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PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Márcio Rodolfo Paasch CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Cristiane Lisandra Danna Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Bárbara Pricila Franz Marcelo Bucci Revisão de Conteúdo: Bárbara Pricila Franz Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2018 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. P113p Paasch, Márcio Rodolfo Princípios de marketing e vendas. / Márcio Rodolfo Paasch – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 130 p.; il. ISBN 978-85-53158-18-8 1.Marketing – Brasil. 2.Vendas – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 658.8 Márcio Rodolfo Paasch Mestre em Administração pela FURB, possui especialização em Moda e Comunicação (2006) e Negócio do Vestuário (2013) pelo SENAI e graduação em comunicação social (2005) pela FURB - Fundação Universidade Regional de Blumenau. Atualmente é consultor de marketing e comportamento do consumidor e professor nos cursos de pós-graduação e graduação, SENAI, FURB e UNIASSELVI. Sumário APRESENTAÇÃO ..........................................................................07 CAPÍTULO 1 Conceitos de Marketing .............................................................09 CAPÍTULO 2 Pesquisa e Estratégia de Marketing ........................................49 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 Comportamento do Consumidor ...............................................89 Vendas .........................................................................................105 APRESENTAÇÃO Diante de um ambiente competitivo no qual as organizações estão inseridas, a compreensão das demandas assim como sua evolução e movimento, são práticas indispensáveis para o desenvolvimento de estratégias sustentáveis. Gestores e profissionais ligados a organizações precisam implementar estratégias de forma rápida e eficiente. Sabendo disso, compreender o marketing e suas ferramentas de pesquisa, a análise do comportamento do consumidor e ferramentas de vendas e negociação são conhecimentos e habilidades indispensáveis. Por meio delas podemos identificar e implementar ações para atender os desejos e necessidades do mercado em constante movimento, desenvolvendo assim, capacidades organizacionais que tornam a empresa mais competitiva alcançando as metas necessárias para seu crescimento. Para atender o desafio apontado, este livro tem como objetivo trazer para a você, aluno(a) um entendimento da área de marketing, sua abordagem mercadológica, assim como fermentas e pontos a serem observados no dia a dia das organizações. Por meio de quatro capítulos é apresentado a você um conteúdo sobre o marketing, desde sua evolução até o pós-venda passando pela análise do ambiente interno e externo e estratégias que possam ser utilizadas para o desenvolvimento de diversas organizações. Desejamos a você sucesso em seus estudos e que seu conhecimento torne sua carreira profissional mais produtiva e possa alcançar seus objetivos. Um forte abraço e bons estudos! CAPÍTULO 1 Conceitos de Marketing A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender os conceitos centrais de marketing. � Identificar características do composto de marketing e suas implicações para as organizações de pequeno porte. � Aplicar as ferramentas de marketing em negócios de pequeno porte. � Desenvolver a comunicação de marca para organizações de pequeno porte. 10 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS 11 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Contextualização Marketing é um dos termos mais utilizados em conversas de negócio, a expressão “tudo é marketing” nos remete a muitas conclusões e interpretações sobre seu significado, porém, neste capítulo, vamos compreender e desmistificar esta ciência. Não se preocupe, o que parece complicado nada mais é do que o processo de compreender o mercado e desenvolver estratégias para mediação de trocas. Você deve estar pensando: trocas? Sim, trocas são, de forma simplificada, o motor de toda a economia, tanto cliente corporativo como pessoa física compram bens e serviços com o objetivo de suprir seus desejos e necessidades. Neste capítulo você irá conhecer e compreender os principais conceitos e métodos para desenvolver os estudos e práticas de pesquisa e criação de estratégias de marketing. Desejo um excelente estudo e reflexão sobre o tema proposto e que este material seja prático para suas atividades. Lembre-se de que o marketing se apodera de diversas outras ciências para desenvolver seu trabalho, portanto, tudo que você aprendeu até aqui e o que vai aprender no decorrer de sua carreira servem como base para as práticas de mercado. Bons estudos! História do Marketing Conhecer a história é fundamental para o processo de compreensão da evolução de fenômenos, sendo ainda uma prática indispensável para a identificação de tendências. Ao estudar a história do marketing, podemos perceber que seu papel tem se modificado ao longo do tempo, estas mudanças são impulsionadas pelas modificações tecnológicas e comportamentais que vêm trazendo uma constante evolução. O termo Marketing, no Brasil, por volta de 1954, foi traduzido por mercadologia quando surgiram os primeiros movimentos de cursos específicos em estabelecimentos de ensino superior, conforme explicado por Las Casas (2006). Ainda segundo o autor, seu termo em inglês significa ação no mercado com uma conotação dinâmica. Porém, Cobra (2009, p. 18) aponta que atualmente o termo em inglês foi adotado tanto pela academia como pelo mercado, “nas disciplinas que estudam as complexas relações entre consumidores e produtores de bens e serviços”. 12 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Para compreender melhor esta evolução, podemos dividir em “eras”, nas quais temos diversas interferências que moldam a forma com que o marketing é desenvolvido. Esta observação valida uma máxima do marketing, que se propõe a sempre estar em mudanças, sejam originadas de um ambiente interno ou externo das organizações. Era da Produção Para Las Casas (2006), a era da produção pode ser dividida em duas fases, a do produto e a da produção, nesta última o diferencial recai nos processos. Motivadas pela falta de produtos, as indústrias deram atenção ao desenvolvimento de métodos para melhoria da produtividade. Durante um período, a demanda por bens e serviços era maior que a oferta. Com a Revolução Industrial, iniciada na Europa nos séculos XVIII e XIX, surgiram as primeiras indústrias com produção em escala, e estas empurravam seus produtos ao mercado, determinando seu preço e características. Para ilustrar este cenário, Henry Ford ficou famoso ao declarar que os clientes podiam ter um automóvel de qualquer cor, contanto que fosse preto. Nesta era, tudo o que se produzia era vendido, e as equipes de marketing e vendas exerciam um papel menos importante para as empresas. Era da Venda Em meados da década de 1930 surgem os primeiros indícios de que existia um excesso de oferta de produtos, ocasionado pela expansão das indústrias e processos de produção em massa, que traziam ao mercado cada vez mais produtos. O mercado passa a oferecer uma maior variedade de bens aos consumidores, e neste momento estes consumidores começam a fazer escolhas. Diante disso, asempresas percebem que, além de produzir, precisam atrair estes consumidores, pois agora o mercado já possui o que conhecemos como concorrência. Neste período as organizações mais sensíveis a estas mudanças começam a desenvolver suas estratégias de marketing e vendas. Neste período surgem as estratégias de orientação ao mercado, pois este seria a fonte de inspiração para o desenvolvimento de ofertas adequadas, segundo Las Casas (2006). 13 Conceitos de Marketing Capítulo 1 KOTLER, Philip. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. Era do Marketing A partir da década de 1950 as organizações perceberam que a venda a qualquer custo não era mais uma forma eficiente de desenvolver seus negócios. O pensamento era de promover a manutenção dos negócios a longo prazo e as vendas por si só não bastavam, surgia a necessidade de desenvolver um relacionamento com o consumidor, este deveria reconhecer os bens ou serviços ofertados pela empresa e decidir a seu favor, pois nesta era já vivemos um pleno estado de concorrência. Conforme apontado por Churchill e Peter (2000, p. 9), “orientação para marketing pode ser considerada uma filosofia de negócios que se concentra em compreender as necessidades e desejos dos clientes e construir produtos e serviços para satisfazê-los”. Frases como: “Como você quiser”, da Burger King, e “Você é quem manda”, da United Airlines, são bons exemplos dessa era. Segundo Kotler (2012), atualmente temos o marketing societal, este é desenvolvido pelas organizações com a determinação das necessidades, desejos e interesses dos mercados para oferecer soluções de bens e serviços de forma mais eficiente e eficaz que a concorrência. Este ponto levantado pelo autor também é conhecido como marketing de relacionamento. Portanto, na era atual, a era do marketing, os olhares se voltam para o consumidor, que está mais empoderado pelo conhecimento e acesso a produtos substitutos e marcas concorrentes, se torna mais autônomo e, consequentemente, exigente com o mercado, exigindo assim uma eterna atenção a seus desejos e necessidades. A Evolução do Conceito de Marketing Seria muito arriscado pontuar de forma definitiva os conceitos de marketing, pois, segundo sua própria natureza e definição, é uma ciência em constante modificação, porém autores trazem suas definições de forma clara e objetiva. 14 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Outro ponto importante a ser observado é que o senso comum traz o marketing como venda e propaganda, esta afirmação não deixa de ser verdade, porém está longe de se resumir somente a isso, atualmente o marketing destina sua atenção às pesquisas, estratégias e aos consumidores, tendo como consequência de tudo isso a venda e/ou a propaganda propriamente dita. Kotler (1999) pontua a evolução do marketing trazendo o que ele chama de “marketing Neandertal”, os pontos que atualmente são práticas no mínimo arriscadas de serem desenvolvidas. • Marketing sinônimo de vendas, • Atenção à conquista em detrimento da manutenção do consumidor, • Lucro em cada transação ao invés de gerenciar o lucro por todo o tempo de vida do consumidor, • Prática do mark-up sem observar a percepção do consumidor e/ou metas, • Planejamento da comunicação de forma isolada, sem integração das ferramentas, • Atenção à venda e não na necessidade ou desejo do mercado. Kotler (1999) ainda aponta que as empresas modernas praticam o marketing de forma a conhecer seus clientes e desenvolver bens e serviços de forma mais flexível e adaptado às demandas do mercado. Lembra que estamos na era do marketing, estudado na seção anterior? Marketing é uma palavra em inglês derivada de market, que significa mercado. É utilizada para expressar a ação voltada para o mercado. Assim, entende-se que a empresa que pratica o marketing tem o mercado como a razão e o foco de suas ações (DIAS et al., 2003, p. 2). Podemos constatar a evolução do marketing em suas definições apontadas pelos principais autores e estudiosos em marketing, conforme quadro abaixo. Quadro 1 – Definições de marketing Kotler e Fox (1994) [...] marketing é um programa de controle, análise, planejamento e interpretação das trocas de valores com os mercados por meio de preços, comunicação e distribuição com o objetivo de atender e motivar. Las Casas (2006) [...] marketing é uma área do conhecimento que engloba todas as perspectivas que permeiam a atividade de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores com o objetivo de alcançar indivíduos e organizações considerando o ambiente de atuação e seu impacto na sociedade. 15 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Cobra (2009) [...] a essência do marketing é o processo de trocas, nas quais duas ou mais partes oferecem algo de valor para o outro com o objetivo de satisfazer necessidades e desejos. Sarquis (2003) [...] marketing para pequenas empresas está relacionado à proximidade com os clientes, como flexibilidade nas decisões, adaptação imediata às exigências do mercado, atendimento rápido e personalizado, qualidade de serviço, reduzindo números de canais de distribuição, e preocupação com a busca constante da qualidade em vez de quantidade. Scharf (2007, p.17) Marketing é o processo que observa e segmenta o mercado, compreende seus comportamentos, identifica as necessidades e os desejos, pensa em soluções, viabiliza produtos que contenham valor e que permitam ao consumidor sentir-se bem (bens físicos ou serviços, inclusas aqui as ideias e as participações), comunica o conceito e seus benefícios, influencia o consumidor para o entendimento do conceito e seus benefícios, facilita a compra (distribuição + preço + venda), se relaciona com o cliente após esta aquisição e, baseado nas ações anteriores, administra o conhecimento adquirido para criar vantagens competitivas, sustentáveis e futuras ações mercadológicas. Fonte: O autor. Ao observarmos o quadro anterior, a conceituação de marketing converge para a ideia central de compreensão do mercado (pesquisa constante) e a evolução dos bens e serviços ofertados ao mercado com o objetivo de troca. A conceituação de marketing converge para a ideia central de compreensão do mercado. Lembra que vimos a palavra troca no início do nosso estudo? Releia novamente o quadro anterior e veja como ela está inserida nas conceituações de marketing apresentadas pelos autores estudados. Dando continuidade ao nosso estudo, na figura a seguir você pode compreender melhor este fluxo de informação. Para ilustrar, temos um sistema simples de marketing proposto por Kotler e Keller (2012), que contém de um lado a organização, representada pelo setor (vendedores), e de outro lado o mercado, entre eles quatro linhas de fluxo, duas em direção do vendedor ao comprador, com as ações de comunicação e os bens e serviços oferecidos a ele, e em contramão, temos o dinheiro oriundo da troca dos produtos e/ou serviços e as informações sobre as necessidades e desejos do mercado, que o mercado apresenta e as organizações captam. 16 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Figura 1 – Sistema de informação de marketing Setor (vendedor) Mercado (compradores) Bens/Serviços Dinheiro Comunicação Informação Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2012). Importante: as formas de captação das informações do mercado estudaremos no próximo capítulo, na seção pesquisa de mercado. Portanto, podemos entender a evolução de marketing conforme apontado por Las Casas (2006), como uma mudança de sentido da comercialização, na qual o esforço ia da empresa para o consumidor e atualmente vem do consumidor para a empresa, com a constatação de seus desejos e necessidades. Existem ainda alguns conceitos centrais utilizados pelos profissionais de marketing que precisamos compreender para darmos continuidade em nosso estudo.• Necessidade: estado de privação de alguma satisfação básica que pode ser suprida por bens ou serviços. Ex.: seguro de vida satisfaz a necessidade de segurança, ou telefone, que satisfaz, em alguns casos, a necessidade de comunicação. • Desejos: vontades humanas moldadas pela cultura e/ou pelas características individuais. Ex.: compra de uma determinada marca de carro. • Demanda: ação de busca por algo, para o marketing as demandas costumam ser oportunidades para as organizações. • Produto: bens ou serviços que possam ser oferecidos a um determinado mercado para satisfazer suas necessidades ou desejos. • Valor: diferença percebida pelo consumidor dos benefícios oferecidos pela aquisição dos produtos versus custos para sua aquisição. Ex.: vale a pena comprar o carro da marca XYZ, ele é mais econômico e com um maior valor de revenda e custa somente 10% a mais. 17 Conceitos de Marketing Capítulo 1 • Satisfação: percepção do desempenho versus expectativas do consumidor. • Troca: aquisição de um produto, bens ou serviços em troca, normalmente por um valor financeiro entre consumidores e organizações. • Relacionamento: transações duradouras entre consumidores e organizações. • Mercado: grupo de compradores reais e potenciais de um produto. • Compradores: B2B, pessoas que compram bens e serviços para empresas, órgãos governamentais e outras instituições. • Consumidores: B2C, pessoas que compram bens e serviços para seu próprio uso ou consumo ou para presentear outros indivíduos. Além dos conceitos apresentados, para darmos continuidade em nosso estudo, alguns alinhamentos devem ser feitos. Como você já deve ter percebido, a área de marketing (assim como seu próprio nome) é derivada da língua inglesa, e alguns termos básicos devem ser compreendidos para tornar eficiente seus estudos e conversas de negócios. Quadro 2 – Termos e definições de marketing TARGET Público-alvo ou mercado que a organização pretende atingir. SHARE OF VOICE Fatia do mercado com a qual a organização conversa, parte do mercado atingido pela comunicação da empresa. BUDGET Orçamento destinado à ação de marketing. CORE BUSINESS Diz respeito à expertise de uma organização, seu negócio princi- pal que deve ser trabalhado estrategicamente. FOLLOW UP Acompanhamento das estratégias de marketing de uma organi- zação, após sua implantação deve-se desenvolver um monitora- mento constante dos resultados. MARKET SHARE Participação de mercado, fatia do mercado que uma organização atende. B2B - Business to Business Transações entre empresas, são organizações que têm como target outras empresas. B2C - Business to Consumer Comércio de bens e serviços para clientes pessoas físicas, con- sumidores em geral. CMO - Chief Market- ing Officer Diretor de marketing de uma organização, ele é o responsável pelo gerenciamento das ações mercadológicas da empresa. 18 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS MIND SHARE Obtido por meio de pesquisa com os consumidores, é uma práti- ca para identificar como uma marca ou produto é lembrado. BRANDING Gestão da marca, compreende diferentes ações estratégicas para desenvolver a percepção do mercado quanto a uma organi- zação e seus bens ou serviços oferecidos ao mercado. GAP Lacuna/diferença de um mercado, sua identificação pode ser utilizada como uma oportunidade ou ameaça para as organi- zações. TRADE Esforço da equipe de marketing para desenvolver seus canais de distribuição. Fonte: O autor. Ao final desta etapa você já pode criar seu próprio conceito de marketing, usando suas palavras, a partir do conteúdo exposto. Atividade de estudos: 1) Então, o que vem a ser mesmo marketing? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 1. A FUNÇÃO DO MARKETING DEVE ESTAR NA MÃO DO CEO OU CEO’s. Empresas que praticam o marketing radical nunca delegam a responsabilidade pelo marketing. No livro Radical Marketing, os autores Sam Hill e Glen Rifkin (1999 apud KOTLER; KELLER, 2012) apresentam um conjunto de diretrizes que podem ajudar outras empresas a seguir o exemplo daquelas que praticam o que eles chamam de marketing radical. 19 Conceitos de Marketing Capítulo 1 2. O DEPARTAMENTO DE MARKETING DEVE COMEÇAR PEQUENO E HORIZONTAL E MANTER-SE ASSIM. Os CEO’s de empresas que fazem marketing radical não devem permitir que surjam camadas administrativas entre eles e o mercado. 3. ENCONTRE-SE PESSOALMENTE COM QUEM MAIS IMPORTA – O CLIENTE. Praticantes do marketing radical conhecem as vantagens da interação direta com os clientes. 4. USE A PESQUISA DE MERCADO COM CAUTELA. Os praticantes do marketing radical preferem técnicas baseadas em uma maior proximidade com as pessoas. 5. CONTRATE MISSIONÁRIOS APAIXONADOS, E NÃO PROFISSIONAIS DE MARKETING. As empresas que praticam o marketing radical “não têm profissionais de marketing, têm missionários”. 6. AME E RESPEITE OS CLIENTES COMO INDIVÍDUOS, E NÃO COMO NÚMEROS EM UMA PLANILHA. Os praticantes do marketing radical reconhecem que os principais clientes são responsáveis pela maior parte do sucesso de sua empresa. 7. CRIE UMA COMUNIDADE DE CONSUMIDORES. Os praticantes do marketing radical “incentivam seus clientes a pensar em si próprios como uma comunidade e na marca como agente unificador dessa comunidade”. 8. REPENSE O MIX DE MARKETING. Por exemplo, um praticante de marketing radical usa “propaganda de precisão cirúrgica”, caracterizada por campanhas curtas e com alvos bem definidos e determinados. 9. CONCORRA COM EMPRESAS MAIORES USANDO IDEIAS DE MARKETING DIFERENTES E RENOVADAS. Os praticantes do marketing radical limitam, por exemplo, a distribuição a fim de fomentar fidelidade e compromisso entre distribuidores e clientes. 10. SEJA FIEL À MARCA. Os praticantes do marketing radical “são obcecados pela integridade da marca e têm a qualidade como ideia fixa”. Fonte: Sam Hill e Glen Rifkin (1999 apud KOTLER; KELLER, 2012, p. 11). 20 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Composto Mercadológico Como princípio de toda a ação de marketing é que todas as etapas, ações e pessoas envolvidas no processo devem estar alinhadas e focadas no mesmo propósito. Imagine um time de futebol em uma final na qual os jogadores possuem jogadas e objetivos diferentes, o resultado fica obviamente prejudicado. Nas organizações de todos os portes esta característica não é diferente, ter um objetivo muito claro e o conhecimento e entendimento das estratégias é fundamental para o sucesso das ações de marketing. Todas as etapas, ações e pessoas envolvidas no processo devem estar alinhadas e focadas no mesmo propósito. Um varejista contrata uma agência de publicidade para criar uma campanha com o slogan “Melhor preço do mercado”, porém o departamento de vendas não é avisado ou sequer consultado se isso é possível, e nos pontos de vendas os preços não são alinhados conforme a estratégia. O que você acha que vai acontecer? A campanha irá trazer consumidores sensíveis ao preço, informados, sabem do preço médio praticado pelo mercado, ao final o varejista não converterá a campanha em compras e o consumidor se sentirá enganado, criando, provavelmente, um sentimento ruim, de rejeição à loja e rejeitando futuras ofertas e comunicação de valor deste varejista. Para se construir o composto de marketing é preciso conhecer o posicionamento da empresa e seu plano estratégico para, aí sim, permitir que o profissional de marketing possa definir estratégias, pois segundo Cobra (2009), é preciso conhecer a missão e ter bem traçada a visão da empresa para que tudo esteja interligado e focado em um mesmo objetivo. O composto de marketing surge das decisõesestratégicas, corresponde ao alinhamento entre os elementos estratégicos (mercado-alvo, posicionamento) e os elementos táticos. Como elemento tático temos os 4 Ps, estes foram desenvolvidos pelo professor da Universidade de Michigan, Jerome McCarthy em 1960, e ainda são utilizados da maneira como são conhecidos e estudados atualmente. 21 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Figura 2 – 4 Ps do marketing Fonte: Adaptado de Kotler e Keller (2012). Na figura anterior podemos observar um conjunto de atividades que são desenvolvidas dentro de cada um dos 4 Ps e representam a atuação do marketing, que vamos estudar com maior profundidade na próxima seção. Porém, antes precisamos conhecer como outros autores apresentam o composto de marketing. Outra abordagem muito idêntica aos 4 Ps, mas desenvolvida pelo ponto de vista dos compradores, é concebida com um novo conjunto de letras diferentes, os 4 Cs, conforme Lauterbom (apud KOTLER, 2000, p. 38) sugeriu: • Cliente: é preciso conhecer o que é importante para o cliente para produzir o que ele necessita ou deseja; • Custo: o custo global do seu produto para o cliente. O custo não somente inclui o preço do item (valor de compra), como também diz respeito ao tempo de entrega, tempo para chegar ao ponto de venda, valores de instalação, entre outros fatores que acrescentam uma dificuldade para a aquisição do produto pelo cliente; 22 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Conveniência: entrega do produto de forma conveniente ao cliente, local, horário, quantidade, forma, enfim, qualquer característica que possa ser adaptada; • Comunicação: o princípio da comunicação neste 4º C vai além de promover, mas também saber ouvir o consumidor. Além do modelo dos 4 Cs, existe o modelo dos 4 As, desenvolvido por Raimar Richers, que apresenta a interação da empresa com o meio ambiente, sendo que cada um dos A significa: • Análise: identificação das forças vigentes no mercado (ambiente externo) e suas interações com a organização, para este fim são utilizadas as pesquisas de mercado e o SIM - Sistema de Informação em Marketing; • Adaptação: adequação das linhas de bens e serviços da empresa ao ambiente identificado no primeiro dos A – análise. Esta adaptação pode ocorrer de diversas formas, como design, preço, marca, entre outros pontos; • Ativação: aplicação das estratégias: distribuição, logística, venda pessoal e composto de comunicação; • Avaliação: monitoramento e controle de forma isolada e/ou conjunta dos resultados do esforço de marketing. O objetivo de apresentar as três diferentes possibilidades de mix de marketing, 4 Ps, 4 Cs e 4 As, é meramente para conhecimento de sua existência e interpretação, pois as três nomenclaturas aqui citadas demonstram que o marketing e sua abrangência estão sendo muito discutidos por diferentes autores com diferentes abordagens, porém seguem pela mesma linha de ação. Existem, ainda, diferentes formas de apresentar o composto de marketing não citadas aqui, entretanto, para nosso estudo, vamos aprofundar nos 4 Ps, que são amplamente utilizados por diversos autores. Você já deve ter visto os termos Mix de Marketing, Composto de Marketing ou 4 Ps em outros materiais, não se preocupe, são termos idênticos com o mesmo significado na prática. 