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Leitura para Bebês_Nova Escola

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Prévia do material em texto

Leitura 
para bebês
Educação Infantil
Ementa
Curso 
elaborado 
por Ana 
Flavia Alonço 
Castanho
O contato com a literatura oral e escrita pode e deve ocorrer 
desde muito cedo na vida das crianças por meio da mediação de 
leitura no cotidiano das creches, berçários e escolas de Educação 
Infantil – e em casa, nas experiências com leitores, livros e 
leituras podem ocorrer no âmbito familiar. A escuta de bons 
textos literários enriquece a experiência estética das crianças, 
que mesmo antes de aprender a falar, já apreciam a modulação 
da voz humana, a musicalidade das palavras. Quando o educador 
lê e conversa sobre os livros com bebês e crianças bem pequenas 
e compartilha seu encantamento com a leitura, aproxima-os do 
universo literário e do prazer que envolve o ato de ler. Ao ouvir 
um adulto ler, torna-se possível um contato com a dimensão da 
linguagem escrita, que se apresenta em uma cadência própria 
e fixa e, a depender do livro escolhido, com rimas, repetições e 
ritmos novos e envolventes para eles. 
O curso pretende apoiar a instituição de uma prática habitual 
de leitura e de conversa sobre os livros pelo professor, no dia a 
dia da educação infantil, a partir da reflexão sobre critérios de 
escolha de livros interessantes, planejamento das situações de 
leitura e levantamento de expectativas de aprendizagens para 
os bebês e crianças bem pequenas, na perspectiva de contribuir 
para que construam a familiaridade com os livros, o interesse em 
folheá-los e em ouvir sua leitura de modo que desenvolvam uma 
progressiva escuta atenta e interessada. 
Pedagoga, formada pela Faculdade de Educação da Universidade 
de São Paulo (USP). Mestre em Psicologia Escolar e do 
Desenvolvimento Humano pelo Instituto de Psicologia da 
USP. Dedica-se, em sua atuação profissional, à formação de 
professores e à elaboração de materiais curriculares e didáticos, 
nas áreas da Formação de Leitores e da Didática da Matemática.
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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Apresentação 
Etapa 1:
Material pós-vídeo
OBJETIVOS
Instrumentalizar os participantes, para que possam:
• Planejar, realizar e acompanhar situações de leitura 
em voz alta para bebês (0 a 1 ano e 6 meses) e 
crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 
meses);
• Construir um conjunto de critérios para escolher 
livros interessantes para essas faixas etárias;
• Inserir atividades permanentes de leitura no 
cotidiano da creche, berçário ou escola de Educação 
Infantil: a leitura pelo professor e as situações em 
que bebês e crianças bem pequenas exploram os 
livros livremente;
• Possibilitar que bebês e crianças bem pequenas, a 
partir da participação em atividades permanentes 
de leitura, desenvolvam o interesse pela escuta da 
leitura e pela observação dos livros; e
• Possibilitar que bebês e crianças bem pequenas 
avancem na construção de um repertório de livros 
conhecidos e, dentre esses, de seus livros preferidos. 
CONTEÚDOS
• Atividade permanente de leitura;
• Comportamentos leitores;
• Leitura como fonte de prazer e entretenimento;
• Critérios de escolha de livros; e
• Construção de repertório de livros conhecidos
O contato com a literatura oral e escrita pode e deve ocorrer 
desde muito cedo na vida das crianças por meio da leitura. 
A escuta de bons textos literários enriquece a experiência 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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estética das crianças, que mesmo antes de aprender a falar, 
já apreciam a modulação da voz humana e a musicalidade 
das palavras. Quando o professor lê para os bebês e 
compartilha seu encantamento com a leitura, aproxima-
os do universo literário e do prazer que envolve o ato de 
ler. Ao ouvir um adulto ler, o bebê entra em contato com a 
dimensão da linguagem escrita, que se apresenta em uma 
cadência própria e fixa e, a depender do livro escolhido, com 
rimas, repetições e ritmos novos e envolventes para eles.
O curso pretende apoiar a instituição de uma prática 
permanente de leitura pelo professor, a partir da reflexão 
sobre critérios de escolha de livros interessantes, do 
planejamento das situações de leitura e da observação e 
do acompanhamento das aprendizagens para os bebês, 
com relação a essa prática cultural, na perspectiva de 
desenvolver neles a familiaridade com os livros, 
o interesse em folheá-los e em escutar sua leitura 
de forma atenta e interessada.
A IMPORTÂNCIA DE LER PARA O BEBÊ DESDE A BARRIGA, 
reportagem da Revista Crescer 
A IMPORTÂNCIA DE LER PARA OS BEBÊS, reportagem da 
Revista Bebê
PROJETO DE LEITURA PARA BEBÊS INTERNADOS AJUDA A 
FORTALECER VÍNCULO DOS RECÉM-NASCIDOS COM SUAS 
FAMÍLIAS, reportagem da Agência Brasil
MUNDOS POSSÍVEIS, artigo de Yolanda Reyes
A ARTE DE CONVERSAS COM AS CRIANÇAS SOBRE LEITURAS, 
artigo de Ana Garralón
Textos sobre a 
importância de 
ler na gravidez 
e para recém-
nascidos
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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Por que ler 
para bebês?
Etapa 2:
Agora que você já viu o vídeo, vamos avançar nas reflexões 
sobre esse tema. 
René Datkine, um importante pesquisador francês do 
desenvolvimento na primeira infância, explica em qual fase 
a presença da leitura começa a ser importante na vida do 
bebê e o porquê disso: “No decorrer do segundo semestre de 
vida, o reconhecimento da representação de um ponto ou uma 
imagem, por rudimentar que seja, pressupõe já uma organização 
diferenciada: quando um bebê acaricia uma imagem, sabe que 
ela representa algo que não é a coisa em si. Pode apropriar-se 
da imagem, o que não é possível com o objeto em si nem tão 
pouco com a representação mental do objeto, submetida ao 
aleatório do fluxo psíquico. Organiza-se assim outra polifonia. 
