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ANÁLISE DE PROJETOS E ORÇAMENTO EMPRESARIAL AULA 1 Professor Clecio Steinthaler 2 CONVERSA INICIAL Vamos iniciar a nossa conversa com um pequeno recorte: “a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]”. Constituição Federal, art. 37 Esses cinco princípios, na verdade, nem precisariam estar respaldados na Nossa Carta Magna. Deveriam ser princípios incorporados em cada cidadão. No decorrer da nossa aula, falaremos sobre atos e processos da Administração Empresarial e da Administração Pública. Vamos verificar que em muitos aspectos elas se encontram, comungam e divergem nas questões tocantes ao Orçamento. Quando falamos em orçamento, devemos compreender ele em todas as suas fases e, certamente, lembrarmos dos cinco princípios citados anteriormente, para que a Gestão do Administrador seja realmente realizada com seriedade, transparência, eficiência, eficácia e efetividade. Nesta aula sobre Sistema Orçamentário, abordaremos os seguintes temas: projeto empresarial e planejamento público; estrutura do projeto empresarial e estrutura do planejamento público; execução orçamentária: receita × despesa; legislação e regulamentações no setor empresarial e no público e ainda, execução orçamentária e cumprimento de metas nos dois setores. CONTEXTUALIZANDO Corrupção, impunidade, desonestidade, falta de ética, desvio de bens e verbas públicas, fraudes em processo de licitação, superfaturamento de obras, publicidade oficial utilizada para promoção pessoal, nomeação de servidores públicos sem concurso, são ações que estão presentes no cotidiano de todos nós. Até parece que elas já fazem parte do cenário. Muitos dos temas abordados em nossa aula nos remeterão ao que a pouco descrevemos. Vamos perceber, também, que regras, regulamentos, leis, decretos, portarias, “existem para dar e vender” tanto na administração empresarial quanto na pública. 3 Percebemos que o brasileiro sente até repulsa quando ouve falar em legislação, devido à falta de confiança nos agentes públicos. Mas nós, pessoas privilegiadas que buscamos o conhecimento, em qualquer instância, devemos aprender a conhecer as leis pertinentes a cada segmento e ter consciência de que podemos lutar pelos nossos direitos de cidadão, como também participar das ações públicas para melhoria da qualidade de vida de toda a sociedade. TEMA 1 – PROJETO EMPRESARIAL: PROJETO DE INVESTIMENTO E ORÇAMENTO EMPRESARIAL Você sabe o que é Projeto Empresarial? O projeto empresarial reúne um conjunto de informações coletadas e validadas, para que sejam analisadas todas as alternativas de investimento e que possa ser traçada uma simulação para a sua viabilidade. Um dos fatores determinantes para a execução de um projeto empresarial está no estudo detalhado para realizar uma ótima alocação dos recursos. Entre dessa linha de pensamento, torna-se muito importante uma análise do setor econômico em que se está inserido, para, então, conhecer seu produto final. O projeto empresarial é classificado de acordo com a sua finalidade, que pode ser: 1. Primeiro Setor: extração de matéria-prima. 2. Segundo Setor: indústria. 3. Terceiro Setor: serviços. Lembre-se de que, para elaborar um projeto, precisamos primeiro identificar o setor da economia no qual está inserido, considerando todos os aspectos econômicos e financeiros relacionados à sua performance, como também a sustentabilidade. Após a caracterização macro e microeconômica, podemos iniciar a análise da viabilidade do investimento. Saiba mais Para lembrar: Projeto é o nome que se dá ao conjunto de informações internas e externas à empresa, coletadas, processadas e validadas com o objetivo de analisar as decisões para efetuar o investimento. 4 Precisamos perceber que a análise do projeto de acordo com a natureza do negócio leva em consideração vários aspectos: econômico, produtivo, financeiro, administrativo, jurídico, ambiental, contábil, e outros. O processo inicial da elaboração de projetos envolve pesquisas relacionadas à estrutura de mercado, à localização para instalação do projeto, ao tamanho ideal do projeto decorrente da escala de produção e da comercialização do produto, ao modelo a ser adotado na produção e às fases do ciclo de vida do projeto e do produto. Você sabia que um projeto de investimento tem três características básicas? 1. Temporalidade: o ciclo de vida do projeto, ou seja, início, meio e fim. 2. Individualidade: produto único ou singular no mercado. 