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CIÊNCIAS DOS MATERIAISCIÊNCIAS DOS MATERIAIS
POLÍMEROS E CERÂMICOSPOLÍMEROS E CERÂMICOS
Autor: Dr. Gabriel Alves Gomes
Revisor : Luc iano Gald ino
I N I C I A R
introdução
Introdução
Nesta unidade, centralizaremos os esforços no estudo dos polímeros e
cerâmicos, entendendo os principais aspectos que tornam esses produtos
amplamente utilizados e alinhados à tecnologia. Começaremos a estudar os
materiais poliméricos (como os plásticos simples e borrachas, por exemplo),
descrevendo-os em função do seu importante histórico e das suas
características fundamentais que os distinguem dos metais, classe
anteriormente estudada na disciplina.
Abordaremos brevemente as con�gurações das estruturas cristalinas dos
polímeros, fazendo uma releitura do que aprendemos previamente. Veremos
as suas principais classi�cações, debatendo alguns aspectos que proporcionam
a materiais parecidos serem aplicados em campos completamente distintos da
indústria e tecnologia.
Em seguida, trataremos dos materiais cerâmicos com abordagem parecida,
distinguindo as suas características físicas e químicas, explorando as
diversidades de produtos para diferentes con�gurações cristalinas e
entendendo como estes materiais se diferenciam dos anteriores em relação ao
custo de produção e às possibilidades de aplicações.
Por �m, o leitor poderá ter acesso aos novos sistemas de alta tecnologia
construídos com o uso de materiais cerâmicos avançados, como os nanotubos
de carbono e o grafeno, entendendo o motivo destes materiais serem tão
promissores para o futuro próximo.
A história da utilização dos materiais poliméricos pelas mãos do ser humano,
principalmente daqueles derivados de plantas e animais, como lã, madeira,
couro e seda, remonta há muitos séculos. Contudo, a partir da segunda metade
do século XIX, diversos materiais baseados em polímeros naturais ou
modi�cados foram desenvolvidos, em geral com o objetivo de substituir
materiais tradicionais.
Segundo Bauer (2019), o início do século XX foi marcado com o que se pode
chamar de o início da “Idade do Plástico”, uma vez que diversas resinas
sintéticas, tais como o PVC, poliestireno, polipropileno, poliuretanos,
poliamidas, dentre outras, foram desenvolvidas a partir de processos de síntese
química e tiveram suas produções em escala industrial iniciadas. A utilização do
PVC na construção civil, na forma de tubos, data da virada da década de 1930
para a década de 1940.
Assim, desde o término da Segunda Guerra Mundial, o campo dos materiais foi
certamente revolucionado pelo advento dos polímeros sintéticos. Algumas
vantagens dos materiais sintéticos residem no fato destes poderem ser
produzidos a baixo custo, além de suas propriedades poderem ser ajustadas de
Introdução aos MateriaisIntrodução aos Materiais
PoliméricosPoliméricos
forma a tornar muitos destes novos materiais superiores aos seus análogos
naturais.
A seguir, veremos os principais conceitos de polímeros no que concerne à sua
estrutura e cristalinidade.
Estrutura Polimérica
De acordo com Agnelli (2000 apud Bauer, 2019, p. 440), polímeros são materiais
de origem natural, arti�cial (polímeros naturais modi�cados) ou sintética, de
natureza orgânica ou inorgânica, constituídos por muitas macromoléculas,
sendo que cada uma dessas macromoléculas possui uma estrutura interna em
que há a repetição de pequenas unidades ou meros. A própria palavra polímero
já indica a principal forma de arranjo molecular nesses materiais, do grego poli
(muitas) e meros (pequenas partes ou unidades de repetição).
A utilização de materiais poliméricos na indústria é uma tendência crescente no
Brasil, seja em substituição a materiais tradicionais (como metais, madeira,
cerâmica, dentre outros) ou em conformidade com novos produtos. Dados da
Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST, 2019) mostram que
das mais de 6,2 milhões de toneladas de plásticos consumidas no Brasil no ano
de 2018, cerca de 24% foram destinadas a aplicações ligadas à construção civil.
Ainda de acordo com a pesquisa, este é o segundo setor de maior consumo de
resinas termoplásticas no Brasil, atrás somente do setor de embalagens, que
detém cerca de 26% do total de consumo de resinas.
Quanto à forma �nal de utilização, os polímeros podem ser divididos em
plásticos, �bras poliméricas, borrachas ou elastômeros, espumas, tintas e
adesivos. Embora cada polímero, individualmente, apresente características
muito especí�cas que os diferenciam dos demais, é possível apresentar como
principais vantagens dos materiais poliméricos características como: baixo
custo de fabricação, ótima performance como isolantes elétricos, possibilidades
de coloração e simples conformação, imunidade à corrosão e longa
durabilidade (BAUER, 2019, p. 440).
Moléculas Poliméricas
A composição estrutural da maioria dos polímeros decorre de moléculas
orgânicas de hidrocarbonetos, compostos por hidrogênio e carbono. Essas são
estruturas mais simples, em que cada átomo de carbono possui quatro elétrons
elegíveis para ligações covalentes simples, duplas ou triplas, onde ocorre o
compartilhamento de um, dois ou três pares de elétrons, respectivamente.
O etileno ( ), por exemplo, possui dois átomos de carbono ligados um ao
outro por meio de uma ligação dupla, onde cada um destes também se liga a
dois átomos de hidrogênio por ligação simples. Como exemplo de molécula
com ligação tripla temos o acetileno ( ). Na Figura 2.1 vemos as
representações químicas estruturais do etileno e do acetileno, respectivamente.
Nos polímeros, as moléculas são muito maiores quando comparadas às dos
hidrocarbonetos, o que faz com que estas sejam chamadas de macromoléculas.
Para os polímeros com cadeias de carbono, por exemplo, a estrutura de cada
cadeia é uma série de átomos de carbono que se ligam, por ligações simples, a
dois átomos de carbono adjacentes.
Monômeros
Segundo Askeland e Wright (2014, p. 510), essas longas moléculas são
compostas por entidades estruturais chamadas unidades repetidas ou meros,
que se repetem sucessivamente ao longo da cadeia. Associados aos meros,
temos ainda os monômeros, a pequena molécula a partir da qual um polímero
é sintetizado. Nesse aspecto, os monômeros são as matérias-primas utilizadas
para obtenção de cada polímero.
C2H4
C2H4
Figura 2.1 - Fórmulas estruturais do (a) etileno e (b) acetileno 
Fonte: Elaborada pelo autor.