Para evitar que a ausência momentânea da mãe o conduza ao 
desmoronamento, nasce o fantasma retrospectivo de uma mãe 
que, até esse momento, havia estado sempre presente. Ao mesmo 
tempo, o bebê constrói uma história na qual ele representa, com 
seu desejo, o que a mãe estará fazendo em outro lugar, enquanto 
desloca uma dessas duas histórias até as representações das 
representações sobre as quais tem controle. O produto desse 
deslocamento, cujo tema é aquilo que, supostamente, acontece 
em outro lugar, vai ao encontro de histórias e canções que 
refletem, diretamente, a presença e, indiretamente, o sonho da 
figura materna.
Aqui é quando começam a ter lugar as diferenças entre o 
desenvolvimento psíquico de crianças que desde o início vivem 
em meios culturais em que predomina a língua narrativa da 
Material pós-vídeo
OBJETIVO DA ETAPA:
Compartilhar referencial teórico
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
ficção e aquelas que vivem em condições menos favoráveis; 
entre as crianças de famílias em que há livros e leitura e 
aquelas de famílias na qual imperam o imediato da vida e as 
tensões pouco elaboradas”.
Esse trecho apresenta questões que justificam o cuidado de 
proporcionar aos bebês encontros com os livros e situações 
em que se lê em voz alta, de forma rotineira e organizada, 
que merece uma resposta reflexiva e aprofundada. Para 
respondê-la é necessário tanto estudo quanto observação 
atenta dos bebês, sua capacidade de aprender e de se 
relacionar com o mundo. 
Por isso, agora, recomendamos a leitura da entrevista com 
o pesquisador colombiano Evélio Cabrejo-Parra, concedida 
à NOVA ESCOLA.
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Leitura na primeira infância é essencial 
Para a construção do sujeito
Pesquisador colombiano radicado na França diz que 
a leitura na primeira infância é fundamental para a 
construção do sujeito e explica o que e como ler para 
crianças desde os primeiros meses de vida
Por Elisa Meirelles (Nova Escola)
A maior companheira do ser humano, quem sabe a 
única capaz de acompanhá-lo por toda a vida. Essa 
é a definição de linguagem elaborada por Evelio 
CabrejoParra, pesquisador colombiano radicado na 
França, doutor em Linguística e mestre em Filosofia e 
Psicologia.
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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Quando nascemos, a voz é uma velha conhecida: a 
partir do quarto mês de gestação, a audição do feto 
passa a ser desenvolvida e ele começa a distinguir 
vários aspectos acústicos.
Ao ler histórias para os pequenos, damos a eles a chance 
de encontrarem nelas ecos de sentimentos que ainda 
não conseguem explicar, embora os experimentem com 
frequência. E assim começa para cada um de nós um 
mergulho num universo particular.
O mundo em que crianças e livros se encontram é o 
campo de investigação a que Parra, vice-diretor do 
Departamento de Formação e Pesquisas Linguísticas 
da Universidade Paris Diderot, na França, se dedica há 
anos. Nesta entrevista, ele discorre sobre a revolução 
que a literatura é capaz de fazer na vida da meninada 
desde os primeiros meses de vida e explica 
como a linguagem e o pensamento estão 
intimamente conectados.
Suas pesquisas abordam a importância 
de os bebês escutarem para a construção 
da linguagem e da relação deles com as pessoas 
que os cercam. Como é essa relação? 
EVELIO CABREJO PARRA Quando estudamos os pequenos, 
é preciso entender as competências naturais que 
carregam consigo ao nascer, dentre elas, a faculdade 
da linguagem. O bebê vem ao mundo com uma 
sensibilidade muito grande à voz humana. Ao ouvir, 
tenta construir significados. A voz se forma assim. Eu 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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falo, por exemplo, porque escutei os meus pais quando 
ainda estava no berço e comecei a roubar algumas 
coisas da voz deles para construir a minha própria.
Por que ler para as crianças contribui para 
o processo de aquisição da linguagem?
CABREJO PARRA Se o adulto fala com elas usando 
unicamente a linguagem cotidiana, dando ênfase a 
expressões como “Venha aqui”, “Pegue isso” e “Não 
toque ali”, estará somente dando ordens, sem deixar 
espaço para o processo de escutar, que não acontece 
nessas situações. É durante a leitura que os bebês têm 
a oportunidade de ouvir e esse tempo é fundamental. 
Eles se colocam em posição de escuta e podem construir 
significados à sua maneira: observam o rosto do leitor 
e a direção do olhar dele e vão aprendendo o que é 
um livro. Ao mesmo tempo, já possuem um pequeno 
léxico usado no dia a dia – os verbos ser e estar, por 
exemplo – e conseguem identificá-lo no texto lido. 
Descobrem, então, que algo que está neles também 
está na obra. Assim, começam a compreender os textos 
de maneira prazerosa, tomam gosto pela leitura e 
entendem o espaço cultural dos livros no mundo. Na 
primeira infância, o hábito de ler deve ser integrado às 
competências naturais que as crianças têm. Assim, elas 
constroem significados para as coisas.
Por que é importante trabalhar com diversos tipos 
de leitura logo na primeira infância? 
CABREJO PARRA O falar cotidiano é pobre. Devemos 
dar aos bebês a chance de desfrutar ao máximo as 
possibilidades dos textos poéticos e literários. Nossa 
língua é uma fonte inesgotável de produção de frases e 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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de encontro de palavras, coisas que só são descobertas 
pelos pequenos quando temos o hábito de ler muitas 
histórias para eles. A partir de então, a linguagem 
começa a se transformar em uma companheira para 
toda a vida, possivelmente a única que estará sempre 
à disposição para falar, escutar, sonhar, fantasiar. Por 
meio dela, é possível colocar dentro de si harmonias 
e significados diferentes, elaborando um capital 
psicológico que poderá ser acessado em muitos 
momentos. Temos dois nascimentos: um biológico e 
outro psíquico, e a linguagem é a matriz simbólica da 
construção do sujeito.
