Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Como se vê em Lições de Argumentação Jurídica (Professores Néli Cavalieri, Nelson Tavares e Alda Valverde), a narrativa comporta uma função argumentativa, pois é da narrativa que se extraem os fatos e as provas que servem de base para que se possa inferir uma determinada valoração e, em seguida, justificá-la, mediante um tipo de argumento. Reconhecemos a importância dessa narrativa, por exemplo, quando nos inteiramos de que o Código de Processo Civil, em seu art. 535, II estabelece que é possível embargar uma decisão de mérito quando a fundamentação omitir um ponto sobre o qual o Juiz ou o Tribunal devesse ter se pronunciado. Isso representa dizer que tudo o que se registra no relatório cumpre uma função argumentativa, que se concretiza na fundamentação. Assim, a seleção daquilo que se narra deve ser criteriosa a fim de fornecer base sólida aos argumentos que visam à defesa de uma determinada tese. Os esquemas abaixo revelam essa conexão que se opera na construção de um argumento: Narrativa dos fatos Fato / prova extraídos da narrativa Valoração Justificativa da valoração FATO VALORAÇÃO JUSTIFICATIVA A médica indicou o uso do analgésico xyz. Agiu, portanto, com imperícia Porque sabia que a paciente era alérgica ao medicamento Ao desenvolver o parágrafo argumentativo, poderíamos redigi-lo assim: Importa destacar que a médica Maria das Dores Silva, que atendeu a paciente e indicou-lhe o analgésico xyz, agiu de forma imperita. Isso porque, segundo a mãe da paciente, essa lhe informou que sua filha tinha alergia àquele medicamento e, mesmo assim, foi-lhe ministrada uma dose suficiente para causar-lhe o choque anafilático.
Compartilhar