De acordo com Bauer (2019, p. 441), o monômero é uma molécula simples,
capaz de reagir por pelo menos duas de suas terminações, que, em condições
adequadas, origina a unidade de repetição (mero) das muitas cadeias
poliméricas que formam o polímero. Como exemplo, temos que o monômero
utilizado na formação do poliestireno (PS) é o estireno (de fórmula estrutural 
), assim como no caso do policloreto de vinila (PVC) o monômero utilizado é
o cloreto de vinila (com fórmula química ).
Polimerização
Podemos de�nir como polimerização o conjunto de processos e reações
químicas que conduzem os monômeros a formar polímeros.   Durante o
processo de polimerização, nem todas as cadeias dos polímeros crescem até
um mesmo comprimento, o que resulta em uma distribuição de comprimentos
de cadeias ou de pesos moleculares.
Do ponto de vista tecnológico, dois dos principais processos de polimerização
são: a polimerização em cadeia (duplas ligações de carbono) e a polimerização
em etapas (reações entre os monômeros, que podem ou não formar
subprodutos de baixo peso molecular).
O grau de polimerização (GP) expressa o número médio de unidades repetidas
que formam a cadeia polimérica. Um parâmetro importante a ser considerado
é a distribuição de pesos moleculares do polímero, ou seja, o grau de
diversidade de tamanhos das macromoléculas, também denominado de
coe�ciente de polidispersividade (BAUER, 2019, p. 443).
Dessa forma, polímeros monodispersos ideais (com um único tamanho de
macromolécula) possuem coe�ciente de polidispersividade igual à unidade,
enquanto polímeros comerciais exibem polidispersividade superior a 1.   Este
valor é variável e depende diretamentedo processo de síntese.
C8H8
ClC2H3
Homopolímeros e Copolímeros
Quando todas as unidades estruturais repetidas ao longo de uma cadeia são do
mesmo tipo, o polímero resultante é chamado homopolímero. Nesse aspecto,
podemos dizer também que os polímeros deste tipo possuem macromoléculas
formadas por um único padrão de mero. Por outro lado, os copolímeros são
formados por macromoléculas que possuem cadeias compostas por duas ou
mais unidades repetidas diferentes.
Em relação à formação das macromoléculas, os copolímeros podem ser
subdivididos em: aleatórios (duas unidades diferentes �cam dispersas
aleatoriamente ao longo da cadeia), alternados (duas unidades repetidas
alternam posições ao longo da cadeia), em bloco (as unidades repetidas
idênticas �cam aglomeradas, em blocos, ao longo da cadeia) e enxertados (ou
graftizados). Alguns exemplos de homopolímeros e copolímeros são,
respectivamente, o PVC e o ABS, copolímero de acrolonitrila ( ), butadieno (
) e estireno ( ), de fórmula química geral ( • • )n, em que n
representa o número de meros ou unidades fundamentais da cadeia
polimérica.
NC3H3
C4H6 C8H8 C8H8C4H6 NC3H3
Polímeros Termoplásticos e Termorrígidos
É possível classi�car um polímero em duas categorias predominantes de
acordo com o seu comportamento sob condições de processamento: os
termoplásticos e os termorrígidos (ou termo�xos).
Os polímeros chamados de termoplásticos apresentam a interessante
capacidade de poderem ser submetidos a processos reversíveis e repetitivos,
sendo amolecidos (ou liquefeitos, eventualmente) com o aumento da
temperatura durante o seu processamento e endurecidos quando resfriados. A
essa possibilidade de reversão se dá o nome de reciclagem mecânica, fazendo
com que os termoplásticos sejam polímeros recicláveis por natureza.
Embora os termoplásticos sejam extremamente macios e moldáveis, uma
eventual degradação irreversível pode ocorrer quando a temperatura de um
polímero termoplástico fundido é aumentada excessivamente. Peças desses
materiais são fabricadas, geralmente, com aplicação simultânea de calor e
pressão. Alguns exemplos de polímeros que exibem essas características
termoplásticas são o polietileno (PE), o poliestireno (PS) e o polietileno
tereftalato (PET), com respectivas fórmulas estruturais ( )n, ( )n e (
)n.
C2H4 C8H8
C10H8O4
Os polímeros termorrígidos são materiais plásticos que, ao serem processados
para a formação das cadeias poliméricas, tornam-se permanentemente rígidos,
não amolecendo quando submetidos a condições de aquecimento. Segundo
Callister e Rethwisch (2018, p. 514), as ligações covalentes cruzadas entre
cadeias moleculares, durante os tratamentos térmicos, prendem essas cadeias
umas às outras, de forma a criar uma resistência aos movimentos de vibração e
rotação da cadeia em temperaturas elevadas.
reflitaRe�ita
Alguns polímeros possuem uso especial em construção civil ou aplicações relacionadas.
O plástico que chamamos de acrílico (em geral o polimetilmetacrilato, obtido a partir da
polimerização do metil metacrilato) apresenta como características elevadíssima
transparência e brilho, assim como baixa densidade, sendo amplamente utilizado em
aplicações com papel decorativo na construção civil, tal como no revestimento de
banheiras, aparelhos de iluminação, paredes divisórias, domos, tapa-vistas e em
substituição ao vidro. Você consegue imaginar a quantidade de material acrílico que
existe agora no seu ambiente de estudos?
Fonte: Adaptado de Bauer (2019).
Assim, somente um aquecimento até temperaturas excessivas poderá levar ao
rompimento dessas ligações cruzadas e a consequente degradação do
polímero. Os polímeros termorrígidos são, em geral, mais rígidos e mais
resistentes do que os termoplásticos, e também possuem melhor estabilidade
dimensional. Alguns exemplos de polímeros termorrígidos são as borrachas
vulcanizadas, epóxis e   algumas resinas poliéster, como o PRFV (plástico
reforçado com �bras de vidro, também conhecido como �berglass).
praticar
Vamos Praticar
Segundo Manrich (2013, p. 232), podemos considerar como plásticos os materiais
arti�ciais formados pela combinação do carbono com oxigênio, hidrogênio, nitrogênio
e outros elementos orgânicos ou inorgânicos, que, embora sólidos no seu estado
�nal, em alguma fase de sua fabricação apresentam-se sob a condição líquida,
podendo, então, ser moldados nas formas desejadas.
MANRICH, S. Processamento de termoplásticos. 2. ed. São Paulo: Artliber, 2013.