Como se dá a relação afetiva entre 
as crianças e as histórias?
CABREJO PARRA Os bebês fazem projeções por meio do que 
escutam: é assim que as obras entram em diálogo com 
a psique. Elas permitem que, lentamente, eles comecem 
a entender o que sentem, enviam ecos de questões 
que ainda não entendem. Na infância, sofremos com 
conflitos horríveis e fortes, que não entendemos e 
os adultos ignoram: os ciúmes são imensuráveis, a 
cólera é tremenda e até perigosa, e a tristeza, terrível. 
Embora essas sensações estejam incorporadas quando 
temos pouca idade, elas ainda não estão centradas 
culturalmente. Então, não temos como pensar nelas.
Que características as obras devem ter para 
proporcionar esse laço de afetividade?
CABREJO PARRA Os bons livros para bebês são aqueles 
que falam com eles, e não sobre eles. É importante, 
por exemplo, que haja consonância entre a obra e o 
que estão vivendo. No período de ambivalência, que 
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para bebês
Educação Infantil
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vai dos 4 meses ao final do primeiro ano, os pequenos 
tendem a ter um comportamento nervoso. Nesses 
momentos, podem ser lidas histórias que falem da 
questão por meio de metáforas. Assim, eles encontrarão 
uma representação de sua própria vida interior. O 
texto vai ajudá-los a se sentir compreendidos. Outra 
recomendação é não trabalhar com obras muito 
simples. Melhor optar por aquelas bem construídas, 
que não se deixam interpretar definitivamente e podem 
ser retomadas sempre que se quiser viajar de um jeito 
diferente.
Na escola, como organizar uma seleção 
de obras para ler para a turma? 
CABREJO PARRA Não é interessante escolher os livros 
apenas se baseando em critérios adultos. O ideal é 
deixar que os pequenos também decidam. Por volta de 1 
ano, eles mesmos já são capazes de eleger os livros que 
lhes interessam, primeiramente observando as cores 
da capa e outras características que mais chamam a 
atenção e, em segundo lugar, considerando a história 
em si. Sugiro ao professor a seguinte experiência: 
organizar uma seleção de bons títulos, colocar todos 
apoiados em uma parede, em frente ao grupo, e explicar 
que vai contar a história que cada um escolher. No 
fim de um programa de leitura estruturado, de três ou 
quatro semanas, é possível ver cada um segurando um 
livro, esperando que a história seja lida em sala.
Muitas crianças querem ouvir sempre a mesma 
história. Isso é um problema?
CABREJO PARRA Não. Quando elas gostam de um texto, 
é comum pedirem que ele seja lido um número 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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incontável de vezes. Saber por que essa identificação 
ocorre é difícil, mas o mais importante é compreender 
e considerar que os pequenos necessitam encontrar 
novamente algo que está dentro de si e imaginá-lo por 
uma vez mais. É um processo de internalização.
Que atitudes um adulto deve ter ao ler uma história?
CABREJO PARRA A primeira coisa é ter disponibilidade 
para amar as obras destinadadas às crianças. Isso pode 
parecer um pouco romântico, no entanto, durante a 
leitura de um adulto para uma criança, é preciso haver 
cumplicidade. Se você não gostar da história lida, não 
adianta nada. As pessoas generosas são capazes de 
fazer uma espécie de regressão: permitem que o bebê 
que foram um dia no passado fale com o outro que está 
ali diante delas. Isso torna o contato mais profundo 
entre eles. Também é importante não atormentá-los 
fornecendo um resumo do texto logo no princípio ou 
explicar palavra por palavra lida. Se a criança comenta 
a leitura, é interessante que o leitor faça uma festa, 
comemore, para que ela se dê conta de que está sendo 
ouvida de verdade.
Por que é interessante os pequenos manusearem 
os livros mesmo havendo o risco de rasgá-los?
CABREJO PARRA Os bebês buscam as obras para tentar 
lê-las, e não para destruí-las. Eles se interessam ao ver 
os adultos folheando-as e querem imitar. Os que têm 
pouca ou nenhuma experiência nessa tarefa rasgam 
alguns exemplares ou os colocam na boca por não 
saberem manuseá-los. Apesar disso,aos poucos, podem 
se transformar em pessoas que vão utilizar gestos 
compatíveis com o comportamento leitor. O livro é um 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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objeto que necessita do contato com o ser humano para 
se transformar em um objeto de cultura. Ao mesmo 
tempo, uma das funções da leitura na primeira infância 
é permitir que o bebê ultrapasse o sujeito físico e 
alcance o cultural.
O que acontece quando as crianças chegam à escola 
sem antes terem tido algum contato com a leitura?
CABREJO PARRA Se nunca pegaram um livro nas mãos nem 
viram um exemplar em casa, elas simplesmente não 
sabem do que se trata nem como aquilo deve ser usado, 
para que serve. Ao tentar abri-lo, é comum o educador 
dizer “Não é assim” e “Não faça isso” por várias vezes. 
O pequeno percebe, então, que vários colegas sabem 
o que fazer com o objeto, e ele não. Com esse cenário, 
o livro pode começar a se transformar em alvo de 
humilhação e angústia, e ele acaba preferindo fechá-
lo. Isso é muito grave porque esses são os meninos e 
as meninas que muitas vezes acabam abandonando a 
escola sem aprender a ler e escrever.
Como evitar problemas como esse 
e fomentar a leitura desde cedo?