3. Incerteza: dúvidas quanto às possibilidades futuras. Para que você possa analisar um projeto é fundamental tomar cuidado com o cronograma e as projeções de fluxo de caixa, analisando todos os aspectos em conjunto para verificar a viabilidade do projeto. Será preciso utilizar o orçamento empresarial como instrumento que pode contribuir para a redução das incertezas no processo decisório e aumentar da probabilidade de alcançar os objetivos e as metas previstas. Nesse contexto, o nosso estudo visa auxiliar você na correta elaboração de um projeto de investimento e de um orçamento empresarial viável para a empresa. Desse modo, no decorrer das nossas aulas, relataremos seus principais elementos para ajudá-lo no estudo da viabilidade do empreendimento, indicando os rumos para a conquista do seu espaço no mercado. Todos podemos aplicá-lo em nossa vida pessoal. Todos temos metas para atingir e para isso precisamos planejar as nossas despesas futuras, considerando a receita que obteremos. Quando colocamos no papel a estimativa de receitas e previsão das despesas, como aluguel, alimentação, transporte, cursos, roupas, viagens, lazer, entre outras, para que possamos orientar nossas ações ao longo do ano, estaremos realizando um plano orçamentário. O orçamento empresarial é um instrumento de programação que relaciona os fluxos de entrada dos recursos com sua aplicação nas atividades organizacionais, para estabelecer um plano de ação futuro, 5 orçando as receitas que serão obtidas e as despesas que incidirão na execução. Nas empresas, acontece da mesma forma: ao estabelecerem os produtos que serão fabricados no próximo ano, o nível de produção e de venda, os preços que serão praticados no mercado, bem como os gastos necessários para viabilizar o empreendimento, estão estabelecendo planos e, consequentemente: um orçamento. Orçamento é uma extensão do planejamento, pois, enquanto este explica a natureza das ações e seus objetivos, aquele os traduz em metas e esforços financeiros, ou seja, em valores monetários. Geralmente, o orçamento é um plano financeiro elaborado para auxiliar determinado exercício financeiro, podendo ser consultado mensalmente para fins de acompanhamento e controle. 1.1 Planejamento público: metas, previsão de arrecadação e despesas Historicamente, a concepção de orçamento advém desde a época colonial, pois já se realizavam cálculos de receita e despesa; porém, não como nos dias de hoje. No Império, cobravam-se impostos para manutenção da nobreza e para os investimentos de melhoria voltados à população. No período republicano, criou-se a chamada Lei do Orçamento (Lei nº 4.320/1964, regulamentando os atos da Administração Pública brasileira, especialmente ao demonstrar a relação entre a receita e a despesa, estimando o quanto arrecadar e o quanto gastar em cada ano. O orçamento público é muito mais que isso, pois não tem apenas um caráter contábil, mas também político e principalmente de interesse público, afinal, trata-se da “coisa pública”. O surgimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101/2000), amparada no art. 165da Constituição Federal de 1988, traz a novidade de responsabilizar a gestão financeira a partir de um acompanhamento sistemático do desempenho mensal, trimestral, anual e plurianual, observando-se mecanismos de controles de: gastos com pessoal, limites de endividamento, organização do sistema próprio de previdência, transferência de recursos constitucionais e voluntários, além do déficit primário, que servirão de referencial para avaliar o desempenho da administração pública. 6 Saiba mais Você sabia que é dever de todo agente público obedecer os princípios constitucionais da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência, em todos seus atos no exercício da função, sob pena de sofrer sanções administrativas e, conforme o caso, até judiciais? Conhecer esses princípios é direito de todo cidadão, que assegura o seu direito de petição, para a exigência da transparência dos atos da administração pública, independentemente do pagamento de taxas. Lembrando que as atividades da administração pública constituem-se em: gestora, regulatória, fiscalizadora e gerenciadora. Aos usuários dos serviços públicos é que caberá, portanto, julgar se o processo de planejamento é transparente. A Lei de Responsabilidade Fiscal, devido à sua amplitude, atinge as três esferas administrativas do governo (União, estados, Distrito Federal e municípios) e os três poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário). Porém, para se chegar ao orçamento propriamente dito, é preciso passar por três fases, cada qual com suas características e especificidades próprias, a saber: o Plano Plurianual PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual. Nesse conjunto de leis é que estarão previstas e autorizadas as metas, a previsão de arrecadação e as despesas na administração pública. As diretrizes orçamentárias compreendem as metas e prioridades da Administração Pública, bem como as despesas de capital para o próximo exercício financeiro, tendo como objetivos orientar a elaboração do orçamento anual e a sua execução, estabelecer a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento, dispor sobre as alterações tributárias, o equilíbrio entre receitas e despesas, critérios e forma de limitação de empenho, normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programa financiados com recursos dos orçamentos. Para efetuar estudos de previsões