Sobre os polímeros, é possível a�rmar que:
a) Durante o processo de polimerização, as cadeias poliméricas dos polímeros necessariamente
crescem até atingirem o mesmo comprimento.
b) Os copolímeros são formados por macromoléculas que possuem cadeias compostas por duas
ou mais unidades repetidas diferentes.
c) Todos os processos de processamento e conformação de polímeros são reversíveis.
d) Os termoplásticos não podem ser facilmente moldados por processos térmicos.
e) Os termofixos podem ser facilmente modelados por tratamentos térmicos.
Nos polímeros, como as reações envolvem moléculas inteiras em vez de apenas
átomos, os arranjos atômicos que de�nem os estados cristalinos são bem mais
complexos que nos metais. Podemos dizer que a cristalinidade de um polímero
se relaciona com o estado de compactação das cadeias moleculares a �m de
produzir um arranjo atômico ordenado, em que as estruturas cristalinas podem
ser descritas em termos de células unitárias mais complexas.
De acordo com Callister e Rethwisch (2018), considerando substâncias
moleculares, tais como o metano e a água, que possuem moléculas muito
pequenas, geralmente são totalmente amorfas - como é o caso dos líquidos -,
ou totalmente cristalinas, como é o caso dos sólidos. Por consequência do seu
tamanho e de sua frequente complexidade, as moléculas que compõem os
polímeros são, normalmente, apenas parcialmente cristalinas (ou
semicristalinas), com regiões cristalinas dispersas no material amorfo restante.
Grau de Cristalinidade
As propriedades físicas (mecânicas e térmicas) dos materiais poliméricos são
in�uenciadas, em certo aspecto, pelo seu grau de cristalinidade. Os polímeros
Cristalinidade dos Polímeros eCristalinidade dos Polímeros e
AplicaçõesAplicações
cristalinos, considerando aspectos gerais, são mais resistentes mecanicamente
e, também,  mais resistentes à dissolução e ao amolecimento pelo calor.
Fusão e Transição Vítrea
A fusão de um cristal polimérico corresponde à transformação de um material
sólido, que contém uma estrutura ordenada de cadeias moleculares alinhadas,
em um líquido viscoso no qual a estrutura é altamente aleatória. Normalmente,
esse fenômeno ocorre, sob aquecimento, na temperatura de fusão ( ). Existem
várias características distintas na fusão dos polímeros que normalmente não
são observadas nos metais e nos materiais cerâmicos que estudaremos mais
adiante. Essas características próprias são consequência das estruturas
moleculares dos polímeros e da sua morfologia cristalina.
A fusão dos polímeros ocorre ao longo de uma faixa bem de�nida de
temperaturas, onde o comportamento do processo de fusão depende do
histórico da amostra, em particular da temperatura na qual ela foi cristalizada.
O comportamento aparente da fusão é uma função da taxa de aquecimento: o
aumento dessa taxa resulta em uma elevação da temperatura de fusão.
Em contrapartida, a transição vítrea ocorre devido a uma redução no
movimento de grandes segmentos de cadeias moleculares causada pelo
resfriamento dos polímeros amorfos ou semicristalinos. Nesse aspecto, a
transição vítrea corresponde a uma transformação gradual de um líquido em
um material “borrachoso” e, �nalmente, em um sólido rígido (CALLISTER;
RETHWISCH,  2018, p. 550).
De acordo com Shackelford (2008, p. 293), a temperatura de transição vítrea ( )
corresponde à temperatura na qual o polímero apresenta a transição do estado
“borrachoso” para o estado sólido rígido. Segundo Callister e Rethwisch (2018,
p. 551), essa sequência de eventos ocorre na ordem inversa quando um vidrorígido em uma temperatura abaixo da temperatura de transição vítrea é
aquecido.
As temperaturas de fusão e de transição vítrea são parâmetros cruciais
relacionados com as aplicações em serviço dos polímeros. A temperatura de
Tf
Tv
transição vítrea pode de�nir a temperatura superior para o uso de materiais
amorfos vítreos ou polímeros semicristalinos. Além disso, os valores de e de 
 também in�uenciam os procedimentos de fabricação e de processamento
para os polímeros e os compósitos de matriz polimérica.
Principais classes de polímeros
Existem muitos tipos diferentes de materiais poliméricos que nos são familiares
e para os quais existe uma grande variedade de aplicações. Uma maneira de
classi�car esses materiais é de acordo com sua aplicação �nal.
Segundo Callister e Rethwisch (2018, p. 531), os vários tipos de polímeros
podem ser subdivididos em classes, que   compreendem os plásticos, os
elastômeros (ou borrachas), as �bras, os revestimentos, os adesivos, as
espumas e os �lmes. Dependendo de suas propriedades, um polímero
especí�co pode ser usado em duas ou mais dessas categorias de aplicação.
Um plástico, por exemplo, em condições favoráveis pode constituir-se em um
elastômero satisfatório, assim como algumas �bras poliméricas podem ser
usadas como um plástico se não estiverem distribuídas em �lamentos.
A seguir, de�niremos algumas dessas classes de polímeros com exemplos de
algumas aplicações.
Plásticos e Elastômeros
Os materiais plásticos constituem a maior parte dos produtos a partir de
polímeros, sendo aplicados nos mais diversos usos. Por serem tão versáteis e
diversos em aplicações, muitas vezes são interpretados erroneamente como
sinônimos de polímeros, e não uma classe dentro desses materiais.
Entretanto, para serem considerados plásticos, os polímeros devem ser usados
abaixo de sua temperatura de transição vítrea (caso amorfos) ou abaixo de sua
temperatura de fusão (se apresentarem algum grau de cristalinidade). Com
efeito, os materiais plásticos podem ser subclassi�cados em termoplásticos ou
termorrígidos e vários destes exibem propriedades excepcionais. Como
exemplo, para aplicações nas quais o produto tenha alguma transparência
Tf
Tv
ótica, o poliestireno (PS) e o polimetacrilato de metila (PMMA) são
especialmente bem adequados. Os �uorocarbonos (te�on) são usados como
revestimentos não aderentes em utensílios de cozinha, em mancais e buchas, e
em componentes eletrônicos que operam em temperaturas elevadas. 
No caso dos materiais elastoméricos, uma das propriedades fascinantes destes
é sua elasticidade, semelhante à de uma borracha. De acordo com Callister e
Rethwisch (2018, p. 546), esses materiais possuem a capacidade de serem
deformados até níveis de deformação bastante grandes e então retornarem
elasticamente, como uma mola, à sua forma original. Isso resulta de ligações
cruzadas no polímero, as quais proporcionam uma força para retornar as
cadeias à sua conformação não deformada.