CABREJO PARRA O caso da Colômbia, por exemplo, é muito 
interessante. O governo tem dado prioridade à primeira 
infância, o correspondente aos quatro primeiros anos da 
vida escolar, e dedica bastante foco à leitura. Acredito 
que deveria haver um movimento como esse em todos 
os países. Isso ajudaria a criar um espaço para os 
bebês nas bibliotecas públicas, algo muito importante, 
por exemplo, para as famílias que não dispõem de 
condições financeiras para comprar livros.
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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Como bebês 
e crianças 
pequenas se 
apropriam 
dos livros
Etapa 3:
Agora, depois de assistir o vídeo, faça a leitura do texto 
contido neste link.
Aproveite e veja o documentário a seguir, realizado durante 
as atividades do Projeto Entorno de Incentivo à Leitura, 
realizado pela Fundação Victor Civita, em parceria com a 
Prefeitura Municipal de São Paulo no período de 2006 a 
2009, e como política pública da Secretaria de Educação 
do Município de São Paulo nos anos de 2010 e 2011. Nesse 
período, propostas de leitura debatidas no projeto foram 
colocadas em prática por mais de 900 escolas de educação 
infantil. O vídeo apresenta um documentário do Projeto 
Entorno, com foco nas atividades habituais de leitura 
realizadas com bebês e crianças bem pequenas.
Material pós-vídeo
OBJETIVO DA ETAPA:
Compartilhar referencial teórico
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
2 / 2
Para encerrar etapa, sugiro a leitura do trecho do livro 
Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira e Seymour, uma 
Apresentação, do escritor norte-americano J.D. Salinger.
“Certa noite, faz uns vinte anos, durante um surto 
de caxumba em nossa imensa família, minha irmã 
caçula, Franny, foi transferida com berço e tudo para 
o quarto obviamente não contaminado que eu repartia 
com meu irmão mais velho, Seymour. Eu tinha quinze 
anos; Seymour, dezessete. Por volta das duas da 
madrugada, fui acordado pelo choro insistente da 
nova companheira de quarto. Continuei deitado por 
alguns minutos, sem me mexer, ouvindo o berreiro, 
até que escutei ou senti que Seymour se movia na 
cama ao lado. Naquela época, mantínhamos uma 
lanterna na mesinha-de-cabeceira entre os dois para 
alguma emergência que, tanto quanto me recordo, 
jamais ocorreu. Seymour acendeu-a e levantou da 
cama. “Mamãe falou que a mamadeira está no fogão”, 
avisei a ele. “Já dei para ela agorinha mesmo”, disse 
Seymour. “Não está com fome.” Caminhou no escuro 
até a estante e varreu lentamente as prateleiras, para 
um lado e para o outro, com a luz da lanterna. Sentei-
me na cama. “O que é que você vai fazer?”, perguntei. 
“Acho que ler alguma coisa para ela”, respondeu 
Seymour, pegando um livro. “Ah, essa não”, eu disse, 
“ela tem dez meses!”. “Eu sei, mas os bebês têm 
ouvidos. Podem ouvir.” A história que Seymour leu 
para Franny naquela noite, à luz da lanterna, era uma 
de suas prediletas, um conto taoísta. Até hoje Franny 
jura que se lembra de Seymour lendo para ela”.
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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Situações 
de leitura 
para bebês e 
crianças bem 
pequenas
Etapa 4:
A seguir, você encontra um trecho do livro Lire dês livres à 
dês bébés (Leitura de livros para bebês, em tradução livre), 
de Dominique Rateau.
BRINCAR COM OS LIVROS, 
BRINCAR COM AS PALAVRAS 
“O livro quando apresentado por um adulto, 
que o considere interessante, pode sem dúvida 
desempenhar um papel essencial na história de uma 
criança e na história de sua linguagem.
O livro por si só não desempenhará nenhum papel 
em particular.
O livro é um objeto, um objeto portador de imagens. 
As imagens são uma representação. Isso poderá ser 
uma descoberta formidável para uma criança bem 
pequena! Na idade em que começa a nomear os 
objetos, na idade em que ela está ávida de palavras, 
descobre uma nova forma de representação.
Tomemos como exemplo “mesa”, ela descobrirá 
que mesa é o objeto que encontra e pode tocar na 
cozinha, na sala de jantar, mas que descobrirá 
também nos livros, através dos diferentes estilos de 
Material pós-vídeo
OBJETIVO DA ETAPA:
Como planejar situações de leitura para bebês e crianças 
bem pequenas
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
2 / 6
ilustração: uma mesa de Claude Ponti é diferente de 
uma mesa desenhada por Gabrielle Vincent ou de 
uma representada por Anne Bozellec, e são todas 
sempre “mesa”.
O objeto que o bebê já tocou, já reteve em suas 
mãos, vai ser reencontrado lá, numa folha de papel, 
cartão ou tecido. O objeto é nomeado pelo adulto. 
A criança vai poder nomear, vai fazê-lo “não com 
um objetivo utilitário, para obter qualquer coisa, 
como nos diz Daniele Bouvet, vai denominá-lo para 
prolongar essa experiência de atenção que é por si 
só fonte de grande prazer”. Esforço intenso para 
uma criança tão pequena, mas “esforço que é um 
jogo na medida em que não pode ser concebido sem 
o prazer que o engendra”1.
Este jogo é um reencontro que revela a capacidade 
de se maravilhar da qual René Diatkine fala nos 
seguintes termos: “coloquemos a disposição das 
crianças livros, histórias poéticas e as pessoas mais 
sérias irão se encantar com o encantamento das 
crianças. Este é o caminho mais seguro para que 
elas compreendam o mundo e tenham o desejo 
de transformá-lo.” 2 
Se a tendência natural é de ler aos pequeninos, a 
esses bebes que recém começam a ter acesso aos 
livros de imagens, percebe-se rapidamente que os 
livros imagens podem ser completadas por álbuns 
ilustrados que permitem o acesso a uma narrativa 
1 Daniele Bouvet, “A palavra da criança surda”. 
2 Plaquette, “Leia comigo, diz o bebê”.
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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e até mesmo a uma dupla narrativa: narrativa em 
texto, narrativa em imagens. Mesmo que o conteúdo 
ultrapasse a capacidade de compreensão do pequeno, 
ele escuta animado. Rene Diatkine fala do “prazer 
das sonoridades, do prazer do envolvimento que eles 
mesmos procuram”.