23 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Os 4 Ps do Marketing Os 4 Ps, também conhecidos como mix de marketing, são ferramentas táticas disponíveis à equipe de marketing para a implantação de suas estratégias. Diferentes autores trazem diferentes interpretações destas ferramentas, porém os 4 Ps ainda são bem utilizados, e ideais para o desenvolvimento das estratégias das pequenas empresas. Basicamente, todas as ações têm como objetivo a criação de valor para o consumidor, podemos entender como valor as características tangíveis e intangíveis que, independentemente do seu preço ou por causa dele, promovem uma percepção positiva do produto para o consumidor, motivando a escolha por meio de uma imagem positiva. Empresas vencedoras serão as que conseguirem atender às necessidades dos clientes de maneira econômica e conveniente com comunicação efetiva. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 18). A seguir vamos conhecer cada um dos Ps de forma mais aprofundada, discutindo sua aplicação na estratégia e marketing: Empresas vencedoras serão as que conseguirem atender às necessidades dos clientes de maneira econômica e conveniente com comunicação efetiva. (KOTLER; KELLER, 2012, p. 18).O Conceito de Produto Todas as ações de marketing são planejadas e pensadas a partir do produto oferecido. Para Kotler e Keller (2012), podemos entender como produto tudo aquilo que é oferecido ao consumidor para satisfazer suas necessidades, desejos e interesses. A gestão de produto se refere às decisões de conhecer, desenvolver, lançar, manter e aprimorar bens e serviços que a empresas tem a oferecer ao mercado. Como produto temos os bens tangíveis (podem ser tocados), de caráter físico, como um alimento, uma bicicleta, um computador, ou bens intangíveis, os serviços que também são ofertados ao mercado, porém possuem características diferentes que devem ser observadas. Estas características são pautadas principalmente no fato de os serviços serem consumidos apenas no momento e geralmente não podem ser substituídos, estocados, e possuem maior oscilação de qualidade. Ex.: uma camiseta com defeito pode ser trocada, um mau atendimento por parte de um garçom em um restaurante, que presta um serviço, exigiria muito mais energia e recurso para ser substituído. Para melhor compreensão e desenvolvimento das estratégias de marketing, os produtos podem ser classificados de várias formas, conforme o quadro a seguir: 24 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Quadro 3 – Classificação dos produtos Bens duráveis e não duráveis Com base na expectativa de vida de um produto, ele pode ser cat- egorizado como bens duráveis (automóveis, eletrodomésticos), ou caso seu ciclo de vida seja curto, bens não duráveis (alimentos, vestuário, entre outros). Perecíveis e imperecíveis Com a observação do prazo de validade podemos categorizar os produtos de forma perecível ou imperecível, esta categorização pode ser analisada pelos fatores físicos dos produtos ou psicológi- cos do consumidor. Como exemplo podemos citar as tendências de moda, que tornam alguns produtos obsoletos de forma psicológica por parte do consumidor, independentemente da durabilidade do produto em si. Necessidades ou luxo Produtos de necessidade são itens indispensáveis para o consumi- dor, já produtos de luxo são voltados para atender aos desejos dos consumidores, sendo vendidos com uso da sedução. Exemplo: Star- bucks, que não vende apenas um café e, sim, uma experiência. Bens de consumo ou Bens industriais Produto de consumo tem como destino o consumidor final, já os produtos industriais têm com destino outras indústrias, para serem desenvolvidos novos produtos ou serviços. Fonte: O autor. Dentro do P – produto, o gestor de marketing tem como elemento de atenção em sua estratégia os benefícios atrelados a ele, e diversos pontos devem ser observados, por exemplo, quando um consumidor adquire um carro, ele não adquire somente um bem durável e tangível, ele espera comprar uma série de benefícios, como conforto, status, praticidade, enfim, outros benefícios intangíveis, mas que devem ser desenvolvidos pela organização a fim de suprir os desejos ou necessidades de seu público-alvo. Um produto se torna vendível se seus benefícios valerem a pena pelo preço cobrado por ele, portanto, quando maior o benefício oferecido, maior a chance de o produto ser escolhido entre as ofertas atuais e futuras oferecidas pelo mercado (LAS CASAS, 2006). Para compreender melhor e desenvolver uma estratégia do produto para uma determinada organização, podemos observar os seguintes pontos de benefício oferecidos ao consumidor.• Produto básico: é o mínimo que o produto deve oferecer ao mercado, sem benefícios adicionais, neste caso ele se tona vulnerável à concorrência e normalmente as organizações têm menor custo de criação/produção, porém menor margem de lucro. Um produto se torna vendível se seus benefícios valerem a pena pelo preço cobrado por ele, portanto, quando maior o benefício oferecido, maior a chance de o produto ser escolhido entre as ofertas atuais e futuras oferecidas pelo mercado (LAS CASAS, 2006). 25 Conceitos de Marketing Capítulo 1 • Produto ampliado: um esforço da organização para diferenciar seus produtos dos concorrentes, como garantias, instalações/montagem, design, assistência técnica, entre outros benefícios que ampliam a percepção de valor do consumidor. Neste ponto, as organizações se esforçam para criar algo a mais, algum ponto que as diferencie dos concorrentes, permitindo assim uma margem de lucro ou fatia de mercado maior. Produtos ampliados tendem a ser desenvolvidos com base nos gaps de mercado, oportunidade de oferecer algo a mais que os demais concorrentes ainda não apresentam. • Produto esperado: são os benefícios oferecidos pelo mercado e que o consumidor já espera encontrar, a diferença entre o produto ampliado e o esperado é o que distingue o produto de seus concorrentes. Quando entendemos quais benefícios já são esperados pelo mercado. Exemplo: normalmente, hotéis oferecem café da manhã, não seria o ponto que fez o cliente procurar o serviço do hotel, mas como é uma prática comum, os hóspedes já esperam por isso, tornando este um benefício obrigatório, não sendo um diferencial competitivo, exigindo assim uma busca por outros elementos para ampliar o produto hotel. Como visto, o desenvolvimento do produto necessita enorme atenção das organizações, decisões de marca, embalagens, serviços de apoio, ciclo de vida do produto, entre outros, devem ser definidos de forma estratégica e sempre pensados com o objetivo de desenvolver a percepção dos consumidores, tanto B2B como B2C, para a motivação de troca. Vamos pensar como consumidores. Todos nós frequentamos restaurantes, neste último caso, seu principal produto é a comida, e o produto alimento é levado a sério por nós consumidores, porém observamos somente isso? Será que o jantar romântico de uma quarta à noite não exigiria algo a mais que um bom prato de comida? Quando estamos em viagem e temos pouco tempo para nos alimentar, trocamos um produto saudável por algo mais prático? Cada empresa, neste exemplo, precisa identificar o que cada consumidor espera e desenvolver seu produto sob esta perspectiva. 26 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS O Conceito de Preço Para Kotler e Keller (2012), o preço é a única ferramenta do marketing que é responsável por gerar receita, sendo que os demais Ps geram somente custos em seu processo de implantação. Para a visão do consumidor, o preço não pode ser considerado somente o valor pago na hora da compra, e sim todos os recursos investidos por parte do consumidor para a obtenção deste produto. Um exemplo: caso você tenha que adquirir uma geladeira e a loja não faz entrega, você teria que investir o valor do eletrodoméstico, o valor do frete, o tempo para contratação de uma empresa e negociar a entrega. Sendo assim, como estratégia de redução do preço “global” para o consumidor, a maioria das lojas já inclui o serviço de entrega na venda do produto. O preço precisa ser entendido como o valor percebido em troca dos benefícios gerados pelos bens ou serviços, isso quer dizer que a decisão de compra e/ou aquisição de um bem ou serviço está na percepção da vantagem de troca de um valor, preço, pelos benefícios dos bens e serviços. Portanto, quanto maior for o preço (lembrando que como preço podemos incluir outros custos financeiros, de tempo, de paciência que o consumidor terá que despender para realização do negócio), maior deverá ser o benefício oferecido pelo produto. Decisão de compra e/ou aquisição de um bem ou serviço está na percepção da vantagem de troca de um valor, preço, pelos benefícios dos bens e serviços. Você esperaria mais de duas horas em uma fila para ir em um brinquedo de um parque de diversões? E se esse parque for a Disneylândia? As empresas devem estar atentas ao ambiente e às estratégias dos concorrentes e, consequentemente, à reação dos consumidores a estes estímulos. Segundo Sarquis (2003), a principal tarefa de uma empresa orientada para o mercado não é vender seus bens e serviços, mas, ao contrário, criar valor para os clientes. 27 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Fatores Importantes na Precificação São vários os fatores e métodos para desenvolvimento do preço de venda e cada organização deve desenvolver de forma estratégica pensando em seu mercado. Não necessariamente a organização deve ter um método de precificação para todos os seus produtos de forma igual, em seu mix de produtos a empresa pode utilizar de maneira estratégica a precificação como forma de criação de valor. Por exemplo, caso a empresa queira desenvolver a venda de determinado produto, ela pode, como estratégia, estimular a percepção e comparação de preço para um produto A, e pode ampliar o valor do produto B (similar ao produto A), fazendo que o consumidor perceba uma vantagem na compra do produto A. Exemplo: um restaurante quer promover a venda de um prato específico, devido a um acordo com um fornecedor, para isso, colocar o preço diferente entre os pratos, e apontá-lo como sugestão da casa pode direcionar para o incremento da venda deste produto, isso, claro, para mercados sensíveis ao preço. A seguir vamos conhecer algumas estratégias de precificação: • Valor percebido: este método de precificação leva em conta o valor que o mercado considera justo por determinado bem ou serviço. Por meio de pesquisa identifica-se quanto o consumidor está disposto a pagar por este produto, que em alguns casos pode ser maior que o esperado pela equipe de marketing quando o produto apresentar benefícios superiores ao esperado pelo mercado. • Margem de contribuição: é um método orientado para o mercado, é definida pela margem que o produto está contribuindo para os custos fixos e para a lucratividade da empresa. • Valor da concorrência: é determinado pela avaliação do preço praticado pela concorrência, este método independe da estrutura de custo da empresa e é desenvolvido em mercados concorridos, em que o preço é determinante para a escolha do consumidor. • Fixação de mark-up: Acrescenta-se uma porcentagem ao custo de produção de um bem ou serviço. Sua fórmula é bem simples, por exemplo, se meu produto custa R$ 100,00 para fabricar e aplico um mark-up de 100%, logo este produto será vendido por R$ 200,00. Preço do produto = custo (fixo e variável) + % (porcentagem sobre os custos) 28 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Precificando Produtos e Serviços Las Casas (2006) traz um passo a passo para a determinação de preços, conforme ilustração a seguir: Figura 3 – Fluxo para determinação de preço Fonte: Adaptado de Las Casas (2006). Para o modelo proposto pelo autor, após a determinação dos objetivos e da segmentação do mercado, os gestores devem identificar a demanda, conhecer quanto e como o mercado tem desejo ou necessidade pelos produtos ofertados. Na sequência temos a determinação do custo, nesta etapa é realizada a estimativa de custos fixos e variáveis alinhados com a estimativa da demanda. Para isso é usado o cálculo do ponto de equilíbrio para determinar o quanto a empresa precisa vender para recuperar seu investimento. Após observar o ambiente interno, os gestores devem olhar o mercado, os preços praticados pelos concorrentes. Esta etapa é estrategicamente muito importante, pois colocar um produto novo no mercado sem uma proposta de valor diferenciada ao consumidor, e a um preço maior que a concorrência,cria grande chance de insucesso. Neste momento algumas organizações optam por voltar sua estratégia ao produto para desenvolver melhorias e ampliação de seus benefícios, de forma que o mercado julgue justo pagar mais por seu produto. Exemplo de um restaurante que pratica preços bem diferentes, apesar de todos oferecerem em sua essência o mesmo produto, porém pelo seu atendimento e ambiente, pode possuir um preço e consequentemente uma margem de lucro maior. 29 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Na etapa de determinação da política de preços, Las Casas (2006) aponta alguns exemplos: • Preço costumeiro: respeita o preço comum do mercado, seguindo a faixa de preço determinada pelo mercado. • Preço de linha: para maior cobertura de mercado, a organização desenvolve linhas de produtos com preços diferenciados, podendo até utilizar de diferentes marcas para isso. • Preço psicológico: usar preço quebrado, comum no varejo, com o objetivo de desenvolver uma percepção de preço menor, por exemplo, um produto que custaria R$ 100,00 ser vendido por R$ 99,00. • Preço único e negociado: cria-se um preço único para todos os consumidores, independentemente da negociação, e o preço negociado é desenvolvido conforme o caso, de cliente para cliente. Após conhecer o ambiente interno (custos e despesas) e o ambiente externo (como os preços são aplicados pela concorrência e os valores percebidos avaliados pelos consumidores), os gestores podem estabelecer uma linha de preço conforme estratégias já estudadas para chegar ao preço final do produto, que atenda aos anseios do mercado e proporcione uma posição financeira sustentável para a organização. Não existe uma regra, os gestores têm que compreender que o preço é um ponto sensível e é julgado pelo consumidor na hora da decisão de compra. O consumidor não avalia os custos, despesas ou outros pontos que formam o preço, ele vai desenvolver a decisão de compra pelo seu próprio julgamento, isso se as vantagens de aquisição deste bem ou serviço valem a pena pela troca do valor cobrado pela organização. Os gestores têm que compreender que o preço é um ponto sensível e é julgado pelo consumidor na hora da decisão de compra. Conceitos de Praça O termo praça dos 4 Ps vem da tradução do termo place, que para manter o jogo dos Ps foi traduzido para o português como praça. Este conceito está, segundo Kotler (2003), na atenção com o local no qual o consumidor irá encontrar o produto e os canais de distribuição. Ao observamos esta etapa tática do marketing temos que ter cuidado com a facilidade de acesso, sua estrutura, entre outros pontos. Ainda segundo Kotler (2003), para muitas empresas, fabricar o produto é mais fácil do que levá-lo ao mercado, isso porque sua expertise está na fabricação, sendo necessária a terceirização destes serviços. 30 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Como exemplo, temos o e-commerce, que em sua maioria são pequenas organizações que se dedicam em comunicar e gerenciar as vendas, a entrega fica delegada a empresas especializadas, porém como tudo na vida não é simples, caso o terceiro cause algum transtorno ao cliente, a empresa se responsabiliza por este transtorno. Aqui, responsabilizar não seria somente econômico, mas sim a perda de valor da própria marca segundo a percepção do consumidor. Suprir o mercado significa estar próximo ao público-alvo (COBRA, 2009), e para isso as empresas têm como ponto importante a definição da praça na qual o produto vai atuar. O conhecimento da jornada de consumo é ponto importante para o desenvolvimento do planejamento e implementação da estratégia de marketing sobre a tática de praça. Parece simples, mas existem várias possibilidades para os arranjos dos canais de distribuição, conforme apresentado na imagem a seguir, e os gestores de marketing precisam desenvolver estratégias para cada uma das etapas, desde estratégia para o usuário industrial, agentes varejistas, atacadistas, enfim, cada ponto em que os produtos entram em contato com o consumidor ou algum intermediário necessita ser estudado e atendido de forma estratégica. Figura 4 – Exemplo de arranjos de canais de distribuição Fonte: Adaptado de Las Casas (2006). 31 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Estratégia de Distribuição Desenvolver o canal de distribuição correto é uma atribuição estratégica dos gestores de marketing e alguns pontos devem ser observados com muita profundidade, pois podem se tornar um diferencial entre os concorrentes. A seguir vamos conhecer pontos que dizem respeito à distribuição que necessitam de atenção dos gestores. • Previsão de demanda: calcular a capacidade de produção, tempo de transporte e a demanda (procura pelo mercado) é muito importante, não somente para evitar a perda de venda, mas também o descontentamento do consumidor. Como exemplo podemos ter uma rede de restaurantes que cria um novo prato a um preço promocional como ponto estratégico para atração de clientes, a demanda é tão grande que o restaurante não consegue atender a todos os consumidores, e isso pode gerar uma insatisfação, e o que era para atrair o consumidor acaba afastando-o. A não observação deste detalhe cria um efeito contrário do que foi inicialmente programado estrategicamente. • Processamento de pedidos: o fluxo de informação e a confiabilidade desta são muito importantes, imagine você esperar por um pedido e ele vir errado, todos os outros esforços com os outros Ps não produzem efeito se no momento da concretização da compra a organização comete algum erro. Observem que alguns erros, por menores que pareçam ser, podem causar enormes estragos em relacionamentos entre organizações e consumidores. • Controle de estoque: controle de estoque deve ser desenvolvido com base em informações do tempo de produção versus demanda, um estoque pequeno pode gerar problemas com o mercado e estoque grande gera custos adicionais, interferindo na lucratividade da organização. • Transporte: prazos de entrega e forma de transporte são pontos também a serem observados estrategicamente, por exemplo, uma entrega de produto com hora agendada pode gerar uma maior percepção de valor para o consumidor e ser um ponto determinante para a escolha de um fornecedor entre seus concorrentes. Como observado, o P de praça, distribuição, deve ser acompanhado pelo departamento de marketing, em vários momentos. Obviamente que a parte tática, operacional, fica destinada a setores específicos, logística, por exemplo, porém seu monitoramento e percepção de como o mercado está reagindo ou necessitando deste P são fundamentais para o sucesso das organizações e devem ser constantemente observados. 32 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Conceito de Promoção Dentro da tática dos 4 Ps, a promoção se refere às estratégias de comunicar, de promover o produto ao mercado consumidor. Até aqui estudamos como criar, precificar e distribuir os produtos ao mercado, agora chegou a hora de comunicar tudo isso ao mercado. Kotler (2003) aponta que o marketing precisa mais do que desenvolver um bom produto a um bom preço, ele precisa comunicar estes e outros atributos ao mercado. Para isso é indispensável desenvolver uma estratégia sobre como, quando e o que comunicar. Para desenvolver a promoção dos bens e serviços de uma organização, Kotler (2003) aponta o mix de comunicação, composto por seis formas essenciais de comunicação. • Propaganda: forma de comunicação paga, na qual temos a apresentação e/ou comunicação de ideias, mercadorias e serviços por um anunciante identificado. • Promoção de vendas: ação de curto prazo com incentivo à experimentação e compra de bens e serviços. • Eventos e experiências: atividades e propagandas patrocinadas com o objetivo de criar interação com a marca. • Relações públicas e assessoria de imprensa: ações desenvolvidas de forma variada para promover ou proteger uma marca ou produto.• Marketing direto: utilização de meio de comunicação direto com o consumidor, podendo gerar uma resposta direta como e-mail, telemarketing, telefone, entre outras formas de acessar diretamente o consumidor. • Vendas pessoais: apresentação de bens e serviços de forma pessoal com um ou mais consumidores em potencial. Dias (2003) acrescenta algumas outras formas de comunicação: • Publicidade: sem custo para a empresa, a imprensa traz informações sobre atividade de empresas e produtos. É indispensável desenvolver uma estratégia sobre como, quando e o que comunicar. 33 Conceitos de Marketing Capítulo 1 • Merchandising ou comunicação no ponto de venda: comunicação e exposição de produtos no ponto de venda (displays, banners, enfim, qualquer material que auxilie na compra indireta ou na procura do produto). Merchandising ainda é conhecido como a inserção de produtos em programas de televisão, rádio, internet, entre outros. A comunicação deve ser desenvolvida de forma integrada com a estratégia de marketing. Erro comum é a criação de comunicação por agências de publicidade diferentes e estas estarem em dissonância com a estratégia central da organização. O Plano de Comunicação Integrada de Marketing Atualmente o contato da organização com o mercado ocorre durante os estágios de pré-vendas, vendas, consumo e pós-consumo, em forma de diálogo. Diálogo, aqui, podemos entender como a troca de informação entre os dois pontos. Todo plano de comunicação deve levar em conta o diálogo, e para isso vamos dar atenção à interação entre organizações e mercado. Precisamos identificar todos os pontos de interação que os consumidores possam ter com a marca, o produto e a organização. Como exemplo desta interação, quando você, como consumidor, está interessado em comprar um bem durável, como um notebook, você conversa com outras pessoas? Observa os anúncios na televisão? Lê artigos de revistas especializadas? Procura informações na internet? Busca conhecer os produtos nos pontos de vendas? Provavelmente sim, a todas as questões, e isso demonstra que os pontos de contato entre você (consumidor) e empresas são variados. Sabendo disso, os gestores de marketing precisam identificar que tipo de experiências e exposições terão mais influência em cada etapa do processo de compra, pois esta análise resulta em pontos importantíssimos para a estratégia de comunicação. Para os autores Kotler e Keller (2012), os pontos principais do processo de comunicação são apresentados conforme imagem. 34 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Figura 5 – Elementos do processo de comunicação Fonte: Kotler e Keller (2012). A imagem apresenta um modelo de comunicação com nove elementos, tendo dois elementos principais: o emissor (neste estudo temos as organizações) e o receptor (aqui temos os consumidores). As ferramentas de comunicação são representadas pela mensagem (a ideia a ser comunicada) e o meio (forma e local em que a mensagem é transmitida). Ainda temos os quatro elementos que representam as principais funções da comunicação: codificação, decodificação, resposta e feedback. E, por fim, o ruído, que representa as interferências, mensagens aleatórias e concorrentes, que podem interferir na mensagem comunicada pelo emissor ou na identificação das respostas do receptor. Vamos conhecer cada um destes pontos com maior profundidade. • Emissor: elemento que emite a mensagem, para nossa linha de estudo temos as organizações, que desenvolvem uma estratégia de promover os produtos ao mercado, o P de promoção; • Codificação: apresentação da ideia, mensagem, em elementos que possam ser interpretados, imagens, textos, sons, entre outras formas de transmissão da informação; • Mensagem: conjunto de símbolos que o emissor transmite; • Meio: canais de comunicação, sistema de transporte de mensagem, por onde a mensagem passa do emissor ao receptor. Exemplo: televisão, o rádio, a mídia impressa, o discurso ao vivo, a música, redes sociais, internet, etc.; • Decodificação: o processo de significação da mensagem, neste momento o receptor (consumidor) interpreta os símbolos transmitidos pelo emissor, ou seja, é o momento no qual o consumidor faz a leitura e a interpretação dos conceitos. 35 Conceitos de Marketing Capítulo 1 • Receptor: elemento do modelo-alvo da comunicação na qual a mensagem é destinada, pode ser pessoa, grupo ou outras organizações; • Resposta: as reações do receptor (consumidor) após ter sido exposto à mensagem; • Feedback: comunicação do receptor ao emissor, retorno da mensagem, pode ser em forma de diálogo, compra ou outra forma em que o emissor identifique alguma ação do receptor; • Ruído: interferência durante o processo de comunicação que pode atrapalhar uma mensagem quando sua decodificação pelo receptor for diferente da forma como foi planejada pelo emissor. Os ruídos podem ser de forma física, mal-entendidos, pré-conceitos do receptor ou outras distrações que podem fazer com que um receptor não consiga decodificar corretamente a mensagem. É importante para os gestores e setor de marketing identificar e analisar os fatores envolvidos na comunicação/interação entre emissor e receptor, que para o marketing representam as organizações e o mercado, respectivamente. Com este conhecimento em mente ficam mais assertivas as ações de marketing, pois tendem a se concentrar em pontos específicos da comunicação para serem desenvolvidas estratégias de comunicação efetivas. Organizações que almejam sucesso e perenidade diante do cenário atual necessitam desenvolver ações para criar valor na mente dos consumidores, e para isso a comunicação integrada de marketing é um grande diferenciador entre as empresas, seus produtos e marcas. Para isso, metas de comunicação devem ser adotadas para que todos os esforços de comunicação convirjam para este objetivo. A seguir, as principais metas adotadas para algumas organizações de sucesso. • Identificação de possíveis clientes: meta inicial, consiste em explorar o mercado identificando nomes, endereços e possíveis necessidades de compradores potenciais, esta meta tem como objetivo um primeiro contato com mercados desconhecidos. Ação bem comum e de fácil execução, principalmente com a utilização das redes sociais, consiste em desenvolver uma estratégia de atração para uma promoção, por exemplo, e os futuros consumidores se cadastram para participar, fornecendo as informações necessárias para um futuro segundo passo. 