Em muitos elastômeros a formação das ligações cruzadas é realizada por um
processo chamado vulcanização, que é realizado por meio de uma reação
química irreversível, conduzida normalmente em uma temperatura bastante
elevada. As propriedades e aplicações dos elastômeros são típicas e dependem
do grau de vulcanização e do reforço utilizado.
Como exemplo, temos a borracha natural que ainda é muito utilizada, pois
apresenta uma combinação muito favorável de propriedades desejáveis, como
boa resistência a cortes e entalhes, além de ótimas propriedades de isolamento
elétrico.
Fibras
Figura 2.4 - Rolos de te�on, material plástico usado em revestimentos de canos
e juntas 
Fonte: Cjp24 / Wikimedia Commons .
Figura 2.5 - A superfície de um pneu de borracha, material elastomérico
moldável 
Fonte: Spone / Wikimedia Commons .
A maioria das �bras poliméricas comerciais é usada na indústria têxtil, sendo
tecidas ou costuradas em panos ou tecidos. A grande característica desses
materiais é a ampla capacidade de serem estirados na forma de longos
�lamentos, que podem ter comprimento de até cem vezes o seu diâmetro.
A conveniência em lavar e manter tecidos depende principalmente das
propriedades térmicas da �bra polimérica. Além disso, segundo Callister e
Rethwisch (2018, p. 558), as �bras poliméricas devem exibir estabilidade
química em uma variedade considerável de ambientes, incluindo meios ácidos
e básicos, alvejantes, solventes de lavagem a seco e à luz do sol, além de serem
relativamente não in�amáveis e suscetíveis à secagem.
Revestimentos, Filmes e Espumas
Frequentemente, revestimentos são aplicados às superfícies de materiais com a
função de proteger o item de uma condição como corrosão ou deterioração,
proporcionar isolamento elétrico ou  mesmo melhorar a aparência do produto.
Muitos dos componentes presentes nos materiais usados como revestimentos
são polímeros e a maioria desses são de origem orgânica. Esses revestimentos
orgânicos enquadram-se em várias classi�cações diferentes, como tintas,
vernizes e esmaltes.
Uma ampla aplicação dos materiais poliméricos se dá na forma de �lmes
delgados (com espessuras entre 0,025 mm e 0,125 mm), que são fabricados e
usados largamente como sacos para embalagem de produtos alimentícios e
outros artigos, como produtos têxteis, além de uma gama de outras �nalidades.
Os materiais produzidos e usados como �lmes exibem características
importantes que incluem baixa densidade, alto grau de �exibilidade, elevados
limites de resistência ao rasgo, resistência ao ataque pela umidade e por outros
produtos químicos, entre outros. Alguns dos polímeros que atendem a esses
critérios e que são fabricados na forma de �lmes são o polietileno (PE), o
polipropileno (PP), o celofane e o acetato de celulose.
As espumas são materiais plásticos que contêm uma porcentagem volumétrica
relativamente elevada de pequenos poros e bolhas de gás aprisionadas. Tanto
os materiais termoplásticos quanto os termorrígidos podem ser empregados
como espumas, e incluem o poliuretano (PU), a borracha, o poliestireno (PS) e o
policloreto de vinila (PVC). As espumas são usadas geralmente como almofadas
em automóveis e móveis, assim como em embalagens e como isolamento
térmico.
Polímeros Avançados
Uma ampla variedade de novos materiais poliméricos com combinações únicas
e desejáveis de propriedades tem sido alvo de pesquisas e desenvolvimento ao
longo dos últimos anos. Esses novos polímeros, muitas vezes, encontraram
nichos em novas tecnologias ou funcionam como substitutivos de outros
materiais.
Como exemplo,   temos o polietileno de ultra-alto peso molecular (UHMWPE),
que exibe características impressionantes não disponíveis no polietileno (PE)
comum, como resistência ao impacto extremamente elevada, assim como ao
desgaste e abrasão, e excelentes propriedades a baixas temperaturas. Essa
combinação não usual de propriedades leva a numerosas e diversas aplicações
para esse material, que incluem, entre outras, coletes à prova de balas,
capacetes militares balísticos, linhas de pesca, superfícies de pistas de boliche e
de rinques de patinação no gelo, próteses biomédicas e �ltros para sangue.
Outro interessante produto desta categoria são os cristais líquidos poliméricos
(LCP), um grupo de materiais quimicamente complexos e estruturalmente
distintos que possuem propriedades únicas e são utilizados em diversas
aplicações tecnológicas. Esses materiais exibem comportamentos importantes,
tais como excelente estabilidade térmica, podendo ser usados em
temperaturas tão elevadas quanto 230°C, alta rigidez e elevada resistência a
impactos, que é conservada mesmo quando o material é resfriado até
temperaturas relativamente baixas.
Os LCPs são empregados extensivamente pela indústria de componentes
eletrônicos (como em dispositivos de interconexão, carcaças de relés e de
capacitores, suportes etc.), pela indústria de equipamentos médicos (em
componentes que devem ser esterilizados repetidamente) e em fotocopiadoras
e componentes de �bras ópticas. O principal uso dos cristais líquidospoliméricos é em mostradores de cristal líquido (LCD - liquid crystal display) de
relógios digitais, monitores de computador e televisores de tela plana, entre
outros mostradores digitais.
praticar
Vamos Praticar
A cristalinidade de um polímero está intimamente relacionada com o estado de
compactação das cadeias moleculares, com intuito de produzir um arranjo atômico
ordenado, de forma semelhante ao que ocorre nos metais. A diferença aqui é que os
átomos que compõem os sítios cristalinos residem em uma estrutura molecular
complexa, o que pode produzir substâncias totalmente amorfas ou totalmente
cristalinas. Sobre a cristalinidade dos polímeros e suas aplicações, pode-se dizer que:
a) O grau de cristalinidade de um polímero pode variar desde completamente amorfo (0% de
cristalinidade) até quase totalmente cristalino.
b) A temperatura de fusão é uma característica que corresponde à maior temperatura possível em
um polímero, não podendo ser aumentada.
c) A temperatura de transição vítrea corresponde à temperatura na qual o polímero apresenta a
transição do estado sólido rígido para o estado “borrachoso”.
d) A vulcanização é o principal processo utilizado na fabricação de espumas, sendo normalmente
conduzido em temperatura ambiente.
e) Os filmes exibem características como alta densidade, baixo grau de flexibilidade e alta
fragilidade.