Um bebê a quem nós apresentamos um livro, um belo 
livro, um livro que nós amamos, manifesta sua emoção. 
O livro é portador de certa forma de linguagem que 
corresponde a narrativa. Nos álbuns, nós propomos 
às crianças o acesso a uma forma paralela à linguagem 
oral que é “dizer” com a linguagem que se escreve. 
A criança vai descobrir as histórias lidas e relidas. 
E as vai reencontrar sempre iguais, reassegurantes. 
A permanência da história tranquiliza. O livro que é 
lido na creche pela auxiliar de puericultura, ou em 
casa pelos pais, é sempre o mesmo.
Com os livros, a criança vai igualmente descobrir, 
de modo natural, a função da escritacomo forma 
de memorização e de comunicação à distância. A 
leitura em voz alta pode não ser para a criança bem 
pequena, de início, mais que uma melodia, um ritmo 
assimilável a uma cantiga: será o momento vivido com 
um adulto atencioso, um momento entre parênteses, 
um momento de gratuidade e de trocas num espaço de 
jogo e de poesia.
Com um livro, nós convidamos a criança a encontrar 
a expressão do pensamento de uma outra pessoa, 
ausente. Nele se oferece o olhar de um artista sobre 
o mundo. Este livro, que nós escolhemos porque nós 
mesmos somos sensíveis à escrita desse autor, porque 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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nós amamos sua forma de dizer, e vamos usar, sem 
perceber, durante algum tempo, seu vocabulário, 
sua gramática. Nós teremos vontade de penetrar no 
universo que este ilustrador exprimiu... Com os livros, 
nós tomamos emprestado o talento de um artista para 
permitir à criança um novo olhar sobre sua vida. E isso 
de um modo completamente diferente que falar de sua 
vida cotidiana.
Em torno dos livros, adultos e crianças compartilham 
suas capacidades de sonhar, de pensar, de imaginar. 
Isso é importante, porque além de permitir trabalhar 
a realidade ambiente, torna possível passar ao 
imaginário. “O encontro com adultos leitores permite 
às crianças descobrirem uma atividade psíquica que 
não conhecem mas que torna-se imediatamente 
delas, à condição de não procuremos tornar útil esse 
momento, ao verificar a compreensão de cada palavra 
ou em tentar tirar uma lição de moral do que foi lido”, 
escreveu René Diatkine.
Mas que livros? Quais histórias? É preciso encontrar 
as boas histórias, aquelas que amamos ler, aquelas 
que ajudam a dar sentido à vida. É preciso encontrar 
essas obras de arte. Nós não vamos jamais terminar de 
aprender sobre a linguagem em todas as suas formas. 
E o que aprendemos consideramos como parte de 
nossa personalidade.
Quando se é criança, a melhor forma de descobrir a 
narração, de descobrir a escrita, é de estar em relação 
com livros e com pessoas que amam ler suas histórias, 
com pessoas que escolhem esses belos livros e que nós 
temos vontade de compartilhar do encantamento de 
sua leitura.
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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Os livros veiculam histórias nas quais são colocadas 
questões que as crianças se fazem, que a humanidade 
inteira se faz: Quem eu sou? De onde eu venho? O que 
é o mundo? O que é a morte? E o amor, e o ódio? E as 
sombras? E o brilho das estrelas e do sol? A tristeza, a 
solidão, a pobreza? E o bom humor, a alegria?
De tudo isso falam os livros. É por isso que eles 
nos interessam. Eu tenho a hipótese, como Pascale 
Mignon, que é por isso que eles encantam as crianças.
Michel Defourny supõe que quando lemos em voz 
alta uma história para uma criança, “nós inventamos 
uma música particular que corresponde a que nós 
pessoalmente retiramos do livro.”
Nós propomos um conjunto de palavras, de emoções, 
de ritmos onde cada um escolhe o que lhe faz sentido, 
o que lhe interessa, o que encontra eco em si. 
Os livros nos oferecem novas questões, novas 
respostas, novas visões, novos pensamentos. Ao 
abrir um livro na companhia de uma criança, nós 
aceitamos, ou melhor, nós encontramos prazer em 
compartilhar com ela esse estado de “não saber” com 
relação às questões fundamentais que se coloca a 
humanidade. O adulto não está na posição de ensinar; 
ele aceita estar na busca de aprender.
O que nós abrimos é esse campo possível de 
questionamentos. Nós nos colocamos, junto com a 
criança, numa outra forma de relação com o mundo 
que é a de contemplar suas questões vitais.
Com os livros e as histórias lidas em voz alta, 
nós propomos um encontro com uma dupla 
temporalidade: o tempo no qual nós lemos cruza o 
tempo da narrativa. Eu posso ler em cinco minutos 
Leitura 
para bebês
Educação Infantil
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uma história de toda uma vida! A criança acede, deste 
modo, a uma consciência do tempo. A narrativa lhe 
permite organizá-la.
Tradução livre de Ana Flavia Castanho
CAMPO DE EXPERIÊNCIAS 
“ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 
E DESENVOLVIMENTO DO CAMPO DE EXPERIÊNCIA 
“ESCUTA, FALA, PENSAMENTO E IMAGINAÇÃO”
A BNCC e a 
leitura para 
as crianças
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Critérios 
para escolher 
bons livros
Etapa 5:
Como você viu, a escolha de bons livros é um ponto 
fundamental no planejamento de situações de leitura. 
Para aprofundarmos o que foi discutido no vídeo, 
convidamos você a fazer a leitura do texto “Como 
selecionar bons livros de literatura infantil?”, do Itaú 
Social. Você pode ler o material na íntegra aqui.