36 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Criação de consciência: manter o público informado sobre os produtos de sua organização, marcas, pontos de venda ou distribuição e ideias. A meta de comunicação destinada à criação de consciência é de extrema importância para o lançamento de novos produtos ou marcas e também é uma estratégia recomendada para os objetivos de expansão de mercados e/ou produtos. • Formação de imagens positivas: promover na mente do público-alvo avaliações positivas sobre sua organização, marcas, pontos de venda ou distribuição e ideias. Quando uma organização consegue desenvolver uma imagem positiva, seus produtos adquirem outro significado, como prestígio, autoestima, conseguimos verificar este prestígio com maior facilidade em marcas de carro ou restaurantes, por exemplo. Um exemplo de ação comum para esta meta atualmente é a utilização de influenciadores digitais, formadores de opinião que utilizam as redes sociais para se comunicar com seu público. • Formação de relacionamentos no canal: promover a colaboração entre membros do canal, com auxílio da organização aos seus distribuidores, varejistas, representantes, vendedores, enfim, todos os envolvidos na cadeia de distribuição. Como estudado no item P (praça), o marketing, ao comunicar que um produto está disponível em um determinado ponto de venda, deve conciliar com o P (promoção), este local com montagem de displays ou realizaçãode eventos promocionais, enfim, qualquer ação que, em conjunto, contribui com o incremento do tráfego e as compras na loja. • Retenção de clientes: com a compreensão das necessidades e desejos de seus consumidores e a criação de valor para eles, as organizações possuem maior chance de os reter, evitando assim, por exemplo, ser trocados por concorrente que ofereça apenas um valor menor para os produtos comercializados. Por meio de um sistema interativo de comunicação, que inclui vendedores, redes sociais, sites, entre outros canais de comunicação, podem desempenhar um papel importante na retenção dos clientes. Neste ponto entra o que estudaremos nos próximos capítulos, que é a prática do pós-venda. Com a apresentação destas cinco metas de comunicação, fica evidente que elas não são desenvolvidas de forma isolada, como uma ação isolada e desesperada, neste sentido, temos como aprendizado: para que uma estratégia de comunicação seja eficiente, ela deve utilizar todos os recursos disponíveis, e estes caminharem em uma só direção. 37 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Todos já devem ter conhecido pessoas “falsas” que falam uma coisa e agem de outra forma, pois então, no mercado existem muitas organizações “falsas”, com discursos e ações diferentes, criando assim uma forte desconfiança por parte dos consumidores. Atividade de Estudos: 1) Nesta seção estudamos algumas metas de comunicação, e como todos nós somos consumidores, estamos expostos às ações de comunicação de outras organizações. Sendo assim, neste momento precisamos parar e identificar estas ações. Para isso, elabore um pequeno resumo (15 linhas) sobre uma marca que você tenha conhecimento (como consumidor) e explique, segundo sua interpretação, qual o objetivo de comunicação desta marca. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 38 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Branding Assim como vimos nas seções anteriores, alguns termos e conceitos são usados de forma equivocada pelo senso comum, e o branding não seria diferente. Para compreender melhor este conceito, vamos recorrer a alguns autores. A etimologia do termo branding indica sua origem na palavra brandr, do nórdico antigo brand (marca, em inglês), que significa queimar, sendo uma interpretação histórica o fato de as marcas servirem para que proprietários de gado pudessem identificar seus animais por meio de uma letra queimada na pele do animal (KELLER; MACHADO, 2006). Outra versão sobre a procedência da palavra branding é apresentada por Tavares (1998): no Egito antigo, os fabricantes de tijolos colocavam símbolos em seu produto para identificar a origem. Todos esses relatos históricos nada mais são do que a prática de diferenciar seus produtos dos demais concorrentes. O branding pode ser compreendido como a evolução de um processo de comunicação integrada, no qual ferramentas são pensadas, desenvolvidas, aplicadas e controladas visando à gestão de marcas para maior retorno dos investimentos (SCHARF, 2007). Devemos entender ainda branding como a capacidade organizacional de construir marcas; sua administração é conduzida visando seu sucesso duradouro (AKUTSU; NONAKA, 2008). O processo de criação e desenvolvimento de uma marca, para Okonkwo (2007), inicia por delinear uma estratégia e a identidade, apresentada de forma clara, para ser compreendida e internalizada na mente do consumidor, que reage desenvolvendo a sua impressão sobre a marca e determinando seu valor. Prática de diferenciar seus produtos dos demais concorrentes. O branding pode ser compreendido como a evolução de um processo de comunicação integrada, Você se lembra que falamos que marketing é promover a troca? E o que estudamos no modelo de comunicação na qual temos o emissor, o meio e o consumidor nas seções anteriores? Vale a pena uma revisada neste conteúdo, pois o branding está na união de tudo isso. 39 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Em resumo, podemos pontuar branding como um processo de criação de significado no qual os gestores devem procurar conectar o significado à cultura para a qual se direcionam as estratégias de identidade da marca. Para Varadarajan (2011), branding é considerado um recurso valioso, difícil de imitar e fonte de vantagem competitiva, juntamente com o conhecimento do mercado e todas as competência desenvolvidas pelo marketing. AAKER, David A. Construindo marcas fortes. Rio de Janeiro: Bookman, 2007. Identidade de Marca O desenvolvimento de uma estratégia de marketing não pode negligenciar a criação da identidade de marca, pois esta é fundamental para a diferenciação de bens e serviços dentro de mercados competitivos. O consumidor pode escolher entre um leque de produtos, e esta escolha parte da percepção deste consumidor dentre tudo o que é ofertado e comunicado ao mercado. Ao desenvolver sua identidade de marca, a organização comunica seus atributos por meio da criação de significado perante o mercado. A identidade de marca compreende o conjunto de atributos intangíveis (ideias, histórias, entre outros) e tangíveis (cor, produtos, embalagens, entre outros) da marca e o significado que a organização planeja comunicar aos consumidores-alvo (AAKER; JOACHIMSTHALER, 2007). Empresas sem marcas só podem se diferenciar pelas características do próprio produto, e isto se torna um perigo, pois o consumidor necessita ser especialista para fazer um correto julgamento. Podemos entender, então, que promover um planejamento da identidade de marca é fundamental para o sucesso das estratégias de marketing, pois contribui para a identificação da marca por parte do consumidor. A missão principal da identidade de marca é promover o reconhecimento desta por meio de um conjunto de elementos que distinguem uma empresa de suas concorrentes. Promover um planejamento da identidade de marca é fundamental para o sucesso das estratégias de marketing. 40 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS O restaurante que frequentamos, a marca de carro, roupas ou a música que escolhemos demonstram nossa personalidade? Somos como membros de uma sociedade e julgados por isso? Quando o consumidor elege uma marca, ele é avaliado por sua escolha, pois sua identidade é construída por meio dos signos, e qualquer marca pode ser carregada com diferentes significados. Daí a importância da identidade de marca fazer a distinção, a diferenciação das ofertas ao mercado, considerando que a personalidade de marca gera vantagem competitiva para as organizações, visto que o consumidor, muitas vezes, escolhe uma marca pela imagem que ele próprio terá com o uso dela. Evoluindo, ainda no entendimento da identidade de marca, os autores Aaker e Joachimsthaler (2007) a definem como um conjunto de associações particulares que as organizações criam e/ou mantêm em relação à marca e como uma promessa aos clientes. A identidade de marca é como uma impressão digital, diferenciando a marca na mente dos consumidores. A identidade de marca tende a influenciar a imagem da marca junto aos consumidores (pensamentos, sentimentos e sensações dos consumidores em relação à marca), por meio das ações de comunicação de marketing da organização e, consequentemente, no posicionamentoda marca percebido pelo mercado. Como a projeção efetiva pode ser diferente da projeção desejada, a organização deve considerar o posicionamento da marca quando da construção da identidade de marca e ambos, posicionamento e identidade, podem ser utilizados como driver das estratégias de marketing da organização (SCHARF; SARQUIS; KRAUSE, 2015, p. 498). Para Tavares (1998), o significado da marca na mente do consumidor é resultado dos esforços de pesquisa, inovação, comunicação, que, ao longo do tempo, vão sendo reunidos ao processo de comunicação. Isso quer dizer que a criação e a manutenção de uma marca constituem um procedimento complexo e este não pode ficar restrito somente a designers, artistas gráficos e agências de publicidade, como normalmente se observa em algumas organizações. Lembra o que estudamos sobre o marketing mix? Para Nandan (2005), a estratégia de marketing mix desempenha um papel importante no estabelecimento de uma identidade de marca, destacando-se, nesse processo, os 4 Ps (produto, promoção, preço e praça). A personalidade de marca gera vantagem competitiva para as organizações. A identidade de marca é como uma impressão digital, diferenciando a marca na mente dos consumidores. 41 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Por exemplo, os atributos tangíveis que compõem o produto enviarão uma mensagem ao consumidor sobre os vários recursos da marca. As bolsas de ar duplas e o sistema de travagem antibloqueio instalado em determinada marca de automóveis comunicam aos potenciais compradores os benefícios de segurança inerentes à compra do carro. O ambiente de armazém do Sam's Club e a ênfase no autoatendimento são sinais para o consumidor de que a empresa compete com base em baixo custo (NANDAN, 2005, p. 265, tradução nossa). Aprofundando nosso estudo, Kapferer (1991) nos apresenta o prisma de identidade da marca, conforme figura a seguir, com seis dimensões, por meio das quais uma marca adquire sua identidade. Toda marca possui características objetivas, físicas e subjetivas, sua personalidade; ela se desenvolve em um contexto cultural que lhe dá substância e força na sua convivência com os consumidores, desenvolvendo assim a relação. Ademais, as marcas são percebidas de uma forma particular pelos consumidores, seu reflexo na mente destes, gerando neles sentimentos internos específicos, mentalização. Segundo o autor, as influências dessas seis dimensões definem a identidade de marca. Figura 6 – Prisma de identidade da marca Fonte: Kapferer (1991, p. 40). 42 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Você se lembra do que estudamos na seção anterior sobre elementos do processo de comunicação? EMISSOR – MENSAGEM – RECEPTOR. Agora vamos ampliar este conhecimento pela proposta do autor Kapferer sobre a identidade de marca, na qual a dimensão EMISSOR representa a necessidade da marca de ser vista como uma pessoa (físico e personalidade) e como o seu utilizador típico (reflexo e mentalização). Para o autor, o processo de identidade de marca tem a necessidade se ser desenvolvido com a observação destas questões. Já a dimensão exteriorização/interiorização representa os aspectos sociais da marca, que definem sua expressão externa (físico, relação e reflexo) e aspectos que são incorporados na própria marca (personalidade, cultura e mentalização). Imagem de Marca A imagem da marca diz respeito à maneira pela qual o consumidor decodifica o conjunto de símbolos declarados pela organização (identidade da marca), alinhados com o bem ou serviço, por meio da comunicação emitida pela marca. As observações de Kapferer (2003) indicam que a imagem é um conceito de recepção, enquanto a identidade é um conceito de emissão, conforme ilustrado na figura a seguir. Figura 7 – Identidade, meio e imagem Fonte: Kapferer (2003, p. 87). 43 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Esta imagem ilustra o que estudamos até aqui sobre a comunicação e como seu fluxo vai da organização até o consumidor, podemos então pontuar que o valor da marca é, por sua natureza, a declaração do significado, por parte da empresa, ao consumidor. Para o sucesso das organizações é necessário ter uma autoimagem clara e objetiva da identidade da marca, como pré-requisito para influenciar o conjunto desejado de reconhecimento da marca, o valor percebido e a imagem de marca (MAHARAJ; COWDEN; KARODIA, 2015). Como exemplo, Kapferer (2003) toma a marca Lacoste como exemplo para explicar que ela é mais do que o símbolo do crocodilo e do nome: é o significado que esses dois elementos adquiriram desde 1933 entre a população abastada em todo o mundo. Valor da marca é, por sua natureza, a declaração do significado, por parte da empresa, ao consumidor. Estratégias de Marca Para o desenvolvimento de uma marca a pesquisa é fundamental para embasar esta atividade. Identificar características e elementos que possam ser utilizados na criação de uma marca é fundamental. Além do desenvolvimento da marca por meio do seu símbolo, seu nome e/ ou elemento gráfico, os gestores de marketing ainda podem utilizar a marca de forma estratégica para a criação de valor para o mercado. A seguir, alguns pontos estratégicos de marca apontados por Aaker (2007) e Kotler e Keller (2012): Quadro 4 – Estratégias de marcas Extensão de marca Utilização de uma marca já estabelecida no mercado para o lançamento de novos produtos ou outra marca, submarca. Exemplo, Coca-Cola lança uma linha de roupas. Marca mãe: marca original que originou outra marca ou produto. Marca de família: marca que já é associada a vários produtos ou submarcas. Vantagens: menor custo de investimento, pois a marca já é reconhecida. Desvantagens: descaracterização da marca ou caso algum produto apresente problema, afeta o julgamento dos demais produtos. 44 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Extensão de linha Estratégia bem comum na qual itens são adicionados na mesma categoria de produto e marca, como exemplo podemos citar novos sabores, quantidade, entre outras configurações. Vantagens: aumento do mix de produtos, atingindo um leque maior de consumidores a baixo custo. Desvantagens: um leque muito grande de produtos pode descaracterizar a marca, caso esta tenha uma identidade forte ligada ao produto. Ex.; Marca de cerveja lançar bebida para crianças. Multimarcas Marcas adicionais à mesma categoria de produtos, estratégia utilizada para desenvolver percepção diferente do consumidor. Exemplo: uma organização possui a marca de roupas A vendidas com uma estratégia de preço maior e a marca B vendida com uma precificação com margem de lucro menor. Vantagens: maior atuação no mercado, a organização atinge diferentes segmentos. Desvantagens: cada marca requer investimentos e estratégias diferenciadas. Novas marcas Organização decide lançar novo produto com marca diferente, gerando maior custo, porém, caso o produto apresente rejeição ao mercado, ele não interfere na percepção da marca principal. Vantagens: estratégia desenvolvida de forma independente. Desvantagens: maior custo para lançamento e comunicação da nova marca. Marcas combinadas ou Co-branding Junção de duas ou mais marcas diferentes, ação crescente no mercado atualmente, esta estratégia objetiva aproximar os públicos similares que, de outra forma, seriam atingidos com maior esforço. Como exemplos temos a Nike com a Apple, Adidas com Farm. Vantagens: menor custo para aproximação com novos consumidores e ampliação da imagem. Desvantagens: risco de conflito da imagem. Fonte: O autor. Como podemos verificar, em todo o processo de marketing a estratégia é fundamental, e para o branding não podia ser diferente, escolher a estratégia ideal para sua organização irá fazer a diferença no seu sucesso. 45 Conceitos de Marketing Capítulo 1 Algumas Considerações Ao final deste capítulo identificamos os principais conceitosdo marketing e suas estratégias, este conhecimento inicial nos permite compreender os conceitos centrais e identificar as características do composto de marketing e suas implicações em organizações de pequeno porte. Até aqui você já adquiriu o conhecimento necessário para compreender as ferramentas de marketing em seu trabalho e organização, assim como desenvolver a comunicação de marca de forma mais efetiva, criando assim vantagens competitivas sustentáveis em sua organização. Lembre-se de que para motivar a troca entre sua organização e o consumidor, este último necessita perceber que os benefícios dos produtos compensem o preço cobrado, portanto marketing é identificar e promover produtos com uma proposta de valor de acordo com a demanda de mercado a um preço justo segundo o julgamento dos consumidores. No próximo capítulo vamos desenvolver os estudos quanto às estratégias de marketing e a pesquisa como fonte base para o desenvolvimento desta, complementando assim este primeiro capítulo e permitindo que você aplique este conhecimento em seu dia a dia. Referências AAKER, D. A. Como construir marcas fortes. Porto Alegre: Bookman, 2007. AAKER, D. A.; JOACHIMSTHALER, E. Como construir marcas líderes. Porto Alegre: Bookman, 2007. AKUTSU, S.; NONAKA, I. Capacidades de branding: um olhar sobre a capacidade da Sony na criação do conhecimento da marca. In: IKUJIRO, H.; NONAKA, T. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. DIAS, S. R.; MACHLINE, C. 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AMS Review, v. 1, n. 1, p. 32-43, 2011. 48 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS CAPÍTULO 2 Pesquisa e Estratégia de Marketing A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Compreender o processo de marketing como estratégia válida para mercados competitivos. � Conhecer estratégias e métodos de pesquisa de marketing. � Aplicar as ferramentas de estratégicas de marketing na gestão organizacional de pequenas empresas. � Analisar os papéis a serem assumidos pelos gestores em relação às atividades estratégicas de marketing. 50 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS 51 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Contextualização Iniciamos agora o nosso segundo capítulo com o objetivo de conhecer o processo de planejamento estratégico de marketing. Até este momento já temos como conhecimento o marketing e suas definições, assim como conhecemos o mix de marketing na proposta dos 4Ps e branding. Como você irá perceber, estes dois pontos fazem ligação direta com a estratégia de marketing, o primeiro com sua conceituação e direcionamento; e o segundo como um elemento importantíssimo para o planejamento estratégico das organizações. Neste capitulo, vamos conhecer algumas ferramentas de análise de mercado, aprender como desenvolver a pesquisa de marketing e como aplicar tais conhecimentos para o desenvolvimento das estratégias de marketing de nossas organizações. Fique atento, pois este capítulo é o centro de todo o processo de gestão de marketing das organizações, tudo o que aprenderemos converge para esta etapa que centraliza e organiza de forma sistemática os diversos conhecimentos adquiridos. Segmentação de Mercado Como é de nosso conhecimento, atualmente, o marketing se baseia em olhar para o mercado, principalmente para o consumidor, no entanto o mercado é muito amplo e seria uma tarefa impossível atendê-lo em sua totalidade. Diante deste desafio, portanto, surge a necessidade de fragmentar este mercado em segmentos que possam ser atendidos de forma mais assertiva. De modo geral, os mercados estão ficando cada vez menores, não em quantidade de consumidores, mas em variedade. Ao pensar no mercado de atuação, parece tarefa fácil identificar quem são nossos clientes, porém a realidade é uma tarefa complexa. O primeiro desafio é encontrar um grupo de consumidores com necessidades homogêneas que possua uma necessidade ou desejo não atendido de forma satisfatória pelo mercado atual, e como segundo desafio este grupo de consumidores precisa ser grande para gerar demanda suficiente para manter a organização ativa. 52 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS O que é segmentação de mercado? Segmentação de mercado, para Churchill e Peter (2000), é dividir um mercado em grupos de compradores menores que possuam necessidades e desejos semelhantes, assim como sua percepção dos valores ou comportamentos de compra. Dentro de um contexto estratégico, segmentação é a identificação de grupos de clientes que respondem diferentemente de outros grupos às ofertas competitivas. A segmentação é definida como a divisão de um mercado em subconjuntos distintos de clientes com necessidades e desejos semelhantes, cada qual podendo ser alcançada por meio de um mix de marketing diferente (MOWEN; MINOR, 2003). Para podermos identificar corretamente um segmento de mercado, precisamos compreender os seguintes requisitos: • Identificável: apresentam características distintas na qual a organização consegue diferenciar seus desejos e necessidades dos demais segmentos. • Mensurável: as organizações devem ser capazes de medir seu tamanho, poder de compra, volume de compra, enfim, todas as informações necessárias para mensurar a demanda pelo produto oferecido pela organização. • Substanciaisou rentáveis: o segmento deve ser lucrativo para a organização ao analisar os dados do segmento versus seus custos. • Acessível: o segmento deve ser de fácil acesso, desde a comunicação até a disponibilidade e acesso ao produto. • Estável: o segmento deve apresentar estabilidade, não sendo uma necessidade momentânea ou uma evolução mais rápida do que a organização consegue atender. Caso algum segmento de mercado não atenda a algum destes requisitos de forma clara e confiável, a decisão de desenvolver uma organização que destine seus esforços para este mercado se torna arriscada. O trabalho de identificação de um segmento viável é fundamental, pois imagine vender algo para você do qual não precise. Não importa como o composto de marketing ou o próprio branding esteja desenvolvido, se o consumidor simplesmente não precisa do produto todo o esforço será em vão. 53 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Neste momento você deve estar pensando que existem organizações que atendem a mais de um segmento, será que elas estão erradas? Não, claro que não, vamos analisar, por exemplo, a marca de automóveis FIAT, ela produz carros para vários segmentos. Em seu planejamento estratégico há uma identificação destes segmentos e desenvolvimento do composto de marketing para cada um deles. Esta tarefa não é fácil porque a empresa sabe que não pode atender somente a um dos segmentos de compra de automotivos, pois corre o risco de não ter consumidores suficiente para manter financeiramente a marca. Já outras marcas de carro optam por atender somente aos segmentos mais luxuosos, como a marca Ferrari, por exemplo. O ponto principal por trás de uma estratégia de segmentação bem-sucedida é que, dentro de um mercado reduzido, é possível criar uma posição dominante que os concorrentes não irão querer ou poder concorrer (AAKER, 2007). Segmentar o mercado traz vantagens quanto à concorrência, mas sabemos que seu investimento é maior e a quantidade de clientes menor, porém, a organização será especializada neste público, sofrendo assim menor interferência das organizações concorrentes. Conforme Churchill e Peter (2000), Las Casas (2006) e Kotler e Keller (2012), a segmentação de mercado pode ser realizada das seguintes formas: a) Segmentação geográfica Utiliza divisão em unidades geográficas para diferenciar o mercado, como países, estados, regiões, cidades ou bairros, e esta forma de segmentação divide um mercado global em grupos menores que têm em comum sua característica geográfica. As organizações, dependendo de seu porte, optam por atuar em diferentes mercados geográficos, porém exigem maior esforço em todos os 4Ps do composto de marketing. Poucas organizações utilizam somente esta forma de segmentação isoladamente, o mais comum são organizações que atendem a mercados segmentados geograficamente e outras formas, conforme apresentado a seguir. b) Segmentação demográfica A forma de segmentação mais popular consiste em dividir o mercado demograficamente e isso quer dizer dividi-lo por idade, gênero, renda social entre outros fatores. Observe que esta divisão fica mais clara em determinados segmentos, por exemplo, o vestuário é facilmente encontrado segmentado por idade e por gênero. 