
vinculará a todos os credores pertencentes à mesma categoria ou classe, conforme artigo. 163 da Lei 
11.101/2005. 
 
Por outro lado, existe a limitação de quais créditos podem participar do plano, 
como demonstra o § 1.º do artigo 161 da Lei 11.101/2005: 
 
Art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá 
propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. 
 
§ 1º Estão sujeitos à recuperação extrajudicial todos os créditos existentes na 
data do pedido, exceto os créditos de natureza tributária e aqueles previstos no 
§ 3º do art. 49 e no inciso II do caput do art. 86 desta Lei, e a sujeição dos 
créditos de natureza trabalhista e por acidentes de trabalho exige negociação 
coletiva com o sindicato da respectiva categoria profissional. (...) 
 
Existem dois problemas que dificultam a utilização da especial, o primeiro é a 
dificuldade de negociação individual com cada credor levando ainda uma maior dificuldade de consenso , 
coletivo, por fim a falta de proteção ao devedor durante a negociação dessas dívidas, uma vez que os 
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credores podem demandar a empresa. 
 
Com a devida apresentação dos institutos, apesar dos tipos especial e extrajudicial 
serem mais céleres e menos custosos, pelos tipos de dívidas apresentadas pela empresa VFC Comércio, 
indicamos que o procedimento mais adequado para o presente caso seja da recuperação judicial ordinária, 
pois apesar de ser mais custoso, consegue englobar todas as dívidas dispostas, bem como dar maior 
flexibilidade na realização do plano, uma vez que na recuperação judicial, toda a negociação é tratada sob 
a batuta do juízo e do administrador judicial, visto que o processo tem seu início antes da apresentação do 
plano aos credores. Nesse procedimento a empresa devedor possui um benefício que detém a ação individual 
dos credores, benefício esse, força a negociação coletiva. 
 
4. Da recuperação judicial da VFC e proposta de plano. 
 
A direção do processo de recuperação judicial é a preservação da empresa, 
princípio descrito no art. 47 da Lei 11.101/2005: 
 
Art. 47. A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação 
de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da 
fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, 
promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à 
atividade econômica. 
 
Para que a empresa VFC seja hábil para a recuperação judicial, existem alguns 
pressupostos que precisam ser obedecidos conforme disposto nos incisos do art. 48 da Lei 11.101/2005: 
 
Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do 
pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que 
atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: 
I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada 
em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; 
II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação 
judicial; 
III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação 
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; 
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, 
pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. 
 
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Pela análise previa da documentação enviada, a empresa se encaixa nos termos 
da lei existindo a possibilidade da utilização do instituto. 
 
4.1. Das vantagens e desvantagens da Recuperação Judicial. 
 
Abaixo vamos apresentar os benefícios e desvantagens da recuperação. 
Entre as vantagens temos: 
 
a) Suspensão das execuções em face da empresa e a impossibilidade da 
remoção de bens essenciais a partir do deferimento do pedido, permitindo assim que os administradores da 
empresa foquem nas medidas sobrevivência do negócio. 
 
b) Ampla possibilidade de proposta de pagamento aos credores, como a 
concessão de prazos mais elásticos, deságio, venda de ativos, convers dadívida em ações, cisão, fusão ão
entre outras; 
 
c) Tratativas de negociação sem interferência do judiciário e havendo a 
aprovação do plano pela maioria dos credores, o plano será aplicado aos demais credores sujeitos a 
recuperação judicial. 
 
d) Possibilidade de venda de bens da empresa descritos no plano de 
recuperação judicial sem sucessão do novo proprietário nas dívidas do devedor, até mesmo dívidas as de
natureza fiscal e trabalhista; 
 
e) Por fim, o instituto pode ser utilizado como meio de defesa em eventual 
pedido de falência. 
 
Entre as desvantagens: 
 
a) Trata-se de um procedimento custoso, as custas judiciais as quais a empresa 
terá que arcar, muitas vezes atingem o teto do judiciário, além dos custos com publicações de editais, 
remuneração do administrador Judicial que podem chegar a 5% do valor do passivo, advogados e 
consultores financeiros. 
 