Material pós-vídeo
OBJETIVO DA ETAPA:
Oferecer elementos para a construção de um acervo 
variado e de qualidade para a Educação Infantil
Antes de pensar os critérios que definem um livro 
de qualidade, vamos refletir sobre a importância 
dessa reflexão: Por que pensar na qualidade dos 
livros infantis?
• Não é verdade que “para criança qualquer leitura é 
válida”; não se trata de proibir o contato com livros 
que achamos de qualidade duvidosa, mas é preciso 
que as crianças tenham acesso a bons livros para se 
desenvolverem como leitores.
• Queremos formar leitores que tenham experiências 
transformadoras com a literatura; que tenham a 
possibilidade de pensar em suas vidas e de suas 
comunidades. 
• A produção editorial vem crescendo 
substancialmente nos últimos anos. 
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• Com a convicção de que as crianças merecem bons 
livros, apresentamos algumas ideias–bússolas, 
vindas dos especialistas da área: 
– Kátia Lomba Brakling, na Matriz de Critérios 
para seleção de Livros de literatura, do Itaú 
Social;
– Equipe de Resenhadoras da Seção de 
Bibliografia Brasileira de Literatura infantil 
e juvenil da Biblioteca Monteiro Lobato, 
coordenada por Silvia Oberg (até 2009);
– Collectivus de Leitura em A Mediação de Leitura 
na Formação de Leitores – pesquisa teórico-
metodológica para a Formação de Mediadores 
de Leitura; e
– Luiz Brás no texto: Literatura Infantil: só para 
menores?
Livros adequados às crianças:
• Se entendermos que as crianças são inteligentes, 
capazes de descoberta e construtoras de significados 
múltiplos, consideraremos que elas precisam de 
livros que explorem sua capacidade investigativa, sua 
sensibilidade, criatividade e imaginação.
• Obras que marcam presença na produção editorial 
por temas inovadores ou por discutirem de 
forma competente e com qualidade literária uma 
problemática importante da atualidade,
• Obras que não veiculem discriminações ou 
preconceitos de qualquer espécie, mas que 
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apresentem situações nas quais esses aspectos sejam 
problematizados de modo a provocar reflexões críticas 
por parte dos leitores. 
• Que o conteúdo não esteja ancorado em estereótipos 
não problematizados, ou para os quais não se criou 
um espaço para reflexão crítica no texto e sua trama. 
• Livros que não subestimem a capacidade intelectual 
da criança. Nem superestimem, pois isso também não 
seria respeitá-la em sua fase de desenvolvimento. 
Livros de Qualidade literária:
• Obra não seja espaço de didatização simples de 
conteúdos escolares, pois a literatura de qualidade 
não visa apresentar regras de comportamento, letras 
do alfabeto, ou apresentar explicitamente mensagens 
de natureza ecológico-ambientais. Ao contrário, cria 
um espaço para a reflexão crítica dos problemas, 
sentimentos, emoções, situações vivenciadas no 
cotidiano das pessoas. 
• Que o conteúdo não seja apresentado de modo 
que se perceba uma intenção moralizadora no 
texto, por meio de “lições” óbvias e apresentadas 
explicitamente, sem criarum espaço para a reflexão 
necessária à compreensão crítica do leitor 
• Michèle Petit em Conferência na Feira do Livro de 
Buenos Aires em 2015 pontuou que a literatura infantil 
e juvenil de qualidade “não é utilidade, e sim uma 
qualidade de presença no mundo”. Para ela, os livros 
devem ser preservados de objetivação e dotados de 
interioridade e singularidade. Não somente porque 
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serão mais eficientes na familiarização com 
eles, mas porque é vital uma possibilidade de se 
relacionar musicalmente com o que está aí. 
• Uso de uma linguagem literária, ou seja, que 
apresenta ritmo, figuras de linguagem, a conotação 
como recurso linguístico, entre outros elementos 
que confiram ao texto valor estético. 
• Os livros infantis são obras de arte e, portanto, 
a qualidade das ilustrações é um aspecto muito 
importante para a constituição de um bom livro. 
Não podem ser estereotipadas (como um sol com 
uma carinha sorrindo) nem óbvias na sua relação 
com o texto. 
• Que as ilustrações também não sejam 
estereotipadas, de maneira a “repetirem” o que 
foi anunciado no texto, em especial se elas vierem 
depois dele, o que inviabiliza qualquer exercício 
de antecipação e inferência de possíveis conteúdos 
da obra, capacidades imprescindíveis ao leitor 
competente. Ao contrário, que apresentem novas 
informações, que ofereçam nuances diferenciadas 
do conteúdo temático, aproveitando espaços 
deixados no texto verbal com interpretações 
relevantes do ilustrador, criando, assim, um 
espaço de participação do leitor na construção dos 
sentidos. 
• A qualidade do projeto gráfico: como as 
composições gráficas se adéquam ao projeto 
estético e se relacionam com a narrativa literária. 
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Luiz Brás em seu texto “Literatura infantil: só para 
menores?” apresenta os 10 mandamentos da literatura 
infantil: 
1. Evitar a infantilização da linguagem e das imagens; 
2. Não ser professoral nem moralista; 
3. Evitar os estereótipos e os clichês literários e 
visuais; 
4. Não subestimar a inteligência do leitor; 
5. Questionar os preconceitos e as verdades prontas; 
6. Não fugir dos temas proibidos; 
7. Investir nas sutilezas e no vocabulário mais 
elaborado; 
8. Propor experiências literárias e visuais 
enriquecedoras; 
9. Saborear a boa literatura infantil brasileira e 
estrangeira; 
10. Conviver prazerosamente com as crianças. 
Resumindo, o livro de qualidade literária para crianças: 
• Acredita e explora a capacidade criativa da criança 
leitora.
• É pensado como obra de arte; explora diferentes 
linguagens.
• Não tem propósitos pedagógicos, informativos ou 
moralistas. 