54 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS A grande vantagem desta forma de segmentação é que se torna mais fácil identificar as necessidades e desejos, pois estes variam conforme se observa os diferentes consumidores. c) Segmentação psicográfica / comportamental Segmentar o mercado com base no estilo de vida, personalidade e valores do consumidor, atualmente, parece ser a prática mais assertiva da maioria das organizações. Esta forma de segmentação observa a personalidade, as atitudes e as percepções dos consumidores para desenvolver a segmentação, parece ser uma segmentação mais subjetiva, porém, com a fragmentação do consumidor (a estudaremos no próximo capítulo), esta estratégia torna-se mais interessante, principalmente para organizações que desenvolvem produtos como vestuário, alimentação ou outros que possam fazer parte da própria identidade do consumidor. Esta forma de segmentação exige e produz uma descrição rica em detalhes sobre o mercado-alvo servido de embasamento para todos os 4Ps, pois permite que os profissionais de marketing compreendam o comportamento do consumidor e desenvolvam estratégias direcionadas. Para esta forma de segmentação são observadas as variáveis de hábitos de compra, influência na compra e sua intenção (LAS CASAS, 2006). d) Segmentação por multiatributos É comum as organizações utilizarem diferentes dados para segmentar um mercado. Este tipo de segmentação inicia com a separação por grupos geográficos com informações mais ricas para criação do perfil das pessoas destas localidades e depois buscam informações socioeconômicas e comportamentais destes consumidores. Todas essas formas de segmentação apresentadas demostram uma riqueza de possibilidades e formas de observação do mercado com o objetivo de melhor compreender suas necessidades e desejos, permitindo assim que as organizações desenvolvam suas estratégias de marketing com maior eficiência. Mercado Competitivo Em um ambiente competitivo no qual as barreiras comerciais são facilmente ultrapassadas, em que o consumidor está gradativamente fragmentado com diferentes desejos e necessidades, faz-se necessário manter-se ativo e em constante evolução. Você já deve ter visto grandes ou pequenas empresas 55 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 que possuíam negócios lucrativos fecharem as portas. Isso assusta qualquer empreendedor, porém quando analisamos o problema e realizamos um diagnóstico, percebemos que alguns dos motivos da falência destas organizações foi a não adaptação/evolução no mercado. Uma ação muito importante para o desenvolvimento e sustentabilidade das organizações em um mercado competitivo é o monitoramento do macroambiente ou análise externa. Tal análise objetiva estudar a relação das organizações com seu ambiente político, econômico, social (incluindo legal e cultural) e tecnológico. Estes ambientes formam o acrônimo PEST. Hooley (2006) lista alguns pontos sobre o momento político e econômico que a organização pode passar: • Tributação e política fiscal. • Índice de crescimento econômico. • Emprego e desemprego. • Taxa de juros, confiança do consumidor e das empresas. • Governos nacionais e transnacionais. • Internacionalização e globalização. • Comércio regional e áreas de comércio. Ainda, segundo Hooley (2006), o ambiente social e cultural pode apresentar mudanças que afetam as organizações, como: • Pluralidade religiosa. • Mudanças demográficas. • Sociedade multiétnica. • O mercado dos jovens. • Mudanças nos estilos e nos padrões de vida. • O mercado dos cabelos brancos (3ª idade). Todos estes pontos afetam as organizações direta e indiretamente, e Hooley (2006) ainda alerta sobre as mudanças tecnológicas, estas indiscutivelmente trazem um enorme desafio às organizações, necessitando de constante investimento e alinhamento com o mercado visto que elas são aceleradoras do desenvolvimento e inovação. HOOLEY, Graham J. Estratégia de marketing e posicionamento competitivo. 3. ed. São Paulo, SP: Pearson Prentice Hall, 2006. 56 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Ao avançarmos no estudo sobre o ambiente competitivo, devemos destacar o que é conhecido como as cinco forças de Porter, desenvolvidas pelo professor Michael Porter em 1980. As cinco forças de Porter (1986) trazem um conjunto de fatores que influenciam diretamente na criação, manutenção ou crescimento das organizações, independentemente de seu tamanho e são pontos indiscutivelmente importantes a serem observados pelos gestores de marketing, assim como os demais membros que possuam atribuições de decisões estratégicas. Esta metodologia aponta que as empresas necessitam encontrar umposicionamento no setor que atuam, que permita reagir às forças de mercado que estão ao seu redor. a) Rivalidade entre os concorrentes A concorrência gera uma maior competitividade e uma corrida para manter ou aumentar a fatia/participação de mercado. Tudo se agrava quando as organizações praticam preços e qualidades similares em seus produtos. É preciso saber quem são seus atuais concorrentes diretos e quem poderia ser seu concorrente no futuro. Contudo, atenção! É preciso ter o discernimento de que nem todas as organizações que vendem produtos similares concorrem diretamente com o seu negócio. Neste sentido, podemos utilizar como exemplo as lojas de roupas, pois elas são normalmente criadas para os mais diferentes segmentos. Diante disso você precisa entender alguns pontos: • Quem são os seus concorrentes diretos? (Aqueles que comercializam produtos similares para o mesmo segmento de mercado). • Como estes concorrentes podem se agrupar? (Empresas concorrentes podem unir forças para negociar com fornecedores). • Como está a lembrança, respeito e engajamento da sua marca no mercado? (Observar a receptividade de sua marca no mercado). • Quais são as vantagens competitivas dos concorrentes? (O que eles têm de melhor: preço? Localização? Lucratividade? Ente outros). b) Pressão de produtos substitutos Esta força aponta a preocupação com produtos que possam substituir o produto oferecido pela organização, principalmente quando o substituto possui maior tecnologia e/ou custo/benefício. Um erro comum em algumas organizações é acreditar que um produto que vende bem ficará assim por muito tempo e se esse produto for inovador será imune à concorrência. Em um ambiente em que 57 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 a inovação está na veia da maioria dos empreendedores, problemas que hoje possuem uma solução vinda de produtos oferecidos no mercado, amanhã podem ter outras soluções. Livros, filmes, aplicativos, comidas, entre outros são exemplos de produtos que podem ser substituídos. Quando paramos para pensar, podemos perceber como o mercado evolui, modifica-se e, com isso, novas necessidades surgem e outras desaparecem. c) Poder de barganha dos compradores Quando uma organização possui poucos clientes e/ou eles compram em maior volume, costumam exercer certa pressão sobre a organização ao exigir preço, atenção, prazos, enfim, pressionam a organização para que ela ofereça o melhor valor a baixo preço. Você já deve ter ouvido aquele ditado que diz que não é bom depositar todas as maçãs em um mesmo cesto. Além do apontado anteriormente, as organizações enfrentam, hoje, as pressões vindas dos consumidores nas redes sociais, que deram voz aos clientes para evidenciarem certos problemas, principalmente mal atendimento, provocando reações nas organizações a respeito de tais demandas. Além disso, nos noticiários, podemos observar muitos casos sérios sobre discriminação, que sempre geram uma enorme repercussão negativa e afetam diretamente a imagem da organização. d) Poder de barganha dos fornecedores Da mesma forma que a força anterior, neste caso, os fornecedores também exercem pressão sobre a organização, e seus poderes podem ser: grau de concentração, especificidade do produto, número de clientes, possibilidade de integração futura, entre outros fatores que criam um maior poder na negociação para os fornecedores. Na prática, se a organização possui como fragilidade a limitação de fornecedores, você está sujeito às decisões deles, como preço, qualidade ou até a descontinuidade do produto que é essencial para sua organização. Recentemente você deve se lembrar das notícias das empresas que tiverem que fechar as portas, pois tinham como único cliente a Petrobras. As organizações precisam entender que fornecedores são e sempre serão um elemento estratégico que deve ser administrado da melhor forma possível e as limitações apontadas, assim como outras que surgirão, devem ser tratadas e remediadas para que se evite mais surpresas desagradáveis. As organizações precisam entender que fornecedores são e sempre serão um elemento estratégico 58 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS e) Ameaça de novos concorrentes Quando uma organização faz sucesso, outros empreendedores tentam copiar o seu modelo de negócio e ações devem ser tomadas. A última força apontada por Porter (1986) traz a ameaça de novos concorrentes que, segundo o autor, são algumas barreiras que dificultam sua entrada, como: • Economia de escala (quantidade de produtos). • Diferenciação do produto (alguma tecnologia patenteada). • Exigências de capital (custo alto de maquinário para produção). • Acesso aos canais de distribuição. Esta questão pode parecer difícil de ser observada por empresas de pequeno porte, porém é necessário ter em mente que isto poderá ser um futuro problema, dessa forma, é possível desenvolver barreiras. Por exemplo, em um pequeno negócio local, o atendimento e atenção aos clientes podem ser uma barreira para possíveis concorrentes, pois clientes satisfeitos dificilmente trocam de fornecedor. Como observado, as cinco forças de Porter têm uma apresentação lógica e simples, porém requerem uma visão de negócios aprofundada e muitos gestores ignoram estas questões tornando assim sua organização vulnerável. Tipos de Pesquisa de Mercado A pesquisa deveria ser algo corriqueiro na vida de qualquer empreendedor, tudo que vimos até aqui são pontos, teorias e métodos que devem ser observados pelos gestores, e tudo isso leva a perguntas, que são o pontapé inicial para a pesquisa. Afinal, o que é pesquisa de marketing? Segundo a American Marketing Association (AMA – Associação Americana de Marketing), a pesquisa de marketing pode ser entendida como a função que conecta o consumidor, o cliente e o público ao profissional de marketing por meio das informações – informações estas usadas para identificar e definir oportunidades e problemas de marketing, gerar, refinar e avaliar ações de marketing, monitorar o desempenho destas ações e melhorar a compreensão do marketing como processo. Para Malhotra (2012), a pesquisa de mercado compreende a identificação, coleta, análise, disseminação e uso de informações de forma sistemática e objetiva para auxiliar a tomada de decisões relacionada à identificação, solução de problemas e oportunidades de marketing. A pesquisa de marketing pode ser entendida como a função que conecta o consumidor, o cliente e o público ao profissional de marketing por meio das informações 59 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Interessante, não? Vamos avançar. Diversos autores apresentam formas de pesquisa diferentes, porém existem três tipos de pesquisa principais e mais utilizadas. Elas possuem características distintas, conforme quadro a seguir: Quadro 5 – Tipos de pesquisa Pesquisa exploratória Como o nome sugere, a pesquisa exploratória procura explorar um problema ou uma situação para promover ao pesquisador maior conhecimento do tema. Para Malhotra (2012), o principal objetivo é possibilitar o entendimento do problema enfrentado pelo pesquisador. Este tipo de pesquisa faz uso de uma enorme gama de métodos, assim como fontes secundárias de pesquisa. Pesquisa descritiva Observa a realidade sem nenhuma interferência do pesquisador, com procedimentos formais, normalmente com amostras grandes, objetiva descrever, interpretar e/ou classificar os fenômenos ou características de uma população. Diferente da pesquisa exploratória, na pesquisa descritiva o pesquisador precisa saber exatamente o que deseja medir, quando, onde e como o fará. Para Vieira (2002), os estudos mais utilizados nesse tipo de pesquisa são: o longitudinal (coleta de informações ao longo do tempo) e o transversal (coleta de informações apenas uma vez). Pesquisa experimental Pode haver manipulação intencional de alguns aspectos por parte do pesquisador(VIEIRA, 2002), pois tem como característica a identificação de evidência de causa e efeito. Esta pesquisa apresenta a manipulação de uma variável, enquanto a outra permanece igual para medição dos resultados (MALHOTRA, 2012). Diferente das demais, a pesquisa experimental é desenvolvida por meio de simulação, vivências, também com o controle das possíveis consequências e apresentando resultados dificilmente obtidos pelas pesquisas exploratórias ou descritivas. Fonte: O autor. Segundo Malhorta (2012), normalmente uma pesquisa é iniciada pela definição das informações necessárias – o problema –, além disso, o autor aponta a pesquisa de marketing como possuidora de duas classificações de objetivos. Um grupo concentra as pesquisas responsáveis pela identificação e o outro concentra pesquisas responsáveis pela solução dos problemas conforme a figura a seguir. Estas duas classificações trazem os pontos já estudados e servem como um direcionamento para as estratégias de marketing. 60 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Levitt, na década de 1960, em seu artigo Miopia em marketing, diz que a visão limitada de alguns administradores é o que limita o mercado, que não se deve dar foco principal aos bens e serviços, mas sim às exigências do mercado, às necessidades de seus clientes. Disponível em: <http://www.eniopadilha.com.br/documentos/levit_1960_miopia%20 em%20marketing.pdf> Acesso em: 27 mar. 2018. Figura 8 – Grupos de pesquisa Fonte: Malhotra (2012, p. 46). Você se lembra do que estudamos no primeiro capítulo? De que o marketing tem como foco a satisfação das necessidades e desejos dos consumidores? A pesquisa se torna a principal ferramenta para isso, partindo do princípio de que precisamos primeiro identificar e compreender para depois desenvolver uma estratégia assertiva. 61 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 A conceituação de marketing converge à ideia central de compreensão do mercado (pesquisa constante) e a evolução dos bens e serviços ofertados com o objetivo de troca. As pesquisas são utilizadas como base para o processo de informação e decisão, sendo extremamente importantes para o desenvolvimento das estratégias de marketing, para isso, precisamos conhecer os principais objetivos de pesquisa. a) Pesquisa de potencial de mercado Tem como objetivo a identificação das preferências, hábitos e costumes, assim como o perfil socioeconômico, imagem de marca, tendências de negócios, intenções do perfil de compra, previsão de demanda e potencial de mercado e análise de participação de mercado, entre outras características que servem para identificar e gerar pontos a serem explorados pela estratégia. b) Pesquisa de produto Este tipo de pesquisa tem como objetivo identificar os diferenciais competitivos entre produtos de organizações concorrentes, aceitação do mercado para lançamento de novos produtos, ou modificações nos já existentes. Podemos incluir aqui os testes de produtos, valor percebido pelo consumidor e sua opinião sobre as características, como cores, tamanhos, embalagens, entre outras que podem servir como um diferencial e auxiliar no P de produto, conforme estudamos nas seções anteriores. c) Pesquisa de distribuição Ferramenta que auxilia no P de praça do composto de marketing. Este tipo de pesquisa objetiva identificar os melhores canais e formas de distribuição para levar o produto de forma mais assertiva ao consumidor. Por meio desta pesquisa podemos identificar oportunidades de melhorias, assim como detectar conflitos e a avaliação da concorrência dentro dos canais de distribuição. 62 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Você se lembra do técnico da seleção de vôlei Bernardinho? Ele é reconhecido pelo seu excelente trabalho e conseguiu colocar a seleção de vôlei no pódio inúmeras vezes. Agora, será que este sucesso se deu apenas pela sua opinião/achismo? Ele e sua equipe desenvolveram inúmeras pesquisas com os jogadores e equipes adversárias, permitindo assim desenvolver estratégias e obter sucesso. Nas organizações não poderia ser diferente. d) Pesquisa de comunicação Diante de um cenário midiático em constante modificação, a pesquisa de comunicação tem como objetivo avaliar e compreender as ações de comunicação junto ao consumidor, verificar se as metas das ações de comunicação estão surtindo efeito e se a mensagem emitida pela organização está sendo entendida de forma correta pelo mercado. e) Pesquisa de análise de vendas Esta modalidade de pesquisa tem como objetivo identificar e avaliar a estrutura de venda da organização, observando a atuação da equipe de venda/ comercial, sua atuação geográfica (praça), forma de remuneração e precificação dos produtos, assim como a previsão de vendas. Para o desenvolvimento das pesquisas, a equipe pode ter auxílio de dados secundários como provenientes do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), enfim, qualquer dado de fonte confiável pode ser utilizado como base para as estratégias. Todos os tipos de pesquisa aqui apresentados servem para que possamos compreender e entender como esta prática se torna indispensável. No texto destacado a seguir, temos alguns exemplos de como a pesquisa é utilizada pelo marketing. 63 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 A PESQUISA DE MARKETING A pesquisa de marketing consiste em projetos formais que visam à obtenção de dados de forma empírica, sistemática e objetiva para a solução de problemas ou oportunidades específicas relacionadas ao marketing de produtos e serviços. O campo de atuação da pesquisa de marketing é amplo. Observe as seguintes situações: A confecção Century, fabricante de camisas masculinas, deseja saber qual é a faixa etária e a classe social de seus consumidores. A indústria de bichos de pelúcia Puffy quer identificar no mercado quais são seus principais concorrentes diretos, aqueles que têm produtos e preços similares. A fábrica de patês ZIG deseja informações sobre a aceitação dos consumidores de um novo sabor de patê. A PROAR, empresa especializada na manutenção de equipamentos de ar-condicionado, quer avaliar a satisfação em relação aos serviços prestados a seus clientes. O fabricante de margarinas Paladar deseja identificar, com seus consumidores, qual tipo de promoção de vendas e que tipo de prêmios têm maior receptividade entre as donas de casa. A indústria de alimentos JPF quer conhecer os principais motivos de consumo de produtos congelados junto ao público feminino de 25 a 30 anos. O fabricante de cervejas BEY quer saber qual é sua participação de mercado e a de seus principais concorrentes no segmento de padarias na cidade de São Paulo. 64 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS A fábrica de biscoitos REC quer identificar a melhor política de remuneração para sua equipe de vendas. O fast-food de sanduíches BigPão quer conhecer a opinião dos profissionais da área de saúde e nutrição a respeito de seus produtos. A empresa HSS, fabricante de produtos químicos, quer saber qual é sua imagem perante a comunidade onde mantém unidades fabris. A agência de propaganda Publican deseja saber a opinião dos consumidores de achocolatados, na faixa etária de 12 a 14 anos, a respeito da campanha publicitária e das embalagens desenvolvidas para o produto. Uma empresa fabricante de detergentes líquidos quer verificar a aceitação dos consumidores após uma alteração de quantidade na embalagem do produto. Fonte: Samara e Barros (2007, p. 7). Métodos de Pesquisa Conforme foi observado, existem vários tipos e objetivos de pesquisa de marketing, cada um com características diferentes, porém, todos os tipos de pesquisa possuem dois métodos que implicam em procedimentos de coleta e análise de dados de forma distinta. Estes dois métodos sãoapresentados no quadro a seguir. Quadro 6 – Método qualitativo e quantitativo Quantita- tivo Fornece resposta QUANTO? Objetivo Mensurar os dados e generalizar os resultados da amostra para a população de interesse. Amostra Grande número de casos representativos. Coleta de dados Estruturada. Análise dos dados Estatística. Resultados Recomendação de uma linha de ação final. Característica Entrevista grande número de respondentes (grandes amostras) para obter precisão em pequeno volume de informações. Principais técnicas Entrevistas pessoais. Entrevistas on-line (internet, telefone etc.). 65 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Qualitativo Fornece resposta para os PORQUÊS? Objetivo Compreender as razões e motivações do fenômeno a ser estudado. Amostra Pequeno número de casos não representativos. Coleta de dados Não estruturada. Análise dos dados Não estatística. Resultados Desenvolvimento de uma compreensão inicial. Característica Pequeno número de respondentes, porém elevado volume e alta profundidade das informações. Estudo de pequenos grupos selecionados que podem rep- resentar o comportamento da população. Principais técnicas Discussões de Grupo (DGs ou focus group). Entrevistas individuais em profundidade. Cliente oculto. Pesquisas netnográficas. Fonte: Adaptado de Malhotra (2012). a) Pesquisa quantitativa – método Como observado no quadro anterior, fica claro que a pesquisa quantitativa procura medir de forma objetiva, em números, os pontos desconhecidos que precisam ser investigados. Este método responde principalmente à questão – QUANTO? –, partindo dessa informação fica evidente que precisamos utilizar cálculos estatísticos para a elaboração da amostra, sendo que a análise é desenvolvida por meio de médias, porcentagens, desvio padrão, entre outros cálculos que servem para compreender estatisticamente o fenômeno estudado. Para o desenvolvimento da pesquisa quantitativa, algumas etapas são apontadas: • Definição dos objetivos da pesquisa. • Definição da metodologia, tipo de questionário presencial, on-line etc. (esta sempre será definida em resposta ao objetivo). • Definição da amostra. • Definição dos prazos e custos. • Elaboração do questionário (piloto) com as perguntas que podem trazer um direcionamento à equipe de marketing. • Pré-teste (é extremamente importante desenvolver o pré-teste do questionário, em uma pequena amostra, problemas com dificuldade no entendimento das perguntas ou respostas que não trazem uma informação coerente podem ser corrigidos.). • Instrução e treinamento dos entrevistadores. • Aplicação do questionário. 66 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Validação (recomenda-se que 25% dos questionários aplicados por cada entrevistador seja checado com o próprio respondente para validação das respostas com os respondentes). • Crítica (verificação se todos os questionários foram preenchidos de forma correta). • Tabulação (transferir as informações para um arquivo, normalmente em planilha eletrônica com as questões e as respostas). • Análise (com a utilização de software específico, como Microsoft Excel ou SPSS são gerados os cálculos estatísticos). • Relatório final. b) Pesquisa qualitativa – método Tem como viés o entendimento da atitude, opinião, percepção das pessoas, entre outros pontos subjetivos do objeto de estudo. Aplicado de forma aprofundada, o método qualitativo, como vimos, trabalha com um número muito reduzido de entrevistas, porém, elas possuem uma maior atenção por parte da equipe de pesquisa. Por meio de uma análise interpretativa das informações colhidas, tenta-se alcançar o universo cognitivo do entrevistado, o que está na mente do consumidor. Cognição: é a crença, o conhecimento, a opinião ou a convicção sobre meio ambiente, sobre nós próprios ou sobre nosso comportamento. Para o desenvolvimento da pesquisa qualitativa devemos utilizar as seguintes etapas. • Definição dos objetivos a serem estudados. • Definição da metodologia, cliente oculto, grupo de discussão, entrevista em profundidade, entre outros (esta etapa sempre será definida em resposta ao objetivo). • Definição da amostra (sujeitos a serem entrevistados). • Definição dos prazos e custos. • Elaboração do roteiro de entrevistas ou formulário de avaliação. • Recrutamento e treinamento da equipe. • Realização da pesquisa. 67 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Uma loja de departamento colocou na saída de sua loja um totem com a pergunta, “você está satisfeito?”. As opções de respostas foram SIM ou NÃO. Supomos que “NÃO” representou 60% das respostas. O que os gestores desta organização devem melhorar? O preço? O atendimento? A iluminação? A variedade? Enfim, pergunta errada. • Transcrição das falas (as entrevistas devem ser filmadas ou gravadas, visto que no momento da entrevista o mediador deve ter sua atenção direcionada ao entrevistado, sendo que as respostas devem fluir naturalmente e anotações manuais consomem muita atenção e tempo). • Análise dos dados. • Entrega do relatório final. A realização de uma pesquisa parece fácil, no entanto, é sempre recomendado que a organização tenha um profissional experiente para auxiliar nesta tarefa, pois perguntas elaboradas de forma errada obtêm respostas sem valor para a organização. Alguns pontos da pesquisa precisam ser aprofundamos para compreendermos esta ferramenta tão importante. • Grupos de discussão ou focus group Técnica de pesquisa qualitativa que reúne grupos de oito a dez pessoas que discutem sobre um determinado tema, foco da pesquisa. Esta discussão é desenvolvida por um mediador e tem um roteiro prévio de pontos a serem abordados e o mediador direciona a discussão. Este método tem o objetivo de identificar a opinião sobre o tema proposto como produtos, hábitos de compra ou uso, por exemplo. • Cliente oculto Técnica indicada para identificação de melhoria no processo de venda. Este tipo de pesquisa gera informações sobre sua empresa e as empresas concorrentes, podendo ser desenvolvido um relatório comparativo. Seu processo é simples. Vejamos! Com um roteiro em mãos o pesquisador, de forma oculta, se passa por cliente e analisa diversos fatores, como: atendimento, disposição dos produtos nas lojas, serviços oferecidos, entre outros aspectos. 