A indústria da cerâmica é uma das mais antigas do mundo em vista da
facilidade de fabricação e abundância de matéria-prima a partir do barro (ou
argilas). Sua utilização data desde o período neolítico, com a descoberta do
endurecimento do barro por meio de um processo de aquecimento chamado
de cozimento. Posteriormente, com o uso de barros diversos, provavelmente
pelo uso de argilas com mais baixo ponto de fusão, surgiram os materiais
vidrados e vitri�cados. O desenvolvimento das cerâmicas de forma mais
extensiva remonta à China do século VII, com a fabricação da porcelana, até a
Inglaterra em XVIII, com o surgimento da louça branca.
A partir daí houve grande desenvolvimento dessa indústria, sobretudo baseada
em estudos de laboratórios especializados, que permitiram criar tipos especiais
de fornos, moldagem a seco, porcelanas de alta resistência etc.
De acordo com Bauer (2019), dentre os materiais cerâmicos podem-se citar: os
comuns (de cerâmica vermelha, cerâmica branca, cerâmica de revestimento,
entre outros), os refratários (materiais refratários conformados, especiais
densos, básicos, para uso geral, entre outros) e os abrasivos (grãos abrasivos,
abrasivos aglomerados, abrasivos aplicados em lixas, entre outros).
Introdução aos MateriaisIntrodução aos Materiais
CerâmicosCerâmicos
Estrutura das Cerâmicas
De modo geral, os materiais cerâmicos são compostos por pelo menos dois
elementos e suas estruturas cristalinas são frequentemente mais complexas
que as dos metais. Segundo Callister e Rethwisch (2018), a ligação atômica
nesses materiais varia desde puramente iônica até totalmente covalente, com
uma porcentagem da natureza iônica que varia desde 89% para o �uoreto de
cálcio ( ), a 12% para o carbeto de silício (SiC).  Muitas cerâmicas exibem uma
combinação desses dois tipos de ligação, sendo o grau da natureza iônica
dependente das eletronegatividades dos átomos.
Estruturas cristalinas cerâmicas estáveis são formadas quando os ânions que
envolvem um cátion estão todos em contato com este. Segundo Callister e
Rethwisch (2018, p. 429), o número de coordenação (número de ânions vizinhos
mais próximos para um cátion) está relacionado com a razão entre os raios do
cátion e do ânion.
Essa é uma das premissas da primeira regra de Pauling: para um número de
coordenação especí�co, existe uma razão mínima para a qual esse contato
cátion-ânion é estabelecido. Se o raio do cátion for menor que um limite de
estabilidade (onde os ânions se tocam), este não estará mais em contato com
os ânions, resultando em instabilidade e, consequentemente, em um número
de coordenação baixo. A Figura 2.6 ilustra as con�gurações estável e instável da
relação ânion-cátion. 
CaF2
As diferentes estruturas cristalinas dos cerâmicos obedecem tanto à relação
dos raios iônicos quanto à distribuição geométrica cátion-ânion em uma célula
unitária. Veremos a seguir os três principais tipos de estruturas encontrados
nas cerâmicas.
Estruturas cristalinas do tipo AX
Os materiais cerâmicos mais comuns são aqueles em que os números de
cátions e de ânions são exatamente iguais. Esses materiais são frequentemente
designados como compostos AX, em que A representa o cátion e X representa o
ânion. A estrutura mais comum dessa classe é a do cloreto de sódio (NaCl),
conhecido cotidianamente como sal de cozinha. Nesta estrutura, o número de
coordenação tanto para os cátions quanto para os ânions é 6, deixando a razão
dos raios do cátion e do ânion na faixa entre 0,414 e 0,732 (CALLISTER;
RETHWISCH, 2018, p. 432).
Na Figura 2.7 é possível ver uma célula unitária para essa estrutura cristalina,
gerada a partir de um arranjo entre duas redes CFC que se interpenetram: uma
para os ânions, com um cátion localizado no centro do cubo, e outra para os
cátions, com um cátion no centro de cada uma das 12 arestas do cubo.
Além do cloreto de sódio, alguns dos materiais cerâmicos comuns formados
com essa estrutura cristalina são o óxido de magnésio (MgO), �uoreto de lítio
(LiF) e o óxido de ferro (FeO).
Figura 2.7 - Célula unitária para a estrutura cristalina CFC do cloreto de sódio
(NaCl), com os íons Cl- (azuis) e Na+ (verdes) 
Fonte: Benjah-bmm27 / Wikimedia Commons .
Estruturas cristalinas do tipo 
Se as cargas dos cátions e dos ânions não forem as mesmas, poderá existir um
composto com a fórmula química , como no caso do composto . Na
�gura 2.8 é ilustrada uma estrutura cristalina típica dessa classe, a �uorita (
).
Como é possível ver na �gura, os íons cálcio estão posicionados nos centros de
cubos, enquanto os íons de �úor estão nos vértices, onde existe apenas metade
do número de íons em relação ao número de íons . No caso da �uorita, o
número de coordenação é igual a 8 devido à razão entre os raios iônicos ser
próxima de 0,8.
Estruturas Cristalinas do tipo 
É possível ainda que os compostos cerâmicos possuam mais de um tipo de
cátion, nestes casos, as fórmulas químicas do tipo designam os dois
tipos de cátions (A e B) relacionados ao ânion X. Um exemplo de composto com
essa estrutura é o titanato de bário ( ), que possui os cátions e .
Na Figura 2.9 podemos observar uma célula unitária dessa estrutura e na
Figura 2.10 a aparência de um disco fabricado com esse material. Perceba que
os íons estão localizados em todos os oito vértices do cubo, enquanto um
único íon está no centro do cubo, com os íons localizados no centro de
cada uma das seis faces. Neste material, a estrutura cristalina será cúbica em
temperaturas acima de 120°C.
A mX p
AmX p AX 2
CaF2
Ca2+ F −
A mB nX p
AmB nX p
BaT iO3 Ba2+ T i4+
Ba2+
T i4+ O2−
Algumas estruturas cristalinas podem ser descritas em termos   do
empilhamento dos planos compactos de íons, criando pequenos sítios
intersticiais (regiões entre ânions) a partir desses empilhamentos, gerando
redes cristalinas diferentes para cada região. Uma estrutura cristalina cerâmica
do tipo que pode ser ilustrada desta forma é a estrutura de espinélio,
encontrada comumente no aluminato de magnésio ( ).