E, como selecionar um acervo para as sessões de mediação 
de leitura? 
• Um acervo diversificado, em termos de formatos, 
gêneros, tamanhos, autores, temas, tempo de edição, 
cores, diagramações, tem mais chances de atingir 
diferentes crianças. 
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• Apresentar diferentes gêneros e autores amplia o 
contato com a rica produção literária. 
• Sobre a quantidade de livros, o ideal é pensar pelo 
menos dois livros por criança. Assim a quantidade de 
livros será o dobro da quantidade de crianças. 
• No decorrer das mediações, um olhar atento às 
necessidades e desejos das crianças vai percebendo 
as escolhas, as preferências, os interesses, os modos 
de ler, as brincadeiras que as crianças fazem com os 
livros. Essas observações te ajudarão na seleção.
• A partir da observação das crianças você vai ver que 
há livros que nunca podem faltar. É legal também 
sempre introduzir novidades.
LIVROS INFANTIS QUE DISPARAM BOAS CONVERSAS EM SALA 
DE AULA, reportagem de NOVA ESCOLA
OS 30 MELHORES LIVROS INFANTIS DE 2018, lista elaborada 
pela revista Crescer
Sugestões de 
acervo para as 
crianças
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Planejamento 
de uma situação 
de leitura
Etapa 6:
Como você já viu no vídeo, a ideia é que nesta etapa 
você aprenda a construir um planejamento de situações 
de leitura a partir das relações estabelecidas com os 
campos de experiência e os objetivos de desenvolvimento 
apresentados na BNCC. Por isso, abaixo, você vai 
encontrar um modelo de planejamento para você se 
inspirar e levar para a sala de aula.
Material pós-vídeo
OBJETIVO DA ETAPA:
Como caminhar do planejamento à prática e sua reflexão
ATIVIDADE PERMANENTE
Justificativa
Ler para bebês é uma prática que se justifica por 
muitas razões: 
Primeiro, porque ao ouvir um adulto ler, o bebê 
entra em contato com uma outra dimensão da 
linguagem: o fluxo da fala que “diz” linguagem 
escrita, apresenta uma cadência própria e, a 
depender do livro escolhido, rimas, repetições e 
ritmos novos. 
Segundo, porque ao ouvir um adulto ler, o 
bebê também entra em contato com o prazer 
que o adulto demonstra ao ler, as emoções que 
sente e expressa, nos tons de surpresa, graça 
e encantamento que ficam patentes na leitura. 
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Assim, o adulto leitor é um intérprete em muitos 
níveis: interpreta o texto, apresentando o bebê à 
linguagem escrita e interpreta também o que se pode 
obter do texto, apresentando o bebê ao prazer de ler.
Terceiro, quando garantimos que a leitura faça parte 
da vida do bebê por meio da leitura que o professor 
faz na escola (CEI, Creche), e tenha nela um sentido 
de prazer e encantamento, criamos as bases para 
que as crianças ali atendidas possam se desenvolver 
plenamente como leitoras, ao longo da vida escolar, 
nos contrapondo a uma divisão entre leitores e não 
leitores que costuma espelhar uma diferença social 
entre os que têm a oportunidade de conviver com 
livros e leitores e aqueles que não a têm. 
Mas para que essa prática possa se revestir dos 
sentidos apontados acima na vida dos bebês é 
fundamental, que ela seja um hábito, faça parte da 
sua rotina na escola. Só assim será possível que os 
bebês desenvolvam familiaridade com os livros, 
compreendam o que torna esse objeto especial, 
diferente dos outros que o cercam, desenvolvam um 
laço afetivo com eles, se interessando em folheá-los 
e em ouvir sua leitura e possam manter a atenção em 
escutar a leitura por períodos cada vez maiores.
Objetivos e conteúdos
- Possibilitar que as crianças, desde bebês, possam 
participar de rodas de leitura, ter contato com 
histórias belamente escritas e ilustradas e, assim, 
criar o hábito de escutar a leitura em voz alta 
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realizada pelo professor.
- Apresentar e disponibilizar livros para que as 
crianças possam explorá-los, folheando-os e, 
percebendo neles a fonte daquilo que é lido pelo 
professor.
- Possibilitar que as crianças, desde cedo, 
familiarizem-se com a linguagem escrita: seu 
ritmo, sua permanência. 
- Possibilitar que as crianças iniciem a construção de 
seu repertório literário.
Público:
Crianças de 0 a 3 anos de idade.
Prazo e estrutura:
Como a leitura para bebês é uma atividade 
permanente de formação de leitores, o ideal é que ela 
faça parte da rotina dos bebês durante todo o ano. 
Para desenvolvê-la será necessário selecionar bons 
livros de literatura infantil, conforme discutimos na 
etapa anterior.
Desenvolvimento:
1ª etapa: Organização da roda de leitura e 
apresentação do livro (ou: Antes da Leitura)
Convide os bebês para escutar a história, criando um 
clima de cumplicidade e expectativa para escutá-la. 
Ajude-os a se posicionar em roda. Com o livro em 
mãos, mostre a capa e leia o título da história. Conte 
brevemente porque escolheu este livro para ler para 
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eles. É importante fazer uma breve apresentação 
do livro, folhandoas páginas e mostrando as 
ilustrações e antecipando as possibilidades que título 
e ilustrações apresentam para o enredo contribui 
para diminuir a ansiedade, despertar o interesse e 
criar uma maior tolerância para escutar a leitura da 
história. 
2ª etapa: Leitura da história (ou: durante a leitura)
Leia demonstrando entusiasmo pela história e 
interpretando as emoções despertadas por ela. 