68 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Teste clínico (experimentação ou degustação) Este tipo de pesquisa consiste em desenvolver com o consumidor uma entrevista após ele ter experimentado e/ou degustado um produto ou serviço e tem como objetivo avaliar a reação imediata do consumidor. Esse tipo de pesquisa é muito utilizado em lançamento de produtos. • População São os elementos do universo que possuem uma característica em comum, fundamental para o fenômeno estudado, ex.: moradores desta cidade (universo) do gênero feminino. • Amostra Parte representativa da população na qual serão aplicados os questionários e/ou entrevistas. Ex.: grupo de mulheres que serão entrevistadas ou questionadas conforme cálculo de amostras definido pelo método escolhido. O tamanho da amostra deve ser definido com base no método, no tamanho da população, e pode variar de sete indivíduos para pesquisa qualitativa de profundidade até amostra com mais de 5.000 mil indivíduos para pesquisa quantitativa com população considerada infinita. Há dois tipos de amostras, probabilísticas e não probabilísticas, sendo que esta última é selecionada pelo critério do pesquisador, de acordo com sua experiência e com os objetivos do estudo e se torna mais fácil, pois é rápida, com menor custo e está dividida em: – Por conveniência: a entrevista é aplicada aos indivíduos que estão ao alcance do pesquisador e dispostos a responder a um questionário. – Por julgamento: são baseadas no julgamento pessoal do entrevistador de que os indivíduos sejam representativos na população sob estudo. – Amostra bolade neve: a seleção dos respondentes é baseada em referências fornecidas pelos entrevistados iniciais. Utilizada para a busca de populações de baixa incidência ou populações raras, ex.: homens que fumam charuto, pois é mais fácil encontrar estes indivíduos por indicação. Para as amostras probabilísticas, todos os elementos da população têm uma probabilidade de seleção conhecida diferente de zero e é dividida em: 69 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 – Aleatória simples: todos os elementos da amostra têm uma probabilidade igual de serem selecionados. – Estratificada: quando se subdivide a população em extratos homogêneos (classe, sexo, renda) proporcionais a sua representatividade. Ex.: pesquisas de opinião, se numa cidade há 68% de mulheres e 32% de homens, o pesquisador precisa entrevistar 100 indivíduos, neste caso, entrevistar exatamente 68 mulheres e 32 homens. – Sistemática: elementos não são selecionados aleatoriamente e é estabelecido um intervalo entre esses elementos. Ex.: listagem de clientes, o entrevistador escolhe de três em três, seguindo a ordem alfabética da lista. – Por conglomerado: utiliza mapas detalhados de regiões, estados, municípios e para a seleção da amostra há subdivisão por quarteirões, domicílios, clusters (conglomerados) etc. • Censo Pesquisa realizada sem amostragem, com a totalidade da população objeto de estudo, porém gera muito custo e tempo, sendo inviável para populações maiores. • Margem de erro ou erro amostral Aponta a variação dos resultados de uma pesquisa quantitativa. Você já deve ter visto este termo em pesquisas de candidatos a uma determinada eleição. Um erro amostral de 5% indica que os percentuais de respostas obtidas podem variar para mais 5% ou menos 5%. Portanto, quando temos uma informação de que 80% dos clientes gostaram do produto, podemos entender que, estatisticamente, se falamos de uma população de 10.000 indivíduos, temos de 7.500 a 8.500 clientes satisfeitos. • Questionário Não existe um padrão rígido para criação de um questionário em relação a conteúdo e número de perguntas, cada projeto exige criatividade e formas adequadas para formulação de perguntas, cujas respostas atendam a todos os objetivos propostos. Existe a recomendação de alguns pesquisadores por questionários estruturados, pois estes têm uma sequência lógica que não pode ser alterada e nem conter inserções por parte do entrevistador. 70 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Roteiro ou questionário semiestruturado Diferente do anterior, aqui, o entrevistador pode inserir novas perguntas, ou alteração da ordem das perguntas, conforme o andamento da entrevista ou grupo. O entrevistador tem autonomia e novos questionamentos que surgem durante a “conversa” com o público-alvo. • Pré-teste Como o nome já diz, é um teste para verificar se o método e o questionário irão produzir dados corretos e necessários para cumprir com o objetivo proposto e, para isso, alguns pontos devem ser observados: – Clareza e compreensão das perguntas. – Adequação dos termos utilizados. – Estrutura e fluxo lógico da entrevista. – Condições de pulos e exclusões de perguntas. – Especificações de respostas múltiplas (RM) e únicas (RU); espontâneas e estimuladas. – Tempo total da entrevista. – Filtro de qualificação do entrevistado (perguntas-filtro). – Verificar possibilidade de transformar perguntas abertas em fechadas. – Criação de novos estímulos visuais (cartões-resposta). Tipos de Dados Por meio da utilização das pesquisas de marketing, os gestores das organizações obtêm dados que devem ser trabalhados para que se tornem informações a fim de gerar conhecimento, servindo como norteador das decisões estratégicas, pois dados por si só são simplesmente fatos e estatísticas. Por exemplo, a quantidade de pessoas que comem em restaurantes ou a satisfação do consumidor com o atendimento de uma loja, como já vimos anteriormente, não serve para nada se não forem interpretadas de forma correta. Para isso temos as Informações, que são os dados apresentados de maneira clara e com análise por meio de um relatório de pesquisa, sendo úteis para o processo de tomada de decisões. Significa que após uma análise criteriosa, esses dados passam a indicar presença ou ausência de alguma tendência, relação ou padrão. Existem duas formas de obtenção dos dados, por meio de pesquisas conhecidas como dados primários, que são obtidos pela própria empresa, agência de comunicação, ou instituto de pesquisa, “diretamente da fonte”, sem intermediários. Outra forma de dados são os dados secundários, estes, por 71 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 sua vez, são os que já foram coletados, tabulados, ordenados e, às vezes, até analisados e que já estão catalogados e disponíveis para consulta por qualquer pessoa ou empresa que tenha interesse. Dados secundários são indicados para a obtenção de informação de difícil acesso, ex.: a população de uma cidade, (podemos obter pelo IBGE) ou sobre a geração Z (podemos obter pela empresa de pesquisa BOX 1824). Estes dados são normalmente usados como direcionamento para as pesquisas. Sugestão de sites de institutos de pesquisa, disponível em: <www.ibope.com.br> <www.aboutpeople.com.br> <www.datapopular.com.br> <www.datafolha.com.br> <www.diferencialpesquisa.com.br> <www.enfoquepesquisa.com.br> <www.interscience.com.br> <www.ipsos.com.br> <www.larc.com.br> <www.lpm-research.com.br> <www.millwardbrown.com> <www.nielsen.com> <www.research-int.com> <www.targetbr.com> <www.ibge.gov.br> Você pode encontrar mais informações no site <http://www. abep.org/> para ter acesso ao Critério Brasil de avaliação econômica e compreender mais sobre a população brasileira. Este é um ótimo exemplo de dados secundários. Como podemos observar nesta seção, a pesquisa de marketing não é apenas solicitar a nota de um atendimento ou algo assim, métodos rígidos devem ser adotados para que os dados se tornem informações concretas e principalmente confiáveis. Na próxima seção, iremos compreender melhor como estas informações são utilizadas nas estratégias de marketing. http://www.ibope.com.br/ http://www.aboutpeople.com.br/ http://www.datapopular.com.br/ http://www.datafolha.com.br/ http://www.diferencialpesquisa.com.br/ http://www.enfoquepesquisa.com.br/ http://www.interscience.com.br/ http://www.ipsos.com.br/ http://www.larc.com.br/ http://www.lpm-research.com.br/ http://www.millwardbrown.com/ http://www.nielsen.com/ http://www.research-int.com/ http://www.targetbr.com/ http://www.ibge.gov.br/ http://www.abep.org/ http://www.abep.org/ 72 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Atividade de Estudos: 1) Liste três questões diferentes para uma organização, um problema a ser resolvido pelo departamento de marketing, que pode ser uma empresa na qual você trabalhe ou uma outra que conheça bem, o importante é que esta organização seja real. Descreva como você desenvolveria uma pesquisa para responder a cada uma das três questões levantadas. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Estratégia de Marketing A estratégia é um caminho, um plano cuidadosamente elaborado para definir quando, como, por quê e por quem os recursos serão distribuídos. Como vimos na definição de marketing, sua estratégia não seria diferente e deve ponderar as necessidades dos consumidores, o mercado/concorrentes e a expertise da organização. Antes de entendermos o que é planejamento, precisamos,segundo Drucker (1991), saber o que não é planejamento estratégico: • planejamento estratégico não é uma caixa de mágicas nem um amontoado de técnicas, quantificar não é planejar; • não é previsão, ele se faz necessário por não se ter a capacidade de prever; • não opera com decisões futuras. Ele opera com o que há de futuro nas decisões presentes; • ele não é uma tentativa de eliminar o risco. É fundamental que os riscos assumidos sejam os riscos certos. 73 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 As observações de Drucker (1991) nos sinalizam o caminho que a estratégia de marketing nos apresenta. Dentro do tema marketing estratégico, sua prática como processo significa seguir um conjunto lógico de atividade (URDAN; URDAN, 2009). O processo de marketing, por sua vez, abrange três etapas: • Análise do contexto de marketing. • Gestão estratégica de marketing. • Gestão do composto de marketing. Para Urdan e Urdan (2009), a etapa de análise do contexto de marketing analisa o ambiente externo à organização, identificando oportunidades e ameaças. Já a etapa da gestão estratégica de marketing corresponde às decisões da organização enquanto segmentação de mercado, posicionamento e estratégias competitivas e, por fim, a terceira etapa, gestão do composto de marketing, alinhada com as duas etapas anteriores, cuida das decisões envolvendo produto, distribuição, preço e promoção, os 4Ps anteriormente estudados. Os autores Kotler e Keller (2012) trazem o planejamento estratégico como um processo, conforme a imagem a seguir: Figura 9 – O processo de planejamento estratégico Fonte: Kotler e Keller (2012). Dentro do processo de planejamento, precisamos ter definida a missão da organização, que se refere ao propósito, sua existência, é uma descrição precisa do que a organização faz e o negócio na qual está inserida. Geralmente, a declaração de missão é apresentada de forma curta, com duas sentenças ou um pequeno parágrafo e para que ela seja efetiva deve apresentar os seguintes pontos: • Identificar as atividades de sua empresa, incluindo os mercados que ela serve, as áreas geográficas em que atua e os produtos e serviços que oferece. • Destacar as atividades que a organização desempenha e sua diferenciação com relação ao mercado. 74 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Promover as principais conquistas para os próximos anos, e transmitir tudo de forma clara, concisa e interessante. A missão deve responder a uma complexa pergunta: O QUE É SUA EMPRESA? Alguns exemplos de Missão: Divisão Saturn da GM (Indústria Automobilística): Comercializar veículos desenvolvidos e fabricados nos Estados Unidos, líderes mundiais em qualidade, custo e satisfação do cliente, através da integração de pessoas, tecnologia e sistemas empresariais, transferindo conhecimento, tecnologia e experiência a toda a General Motors. Cruz Vermelha Internacional (Organização Humanitária Internacional): A missão da Cruz Vermelha é melhorar a qualidade de vida humana, aumentar a autoconfiança e a preocupação com os outros; e ajudar as pessoas a evitar emergências, preparar-se para elas e enfrentá-las. Além da missão, temos a visão do negócio, e esta, por sua vez, é um complemento da missão que juntas declaram a intenção estratégica da organização, pois ela cria uma perspectiva entre o mundo como gostaríamos que fosse e como ele é. Ainda, para o desenvolvimento da visão, é necessário identificar quais são as “expectativas e desejos dos acionistas e conselheiros e elementos da alta administração da empresa” (OLIVEIRA, 2002, p. 68). Também, nesta etapa do planejamento estratégico, existe o levantamento dos valores que a organização pretende associar ao cumprimento e posicionamento de seus propósitos, sendo declarados a seus clientes, funcionários, fornecedores, sociedades e entre todos os envolvidos direta ou indiretamente. Dando sequência, temos a análise do ambiente externo e interno, momento de avaliarmos as forças e fraquezas da organização (ambiente interno) e as ameaças e oportunidade do mercado (ambiente externo). 75 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Para o ambiente externo, segundo Kotler e Keller (2012), as organizações precisam monitorar as forças do macroambiente (demográficas, econômicas, tecnológicas, políticas, legais, sociais e culturais) e o microambiente (consumidores, concorrentes, canais de distribuição e fornecedores) que podem interferir na capacidade de obter lucro. As organizações devem estabelecer um sistema de inteligência de marketing, por meio das pesquisas, para acompanhar as tendências e características do mercado com o objetivo de identificar as oportunidades e as ameaças associadas. A análise externa do ambiente de negócios deve ainda verificar o posicionamento de seus produtos e marca versus mercado na atualidade e sua projeção para o futuro, conforme sugere Oliveira (2002). Para o ambiente interno, é necessária a avaliação periódica das forças e fraquezas de cada negócio com o objetivo de entender os elementos que possam ser usados (forças) ou desenvolvidos (fraquezas) nas estratégias. A grande questão a ser observada é se a organização deve ficar limitada a essas oportunidades para as quais possui as forças exigidas ou se deve adquirir forças para explorar outras oportunidades (KOTLER; KELLER, 2012). A organização deve ficar limitada a essas oportunidades para as quais possui as forças exigidas ou se deve adquirir forças para explorar outras oportunidades Como ferramenta de análise de ambiente, temos a SWOT ou FOFA, às quais dedicaremos atenção especial na próxima seção. Depois da realização da análise do ambiente interno e externo, vem a etapa de estabelecimento de metas, na qual as organizações devem estabelecer metas objetivas. A maioria das organizações procura um composto de objetivos, incluindo rentabilidade, crescimento de vendas, maior participação do mercado, minimização de riscos, inovação, reputação e assim por diante. Para que este sistema funcione, os vários objetivos selecionados pela organização devem atender a quatro critérios (KOTLER; KELLER, 2012): • O objetivo deve ser hierarquizado, do mais importante ao menos importante. • Os objetivos devem, sempre que possível, ser quantitativamente declarados. • As metas devem ser realistas. 76 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Objetivos das empresas devem ser consistentes. Conforme Urdan e Urdan (2009), a escolha de uma meta pode variar em função dos segmentos escolhidos pela organização. A atratividade pode ser avaliada em termos de volumes de vendas, perspectivas de crescimento, grau de concorrência, compatibilidade com os recursos da empresa, grau de risco e nível de rentabilidade. Por conseguinte, temos a formulação das estratégias, pois as metas indicam o que a organização deseja atingir e as estratégias são planos de como chegar lá. Como ponto de partida temos três tipos genéricos de estratégias apontadas por Porter (apud KOTLER; KELLER, 2012): • Liderança total em custos: a organização se esforça para reduzir ao máximo os custos de produção e distribuição com o objetivo de oferecer preços menores do que os concorrentes e obter maior participação de mercado. O problema é que outras organizações podem surgir com preços menores oferecendo risco para esta estratégia. • Diferenciação: neste caso, a organização concentra esforços em ações para o desenvolvimento de áreas importantes para o consumidor: como: assistência técnica, estilo, tecnologia entre outros elementos valorizados por grande parte do mercado. Para esta estratégia, as organizações devem utilizar componentes, desenvolver habilidades entre outras ações e, por fim, comunicar tudo isso ao mercado. • Foco: a organização concentra esforços em um ou mais segmentos de mercado, normalmente de porte menor, em vez de ir atrás de um grande mercado. As organizações devem,neste caso, conhecer as necessidades desses segmentos, pois é fundamental para oferecer produtos com diferencial. Caro aluno, neste ponto podemos observar que as teorias aqui apresentadas começam a se juntar com o que vimos no Capítulo 1 e nas seções anteriores, é muito importante que você consiga compreender tudo que vimos até aqui. Desta forma, “Muitas alianças estratégicas tomam a forma de alianças de marketing. Essas alianças podem ser divididas em quatro categorias principais” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 55): 77 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 • Alianças de produtos e/ou serviço: uma organização licencia outra para fabricar seu produto ou duas empresas comercializam conjuntamente seus produtos complementares ou um novo produto. • Aliança promocional: uma organização concorda em promover um produto ou serviço a outra, ex.: o McDonald’s com a Disney quando oferecem as histórias e personagens junto com o alimento. • Aliança logística: uma organização oferece serviços de logística para o produto de outra organização. • Parcerias de preço: uma ou mais organizações adotam um acordo de preço ou formam uma parceria, por exemplo, os descontos mútuos entre hotéis e locadoras de carros. Após a definição e aprovação das estratégias pelos decisores, a organização deve elaborar um programa de apoio, pois conforme Kotler e Keller (2012), uma ótima estratégia de marketing sem uma correta implementação é arruinada. Conforme exemplo apontado pelos autores, se a administração decidir que o negócio deve conquistar liderança tecnológica, será necessário implementar programas para fortalecer o departamento de pesquisa e desenvolvimento, reunir inteligência tecnológica, desenvolver produtos de ponta, treinar a força de vendas técnicas e desenvolver anúncios que comuniquem essa liderança. Após a elaboração do programa, cabe à equipe do marketing estimar seus custos e checar a viabilidade, caso não seja viável, uma nova rodada de planejamento será necessária. Estando todas as questões resolvidas com a equipe, é hora de partir para a próxima etapa de implementação. Ao implementar uma estratégia, as organizações não podem esquecer seu público de interesse, conforme já observamos nas definições de marketing do primeiro capítulo. E, por fim, temos o feedback e controle, e à medida que implementam sua estratégia, a empresa precisa rastrear os resultados e monitorar as novas ações nos ambientes internos e externos. Atualmente, as organizações estão inseridas em mercados com evolução constante, poucos modelos de negócio passam por períodos de estabilidade e quando estas modificações ocorrem será sempre necessário rever as implementações, programas, estratégias ou até objetivos nos quais a organização estava trabalhando. 78 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Posicionamento como Estratégia de Marketing Como já sabemos, durante a análise do ambiente externo temos nosso olhar direcionado para os concorrentes e o mercado, e um ponto importante, estrategicamente falando, é o posicionamento. Podemos entender como posicionamento a segmentação de mercado mais a diferenciação. Já sabemos que nossas organizações não podem atender a 100% do mercado e a segmentação deste é fundamental, porém, num mercado competitivo ainda não chegamos ao fim, logo, atender a um segmento é bom, mas não podemos parar aqui, e diferenciar tal segmento é indispensável para adquirir uma vantagem competitiva. SEGMENTO + DIFERENCIAÇÃO = POSICIONAMENTO Posicionamento significa escolher ideias essenciais e fixá-las na mente do consumidor. Para Mowen e Minor (2003), o posicionamento e segmentação estão ligados, pois primeiro identifica-se um segmento para em seguida desenvolvê-lo e posicioná-lo para um produto voltado às necessidades específicas do segmento escolhido. “A concepção de posicionamento combina inovação, conhecimento dos consumidores e concorrentes e as forças da própria empresa” (URDAN; URDAN, 2009, p. 26). Aaker (2007) explica que posicionamento é a face da estratégia empresarial que mostra como a empresa espera ser percebida (por seus clientes, empregados e parceiros) em relação a seus concorrentes e ao mercado. Portanto, o posicionamento guia as iniciativas estratégicas, objetivos e metas, e conduz principalmente o programa de comunicação, pois expressa os valores e a cultura da organização. Posicionamento é a ação de projetar o produto e a imagem da marca para ocupar um lugar diferenciado na mente do consumidor. O resultado do posicionamento é a criação bem-sucedida de uma proposta de valor focada no cliente, ou seja, um motivo convincente pelo qual o mercado-alvo deve comprar determinado produto (KOTLER; KELLER, 2012). Os autores Kotler e Keller (2012) ainda apontam que as organizações podem se diferenciar a partir de quatro linhas de posicionamento: • O produto em si (formato, características, design, desempenho, durabilidade e confiabilidade). Podemos entender como posicionamento a segmentação de mercado mais a diferenciação. 79 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 • Funcionários/atendimento (competência, gentileza, credibilidade, confiabilidade, presteza e comunicação). • Os canais (grau de cobertura, especialidade e desempenho). • A imagem (o modo como o público vê a empresa ou seu produto, provocada pela identidade visual e global transmitida pela empresa). Em outro ponto de vista, os autores Hooley, Saunders e Piercy (2001, p. 382), apontam que existem seis dimensões de posicionamento, que podem ser aplicadas em extremos dependendo do entendimento da organização dentro de sua estratégia, vejamos: Inovação ↔ Imitação Preço baixo ↔ Preço alto Oferta tácita ↔ Oferta padrão Qualidade premium ↔ Qualidade básica Serviço superior ↔ Serviço limitado Benefícios diferenciados ↔ Características não diferenciadas a) Exemplo de posicionamento É comum a organização atuar em um segmento que já está ocupado por organizações que são referência, sendo muito difícil a competição direta. Uma alternativa é se posicionar com a criação de uma nova categoria, inovação em produto. Podemos citar como exemplo a marca de cerveja Kaiser, que não era líder no mercado de cerveja, porém criou uma nova categoria em 1993, a cerveja de inverno. A Kaiser Bock foi a primeira a atender o mercado nacional com uma cerveja mais escura e forte, porém, atualmente, está temporariamente fora do mercado por decisão da empresa que comprou recentemente a marca. Como no exemplo da marca Kaiser, uma empresa também pode, ao longo de sua atuação, mudar seu posicionamento inúmera vezes conforme o planejamento estratégico apontar. Outro exemplo é o da marca de sandálias Havaianas que, há algumas décadas, vendia seus produtos como sandálias ao fazer a declaração de valor do produto, como as legítimas, as que não soltam as tiras, não deformam e não têm cheiro, posicionada como produto popular devido à necessidade vinda da concorrência com outras marcas. Por causa disso, a Havaianas se reinventou, não com o produto em si, mas com uma declaração de valor por parte de seu estilo e buscou novos mercados que estão dispostos a consumir um produto com design e maior valor. 80 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e prática. 33. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Análise do Ambiente – SWOT ou FOFA Conhecida como uma ferramenta clássica da administração e discutida por vários autores, esta ferramenta é utilizada por empresas de porte diferenciado e serve como ponto para a identificação das características do ambiente interno e externo das organizações, independentemente do estágio de vida que esta possui, servindo para empresas desde a criação até as empresas já consolidadas no mercado. A ferramenta serve como um guia para a definição de um plano de ação. SWOT é uma siglaem inglês dos termos strengths (pontos fortes), weaknesses (pontos fracos), opportunities (oportunidades para o seu negócio) e threats (ameaças para o seu negócio), sendo traduzida para o português com a sigla FOFA (Força, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças). Os pontos fortes e fracos, em geral, estão dentro da própria empresa, enquanto as oportunidades e as ameaças, na maioria dos casos, têm origem externa. A figura a seguir ilustra a matriz SWOT e seus ambientes. Figura 10 – Representação visual da matriz SWOT Fonte: Disponível em: <https://media.treasy.com.br/media/2015/10/ an%C3%A1lise-swot-02.png> Acesso em: 27 jan. 2018. 