Figura 2.10 - Um disco cerâmico do titanato de bário 
Fonte: Materialscientist / Wikimedia Commons .
AmBnX p
MgAl2O4
Nessa estrutura, os íons formam uma rede CFC, enquanto os íons 
preenchem sítios tetraédricos e os íons alojam-se em posições octaédricas.
As cerâmicas magnéticas, ou ferritas, apresentam uma estrutura cristalina que
é uma ligeira variação dessa estrutura do espinélio, e as características
magnéticas são afetadas pela ocupação das posições tetraédricas e octaédricas
(CALLISTER; RETHWISCH, 2018, p. 434).
Cerâmicas à Base de Silicatos
A de�nição básica dos silicatos é de que são materiais compostos
principalmente por silício e oxigênio.Como estes são os dois elementos mais
abundantes na crosta terrestre, a maior parte dos solos, rochas, argilas e areia
enquadra-se nesta classi�cação de silicatos.
De acordo com Callister e Rethwisch (2018, p. 436-437), em vez de caracterizar
as estruturas cristalinas desses materiais em termos de células unitárias, é mais
conveniente usar vários arranjos de um tetraedro de . A Figura 2.12 ilustra
uma con�guração da rede tetraédrica silício-oxigênio. É possível perceber que
átomo de silício ( ), posicionado no centro do tetraedro, está ligado a quatro
átomos de oxigênio ( ), localizados nos vértices do tetraedro.
O2− Mg2+
Al3+
SiO4
Si4+
O2−
A sílica, ou dióxido de silício (representada quimicamente por ), é o silicato
que possui estrutura química mais simples. A con�guração desse material é
uma rede tridimensional gerada pelo compartilhamento dos átomos de
oxigênio (localizados nos vértices de cada tetraedro) por tetraedros adjacentes.
Nessa estrutura, o material se forma eletricamente neutro, em que todos os
átomos têm estruturas eletrônicas estáveis.
A sílica também pode existir como um sólido cristalino quando o arranjo
tetraédrico ocorre de maneira ordenada, ou vidro não cristalino, chamado de
sílica vítrea, com alto grau de aleatoriedade atômica. Outros óxidos também
podem formar estruturas vítreas e amorfas, os quais são chamados de
formadores de rede.
Em contrapartida, os vidros inorgânicos comuns (usados para recipientes e
janelas) são vidros à base de sílica, aos quais foram incorporados outros óxidos
aditivos (tais como CaO e ) na rede do . Esses óxidos modi�cam a
estrutura cristalina e são chamados de modi�cadores de rede. A adição desses
modi�cadores tende a reduzir o ponto de fusão e a viscosidade de um vidro,
tornando mais fácil sua conformação em temperaturas mais baixas.
Estruturas à Base de Carbono
Ainda que não seja o elemento mais recorrente encontrado na Terra, o carbono
é o quarto elemento mais abundante no universo, atrás do hidrogênio, hélio e
oxigênio. A importância do carbono para a vida terrestre é fundamental, sendo
o segundo elemento mais abundante em massa no corpo humano, e constitui
um elemento básico para todas as formas de vida. Este mineral existe na
Figura 2.12 - Representação do tetraedro silício-oxigênio 
Fonte: Michel Bakni / Wikimedia Commons .
SiO2
N Oa2 SiO4
natureza em sua forma bruta elementar e tem sido usado pelas civilizações
desde os tempos pré-históricos remotos.
Atualmente, o número de pesquisas e desenvolvimento de produtos
envolvendo as diferentes formas de carbono crescem a cada dia, capitaneadas
pelas combinações únicas das propriedades deste material, tornando-o
importante em diversos setores industriais.
Alotropia do Carbono: Diamante e Gra�ita
O carbono é um elemento que existe em duas formas alotrópicas: o diamante e
a gra�ta, assim como no estado amorfo. De acordo com as estruturas desses
materiais baseados em carbono, algumas vezes a gra�ta é referenciada como
um material cerâmico (embora esta não seja uma regra, já que este grupo de
materiais não se enquadra realmente em qualquer um dos esquemas de
classi�cação tradicionais para metais, cerâmicas e polímeros).
O diamante é um polimorfo metaestável do carbono à temperatura ambiente e
sob pressão atmosférica normal, podendo degradar-se nestas condições ao
longo do tempo. Além disso, os diamantes podem ser sintetizados
industrialmente (transformação da gra�te a pressões elevadas) ou formados
naturalmente. Sua estrutura cristalina é do tipo AX, sendo representada pela
sua cristalização no sistema cúbico, em que cada átomo de carbono se liga a
outros quatro outros átomos de carbono por ligações covalentes
extremamente fortes. De acordo com Bauer (2019, p. 163), é o material mais
duro de ocorrência natural conhecido, sendo frequentemente utilizado para
testes de resistência ao risco, em que o diamante é classi�cado no valor mais
alto da escala de Mohs.
A gra�ta, ou gra�te, é outro polimorfo do carbono, estável à temperatura e
pressão ambientes, que apresenta estrutura cristalina hexagonal e,
diferentemente do diamante, é um condutor elétrico. Na estrutura da gra�ta,
os átomos de carbono estão localizados nos vértices de hexágonos regulares
que se interconectam e que �cam em planos paralelos na base do hexágono.
Por suas ótimas propriedades elétricas, a gra�ta possui amplas aplicações
tecnológicas, sendo utilizada na fabricação de motores e peças eletrônicas,
como eletrodos e baterias.
praticar
Vamos Praticar
Os materiais cerâmicos podem se apresentar de diferentes formas e níveis de
cristalinidade, o que os torna versáteis nas mais diversas aplicações industriais. De
acordo com o que foi estudado, analise as informações abaixo e julgue a que estiver
correta.
a) Os materiais cerâmicos não podem ser compostos por mais de um elemento.
b) As estruturas cristalinas cerâmicas são sempre estáveis.
c) As ferritas são cerâmicas magnéticas que apresentam estrutura hexagonal.
d) Os silicatos são materiais compostos principalmente por silício e carbono.
e) O diamante e a grafita são formas alotrópicas ou polimórficas do carbono.
A maioria dos materiais cerâmicos enquadra-se em um esquema de
classi�cação que inclui aplicações dos seguintes grupos: vidros, produtos
estruturais à base de argila, louças brancas, refratários, abrasivos, cimentos,
carbonos, e as cerâmicas avançadas recentemente desenvolvidas. Vamos
desenvolver ao longo deste tópico as principais características e aplicações de
quatro destes grupos, os principais usualmente utilizados como produtos
pessoais e em projetos de Engenharia.