Faça pequenas pausas, antes de virar cada página, 
para mostrar brevemente as ilustrações para os 
bebês. Acolha comentários, balbucios e gestos, 
nomeando descobertas e interesses demonstrados 
pelos pequenos, ao longo da leitura, e retorne a 
ela, retomando a leitura ou fazendo convites como 
“vamos ver o que acontece agora?” ou “acho que 
esse personagem vai aparecer outra vez no livro, vou 
continuar a ler” ou outros convites delicados que 
reconheçam o movimento das crianças como leitoras 
e as convidem para a continuidade da leitura.
Não simplifique a história nem pule ou inclua 
partes: o objetivo é que os bebês conheçam um 
bom exemplo de linguagem escrita, com seu 
fluxo, entonação, ritmo característicos. Quando 
se simplifica, inclui-se elementos novos – como 
nomes para os personagens, diminutivos que não 
estavam no texto, etc. - ou pula-se partes, rouba-
se da linguagem escrita essas características, 
aproximando-a da linguagem oral. Além disso, essas 
ações comunicam a concepção de que os bebês não 
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podem entender um texto literário como tal, que é 
preciso “facilitar” essa compreensão. O que não é 
verdade, primeiro porque toda obra literária permite 
múltiplas releituras, exatamente porque permite 
muitos níveis de compreensão; e, segundo, porque o 
que é determinante para a compreensão da história é 
a atuação do professor enquanto leitor, que permite 
que as crianças tenham acesso ao teor emocional da 
história, se envolvam com seus personagens etc. 
3ª etapa: Espaço de intercâmbio entre as crianças 
(ou: depois da leitura)
Terminada a leitura, converse com elas sobre a 
história, suas aventuras e emoções, tornando a 
folhear o livro a fim de que as crianças vejam as 
ilustrações. Agora é o momento de relembrar em 
voz alta os balbucios, palavras e gestos dos bebês: 
comente o que chamou a atenção deles, mostre que 
outros colegas também gostaram disso e que outros 
preferiram outras partes da história. Convide-os a 
explorar o livro junto com você.
Evite propor atividades não literárias em torno da 
leitura do livro, como, por exemplo, ler uma história 
em que há um jogo de bola e jogar bola, depois 
desenhar a bola, pintar a bola, fazer uma bola com 
recorte de jornal, etc. As atividades em torno do livro 
devem ter a mesma natureza daquelas que leitores 
reais fazem uso quando leem, como compartilhar 
o efeito que uma leitura produz, compartilhar e 
comparar partes preferidas da história, ter sua 
própria lista de autores e livros preferidos... Tudo 
isso pode ser feito desde o início da vida dos bebês 
Leitura 
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na escola, desde que eles tenham como mediador um 
professor que atue como modelo de leitor e reconheça, 
valide e nomeie nas ações das crianças os seus 
comportamentos leitores nascentes, apresentados 
por meio de gestos, balbucios, palavras...
Material adaptado do planejamento original realizado por ocasião 
do Projeto Entorno, realizado pela Fundação Victor Civita.
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Para continuar 
estudando...
Etapa 9: Livros e sites de referência
Deixem que leiam, Geneviève Patte (Ed. Rocco, 2012)
Por que ler: É uma obra fundamental para refletirmos sobre 
os critérios de escolha de livros da literatura infantil, como 
o que caracteriza um bom livro ilustrado, como escolher um 
bom livro de aventuras, o que faz de um clássico, um clássico 
etc. É uma leitura que nos torna melhores formadores de 
leitores.
Andar entre livros, Teresa Colomer (Ed. Global, 2010)
Por que ler: Oferece aos professores reflexões 
importantíssimas sobre o trabalho com a leitura na escola e, 
para o percurso de estudo proposto nesse curso, apresenta 
uma contribuição fundamental: a observação de como o 
trabalho com a leitura, na primeira infância dialoga com 
processos-chave do desenvolvimento infantil. Vale a pena 
estudar o capítulo 2!
En torno a la cultura escrita, Margaret Meek (Ed. Fondo de 
Cultura Economica, 2004)
Por que ler: Essa obra é um clássico sobre a relação das 
crianças com a cultura escrita e a ação do professor como 
um leitor modelo, que abre as portas desse mundo para ela. 
Trata-se de uma boa leitura, então, para quem quiser se 
aprofundar nas discussões em torno do tema da leitura para 
bebês.
Los libros, eso es bueno para los bebés, Marie Bonnafé. Eeditora 
Oceano Travesía, 2008
Por que ler: para a autora, os bebês nascem com necessidades 
primárias de alimentação, afeto, sonho e também de relatos. 
O livro todo é dedicado à aproximação cultural na primeira 
infância e à questão da leitura para bebês.
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para bebês
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Sites
WWW.NOVAESCOLA.ORG.BR 
Por que ler: Você vai encontrar uma série de propostas 
interessantes de leitura para bebês que vão, certamente, 
alimentar seu trabalho com eles. Escolhemos algumas 
dessas propostas para apresentar a você durante o curso, 
mas vale a pena que você mesmo faça suas buscas.
WWW.ITAU.COM.BR/CRIANCA
Por que ler: Conheça mais sobre a iniciativa do Itaú e 
encontre dicas para realizar trocas de livros e sugestões 
de atividades ao ar livre, jogos de tabuleiro e outras 
brincadeiras para o momento de leitura. 
WWW.REVISTAEMILIA.COM.BR
Por que ler: Você encontrará artigos de autores e 
estudiosos que pensam a leitura, hoje.
WWW.ESPANTAPAJAROS.COM
Por que ler: Apesar deste site estar em espanhol, 
optamos por indicá-lo, aqui, devido as propostas de 
formação de leitores que apresenta e dos artigos sobre 
formação de leitores que disponibiliza. É um material 
muito interessante para o professor.
WWW.ITAUSOCIAL.ORG.BR
Por que ler: Neste site, você conhece mais sobre as 
iniciativas e programas desenvolvidos pela Fundação Itaú 
Social, além de materiais e publicações de referência, 
como os resultados da pesquisa “Impacto da leitura 
feita pelo adulto para o desenvolvimento da criança na 
primeira infância”