81 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 Seu uso é razoavelmente simples e a maior dificuldade para as organizações é a identificação dos quatro pontos, sendo necessário a busca por dados secundários e dados primários por meio da pesquisa, conforme estudamos na seção anterior. Para o ambiente interno, temos os pontos fracos e fortes, este ambiente tem como principal característica o controle direto pela organização, mesmo que exija muito esforço. Este ambiente é constituído dos recursos como: • Recursos humanos (experiências, capacidades, conhecimentos, habilidades). • Recursos organizacionais (sistemas e processos da empresa como estratégias, estrutura, posicionamento, marca etc.). • Recursos físicos (instalações, equipamentos, tecnologia, canais etc.). Segundo Barney e Hesterly (2011), com a análise do ambiente interno, as organizações podem identificar as áreas que requerem melhorias e mudanças. Parece simples, porém no dia a dia os gestores não costumam fazer um diagnóstico detalhado de sua organização e alguns pontos inofensivos podem criar grandes danos se não forem consertados. Como fazer isso? Uma ferramenta, além da pesquisa interna, é o benchmarking, que nada mais é que um processo interativo em ambientes organizacionais reais com o objetivo de confrontar características de produtos, serviços e processos da organização em relação ao de outras organizações convencionadas como inovadoras ou com melhores práticas. Em termos simples, o benchmarking é a prática de conhecer novas organizações e aprender com elas, a vantagem é que ele não precisa ser feito com concorrentes diretos, o gestor pode conhecer departamentos de outras organizações que possam apontar ideias para identificar oportunidades de melhorias para o ambiente interno das organizações. Ex.: departamento de logística e os softwares que uma organização que atende geograficamente e de forma parecida a mesma região que a sua empresa. Kotler e Keller (2012) nos trazem um checklist como ferramenta para registrar os pontos fortes e fracos de nossa organização. Nele temos listados os pontos identificados e em qual linha você deve assinalar o desempenho identificado para cada ponto observado e posteriormente a prioridade deste ponto. Estas duas informações devem ser obtidas de forma multidisciplinar (todos os envolvidos no processo estratégico da organização) e com imparcialidade para que os pontos aqui definidos representem a realidade da organização. 82 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Figura 11 – Checklist pontos fortes e fracos da organização Fonte: adaptado Kotler e Keller (2011, p. 53). As oportunidades que surgem no ambiente externo são situações não controláveis pela organização e que afetam todos do mesmo segmento e podem ser uma oportunidade de crescimento, um fenômeno que pode abrir portas para a organização, já que as ameaças têm exatamente a mesma característica, porém interferem negativamente na organização e, quando identificadas com antecedência, a organização pode evitar ou minimizar seus efeitos. Em ambos os pontos, ameaças ou oportunidades podem ser identificadas como acontecimentos atuais ou futuros, alguns destes pontos são: • Ascensão da classe baixa ao mercado. • Aumento da demanda na classe A. 83 Pesquisa e Estratégia de Marketing Capítulo 2 • Mercados dos competidores com dificuldades financeiras. • Mercados dos países vizinhos. • Integração dos fornecedores para frente. • Alteração da macroeconomia. • Entrada de players estrangeiros. • Produto substituto. Importante: O mesmo fenômeno do ambiente externo pode ser uma ameaça para sua empresa e uma oportunidade para o concorrente, tudo depende de quem antecipa esta informação primeiro ou quem possui força no momento correto. Com base em Oliveira (2010), as etapas para o desenvolvimento da análise SWOT são: • Lista de gestores e pessoas-chave da organização: a análise deve ser desenvolvida com a opinião de pessoas- chave com o intuito de inventariar questões importantes para a organização. As opiniões dos envolvidos podem ser identificadas com a utilização de técnicas como o brainstorming. • Entrevistas individuais: por meio de entrevista deve-se desenvolver o levantamento de todas as informações junto aos gestores e às pessoas- chave da organização. • Organizar as informações: com a própria estrutura SWOT, por meio de uma matriz, é possível organizar as informações coletadas nas etapas anteriores. • Priorizar as questões: seria impossível a empresa atuar em todos os pontos selecionados, portanto, em equipe, a empresa precisa decidir quais são prioridades. Algumas técnicas como Gravidade, Urgência e Tendência (GUT) poderão ajudar nesta fase, com intuito de definir a postura estratégica da empresa: sobrevivência, desenvolvimento, manutenção, crescimento. • Definir as questões-chave: uma vez desenvolvida a matriz com as ideias priorizadas, deve-se estabelecer o que deve ser feito, metas. Importante: O mesmo fenômeno do ambiente externo pode ser uma ameaça para sua empresa e uma oportunidade para o concorrente, tudo depende de quem antecipa esta informação primeiro ou quem possui força no momento correto. 84 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Atividade de Estudos: 1) É importante apontar o fato de que a matriz SWOT pode ser desenvolvida como uma análise de nossa vida profissional. Analisemos uma história: em uma turma de pós-graduação, como atividade de formação desta ferramenta, foi utilizada a matriz SWOT da carreira dos acadêmicos, observando o ambiente externo, o que não poderia ser controlado (oportunidade e ameaças à carreira) e o ambiente interno, as habilidades, os conhecimentos e as atitudes (apesar de serem difíceis de controlar). Um aluno, algum tempo depois, mostrou a sua matriz SWOT e a análise. Juntos, todos fizeram um plano de ação norteado pelo sonho de montar um negócio próprio (sua meta). Ficou muito bom e foi uma ótima experiência, além de ser possível perceber que apesar de não gostar da área financeira (sua fraqueza), era fundamental transformar ela em força, e como plano de ação, ele faria cursos na área. Com base no que foi relatado, você deve desenvolver uma atividade de fixação desta ferramenta. Desenvolva uma matriz SWOT de sua carreira, pense que você (profissionalmente) é uma organização, e com certeza possui forças, como: experiência profissional, fluência em inglês, entre outros, assim como também possui fraquezas. Compare este ambiente interno com o externo. Quais oportunidades e ameaças você pode enfrentar nos próximos anos? A análise deve ser realizada com o cruzamento destes pontos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 85 Pesquisa e Estratégiade Marketing Capítulo 2 Algumas Considerações Ao final deste capítulo compreendemos o processo de marketing enquanto estratégia competitiva para a criação de valor, assim como a apresentação dos pontos principais, dos quais podemos facilmente compreender tal necessidade e desenvolver um caminho para a gestão de nossos negócios de forma mais assertiva. Com a utilização das ferramentas de pesquisa, é possível adquirir um conhecimento aprofundado, uma fotografia do mercado, dos consumidores, concorrentes e de nossa organização. Estes dados são pontos-chave para o desenvolvimento dos planos de ações necessários para manter nossas organizações competitivas. A aplicação destas ferramentas representa um papel imprescindível para a carreira de qualquer profissional que tenha como atribuição contribuir para o desenvolvimento de um negócio inserido em um mercado competitivo. No próximo capítulo iremos aprofundar mais sobre o comportamento do consumidor, uma área indispensável para o sucesso das organizações e que de forma multidisciplinar, envolvendo outras áreas do conhecimento, como: psicologia, antropologia, sociologia, juntamente com as mudanças tecnológicas, traz muitos desafios para os gestores de marketing e suas organizações. Referências AAKER, David A. Administração estratégica de mercado. 7. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. 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CAPÍTULO 3 Comportamento do Consumidor A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer a importância da incorporação das necessidades e características dos consumidores nas organizações. � Identificar tendências de comportamento de consumo e seus impactos nas organizações. � Discutir possibilidade de adequação e modificação de estratégias embasadas nas características dos consumidores. � Analisar como os diferentes comportamentos de consumo podem influenciar as organizações de pequeno porte. 88 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS 89 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 Contextualização Caro aluno, iniciamos agora o terceiro capítulo no qual você será levado a conhecer profundamente o comportamento do consumidor, suas características e o que está mudando em relação a este personagem que deve ser o principal foco de atenção das organizações. Por isso, precisamos relembrar o que estudamos até aqui. Indiscutivelmente, o consumidor, para o marketing atual, está no centro das atenções, pois ele atualmente é o motor da inovação e está em constante busca por bens e serviços que supram suas necessidades e desejos. Portanto, compreender seu comportamento, conhecer suas tendências e necessidades, assim como os processos de compra e decisão torna a gestão de uma organização mais assertiva. Fique atento para este capítulo e não esqueça, nós somos consumidores e muito do que vamos tratar aqui diz respeito a todos nós. Evolução do Consumo Ao lembrar da história de nossos pais, de nossos avós e de nossas vidas, já ouvimos a respeito de como eram os valores, a cultura e, nas entrelinhas, o consumo. Antes de aprofundarmos no estudo do consumo, vamos conhecer um pouco mais sobre as gerações. Observe a figura a seguir e compare-a com sua idade, de seus pais e avós. Figura 12 – O contexto histórico da criação de cada geração, seu comportamento e sua forma de consumir Fonte: Disponível em: <https://exame.abril.com.br/revista-exame/os-millennials- lamentamos-informar-sao-coisa-do-passado/>. Acesso em: 27 jan. 2018. 90 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Obviamente, a imagem não irá representar todas as pessoas, mas traz um ponto a ser observado: quando olhamos o contexto no qual esta geração foi gerada, podemos perceber que o consumo está diretamente ligado ao ambiente, sabendo disso, podemos prever tendências para as próximas gerações. Nós, consumidores, desenvolvemos necessidades e desejos, conscientes e inconscientes, de conseguir bens e serviços que supram lacunas em nossas vidas, estas lacunas podem ser representadas pelo modelo proposto por Maslow, conhecido como hierarquia de Maslow conforme imagem a seguir. Abraham Maslow (1908-1970) foi um psicólogo americano reconhecido por desenvolver a hierarquia das necessidades, a qual aponta que as necessidades humanas seguem uma hierarquia, da mais urgente (base) para a menos urgente (topo da pirâmide). Figura 13 – Pirâmide de Maslow 5 Necessidades de autorrealização (desenvolvimento e realizações pessoais) Necessidades de estima (autoestima, reconhecimento, status) Necessidades sociais (sensação de pertencer, amor) Necessidades de segurança (segurança, proteção) Necessidades fisiológicas (comida, água, abrigo) 4 3 2 1 Fonte: Maslow (1970 apud KOTLER; KELLER, 2012, p. 184). 91 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 O modelo apresenta uma hierarquia das necessidades mais importantes a serem supridas, o autor afirma que antes de passar para a próxima necessidade, o consumidor precisa primeiro satisfazer a necessidade anterior. Exemplo: um homem passando fome (necessidade fisiológica) não tem a preocupação de como os outros o veem vestido (necessidade social ou de estima) e muito menos, naquele momento, sonha em comprar um carro importado (necessidade de autorrealização). Como tudo evolui, o consumismo alcança hoje níveis nunca antes vistos, e a hierarquia não é necessariamente seguida à risca, não é incomum algum consumidor comprar carro ou outros objetos que satisfazem as necessidades do topo da pirâmide à custa de sua segurança financeira, uma necessidade de segurança na base da pirâmide. Ao avançarmos mais nesta discussão, Lipovetsky (2003) aponta que o consumidor atual é infiel, denominado consumidor hipermoderno (nascidos na década de 1970) porque é caracterizado pelo individualismo. Podemos facilmente perceber isso quando refletimos que, antigamente, o telefone e a televisão eram bens coletivos de uma casa, agora são bens individuais e, com isso, as decisões de compra são fragmentadas, poiscada membro da família, por exemplo, escolhe a um programa para assistir, o horário, e se comunica sem que os demais tenham a mínima noção do que ele está fazendo. Para Morace (2012), a consequência de tudo isso é que as organizações e seus produtos devem se confrontar mais com o que ele chama de consumidor autor. Este consumidor cria preço, é ativo e influencia diretamente as organizações. Podemos dizer que o consumidor é o cocriador das marcas. É possível observar facilmente este entendimento quando olhamos para o mercado e a utilização das redes sociais, pois o empoderamento do consumidor por meio da tecnologia é muito grande e forte. Consumo com Cultura Por meio da observação que fazemos da sociedade atual, percebemos que o consumo ocupa posição de centralidade. É só observar as postagens nas redes sociais, pois as pessoas tendem a se posicionar, a criar uma identidade por meio do que consome. No livro A sociedade do consumo, Baudrillard (2008) pondera sobre o fenômeno do consumo nas sociedades ocidentais e aponta o crescimento da variedade de bens e serviços como evidência clara do desenvolvimento do consumo, “começamos a viver menos na proximidade dos outros homens, seja na sua presença e no seu discurso, e mais sob o olhar mudo dos objetos” (BAUDRILLARD, 2008, p. 13), o que configuraria o chamado “tempo dos objetos”. 92 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Para Slater (2002), o consumo é um fenômeno cultural e assume várias formas, pois o ser humano apresenta necessidades básicas apresentadas de formas diferentes, dependendo da cultura na qual ele está inserido. Um exemplo, bem simples: todos os seres humanos têm como necessidade fisiológica a alimentação, porém, esta é suprida de forma bem diferente, o que para alguns é um alimento apetitoso, para outros pode gerar repulsa. Algumas pessoas consideram carne bovina uma refeição saudável, já outras não consomem carne, seja por motivo de saúde, seja por compaixão com os animais, seja por religião. Para os gestores de marketing, um caminho para compreender o consumo é justamente observar a cultura. Suas mudanças apontam para direções as quais a organização pode se dirigir, sendo um mapa para o consumo, ajudando a responder à pergunta: o que o mercado vai precisar nos próximos dias? Vamos avançar um pouco mais! Os indivíduos agem para satisfazer os seus próprios desejos, porém existe a influência cultural da sociedade na qual ele está inserido. Ferres (1998) aponta que depois que as pessoas satisfazem as suas necessidades básicas, o aspecto significativo e cultural do consumo passa a prevalecer, ou seja, as pessoas passam a se preocupar com o valor que determinado bem ou serviço pode oferecer, o que vai ao encontro da hierarquia de Maslow. Lipovetsky (2003) corrobora quando afirma que o universo da estética é o que determina a economia de consumo, o qual é potencializado pela sedução e competição entre as marcas e a inovação industrial que impulsiona uma corrida interminável para o inédito, o diferente, tudo para captar a atenção e a memória dos consumidores. É nesse ponto que entra a publicidade. É através dela que os produtos se tornam celebridades. Portanto, para o processo de marketing e até mesmo o de vendas, identificar os aspectos culturais nos quais o indivíduo está inserido é outro ponto que pode ser usado nas estratégias. Estes pontos servem principalmente como atração, visto que uma organização ao declarar seu valor, missão e visão em seu planejamento, deve observar o que é importante para a cultura na qual o consumidor está inserido. 93 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 Diante dos últimos acontecimentos políticos em nosso país, a palavra transparência tornou-se muito utilizada na comunicação das organizações. Este é um exemplo atual de como acontecimentos sociais interferem diretamente nas organizações e, quando estas estão atentas ao seu ambiente externo, podem utilizar estas forças como oportunidades. Fatores Influenciadores do Consumo Como visto, para Kotler e Keller (2012), o propósito do marketing concentra- se em atender e satisfazer às necessidades e aos desejos dos consumidores, sendo assim, torna-se fundamental conhecer o seu comportamento de compra e os fatores que os influenciam, pois com estas informações as organizações podem se comunicar de forma assertiva. Conhecer os fatores que influenciam o comportamento do consumidor possibilita uma compreensão mais aprofundada desta dinâmica, assim como abre um leque de oportunidades com o uso de estímulos de marketing. Estes, por sua vez, têm como objetivo gerar resultados satisfatórios neste comportamento, por meio da criação de valor para o consumidor, gerando satisfação. “As características do comprador e seus processos de decisão levam a certas decisões de compra” (KOTLER, 2000, p. 182). São vários os fatores internos e externos que influenciam o processo de tomada de decisão de compra dos consumidores (KOTLER; KELLER, 2012). Autores apresentam pontos diferentes, mas não opostos, sobre este tema. Churchill e Peter (2000) destacam que o processo de compra sofre influências sociais e situacionais. Para Engel et al. (2000), isto corrobora ao apontar que os fatores que podem influenciar a decisão de compra são fatores ambientais e pessoais. Para Solomon (2006), o consumidor sofre influências psicológicas, pessoais, sociais e culturais. Kotler e Keller (2012) adaptaram os conceitos teóricos apresentados por diversos autores, mostrando um modelo que demonstra os fatores psicodinâmicos internos e externos que atuam sobre o consumidor. 94 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Figura 14 – Fatores de influência no processo de decisão de compra Fonte: Kotler e Armstrong (1995). a) Fatores culturais Como visto na seção anterior e corroborado por Kotler e Keller (2012), os fatores culturais são os elementos que exercem uma forte influência sobre os consumidores. Para Blackwell, Miniard e Engel (2005), os fatores culturais são considerados influências ambientais e podem modificar o comportamento do consumidor. Esta afirmação é confirmada por Kotler e Armstrong (1995), os quais apontam que alguns dos comportamentos de consumo são apreendidos no ambiente social no qual a pessoa adota valores, percepções, preferências e comportamentos básicos de sua família, escola e outras instituições importantes. Cada cultura é constituída de subculturas, estas são grupos que possuem o mesmo sistema de valores baseados nas questões do dia a dia, e na convivência entre os diversos ambientes em que o consumidor está inserido. As subculturas são também constituídas por classes sociais, elementos importantes nos fatores que influenciam as decisões, já que seus membros apresentam características de comportamentos semelhantes (KOTLER; ARMSTRONG, 1995). b) Fatores sociais As decisões de consumo podem também estar relacionadas aos fatores sociais, como grupos de referência, família, papéis sociais e posições sociais do consumidor (KOTLER; ARMSTRONG, 1995). Atualmente, temos também as comunidades virtuais, que são considerados importantes influenciadores nas decisões de compra e consumo, principalmente quando identificamos que existem blogs, páginas, enfim, espaços virtuais que discutem sobre o mercado no qual a organização está inserida. No ambiente virtual existe a netnografia como forma de pesquisa de marketing. “Essas comunidades oferecem aos seus membros acesso a extensos volumes de informações, amizade e interação social, cobrindo um espectro extremamente amplo de tópicos e questões […]” (SCHIFFMAN; KANUK, 2009, p. 107). 95 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 Dentro destas comunidades e redes, a informação flui com tanta força e velocidade que pode ajudar a vender ou lançar mais rapidamente um produto, ou pior, fazer um produto que apresente alguma fragilidade fracassar de forma muito rápida, pois um pequenodefeito reverbera e ganha grandes proporções. c) Fatores pessoais Uma questão observada que influencia na decisão de compra diz respeito aos fatores pessoais, como: idade, personalidade, estilo de vida, valores, entre outros. Segundo Kotler e Keller (2012) os fatores pessoais podem ser: • Idade e ciclo de vida: os consumidores compram bens e serviços de forma diferente durante o ciclo de vida. A idade tem relação direta com mudanças na capacidade funcional e psicológica, afetando diretamente o estilo de vida, os desejos e necessidades do consumidor e sua preferência de consumo. Para os gestores de marketing, a observação das transições e mudanças de vida como casamento, divórcio, filhos, carreira, doenças etc., qualquer ponto pode ser observado e utilizado como diferencial. Exemplo: bancos, universidades e outros modelos de organizações se utilizam destes pontos para a apresentação de produtos ao mercado. • A ocupação: as atividades do dia a dia, as quais o indivíduo se dedica, seja profissionalmente ou não, também exercem influência nas decisões de compras. Por outro lado, um operário e o presidente de uma grande empresa consumirão bens e serviços diferentes. Imagine que o presidente de uma grande empresa apresenta uma necessidade maior de consumo de ternos do que um operário, este, obviamente, consome ternos também, porém em quantidade menor de vezes. Ainda podemos incluir outras formas de ocupação, como: o esporte, que mesmo amador é um fator que modifica o processo de decisão. Kotler e Keller (2012) apontam que a escolha de um produto é extremamente afetada pelas circunstâncias econômicas e atitudes em relação ao gastar. • O estilo de vida: é o retrato da dinâmica da sociedade, pessoas com as mesmas subculturas, classes sociais e ocupações podem apresentar estilo de vida completamente diferentes. O estilo de vida representa a pessoa por inteiro ao interagir com o seu ambiente. • A personalidade ou autoimagem: também exerce influência na decisão de compra, características psicológicas únicas de cada indivíduo, autonomia, submissão, autoconfiança, entre outros, conduzem a uma resposta, um entendimento das escolhas do consumidor (KOTLER, KELLER; 2012). Aqui podemos incluir as posses, pois elas contribuem 96 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS para a formação de sua identidade, ou seja, “somos o que possuímos”, a marca e/ou produtos que usamos contribuem com nossa imagem. Observe que estes apontamentos corroboram com as afirmações de Baudrillard (2008) já estudadas. d) Fatores psicológicos Para os fatores psicológicos, Kotler e Armstrong (1995) apontam que a motivação é uma necessidade que se torna suficientemente forte a ponto de impulsionar o consumidor a uma ação, neste caso, a decisão de compra, com o objetivo de buscar sua satisfação. Kotler e Keller (2012) apontam que um conjunto de fatores psicológicos combinados às características do consumidor (citadas anteriormente) levam ao processo de decisão de compra. E como fator(es) psicológico(s) temos: • Motivação: uma necessidade se torna motivo quando ela é suficientemente grande para pressionar a pessoa a agir, ao gerar uma tensão. • Percepção: é o processo no qual o indivíduo seleciona, organiza e interpreta as informações ao seu redor, gerando significado. Este processo ocorre de forma individual e, por esse motivo, as pessoas percebem a mesma situação de forma diferente. Segundo Kotler e Keller (2012), esta percepção pode ser apresentada através de três processos diferentes: – Atenção seletiva: as pessoas reconhecem estímulos que se relacionam com uma necessidade atual. É mais fácil a pessoa identificar estímulos considerados previsíveis ou que apresentem um desvio maior de atenção em relação aos outros estímulos. – Retenção seletiva: as pessoas tendem a gravar as informações que reforçam suas crenças e atitudes. – Distorção seletiva: é a tendência de transformar informação em significados que se adaptem aos nossos julgamentos. • Aprendizagem: o indivíduo muda seu comportamento em virtude da experiência. A teoria da aprendizagem ensina aos profissionais de marketing que eles podem desenvolver a demanda por um produto associando-o a impulsos fortes, usando sugestões motivadoras e fornecendo reforço positivo (KOTLER; KELLER, 2012). 97 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 • Memória: são todas as informações e experiências acumuladas no decorrer da vida e o marketing pode ser visto como o processo que proporciona aos consumidores a experiência de bens e serviços aprimorados, para que a marca seja criada e mantida na memória. Na imagem a seguir, temos modelo do comportamento do consumidor, em seu centro há a representação dos fatores que podem influenciar este processo. Figura 15 – Modelo do comportamento do consumidor Fonte: Kotler e Keller (2012, p. 183). Processo de Decisão de Compra Para que estudar o processo de decisão de compra? O estudo do consumo diz respeito aos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou dispõem de bens, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e desejos (SOLOMON, 2006). A seguir, temos algumas perguntas sobre comportamento de compra do consumidor a partir de termos como quem?, o quê?, quando?, onde?, como e por quê?. Estas questões são um bom exemplo de como identificamos este processo. PERGUNTAS SOBRE COMPORTAMENTO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Quem compra seu produto ou serviço? Quem toma a decisão de comprar o produto? 