Materiais Vitrocerâmicos
Os vidros são um grupo familiar de cerâmicas, com as mais diversas aplicações,
como na fabricação de recipientes, nas lentes e na �bra de vidro. Eles
consistem em silicatos não cristalinos que contêm outros óxidos e possuem
características como transparência óptica e facilidade de fabricação.
O processo térmico de cristalização é usualmente empregado na maioria dos
vidros inorgânicos visando sua transformação do estado amorfo para um
estado cristalino. Esse processo é conduzido em altas temperaturas, em que o
produto �nal é um material policristalino chamado de vitrocerâmico
Processamento e Aplicações dasProcessamento e Aplicações das
CerâmicasCerâmicas
De acordo com Callister e Rethwisch (2018, p. 481), os materiais vitrocerâmicos
comumente apresentam características como resistência mecânica
relativamente elevada, baixo coe�ciente de expansão térmica (para evitar
choques térmicos), propriedades para utilização em temperaturas
relativamente elevadas, boas propriedades dielétricas (para aplicações em
encapsulamento de componentes eletrônicos), e boa compatibilidade biológica.
Esses materiais são comumente usados em produtos que devam ser
resistentes a impactos e a trocas térmicas, como peças para serem submetidas
ao forno, janelas de fornos e tampas de panelas e fogões. Eles também servem
como isolantes elétricos e como substratos para placas de circuitos impressos,
e podem ser utilizados também em trocadores de calor e como revestimentos
em arquitetura, podendo ser fabricados opticamente transparentes ou opacos.
Materiais Refratários
Os materiais refratários são comercializados de diversas formas, sendo os
tijolos a forma mais comum e utilizada em larga escala. As propriedades que
distinguem esses materiais incluem a capacidade de se manterem íntegros
mesmo em altas temperaturas, proporcionar isolamento térmico satisfatório e
serem altamente resistentes à corrosão.
São utilizados também nos revestimentos de fornos, fabricação de vidros,
tratamentos térmicos em metalurgia e geração de energia. As composições
desses materiais incluem diversos óxidos, entre os quais se destacam o óxido
de alumínio (alumina, ), dióxido de silício (sílica, ) e o óxido de ferro (
).
É possível a�rmar, segundo critérios de projeto, que o desempenho de um
material refratário obedece algumas classi�cações, geralmente de acordo com
a sua composição, dentre as quaispodemos citar:
Refratários silicoaluminosos: argilas refratárias de alta pureza
contendo alumina e sílica (em torno de 25 a 45% em peso de alumina),
muito resistentes termicamente (até temperaturas em torno de
1500°C), sendo empregados na construção de fornos;
Al2O3 SiO2
Fe2O3
Refratários à base de sílica: capacidade de suportar cargas em
temperaturas elevadas, podem ser utilizados em temperaturas tão
elevadas quanto 1650°C e costumam ser utilizados em tetos de fornos
para a fabricação de aços e vidros;
Refratários básicos: materiais ricos em magnésia (MgO), são
especialmente resistentes ao ataque por escórias, contendo
concentrações elevadas de MgO e de CaO, e encontram extensa
aplicação em alguns fornos de produção e re�no de aços;
Refratários especiais: são os óxidos utilizados para aplicações
especí�cas e possuem coe�cientes de pureza extremamente elevados.
Entre outros elementos (como alumina, sílica, magnésia, berília e
zircônia), o carbeto de silício tem sido usado em elementos de
aquecimento por resistência elétrica e em componentes internos de
fornos. O carbono e gra�ta também são refratários, mas possuem
aplicação limitada, já que podem oxidar em temperaturas próximas a
800°C.
A seguir, estudaremos brevemente outra importante categoria de materiais
cerâmicos, os cimentos, largamente empregados em ações estruturais.
Cimentos
Vários materiais cerâmicos familiares são classi�cados como cimentos
inorgânicos, entre eles o cimento, gesso de paris e cal, os quais, como um
grupo, são produzidos em quantidades extremamente grandes. Para Callister e
Rethwisch (2018, p. 492), a característica especial desses materiais é que,
quando misturados com água, formam uma pasta que, em sequência, reage e
endurece. Esse comportamento é especialmente útil no sentido de que
estruturas sólidas e rígidas com praticamente qualquer forma podem ser
moldadas com rapidez.
Além disso, alguns desses materiais atuam como uma fase de união, que
aglutina quimicamente agregados particulados para formar uma única
estrutura coesa. Sob tais circunstâncias, o papel do cimento é semelhante ao da
fase vítrea de união que se forma quando produtos à base de argila e alguns
tijolos refratários são cozidos. Uma diferença importante, no entanto, é o fato
de que no cimento a ligação se desenvolve à temperatura ambiente (CALLISTER;
RETHWISCH, 2018, p. 472).
Entre esse grupo de materiais, o cimento portland é o consumido em maior
quantidade, sendo empregado principalmente em argamassa e em concreto
para aglutinar agregados de partículas de areia e/ou cascalho. As propriedades
do cimento portland, como sua resistência �nal, dependem em grande parte da
sua composição (SHACKELFORD, 2008).  
O cimento portland é denominado cimento hidráulico, pois sua dureza se
desenvolve por reações químicas com a água. Outros cimentos, como a cal
(CaO), não são hidráulicos, já que outros compostos que não a água (por
exemplo, o ) estão envolvidos na reação de endurecimento.
Cerâmicas Avançadas
Embora as cerâmicas tradicionais discutidas anteriormente correspondam à
maior parte da produção, o desenvolvimento de novas cerâmicas,
denominadas cerâmicas avançadas, continuará a estabelecer nichos
proeminentes em nossas tecnologias de ponta.
As cerâmicas avançadas incluem materiais que são usados em aplicações
inovadoras e tecnológicas de ponta, como os sistemas micromecânicos e os
nanocarbonos. Em particular, as combinações de propriedades exclusivas das
cerâmicas com as excelentes propriedades elétricas, magnéticas e ópticas que
esses novos materiais proporcionam, vêm sendo exploradas em uma gama de
novos produtos que discutiremos brevemente a seguir.
Sistemas Micromecânicos
Estes são sistemas “inteligentes” em miniatura e consistem em um grande
número de dispositivos mecânicos so�sticados, integrados a grandes
quantidades de elementos elétricos em um substrato de silício.