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b) Existem créditos não sujeitos a recuperação. Produtos bancários como 
arrendamento mercantil e contrato de câmbio); 
 
c) Dificuldade em obtenção de crédito. 
 
e) Não se aplica aos coobrigados a suspensão das ações e execuções que na 
grande maioria das vezes, são os próprios sócios da empresa; 
 
f) A Recuperação Judicial é um caminho sem volta, ou aprova- o plano ou se
decreta-se a falência da empresa. Caso o plano de recuperação judicial não for bem montado e negociado 
para garantir a aprovação do quórum necessário de credores, será decretada a falência. 
 
4.2. Proposta de plano de pagamento dos credores. 
 
Os artigos 83 e 84 da lei 11.101/2005, reformados pela lei reformada pela lei nº 
14.112/2020, define a ordem de pagamento dos credores. Importante destacar que o legislador definiu dois 
tipos de créditos, os concursais e os extraconcursais. 
 
Os créditos extraconcursais são aqueles que decorrerem de negócios celebrados 
com a empresa já em processo de recuperação judicial. 
 
O artigo 67 da lei 11.101/2005 tem por finalidade beneficiar os credores que 
assumiram os riscos de contratar com empresa em crise, privilegiando o seu pagamento em detrimento de 
outros. 
 
Nesse sentido o artigo 84 da lei 11.101/2005: 
 
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com 
precedência sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os 
relativos a: 
(…) 
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a 
recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da 
falência, e tributos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da 
falência, respeitada a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei. 
 
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Em acórdão publicado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), a Ministra Nancy 
Andrighi estabeleceu entendimento sobre o t classificando como extraconcursais os créditos de ema 
obrigações que se originaram após o deferimento do processamento da recuperação. Confira-se: 
 
DIREITO EMPRESARIAL. CRÉDITOS EXTRACONCURSAIS E DEFERIMENTO DO 
PROCESSAMENTO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL. 
 
São extraconcursais os créditos originários de negócios jurídicos realizados após 
a data em que foi deferido o pedido de processamento de recuperação judicial. 
Inicialmente, impõe-se assentar como premissa que o ato deflagrador da 
propagação dos principais efeitos da recuperação judicial é a decisão que defere 
o pedido de seu processamento. Importa ressaltar, ainda, que o ato que defere 
o pedido de processamento da recuperação é responsável por conferir publicidade 
à situação de crise econômico-financeira da sociedade, a qual, sob a perspectiva 
de fornecedores e de clientes, potencializa o risco de se manter relações jurídicas 
com a pessoa em recuperação. Esse incremento de risco associa-se aos negócios 
a serem realizados com o devedor em crise, fragilizando a atividade produtiva em 
razão da elevação dos custos e do afastamento de fornecedores, ocasionando, 
assim, perda de competitividade. Por vislumbrar a formação desse quadro e com 
o escopo de assegurar mecanismos de proteção àqueles que negociarem com a 
sociedade em crise durante o período de recuperação judicial, o art. 67 da Lei 
11.101/2005 estatuiu que “os créditos decorrentes de obrigações contraídas pelo 
devedor durante a recuperação judicial […] serão considerados extraconcursais 
[…] em caso de decretação de falência”. Em semelhante perspectiva, o art. 84, 
V, do mesmo diploma legal dispõe que “serão considerados créditos 
extraconcursais […] os relativos a […] obrigações resultantes de atos jurídicos 
válidos praticados durante a recuperação judicial”. Desse modo, afigura-se 
razoável concluir que conferir precedência na ordem de pagamentos na hipótese 
de quebra do devedor foi a maneira encontrada pelo legislador para compensar 
aqueles que participem ativamente do processo de soerguimento da empresa. 
Não se pode perder de vista que viabilizar a superação da situação de crise 
econômico-financeira da sociedade devedora objetivo do instituto da –
recuperação judicial – é pré-condição necessária para promoção do princípio 
maior da Lei 11.101/2005 consagrado em seu art. 47: o de preservação da 
empresa e de sua função social. Nessa medida, a interpretação sistemática das 
normas insertas na Lei 11.101/2005 (arts. 52, 47, 67 e 84) autorizam a conclusão 
de que a sociedade empresária deve ser considerada “em recuperação judicial” a 
partir do momento em que obtém o deferimento do pedido de seu 
processamento. REsp 1.398.092-SC, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 
6/5/2014.

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