98 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Quem influencia a decisão de comprar o produto? Como é feita a tomada de decisão? Quem assume esse papel? O que o cliente compra? Que necessidades devem ser satisfeitas? Por que os clientes compram determinada marca? Onde compram ou procuram o produto ou serviço? Quando compram? Existem fatores de sazonalidade? Como seu produto é percebido pelos clientes? Quais são as atitudes dos clientes em relação a seu produto? Que fatores sociais podem influenciar a decisão de compra? O estilo de vida dos clientes influencia as decisões de compra deles? Como fatores pessoais ou demográficos influenciam o comportamento de compra? Fonte: Belch e Belch (2003 apud KOTLER; KELLER, 2012, p. 188). Para melhorar o entendimento destes estágios, apresentamos a seguir uma descrição sobre as principais características de cada um deles. Podemos observar na figura anterior – modelo do comportamento do consumidor –, que o processo de decisão de compra é uma etapa após os fatores que podem influenciar a decisão. Neste momento, os consumidores ou grupos de consumidores possuem um arcabouço de fatores que os tornam consumidores únicos, hipermodernos, fragmentados e individualistas e, dentro desta mistura de informação, temos o processo de decisão de compra que os autores Kotler e Keller (2012) apresentam da seguinte forma: a) Reconhecimento do problema O consumidor estava envolto a fatores e estímulos, neste momento é que inicia o processo de compra, pois neste ponto ele reconhece um problema, uma necessidade, desenvolvida por estímulos internos ou externos conforme já estudado. Neste momento, os profissionais de marketing e vendas precisam identificar quais estímulos externos podem afetar o consumidor com maior força e ativar o reconhecimento, pois é preciso motivar o consumidor para que uma compra seja considerada por ele. b) Busca por informações Após o reconhecimento de um problema ou necessidade, o consumidor inicia o processo de busca por informações e pode encontrá-las em duas fases: uma 99 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 interna, baseada na memória, e outra externa, tendo como referência colegas, familiares, revistas, jornais, TV, Internet, entre outros. • Fontes pessoais: família, amigos, vizinho, conhecidos. • Fontes comerciais: propaganda, vendedores, representantes, embalagens, mostruários. • Fontes públicas:meios de comunicação de massa, organizações de classificação de consumo. • Fontes experimentais: manuseio, exame, uso do produto. c) Avaliação das alternativas Nesta etapa, o consumidor procura avaliar os bens e serviços. Kotler e Keller (2012) apontam que não existe um processo único de avaliação, porém alguns conceitos básicos do processo de avaliação podem ser apresentados. O consumidor quer satisfazer sua necessidade por meio da busca de benefícios com a escolha de produtos, sendo que vê de cada produto como um conjunto de atributos com capacidades variadas de entrega de benefícios para satisfazer suas necessidades. Nesta etapa, o marketing tem a atribuição de identificar e promover nos produtos os benefícios que são importantes para o consumidor, por exemplo, para a alimentação das crianças, os pais têm uma preocupação com a saúde, e alguns produtos destinados para este público trazem como proposta de valor ser enriquecido com vitaminas. Observe que não é o benefício central do produto, porém isto serve para diferenciá-lo entre os concorrentes. d) Decisão de compra Após a avaliação das alternativas entre os produtos ofertados, o consumidor pode passar por cinco formas de decisão: • Decisão quanto à marca. • Decisão quanto ao revendedor. • Decisão por qualidade. • Decisão por ocasião. • Decisão por forma de pagamento. Após as decisões, ainda existem dois fatores que causam interferência no processo de compra: 100 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Atitude dos outros: a atitude negativa de uma pessoa frente à marca escolhida influi muito na decisão. • Fatores situacionais: imprevistos, que como o próprio nome diz, podem criar uma mudança brusca e até impossibilitar a compra do produto. Obviamente você deve estar pensando em quantas variáveis, quanta interferência, mas é assim mesmo, nós consumidores, enquanto seres sociais, temos inúmeros estímulos externos e internos, e consequentemente nos tornamos seres únicos. O papel do marketing, neste caso, é identificar valores e pontos a serem desenvolvidos, que atraiam e motivem a decisão de compra do maior número de consumidores possível dentro do segmento escolhido pela organização. e) Comportamento pós-compra Ao final de todo o processo, o consumidor finalmente decide a compra e concretiza a troca, porém, ele ainda enfrenta alguns níveis de satisfação ou insatisfação. As empresas devem monitorar essas reações em relação ao produto para evitar problemas com a marca. Neste caso, o marketing tem ainda uma preocupação, ajudar o consumidor a ter a melhor experiência possível com o produto. Vamos a um exemplo. Uma boutique de carnes vende a um cliente sua melhor carne, o vendedor o convence a pagar um valor maior porque a carne é mais saborosa e suculenta. O cliente realiza os processos de decisão de compra e, por fim, toma a decisão de comprá- la. Tudo correria bem se não fosse uma questão, o cliente não assou a carne de forma correta, ninguém explicou a técnica correta e, após todo o processo de venda e compra, o produto não ficou como o cliente imaginou. Provavelmente este cliente nunca mais retornará a esta loja, e pior, pode criar uma campanha negativa, pois sentiu-se enganado. Portanto, marketing também tem a função de auxiliar no uso do produto para que o pós-compra seja satisfatório. Papéis do Comprador Para finalizar o estudo a respeito do consumidor, nós temos que entender o seu papel, pois como vimos, existem inúmeras etapas para a concretização da compra e consequentemente pode haver vários personagens, que são os indivíduos que terão um papel decisivo para a compra. Segundo a abordagem de Engel, Blackwell e Miniard (2000), pode-se definir cinco papéis assumidos pelos indivíduos numa decisão de compra: 101 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 • Iniciador: indivíduo que sugere a compra, como o nome diz, inicia o processo e reúne informações que continuem com a decisão. • Influenciador: o indivíduo que influencia a decisão de compra. O uso da mídia é um poderoso e decisivo agente influenciador no processo de decisão de compra, pois este desenvolve cultura, hábitos, costumes e dissemina novas linguagens. • Decisor: o indivíduo que decide se, o que, como, quando e aonde deve comprar. Geralmente este personagem é quem paga pela compra e sua orientação é norteadora do processo. • Comprador: o indivíduo que efetua a compra, assume o papel de dono do produto, pode usufruir de sua posse assim com disponibilizar para outro usuário. • Usuário: o indivíduo que usa ou consome o produto. É o personagem cujo produto irá satisfazer ao seu desejo e à necessidade. Tanto o iniciador, quanto o influenciador, o decisor ou o comprador efetivamente pensam no usuário para definir a compra. Obviamente uma pessoa pode exercer todos os papéis ou qualquer uma das combinações possíveis. Dependendo do produto e da cultura de consumo, a organização deve, estrategicamente, desenvolver suas ações a partir de quem são estes personagens. Em um exemplo B2C, na compra de um carro para uma filha que passou no vestibular, podemos ter vários personagens. O pai pensará nos pontos importantes, a mãe, nos os benefícios que ela procura, e a filha, o que procura em um carro? O gestor de marketing desta organização deve compreender todos estes consumidores e tentar identificar qual o papel de cada um. Um exemplo de B2B diz respeito à venda de uma máquina para uma indústria. A equipe de marketing necessita desenvolver estratégias de vendas para o operador da máquina, o que ele espera: ergonomia, segurança, facilidade de utilização; para o gerente de produção: produtividade, fácil treinamento, pouca manutenção; para o diretor financeiro: forma de pagamento, retorno do investimento, preço de manutenção, entre outros. Muitas vendas B2B apresentam a necessidade de desenvolver propostas diferentes que destaquem os benefícios dos produtos focada para cada personagem do processo de decisão. 102 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Atividade de Estudo: 1) Identifique e explique cinco organizações diferentes, de renome nacional, que utilizam diferentes fatores para influenciar o consumidor. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Algumas Considerações Ao final deste terceiro capítulo passamos por uma maratona de questões a serem observadas. Como o comportamento do consumidor é uma área complexa e multidisciplinar, precisamos recorrer à psicologia, sociologia e demais ciências que estudam o ser humano para compreender os processos de compra. Isso torna o estudo do consumo muito mais interessante e desafiador, principalmente por causa do fato de não termos respostas objetivas visto a natureza do problema. O conhecimento aqui adquirido nos permite criar novos olhares sobre os pontos a serem observados em nossos consumidores, permitindo identificar suas características e o impacto destas em nossas organizações. Com estas informações podemos discutir melhorias estratégicas em nossos bens e serviços. Apesar de complexo, é de extrema importância que pequenos negócios também tenham estas práticas, pois são mais vulneráveis à concorrência e qualquer ponto pode pender a balança de decisão do consumidor. No próximo capítulo, iremos aprofundar nosso conhecimento sobre o processo de venda, ao conhecer ferramentas e processos que fazem a diferença em todas as organizações, não esqueça que os consumidores devem estar sempre no centro de nossas atenções. 103 Comportamento do Consumidor Capítulo 3 Referências BAUDRILLARD, J. 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São Paulo: EDICON, 2002. CAPÍTULO 4 Vendas A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Conhecer o referencial teórico e técnico sobre o processo de venda e suas variadas manifestações nas organizações de pequeno porte. � Aplicar os conceitos e técnicas de vendas no desenvolvimento de equipes. � Organizar os processos de vendas e estratégias nas organizações de pequeno porte. 106 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS 107 Vendas Capítulo 4 Contextualização Chegamos ao último capítulo, ele nos trará conceitos e ferramentas que vão auxiliar no processo de venda. Devemos observar com atenção esta etapa de nosso estudo porque este é o momento em que a organização está em contato, negociando, diretamente com o cliente/consumidor e a partir de agora pequenos deslizes podem afetar de forma significativa o sucesso de uma venda. Diante da afirmação acima você foi capaz de lembrar o que aprendemos até agora, isso porque todo o processo de venda faz uso das informações e estratégias desenvolvidas pelo marketing, e como ação tática, a venda concretiza todo o processo. Outro ponto que traz à tona a responsabilidade com o processo de venda diz respeito principalmente a sua equipe e é aqui que muitas organizações têm o único momento para entrar em contato com o cliente. Não é raro que em organizações de todos os portes, o cliente/consumidor ter como único acesso para negociar a figura do vendedor. Não adianta realizar horas de pesquisa, desenvolver protótipos, buscar fornecedores e treinar sua equipe ou campanha de marketing, se em alguns momentos a atenção destinada ao cliente é negligenciada e este pode ser um erro que sai caro, colocando todo o investimento anterior em risco. Princípio de Vendas O vendedor é a peça fundamental para uma organização, pois é por meio de seu trabalho que as empresas conquistam e mantêm seus clientes. Para isto, a equipe de venda precisa ter conhecimento dos processos e técnicas de vendas, e seus vendedores devem aprimorar suas capacidades de atenção, argumentação, persuasão, empatia, entre outras características pessoais que os aproximem do cliente/consumidor. Diversos autores apontam diferentes pontos que a equipe de venda deve observar como norteadores de suas atividades, neste sentido, é unanimidade que o centro de todo o processo de venda seja o cliente. Segundo Gobe et al. (2007, p. 209), “O modelo AINDAS é uma fórmula mnemônica para mentalizar as principais ações envolvidas no processo de venda: Atenção, Interesse, Necessidade, Desejo, Ação e Satisfação”. Os autores exemplificam esta ação para o momento da venda quando o vendedor deve demonstrar de forma evidente a atenção, gerando confiança. Ao deixar claro o seu interesse pelo problema do cliente/consumidor e mostrar que vai fazer tudo que 108 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS estiver ao seu alcance para satisfazer as necessidades e os desejos do cliente. Após o fechamento do negócio, o vendedor deve realizar a ação de entregar os benefícios ofertados ao cliente/consumidor, garantindo a sua satisfação. Um bom vendedor sabe que o cliente é o centro do processo de vendas e para ser bem-sucedido ele deve estar ciente de que todo o processo de vendas passa pelo crivo do julgamento do comprador. Podemos entender, então, que um vendedor deve concentrar atenção às necessidades do comprador, o que realmente ele necessita, argumentar a fim de que suas colocações sejam mais eficientes do que as dúvidas e incertezas do comprador no momento da venda. Para Futrell (2003), no mundo dos negócios, o processo de venda refere-se à comunicação de informações para persuadir um potencial cliente/consumidor a comprar um bem, um serviço, uma ideia ou outra coisa que supra suas necessidades/desejos. Podemos entender que o princípio de venda é a negociação e o convencimento do cliente / consumidor das vantagens do produto ofertado. Imagine uma balança, para que a decisão de compra seja favorável a um determinado vendedor, ele precisa apresentar vantagens que pesam positivamente para o lado da organização, e quando esta organização está inserida em mercados competitivos esta balança torna-se um verdadeiro bambolê. Dentro do processo de vendas, conquistar a confiança do cliente/consumidor é um passo importante, pois um cliente desconfiado põe em dúvida os melhores argumentos e destrói qualquer estratégia. O vendedor deve conquistar o direito de avançar na negociação, apresentar os argumentos na hora certa e avançar para o fechamento somente quando tiver certeza de que o cliente está seguro com os argumentos apresentados. Para isso, o vendedor precisa desenvolver a habilidade de persuasão, envolver o cliente, permitir que ele participe do processo, tenha oportunidade de escolher, pois quando um cliente divide informações com o vendedor é um sinal importante de envolvimento e neste momento saber ouvir se torna um ponto essencial para conquistá-lo. O princípio de venda é a negociação e o convencimento do cliente /consumidor das vantagens do produto ofertado. O Processo de Vendas Não existe uma unanimidade quanto ao melhor processo de vendas, muito menos receitas prontas que garantam uma venda eficiente. Cada cliente, cada organização, cada negociação é única e possui suas particularidades. Gobe et al. (2007) resume a venda em três grandes fases: a pré-venda, a venda propriamente dita e a pós-venda. 109 Vendas Capítulo 4 Para Futrell (2014, p. 27), “o processo de venda é uma sequência de ações empreendidas pelo profissional de vendas que leva o cliente a tomar uma atitude desejada e que termina com um follow-up para garantir a satisfação completa do comprador”. Vejamos a figura a seguir. Figura 16 – As 10 etapas mais importantes do processo de vendas Fonte: Futrell (2014, p. 28). Para compreender melhor o processo, podemos apresentar de forma sistemática e objetiva o processo de vendas conforme a imagem a seguir (KOTLER, 2000; GOBE et. al., 2007). 110 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDASFigura 17 – Processo de vendas PROSPECÇÃO APRESENTAÇÃONEGOCIAÇÃOFECHAMENTO PÓS-VENDA ABORDAGEMPREPARAÇÃO Fonte: Adaptado de Kotler (2000) e Gobe et al. (2007). Vamos entender a particularidade de cada parte do processo de vendas a seguir: a) Prospecção Como vimos extensamente em nossos estudos, devido ao ambiente competitivo, as organizações necessitam estar atentas às oportunidades para identificar os clientes/ consumidores em potencial. A equipe de venda precisa investir boa parte de seu tempo na qualificação do mercado em potencial, com cada organização apresentando suas caracteristicas, a apartir disso pode identificar o mercado em potencial, de acordo com as seguintes caracteristicas: • Situação financeira. • Volume de negócios. • Exigências especiais. • Posicionamento estratégico. • Disponibilidade. Para Futrell (2003), a prospecção é um ponto forte e vital no processo de vendas, pois permite identificar os clientes/consumidores em potencial e tal ação justifica-se pela necessidade de aumentar as vendas e/ou para substituir clientes que podem ser perdidos ao longo do tempo. A prospecção é um ponto forte e vital no processo de vendas, pois permite identificar os clientes/ consumidores em potencial e tal ação justifica-se pela necessidade de aumentar as vendas e/ou para substituir clientes que podem ser perdidos ao longo do tempo. 111 Vendas Capítulo 4 O processo de prospecção deve ser uma ação contínua de observação e identificação, podendo ser feita de diferentes formas e momentos ou até mesmo pelo networking: • Indicação de parceiros. • Feiras / eventos. • Anúncios / reportagens. • Entidade de classes. • Visitas. A partir dos pontos listados e de outras oportunidades, o vendedor pode identificar novos clientes/consumidores, ampliando suas chances de sucesso e potencializando sua carteira de clientes. Networking é uma palavra de origem inglesa que significa a capacidade de estabelecer uma rede de contatos profissionais ou conexões com algo ou com alguém. As organizações não podem desperdiçar tempo e o vendedor deve concentrar esforços para atender aos clientes/organizações que apresentem maior probabilidade de fechamento do negócio, sendo que para Stanton e Spiro (2000), o cliente/consumidor em potencial deve satisfazer três condições: • precisa dos produtos que estão sendo vendidos; • pode comprar os produtos; • é acessível às visitas da equipe de vendas. b) Preparação Após a identificação de um cliente/consumidor, a equipe de vendas passa para o segundo passo: a identificação das necessidades e desejos deste cliente/ consumidor, que são os indivíduos envolvidos no processo de decisão de compra; também é necessário saber qual o melhor momento para a aproximação, enfim, todos os dados que podem ser usados nos passos seguintes. Segundo Futrell (2003), o processo de venda envolve 20% de apresentação, 40% de preparação e 40% de acompanhamento. Networking é uma palavra de origem inglesa que significa a capacidade de estabelecer uma rede de contatos profissionais ou conexões com algo ou com alguém. 112 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Em alguns modelos de negócios, quando o vendedor tem como objeto de venda produtos com benefícios e valores sem diferenciação dos concorrentes, podemos usar como exemplo uma padaria ou algum produto como lubrificantes para a indústria, as informações pessoais do cliente/comprador podem fazer a diferença, conhecer o time que torce, o nome dos filhos, o hobby, enfim qualquer informação que cria uma aproximação torna-se um diferencial para este processo de vendas. Você se recorda do que estudamos nos capítulos anteriores? Busque relembrar o Capítulo 3, especificamente da seção papéis do comprador. É de extrema importância que o vendedor saiba tudo sobre seu futuro cliente/ consumidor. Para Stanton e Spiro (2000), uma boa preparação de venda condiz com o conhecimento das práticas de compras, os nomes de seus executivos, dos decisores e daqueles que têm influência no processo de compras. Kotler e Keller (2012) corroboram afirmando que o profissional de venda deve aprender o máximo possível sobre sua prospecção para decidir sobre a melhor abordagem. c) Abordagem Com o cliente/consumidor em potencial identificado na primeira etapa, e os pontos observados na segunda etapa, o vendedor pode ir, com certa confiança, para o momento da abordagem, o instante em que entra em contato com o cliente/consumidor diretamente pela primeira vez. Esta abordagem pode ser feita em duas etapas, a primeira mais pessoal; e na segunda a proposta comercial propriamente dita. Antes da apresentação da proposta, o vendedor deve obter um bom início de relacionamento baseado em: confiança, segurança, clareza, pontualidade e cordialidade, que são as características importantes para o processo de venda. Neste sentido, alguns pontos devem ser observados: Obter um bom início de relacionamento baseado em: confiança, segurança, clareza, pontualidade e cordialidade, que são as características importantes para o processo de venda. 113 Vendas Capítulo 4 • Use roupas adequadas ao tipo de produto e mercado: terno, uniforme, jaleco, roupas esportivas; tudo pode ser usado desde que seja alinhado com a identidade do mercado/organização. • Mantenha uma postura para projetar segurança no que você está fazendo/falando. • Escute mais do que fala, atenção ao cliente pode criar oportunidades para que você utilize o que o cliente falou a seu favor. • Evite distração de sua parte ou do cliente/consumidor, leve somente o material necessário (catálogos, celulares, material de apoio etc.). • Seja entusiasta e positivo. • Desenvolva expressões de forma consciente, sorria quando necessário, seja agradável e receptível, mantendo sempre uma expressão firme e serena ao apresentar os benefícios do produto. • Demostre que sua visita foi planejada e que você foi até ele porque sabe que seu produto é o ideal para o cliente/consumidor. • Aprenda como pronunciar o nome do cliente em potencial corretamente e utilize-o ao longo da conversa. d) Apresentação Assim que o vendedor sentir que conseguiu a atenção do comprador, este pode iniciar a venda propriamente dita. Neste momento, o vendedor já deve ter em mente uma estratégia com base no conhecimento adquirido na etapa anterior e, munido destas informações, apresentar uma proposta para suprir a necessidade ou desejo deste cliente/consumidor por meio dos benefícios que este produto tem a oferecer. Para auxiliar neste processo, o vendedor deve utilizar inúmeras ferramentas para auxiliar no processo, tais como: • portfólio; • amostras; • vídeos; • depoimentos; • visitas técnicas; • demonstração / simulação; • fotos; • entre outros recursos que permitem ao cliente/consumidor ter segurança de sua escolha. e) Negociação Neste instante, o vendedor deve explorar todo o seu potencial, um verdadeiro duelo de paciência, conhecimento técnico, persuasão e segurança devem ser usadas como armas nesta disputa. 114 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Toda negociação pode ser entendia como uma disputa, pois no processo de vendas entende-se que as duas partes querem fechar o negócio, porém cada qual quer obter a melhor vantagem sobre este. Sabendo disso, um bom vendedor que quer manter um relacionamento duradouro com o cliente/consumidor direciona seus esforços de negociação para o que chamamos de negociação ganha-ganha, na qual ambos saem ganhando. Podemos dizer que, de forma natural, os clientes/consumidores criam objeções durante o processo de venda e o vendedor deve encarar esta etapa como parte do processo. As objeções podem apresentar características psicológicas ou lógicas. As objeções psicológicas incluem as preferências ou limitações do cliente/ consumidor, e estas apresentam uma maior dificuldade de interpretação, exigindo maior habilidade do vendedor,por exemplo: • percepção de marcas; • indiferença; • percepção desagradável ao vendedor; • preconceitos; • inseguranças; • experiências anteriores. Por sua vez, as objeções lógicas envolvem questões que são apresentadas de forma mais objetiva e permitem uma maior margem de negociação por parte do vendedor, por exemplo: • qualidade; • características técnicas; • preços; • prazos; • entrega; • quantidade. Apesar de que em um primeiro momento talvez não pareça algo bom, quando o cliente cria objeções durante o processo, isto pode indicar interesse pelo que foi oferecido, sendo um indicador de que o vendedor está no caminho correto. Apesar de que em um primeiro momento talvez não pareça algo bom, quando o cliente cria objeções durante o processo, isto pode indicar interesse pelo que foi oferecido, sendo um indicador de que o vendedor está no caminho correto. 115 Vendas Capítulo 4 Para superar essas objeções, o vendedor precisa treinar ampla e profundamente suas habilidades de negociação e, segundo Cônsoli (2007), alguns tópicos devem ser observados: • Atitude positiva: você deve ter expressões naturais, sem demostrar surpresa e responder a elas sinceramente, sem discussões ou contradições. Ex.: “Estou feliz que você tenha mencionado isso” ou “Esse é um ótimo comentário”. • Dizer a verdade: é algo necessário para garantir relações duradouras, pois se o cliente pedir um prazo e sua organização não entregar, a próxima visita não será tão fácil. • Antecipação: a capacidade de responder rapidamente ajuda a criar confiança e evita situações embaraçosas ou a perda da venda, portanto, ter um roteiro de objeções auxilia neste processo. • Não interromper: escute primeiro e depois responda, não interrompa, mesmo que a situação esteja óbvia, escute a objeção como se não soubesse do que se trata. Lembre-se de que quando um cliente/ consumidor fala, ele provavelmente entende o que está falando e é muito importante, mesmo parecendo simples para você. • Prevenir problemas: o vendedor deve levantar as objeções já conhecidas antes mesmo que os clientes o façam, pois, assim, pode demonstrar segurança e conhecimento do negócio. • Avaliar objeções: as objeções podem ser necessidades reais ou desculpas que disfarçam as suas verdadeiras objeções. Quando o cliente cria a objeção ao valor alto do produto, talvez seja uma indicação de que ele não dispõe de tal valor disponível ou tentará barganhar algum desconto. f) Fechamento Neste estágio, após o esclarecimento das dúvidas e objeções, o vendedor tenta fechar a venda tendo como função a finalização do processo e o detalhamento da compra/pedido. Parece simples, mas este é um momento crítico da negociação e o vendedor precisa saber como identificar as declarações ou comentários do comprador, que sinalizará a intenção de compra. Existem várias formas para o momento do fechamento, o vendedor pode: • Recapitular os pontos negociados. • Questionar a preferência por A ou B. • Oferecer incentivos ao comprador como preço especial, quantidade extra ou um brinde. 