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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ YASMIN PIRES AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL ARAUCÁRIA 2021 YASMIN PIRES AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL Trabalho apresentado como requisito para obtenção de nota, na disciplina de Sociologia das Sociedades Agrárias, do curso de Bacharelado em Zootecnia. Professor: Rodolfo Bezerra de Menezes ARAUCÁRIA 2021 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 1 2 HISTÓRICO ............................................................................................. 2 2.1 As faces da agricultura familiar ............................................................. 3 2.1.1. O perfil no Brasil ............................................................................... 4 3 O ANO INTERNACIONAL ....................................................................... 5 4 O AUMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR ........................................ 5 5 RELAÇÃO COM O MEIO AMBIENTE ..................................................... 6 6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 7 REFERÊNCIAS ........................................................................................... 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Tabela de caracterização dos estabelecimentos agropecuários do Brasil ............ 4 1 1. INTRODUÇÃO A agricultura familiar é de extrema importância para o desenvolvimento econômico do Brasil, tanto na geração de renda das famílias envolvidas, como na produção de alimentos e na redução do êxodo rural, além do favorecimento do emprego de práticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificação de cultivos. O tema vem ganhando força, considerando os debates embasados no desenvolvimento sustentável e na segurança alimentar. Mesmo com a agricultura familiar mantendo a força e grande representatividade na economia do país, os agricultores são penalizados por faltas de terras e capital, por dificuldades de financiamento, pela baixa disponibilidade tecnológica dentre outros aspectos. 2 2. Histórico A Lei de Terras sancionada por Dom Pedro II, em setembro de 1850, determinava parâmetros e normas referentes a posse, manutenção, uso e comercialização das terras no período do segundo reinado; essa nova lei surge no momento que está proibido o tráfico negreiro no território nacional, tal atividade altamente lucrativa deveria ser substituída por uma economia onde o potencial agrícola será mais explorado. Entretanto, houveram diversas restrições para adquiri-las, dessa maneira a Lei de Terras transformou a terra em mercadoria e garantiu que os antigos latifundiários permanecessem com a posse, levando ao que chamamos de concentração fundiária, que ainda está presente hodiernamente. Durante as décadas de 1960 e 1970, a agricultura brasileira passou por uma intensa transformação em busca da modernização e, essa inovação, com o apoio estatal, gerou a incorporação de práticas agroquímicas e de mecanização. Porém essa modernização, focou somente na preservação de grandes propriedades fundiárias com a finalidade de aumentar as exportações brasileiras, resultando em um modelo de desenvolvimento socialmente excludente e ecologicamente perigoso, o que culminou na marginalização social, econômica e política de muitos agricultores familiares que se viram obrigados a migrar para os centros urbanos, dando início ao êxodo rural. Ademais, na década de 90 os modelos implementados começaram a apresentar problemas no que tange ao meio ambiente, dessa maneira, se inseriu novamente os ideais de uma agricultura familiar e mais sustentável. 3 2.1 As faces da agricultura familiar Nos últimas décadas, o Brasil conheceu avanços significativos no que diz respeito a uma melhor definição e compreensão das características e do significado do grupo social denominado agricultura familiar. O principal avanço, entre outros, refere-se ao reconhecimento da enorme diversidade econômica e heterogeneidade social deste grupo formado por pequenos proprietários de terra que trabalham com o uso da força de trabalho dos membros de suas famílias, produzindo tanto para o autoconsumo como para a comercialização, e vivendo em pequenas comunidades ou povoados rurais. Agricultura familiar é “Aquela em que a família, ao mesmo tempo em que é proprietária dos meios de produção, assume o trabalho no estabelecimento produtivo. É importante insistir que esse caráter familiar não é um mero detalhe superficial e descritivo, ou seja, o fato de uma estrutura produtiva associar família-produção-trabalho tem consequências fundamentais para a forma como ela age econômica e socialmente. No entanto, assim definida, essa categoria é necessariamente genérica, pois a combinação entre propriedade e trabalho assume, no tempo e espaço, uma grande diversidade de formas sociais”. (WANDERLEY, 1999, p 23) Porém, conforme ocorre sua reprodução social e econômica deixa de estar confinada à pequena comunidade rural ou povoado isolado pois recebem influências externas, que podem ser tecnológicas, culturais ou mercantis, acabam por ampliar sua inserção social. Fazendo com que estejam cada vez mais ativos e haja maior interação com o mercado consumidor. Entretanto, mesmo havendo tais mudanças ainda permanecem problemáticas antigas, como a vulnerabilidade social, pobreza e privação de terras e etc. 4 2.1.1. O Perfil no Brasil Dados do Censo Agropecuário do IBGE, levantados em 2010 tendo o ano base 