Podem ser utilizados na fabricação de microssensores, que coletam
informações do ambiente para medição de fenômenos mecânicos, térmicos,
ópticos ou magnéticos, como acelerômetros e mostradores eletrônicos.
CO2
Nanocarbonos
Os nanocarbonos constituem uma classe de materiais de carbono
recentemente descoberta, que atualmente está sendo aplicada nos setores de
alta tecnologia e promete desempenhar um papel importante em futuras
aplicações altamente tecnológicas. Um dos nanocarbonos pertencentes a essa
classe, e o mais novo descoberto, é o grafeno, que exibe propriedades únicas e
excepcionais, possuindo um potencial tecnológico su�ciente para revolucionar
muitas indústrias, incluindo as indústrias eletrônica, de energia, transportes,
medicina/biotecnologia e aeronáutica.
Este material em particular exibe alta pureza e não possui lacunas ou defeitos
intersticiais, fazendo do grafeno o material mais resistente conhecido, o de
melhor condutividade térmica e melhor condutor elétrico, além de ser
transparente e quimicamente inerte.
Outros materiais incluídos na categoria de nanocarbonos são:
Fullereno: aglomerado esférico oco contendo 60 átomos de carbono
puro (e representado quimicamente por ), com alto potencial de
aplicação na produção de antioxidantes em produtos de higiene
saiba mais
Saiba mais
O grafeno é um dos materiais de alta tecnologia que promete revolucionar diversos
campos da tecnologia, e um dos seus principais usos poderá ser em nanochips de
armazenamento de dados. Para entender como este material pode revolucionar o
nosso futuro, assista ao vídeo no link a seguir:
ASS I ST IR
C60
pessoal, biofarmacêuticos, catalisadores, células solares orgânicas,
baterias de vida longa, supercondutores para altas temperaturas e
ímãs moleculares;
Nanotubos de carbono: uma única lâmina de gra�ta enrolada na
forma de um tubo, onde cada nanotubo é uma única molécula
composta por milhões de átomos. Esses materiais possuem resistência
mecânica extraordinariamente alta e têm potencial para serem usados
em aplicações estruturais.
O potencial altamente tecnológico dos materiais cerâmicos avançados ainda
inclui nanopartículas para controle de poluentes e contaminantes na água,
além de servirem como biossensores para mapeamento de DNA devido às suas
reduzidas dimensões e elevada compatibilidade biológica.
praticar
Vamos Praticar
A maioria das cerâmicas enquadra-se em um esquema de classi�cação que inclui
aplicações das mais diversas, divididas segundo a sua função em quatro grandes
grupos: os vitrocerâmicos, refratários, cimentos e cerâmicas avançadas. Dependendo
do grupo e da aplicação, o material resultante pode apresentar características como
alta dureza, isolamento térmico e elétrico, resistência térmica, entre outros. A respeito
das classes de materiais cerâmicos e suas aplicações, pode-se dizer que é correto
a�rmar que:
a) Os materiais vitrocerâmicos são normalmente utilizados em temperatura ambiente, já que não
são resistentes a choques térmicos.
b) Os materiais refratários não podem ser utilizados próximos a ácidos, já que podem se degradar
ou corroer facilmente.
c) Cristalização é o processo de transformação de um material cristalino em um material amorfo, a
partir de tratamentos térmicos adequados.
d) Os cimentos são normalmente compostos inorgânicos particulados que possuem características
de endurecimento quando misturados com água.
e) O grafeno é um dos materiais incluídos no grupo de cerâmicas avançadas, podendo ser utilizado
em sistemas micromecânicos.
indicações
Material Complementar
LIVRO
50 ideias de Química que você precisa
conhecer
Hayley Birch
Editora: Planeta
ISBN: 978-85-422-1362-1
Comentário: O livro traz uma coletânea de ideias
desenvolvidas pelo pensamento humano desde a
descoberta do átomo até questões atuais como as
células solares, nanotecnologia, impressões em 3D e
combustíveis futuros.
FILME
Diamante de Sangue
Ano: 2006
 Comentário: O �lme retrata a relação entre um
mercador e um mercenário de diamantes durante os
con�itos civis que culminaram na Guerra Civil de Serra
Leoa, entre 1990 a 2002. O pano de fundo se refere aosdiamantes de sangue, as pedras de diamante extraídas
em zonas de guerra africanas para �nanciar os con�itos
na região.
Para conhecer mais sobre o �lme, acesse o trailer
disponível em:
T R A I L E R
conclusão
Conclusão
Nesta unidade, focamos os esforços em apresentar as principais características
e aplicações de duas classes versáteis e muito importantes em Ciência dos
Materiais: os materiais poliméricos e os cerâmicos. Abordamos brevemente o
histórico desses materiais e sua importância na construção da sociedade
humana, analisando as principais utilizações de produtos envolvendo os
plásticos e argilas, além de estudar algumas vantagens como custo de
fabricação e propriedades físicas e químicas. Desenvolvemos a interpretação da
formação da estrutura cristalina dos polímeros e dos cerâmicos, observando os
tipos de estruturas que podem surgir a partir dos arranjos atômicos ou
moleculares e de�nindo os processos de cristalinidade e cristalização para cada
classe. Ainda foram apresentados os polímeros avançados e as estruturas à
base de carbono, como a gra�ta e o diamante, abordando brevemente as
condições de processamento e características principais. Por �m, de�nimos as
cerâmicas avançadas, materiais de grande apego tecnológico e promessas
futuras de revolucionar as aplicações industriais em larga escala. 
referências
Referências Bibliográ�cas
AGNELLI, J. A. M. Introdução a materiais poliméricos. São Carlos: Núcleo de
Reologia e Processamento de Polímeros, Departamento de Engenharia de
Materiais, Universidade Federal de São Carlos, 2000.
ASKELAND, D. R.; WRIGHT, W. J. Ciência e engenharia dos materiais. 3 ed. São
Paulo: Cengage Learning, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PLÁSTICO (ABIPLAST). Indústria
brasileira de transformação de material plástico. São Paulo: Abiplast, 2019.
BAUER, L. A. Materiais de construção. Coord: João Fernando Dias. 6 ed. Rio de
Janeiro: LTC, 2019.
CALLISTER, W. D. Jr.; RETHWISCH, D. G. Ciência e engenharia dos materiais:
uma introdução. 9 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2018.
MANRICH, S. Processamento de termoplásticos. 2. ed. São Paulo: Artliber,
2013.
SHACKELFORD, J. F. Introdução à ciência e engenharia dos materiais para
engenheiros. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.

Outros materiais