116 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Perceba que o fechamento não é o ponto final do processo de venda, ainda há muito trabalho a ser feito, pois as entregas precisam ser marcadas, instalações devem ser planejadas e, depois que o sistema estiver funcionando, é necessário garantir que os pontos negociados e esperados pelo cliente/consumidor sejam atendidos e, para isso, partimos para a próxima etapa. g) Pós-venda Para esta última etapa é necessário que o vendedor observe e assegure a satisfação do cliente/consumidor durante o fechamento da venda. Dependendo do negócio, o vendedor deve entrar em contato ou até mesmo programar uma visita de acompanhamento durante ou após algum tempo depois que o cliente/ consumidor está usufruindo dos benefícios do produto/compra anunciados. O contato pós-venda tem como objetivo assegurar-se de que o cliente tenha recebido de forma satisfatória o que comprou e para isso um plano de pós-venda pode garantir que o cliente não seja esquecido ou perdido para um concorrente. Todo este esforço é justificado, pois uma venda bem-feita é aquela que o cliente/ consumidor compra, paga, revende ou consome e, principalmente, sente-se satisfeito, gerando uma nova compra ou indicação (GOBE et. al., 2007). O pós-venda dá ao vendedor um acesso quase ilimitado ao cliente, parceria, o que permite voltarmos à primeira fase do processo de venda, de acordo com a conveniência de descobrir novas oportunidades que precisam de soluções. Só que, desta vez, será muito mais fácil porque agora temos a maior de todas as vantagens competitivas para um vendedor, a confiança do cliente/consumidor. A maior de todas as vantagens competitivas para um vendedor, a confiança do cliente/ consumidor. Atividade de Estudos: 1) Desenvolva um roteiro de vendas, conforme modelo proposto, tendo como objetivo a comercialização de um bem ou serviço oferecido pela sua organização ou outra que você conheça muito bem. Em cada etapa deste roteiro, liste no mínimo dez pontos a serem observados. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 117 Vendas Capítulo 4 Formação da Equipe de Vendas Os profissionais de vendas, seja gerente, supervisor, ou vendedores, devem desenvolver características e personalidade que os aproximem de seus clientes, além disso, existem características importantes fundamentais para o processo de vendas que devem ser aprimoradas (GOBE et. al., 2007), a saber: • Facilidade de relacionar-se. • Ter naturalidade nas relações. • Apresentar visão do negócio que atua. • Ter obstinação. • Ter identificação com o trabalho. • Ter a capacidade de saber ouvir e entender o cliente. • Ter flexibilidade e capacidade de adaptação. • Estar sempre preparado. • Inspirar sempre confiança. • Ser proativo. • Apresentar-se sempre com boa aparência. • Estar sempre disposto ou ter energia. Para que uma organização obtenha sucesso com sua equipe de vendas, é necessária uma liderança, para tanto, motivar e direcionar as ações da equipe de venda é fundamental. Para Hunter (2004), liderança é a habilidade de influenciar pessoas para desenvolver suas atividades de forma entusiasmada, visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Como figuras lides (pessoas que disputam algum bem ou causa), deste processo, temos o gerente de vendas, que possui como atribuição as atividades de planejamento, organização, direção e controle, sendo um eterno ciclo de retroalimentação como pode ser percebido na figura a seguir. Figura 18 – Funções básicas do gerente de vendas Fonte: adaptado de Las Casas (2004, p. 58). 118 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Em geral, estas seriam as principais atribuições a serem desenvolvidas por um gerente de vendas e, dentro desta perspectiva, algumas funções mais específicas para este profissional são citadas por Las Casas (2004, p. 59): • Planejar a atividade de vendas. • Manter harmonia organizacional com os demais departamentos da empresa. • Participar das atividades de marketing, fornecendo e recebendo informações de mercado. • Satisfazer os clientes e ter certeza da obtenção de resultados positivos. • Desenvolver vendedores para promoções futuras. • Delegar autoridade. • Estabelecer prioridades. • Formar e manter uma equipe adequada às funções. • Auxiliar os vendedores na realização de suas tarefas. • Motivar sua equipe de vendas. • Treinar constantemente seus funcionários. • Desenvolver vendedores para promoções futuras. • Controlar as atividades de vendas, procurando atingir melhores resultados a custos menores. • Preparar orçamentos. Treinamento e Motivação A palavra treinamento é explicada por Gobe et al. (2007,p. 323) como “o desenvolvimento do profissional de vendas com o objetivo básico de prepará-lo e desenvolvê-lo constantemente para que melhor atue no mercado e atenda o cliente”. O principal objetivo do treinamento é acompanhar a equipe de vendas de acordo com atividades pré-determinadas, as quais a gerência de vendas define como importante para os resultados financeiros ou em relação à participação no mercado (GOBE el al., 2007). Esse processo deve ser contínuo e embasado em avaliações de desempenho das funções individuais e coletivas, e as diretrizes do sistema de avaliação devem estar alinhadas com o que a organização determinou na contratação do profissional e na sua capacitação para o mercado. O processo de avaliação deve ser desenvolvido a partir de uma visão global do processo, não somente pelo desempenho financeiro do vendedor, mas da postura durante o atendimento ao cliente, da preocupação com a imagem da empresa, da disponibilidade de produtos na área de vendas, entre outros. Além 119 Vendas Capítulo 4 disso, o processo de avaliação não deve ser uma ferramenta de controle e punição, pelo contrário, deve ser um processo de apoio ao treinamento, o qual a equipe de venda percebe como um processo de melhoria. Além do treinamento, a remuneração é um ponto essencial para motivar a equipe de vendas. Segundo Carvalho (1989), não adianta investir num processo sofisticado de contratação de vendedores se o sistema de remuneração é falho, principalmente quando falamos em equipes de alta performance. Neste link, disponível em: <http://www.vendamais.com.br/5- qualidades-vendedor-de-alta-performance/>, você encontrará as “5 qualidades que ajudam vendedores a terem alta performance”, apontadas pelo consultor David Hoffeld, diretor da Hoffeld Group. A definição da forma como a equipe de vendas é remunerada está ligada ao tipo de produto e ao desempenho de vendas, ao tempo em que a empresa está no mercado, à carteira de clientes desse vendedor, às margens de contribuição desses produtos e aos custos de venda (GOBE, 2007). Com base neste apontamento, temos o quadro a seguir com formas usuais de remuneração da equipe de vendas que podem ser aplicadas isoladamente ou em combinação, dependendo dos objetivos e possibilidades da empresa no mercado: Quadro 7 – Tipos de remuneração de vendas Totalmente variável O vendedor recebe comissão somente sobre o volume de vendas, tendo como parâmetro o volume de vendas, margem de contribuição ou preço médio. Esta forma de remuneração é normalmente utilizada para vendedores autônomos e de representação comercial. Variável com ajuda de custo Junto com a remuneração variável, o vendedor recebe um valor fixo mensal com o objetivo de auxiliar com as despesas de deslocamento, hospedagem e refeições. Este valor poderá ser descontado de comissões futuras. É normalmente utilizado em organizações que estão iniciando no mercado ou que estão explorando novos territórios. Fixo mais variável O vendedor recebe salário fixo abaixo do praticado pelo mercado mais uma comissão sobre as vendas realizadas ou pela margem de contribuição, produtos de foco do mês e conversão de clientes para sua marca. Comumente utilizada, esta opção diminui o custo fixo da organização e permite ao vendedor uma remuneração maior. 120 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Fixo com atribuições de prêmios É utilizado pelas organizações para estimular os vendedores a superar as metas estipuladas mensalmente, pode ser dada ao vendedor ou ao desempenho da equipe como um todo. Geralmente, são dados em dinheiro, viagens, utensílios para o lar, livros, entre outros. Fixo com participação nos resultados Esta forma de remuneração tem o objetivo de despertar maior envolvimento dos profissionais de vendas com a empresa como um todo, sendo assim, além do bom desempenho das vendas, o vendedor deve se preocupar com outras questões, como desperdícios ou custos operacionais. Somente fixo Esta forma de remuneração é utilizada em organizações já estabelecidas no mercado e que têm negociações a médio e longo prazo, do tipo B2B (business to business), empresa para empresa. É necessário um grande envolvimento e conhecimento por parte da equipe de vendas, pois, apesar de fixo, esse tipo de remuneração, geralmente, é bem acima da média do mercado. Fonte: Adaptado de Gobe et. al. (2007). De qualquer forma, independentemente do tipo de remuneração adotado pela equipe de vendas, a organização tem que entender seu momento no mercado e as características do seu produto ou serviço para acertar na escolha da forma de remuneração. Em alguns casos, dependendo da organização, é necessário mais de uma forma de remuneração da equipe de vendas, pois dentro da mesma organização pode existir diferentes realidades quanto aos territórios de atuação e receptividade dos produtos por parte dos clientes/consumidores. a) Planejamento de vendas Não existe uma fórmula para vender, existe apenas planejamento, técnicas e estratégias que fazem a equipe de vendas ter mais motivação e segurança para realizar as atividades diárias. Para isso, há o plano de vendas que, de acordo com Las Casas (2004), é um documento no qual constam os principais tópicos do planejamento. Desenvolvido de forma operacional, servirá como um norteador para as decisões da equipe de vendas. O planejamento para área de vendas inicia a partir dos objetivos da organização, da análise da situação interna e externa (podemos recorrer à matriz SWOT), previsões, orçamento, território, rotas e cotas. Para Gobe et al. (2007) o planejamento é desenvolvido a partir de cinco etapas: avaliação das oportunidades do mercado, estimativa do potencial do mercado, previsão de vendas, segmentação do mercado, distribuição e logística. Para identificação do potencial de mercado e do potencial de vendas, a equipe de vendas deve desenvolver suas habilidades de compreensão do potencial de mercado clara e objetivamente que, segundo Gobe et al. (2007), é a capacidade de um mercado de uma determinada área geográfica ou setor da economia de absorver uma quantidade de vendas de um produto ou serviço. 121 Vendas Capítulo 4 Por sua vez, Las Casas (2004) afirma que o potencial de mercado traduz a capacidade máxima de absorção do mercado em determinado momento, pois o potencial de vendas consiste na expectativa de uma companhia obter participação de determinado potencial de mercado. Podemos entender estes dois pontos da seguinte forma, conforme apontado por Las Casas (2004), por meio da atuação de uma organização que atua em São Paulo: • Potencial de mercado: identifica a capacidade do mercado. Esta estimativa vai refletir a situação econômica do momento. Em épocas de prosperidade, é evidente que o potencial será maior do que em épocas de recessão. A capacidade máxima que o território nacional pode absorver de um produto representa 100%. Supondo que São Paulo corresponda a 50% desse total, o potencial da cidade de São Paulo é, portanto, de 50%. Normalmente, divide-se em regiões para facilitar as estimativas. • Potencial de vendas: a partir dessas informações pode-se calcular o potencial de vendas. A capacidade de vendas da empresa e do mercado parte da análise da demanda total do mercado. Supondo que a demanda estimada do produto seja de 10.000 unidades, o potencial de vendas da empresa será de 5.000 unidades, pois o potencial de mercado de São Paulo representa 50% do mercado total. Ademais, a previsão de vendas é a projeção numérica das expectativas de venda e objetiva a previsão das vendas no período seguinte, sempre ponderada sobre diversas influências conhecidas até o momento. Como o processo de previsão depende de agentes externos, para concretizar a equipe de vendas é preciso ponderar suas previsões e mapear possíveis ajustes. Outrossim, a previsão de vendas é desenvolvida com base na análise da organização, de seu ambiente,da concorrência, além de outros pontos que podem influenciar de forma direta, como: condições gerais dos negócios, do mercado, do produto e internas da companhia. Esta etapa é de extrema importância, pois a partir dela é desenvolvido o planejamento financeiro de toda a organização, assim como a produção e investimentos em marketing, além de outras ações necessárias para o cumprimento da meta. Em termos práticos, se a equipe de vendas cria uma previsão de vendas de 10.000 unidades para a região de São Paulo, o departamento financeiro será direcionado a este faturamento, assim como a capacidade produtiva da organização deve ser adaptada para atender a esta meta e as ações de marketing sofrerão influência, pois são assumidas metas, em muitos casos, do planejamento estratégico, a previsão de venda. 122 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Para Las Casas (2004), o período de planejamento de vendas pode ser mensal ou anual, dependendo de cada modelo de negócio da organização. As previsões de vendas, para tanto, são divididas entre as regiões, mercado ou cliente. A seguir, destacam-se alguns métodos que podem ser utilizados. • Intenção de compra: como no método para determinação do potencial, os clientes são questionados a respeito de compras futuras para o período planejado. • Opinião da força de vendas: os vendedores, por terem relacionamento e conhecimento dos clientes, podem determinar o quanto esperam vender. • Vendas passadas: é um procedimento muito usado no Brasil. Com base nas informações históricas das vendas, faz-se uma projeção considerando a média dos índices de crescimentos alcançados, suas variações sazonais e cíclicas. • Julgamento dos executivos: os executivos, com base em sua experiência e intuição, determinam o que a empresa venderá no período considerado. Os territórios e rotas são zonas divididas para vendas que, segundo Las Casas (2004), permitem aos vendedores identificar os clientes em potencial, permitindo chegar mais próximo de um atendimento adequado. Esta afirmação é corroborada por Gobe et al. (2007), o qual aponta que a definição de segmentos de mercado dentro do planejamento de vendas visa à geração de subsídios para a organização dos territórios, ao zoneamento e a outros critérios para a formulação da estratégia de vendas. O Orçamento de vendas, para o planejamento de vendas, nada mais é do que o planejamento financeiro da previsão do lucro e os gastos para alcançar tais objetivos. Para Las Casas (2004), os orçamentos de vendas podem tomar as seguintes configurações: • orçamento de vendas: são comparados aos volumes de receitas e unidades antecipadas a partir da venda de vários produtos; • orçamento das despesas de vendas: antecipa os diversos gastos com as atividades de vendas pessoais, que são: os salários, as comissões, as despesas da força de vendas; 123 Vendas Capítulo 4 • orçamento de propaganda: define os fundos de investimento em propaganda; • orçamento administrativo: orçamento de todo o pessoal administrativo, despesas de operações de escritórios, aluguel, eletricidade etc. Para a etapa do planejamento de venda, há também a distribuição e logística. Etapa responsável pelo escoamento adequado dos produtos. Segundo Gobe et al. (2007), a organização avalia quais são as melhores formas e caminhos. Segundo as teorias estudadas, esta etapa tem como meta estabelecer, manter e gerar eficácia nas vias de distribuição para que os produtos sejam colocados nos segmentos mais importantes e de maneira mais econômica. b) Indicadores de venda Como qualquer tipo de atividade de controle, é necessário o monitoramento dos indicadores e, para controlar o processo de venda de uma equipe, é necessária a elaboração de relatórios de vendas que servem para que a equipe consiga acompanhar o desenvolvimento de suas atividades. Várias são as formas de criação dos relatórios de vendas utilizados pelas empresas, on-line ou não, estes documentos têm como objetivo principal o monitoramento da execução do que foi planejado, servindo como base para a previsão de vendas do próximo período e até mesmo para novos treinamentos da equipe de vendas. Os relatórios podem ser desenvolvidos da seguinte forma, de acordo com Gobe et al. (2007, p. 213): • Ficha do cliente: nela se encontram todas as informações, como endereço, dados de crédito, seu potencial de compras, suas últimas compras, informações e histórico sobres as visitas. Essas informações são importantes para o planejamento da negociação, por isso as informações devem estar sempre atualizadas, representado a realidade do momento. • Ficha de cadastro para a concessão de crédito: o papel principal do vendedor é negociar todo o seu portfólio de produtos, no entanto, ele precisa conhecer a condição financeira do cliente, crédito a quem tem condições de trabalhar com essa alternativa de mercado. • Mapa de vendas: permite que o vendedor acompanhe sua estratégia de vendas. Este relatório apresenta a evolução imediata dos resultados de suas vendas comparadas a sua cota de vendas definida para o período. 124 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS • Pedidos: são a maior fonte de informação que o vendedor gera para a organização, é por meio do pedido que vários fluxos organizacionais são iniciados. • Relatório de visitas: mapa em que alguns dados são transformados em índices para monitorar o desempenho dos vendedores. É bastante utilizado no sistema de representação de vendas e permite a formação de um histórico que servirá para futuras análises comparativas. • Mapa de avaliação das visitas: essa é uma poderosa ferramenta para direcionar as ações da equipe comercial, permitindo o desenvolvimento de treinamento, com objetivo de promover a melhoria dos trabalhos futuros. Pode ser usado de forma mais ampla para avaliar as estratégias adotadas e o desempenho dos produtos. • Despesas da equipe comercial: é a ferramenta de acompanhamento das despesas da equipe comercial e, por meio dela, a área financeira da organização poderá monitorar e avaliar a rentabilidade do processo de vendas. Por meio destes e de outros relatórios desenvolvidos pela equipe de vendas, a organização pode criar indicadores, permitindo a avaliação de forma objetiva e ágil do desempenho do plano de venda, em nível global ou especificamente de cada profissional. Formas de Negociações A capacidade principal para um bom vendedor desenvolver uma negociação deve ser um ponto observado com muita atenção, pois é um processo de busca e aceitação de ideias ou propósitos entre partes, além disso, a negociação em vendas pode ser dividia em três categorias conforme figura a seguir. 125 Vendas Capítulo 4 Figura 19 – Habilidade para uma negociação bem-sucedida Fonte: Gobe et al. (2007). As habilidades interpessoais são fundamentais para o vendedor, pois, caso ele atue em mercado B2B, o comprador será sempre uma ou mais pessoas com todos as suas características psicológicas, preconceitos e percepções e, como qualquer pessoa, apresentará suas conclusões com base no relacionamento com o decisor. A habilidade técnica é uma característica adquirida em forma de experiência e estudos, promovida de forma mais fácil que a interpessoal, tal habilidade consiste em conhecer profundamente o produto oferecido e os problemas do cliente/consumidor a ponto de propor soluções inovadoras e confiáveis. Por fim, a habilidade de negociação consiste na capacidade de administrar as informações, escutar e se posicionar perante as negativas, objeções e inseguranças do cliente/consumidor. Dependendo do modelo da organização e o nível da negociação, faz-se o uso de mais de um vendedor, cada um com habilidades que complementam o processo de venda em diferentes níveis de habilidade. 126 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS a) Técnicas de negociação Para que uma negociação seja bem desenvolvida, o vendedorprecisa portar- se empaticamente com o cliente, pois um bom vendedor/negociador deve ser primeiro um bom ouvinte, não adianta usar argumentos que não fazem sentido às necessidades ou desejos do consumidor. Outro ponto que um vendedor/negociador precisa compreender é que a ação de negociar não acontece de forma isolada e nem estaticamente, é um processo contínuo, com passos que se postos de forma correta levam o vendedor ao fechamento da venda. O terceiro ponto, algo já analisado em nossos estudos, é o relacionamento, a confiança entre as partes, pois negociações dentro de um ambiente confiável tendem a apresentar melhores resultados por mais tempo. Gobe et al. (2007) traz alguns princípios das negociações que norteiam o trabalho dos profissionais de vendas: • Todas as ofertas devem ser realistas: se alguma posição for muito fora do que se imaginava, a negociação não se completará. • Estar preparado para ceder: pois a situação final deverá estar em meio a um caminho entre a proposta inicial de ambas as partes. • Só conceder algo se receber também outra coisa em troca: é a regra do “se... e então...”, ex.: para dar um desconto de 10% na compra do produto, o vendedor pode exigir um aumento da quantia. • Trocar o que é menos importante por aquilo que realmente importa: pois ambas as partes terão que fazer concessão e é melhor que elas sejam feitas por itens não fundamentais, para que os que realmente importam possam ser mantidos. No quadro a seguir observaremos exemplos de uma negociação na qual o vendedor pode ter, previamente, elaborado um roteiro para a negociação com a declaração dos atributos, vantagens, benefícios e perguntas de fechamento. 127 Vendas Capítulo 4 Quadro 8 – Exemplos de atributos, vantagens, benefícios e pergunta de fechamento Fonte: Adaptado de Futrell (2014, p. 88). Este quadro apresentado por Futrell (2014) serve de exemplo e deve ser adaptado aos produtos e à organização na qual o vendedor está inserido. Com esta ferramenta simples, porém muito eficaz, a equipe de vendas pode facilmente identificar e aplicar um roteiro de negociação muito assertivo. Outra vantagem é que este planejamento pode ser desenvolvido de forma coletiva em treinamentos no decorrer do dia a dia, permitindo que experiências sejam compartilhadas. b) Ética e legislação de vendas Segundo Gobe et al. (2007), a ética envolve o estudo dos juízos de apreciação referente à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem eu do mal. Para o processo de vendas, para o sucesso da organização e, principalmente para o vendedor, a ética e o cumprimento da legislação são fundamentais para manter-se no mercado. Por sua vez, para Futrell (2014, p. 52), “o código de ética é uma declaração formal dos valores das organizações referente às questões éticas e sociais. Ele determina aqueles valores ou comportamentos que são esperados e os que não são tolerados”. 128 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS Como um ponto ético no processo de vendas, temos o respeito ao sigilo das informações de todos os envolvidos no processo, pois facilmente as informações estratégicas podem ser levadas aos concorrentes, visto que um vendedor no caso de vendas B2B circulam em organizações muitas vezes opoente. O vendedor deve estar atento ao Código de Defesa do Consumidor (CDC), que traz regras sobre o processo de compra e venda aplicadas tanto para negociações B2B como para B2C (business to consumer, transação comercial entre empresas e consumidores). Outro ponto a ser observado é o código de ética das organizações envolvidas, seja a do próprio vendedor ou a do comprador. Os pontos definidos no código de ética devem ser conhecidos e respeitados, vistos que são desenvolvidos para garantir transparência e seriedade nos processos organizacionais. Por fim, temos as próprias diretrizes da ética em vendas, na qual o profissional, segundo Gobe et al. (2007), não deverá induzir seu cliente ao erro, lançando mão de informações inverídicas, assim como não apresentar dados de pesquisa ou outras informações de maneira capciosa. Você pode conhecer mais sobre as diretrizes éticas da Abemd, no site: <http://abemd.org.br/codigo-de-etica-da-abemd>. Algumas Considerações Chegamos ao fim de nossa unidade curricular e com ela fechamos uma das etapas de nosso estudo, orientando-nos a colocar o cliente no centro de nossas ações, por meio de referenciais teóricos e técnicas. Assim, você conheceu como o processo de vendas deve ser desenvolvido, ao ser elaborado em etapas, podendo apresentar resultados mais assertivos, pois a cada etapa, o profissional de vendas e sua equipe têm a oportunidade de conhecer e avaliar o cliente/consumidor-alvo detalhadamente. http://abemd.org.br/codigo-de-etica-da-abemd 129 Vendas Capítulo 4 Referências CARVALHAIS, Roselaine S; PATTO, Ângela R.; Manual como elaborar um plano de vendas. Belo Horizonte: SEBRAE/MG, 2007. CARVALHO, Antônio Vieira. Avaliação de equipes de vendas: gerentes, supervisores, vendedores, promotores de vendas, demonstradores. São Paulo: Atlas, 1989. CÔNSOLI, Matheus Alberto et al. Vendas: técnicas para encantar seus clientes. Porto Alegre: Bookman, 2007. FUTRELL, C. M. Vendas: fundamentos e novas práticas de gestão. São Paulo: Saraiva 2003. ______. Vendas: o guia completo. Porto Alegre: McGraw Hill, 2014. GOBE, A. C. et. al. Administração de vendas. Coordenação: Júlio César Tavares Moreira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio de janeiro: Sintaxe, 2004. KOTLER, Philip. Administração de marketing. 10 ed. São Pauo: Novo Milênio, 2000. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo (SP): Pearson Education, 2012. Para as organizações de pequeno porte, a gestão dos processos e da equipe de vendas cria uma oportunidade de profissionalização do processo, fugindo do padrão comumente observado em pequenas organizações, na qual a equipe de vendas conduz seu trabalho de forma apenas intuitiva. 130 PRINCÍPIOS DE MARKETING E VENDAS LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing de varejo. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2004. ROBERTO, El Check. Manual como elaborar estratégia de comercialização. Belo Horizonte: SEBRAE/MG, 2007. STANTON, William J.; SPIRO L. Rosane. Administração de vendas. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e Científicos, 2000.