2011, mostraram que o Brasil possuía em 2010 um total de 5.175.489 estabelecimentos agropecuários dos quais 4.367.902 poderiam ser classificados como de agricultores familiares. Deixando evidente que a agricultura familiar representa 84% do total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros e ocupa uma área de pouco mais de 80,3 milhões de hectares, o que representa 24,3% da área total dos estabelecimentos rurais brasileiros. Tabela 1. Caracterização dos estabelecimentos agropecuários do Brasil, segundo a classificação da agricultura familiar. Ao analisarmos os dados, o reconhecimento da agricultura familiar no Brasil é recente, pode-se levantar alguns pontos para reconhecimento. O primeiro está ligado a retomada do sindicalismo rural com o fim do período militar; o tema ter servido como pauta para cientistas e estudiosos que debateram sobre e as políticas públicas, dando visibilidade e criando por exemplo, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF). Devido a alguns desses fatores, a agricultura familiar por impulsionada na década de 90 no Brasil. 5 3. O ano internacional Devido à grande relevância que o tema possuí, ao redor de milhares de famílias entre camponeses, pescadores, populações indígenas foram lançadas em 22 de novembro de 2013, o Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF – 2014), que tem como objetivo dar visibilidade para agricultura familiar e pequenos produtores, focalizando a atenção mundial e seu importante papel na erradicação da fome e da pobreza, melhoria dos meios de subsistência, gestão dos recursos naturais e proteção do meio ambiente visando o desenvolvimento sustentável. Posicionando assim aagricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais. No Brasil, existem atualmente 4,367,902 agricultores familiares reconhecidos, fornecendo cerca 70% dos alimentos que constituem a mesa da população. Num país onde se luta muito contra a fome e a miséria, os desafios são muito grandes e há enorme participação da agricultura familiar envolvida. 4. O aumento da agricultura familiar Segundo João Luiz Guadagnin, diretor do Departamento de Financiamento e Proteção da Produção da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a agricultura familiar tem espaço para alavancar ainda mais. [...] os agricultores familiares têm se desenvolvido muito nos últimos tempos, incorporando tecnologia, têm melhorado a produtividade e o gerenciamento dos estabelecimentos comerciais, mas ainda à um espaço grande, à uma porção de agricultores familiares que estão chegando na terra agora através de programas de créditos fundiários e reforma agrária e muitos agricultores com pouco acesso a capacitação, assegurando esse crescimento. 6 5. Relação com o meio ambiente A agricultura convencional, utilizada principalmente em propriedades de produção em maior escala, não tem se mostrado sustentável, dentro desse contexto o surgimento da agroecologia apresenta novas perspectivas para viabilizar a produção, preservando o meio ambiente, buscando a sustentabilidade econômica, social e ambiental. Assim, a agricultura orgânica apresenta-se como uma possibilidade de uma agricultura sustentável. Nesse viés, na agricultura familiar está se tornando cada vez mais comum essa produção de alimentos orgânicos por serem produtos isentos da aplicação de agrotóxicos, adubos químicos, e outros tipos de substância normalmente utilizada. Tais alimentos possuem uma série de benefícios, sobretudo em relação a saúde humana, além de reduzir os impactos negativos que um cultivo convencional de alimentos traz ao meio ambiente. Tendo em vista as vantagens ao consumir os alimentos orgânicos, tanto para a saúde humana quanto para o ambiente, a viabilidade econômica desse mercado encontra-se em ascensão, favorecendo o aumento da produção e melhorando a renda dos agricultores que optam por esse modelo produtivo. 6 6. CONCLUSÃO Em suma, fica exposto a importância da agricultura familiar para o desenvolvimento socioeconômico e a necessidade de intensificação das políticas públicas voltadas para os métodos agroecológicos no cultivo, basicamente em virtude dos benefícios sociais, econômicos e ambientais gerados por essa prática. Ressalta-se também, a necessidade de estudos com dados mais recentes quanto à agricultura familiar, com o intuito de conhecer a atual realidade, saber de forma mais profunda suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico nacional e sobretudo sobre seu impacto ambiental e social. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, R. Agricultura familiar e uso do solo. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 73-78, 1997 BUAINAIN, A. M.; ROMEIRO, A. R.; GUANZIROLI, C. Agricultura familiar e o novo mundo rural. Sociologias, Porto Alegre, v. 5, n. 10, p. 312- 347, 2003. CAUME, D. J. Segurança alimentar, reforma agrária e agricultura familiar. Revista Extensão e Cultura, Goiânia, v. 1, p. 36-39, 2003. DEL GROSSI, M. E. ; MARQUES, V. . Agricultura familiar no censo agropecuário 2006: o marco legal e as opções para sua identificação. Estudos Sociedade e Agricultura (UFRJ), v. 18, p. 127-157, 2010. GOMES, I. Sustentabilidade social e ambiental na agricultura familiar. Revista de biologia e ciência da terra, v. 5, n. 1, 2004 GRAZIANO DA SILVA, J. O novo rural brasileiro. Campinas, UNICAMP, Instituto de Economia, (Coleção Pesquisas, 1), 1999. NEVES, D.P. Agricultura familiar, questões metodológica. Reforma Agrária, vol. 25, 1995, p. 21-37.
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