de arrecadação, serão observadas as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante, e serão acompanhadas de demonstrativo de sua 7 evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas. É dever do Poder Executivo de cada ente da Federação colocar à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subsequente, inclusive da corrente líquida e as respectivas memórias de cálculo, no mínimo trinta dias antes do prazo final, para encaminhamento de suas propostas orçamentárias. As receitas previstas deverão serem desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa. O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital constantes do projeto de Lei Orçamentária. Você já ouvir falar em renúncia fiscal? A Lei de Responsabilidade Fiscal inovou no que se refere à concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita, quando determina que esta deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, além de atender ao disposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias. Lembramos que a renúncia de arrecadação compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. A Lei de Responsabilidade Fiscal, nitidamente, visa dificultar a realização de medidas de renúncia de receita ou compensações que resultem em dúvidas sobre a aplicação de critérios igualitários aos contribuintes. Além disso, o montante apurado dessa renúncia deve ser do conhecimento dos demais Poderes, bem como do Tribunal de Contas e do Ministério Público, uma vez que eles têm os seus percentuais de repasse dependentes da apuração do resultado das receitas. 8 TEMA 2 – ESTRUTURA DO PROJETO EMPRESARIAL: ESCOPO E VARIÁVEIS 2.1 Agora... vamos a analisar um Projeto Empresarial? A análise da estrutura de um projeto de investimento envolve a avaliação, entre outros, dos seguintes aspectos: econômicos, técnicos, financeiros, administrativos, jurídicos e legais, e contábeis. Econômicos: a. Análise de mercado: É o ponto de partida para a análise e a elaboração do projeto. b. Localização do projeto: A escolha da melhor localização permite maior rentabilidade e maior diferença entre as receitas e os custos. c. Escala de produção: Onde confrontamos a demanda e a oferta. Técnicos: Para a troca de informações entre engenheiros, técnicos especializados e economistas sobre ações necessárias desde o estudo de mercado, quando foi definida a característica do produto, o quanto produzir e para quem produzir. Financeiros: Se o estudo de investimento do projeto será com capital próprio, de terceiros ou de financiamentos. Administrativos, jurídicos e legais, ambientais e contábeis: Analisando- se, agora, a estrutura organizacional necessária para implantação e operação; o custo da estrutura e os operacionais para implantação do projeto; cronogramas financeiro; treinamentos; a formação e o tipo da sociedade; exigências legais; impostos devidos; cuidados com o meio ambiente etc. Você sabe a diferença entre: Ciclo de um projeto e ciclo do produto? Quadro 1 – Ciclo de um projeto × ciclo do produto Ciclo de um projeto Todos os projetos partem de uma ideia passada para um plano, o qual progride para a execução e o encerramento. Ciclo de vida do Produto: Compreende desde o momento embrionário do produto até a fase final da sua exploração econômica. Cada 9 fase é caracterizada por uma entrega, ou seja, uma finalização da atividade. Fonte: O autor. A determinação do início e do fim dos estágios dos ciclos do produto não é uma tarefa fácil; é preciso estar atento ao mercado e ao comportamento das vendas e do lucro. Agora, vamos observar a dinâmica do ciclo de vida dos produtos e seus efeitos no lucro. Quadro 2 – Ciclo de vida dos produtos Ciclo de vida Vendas Custos Lucro Introdução Crescimento lento. Altos: face ao lançamento do produto. Inexistem ou Negativos. Crescimento Crescimento significativo. Reduzidos: face a produção em escala. Altos. Maturidade Estabilização ou queda. Altos: devido ao investimento em marketing. Manutenção ou declínio. Declínio Forte queda. Estabilizados: diminuição da produção e do marketing. Desaparecem Fonte: Adaptado de Corbari; Macedo, 2012, p. 191. 2.2 Estrutura do planejamento público: Plano Plurianual PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias LDO e Lei Orçamentária Anual LOA Você sabia que podemos participar de todas as fases do Orçamento Público?Com a finalidade de esclarecer as fases do processo de planejamento do Orçamento Público no Brasil, vamos detalhar os aspectos gerenciais dos quais está envolvido o gestor, a execução e o controle do orçamento, assim como se dá a estrutura e a formação de todo o ciclo orçamentário. 10 A Constituição Federal de 1988 estimula e reforça a participação cidadã na tomada de decisões administrativas, em áreas como saúde, assistência social, crianças e adolescentes etc., implicando uma pluralidade de experiências participativas e emancipatórias na formulação de políticas públicas que passam por audiências públicas, conselhos, comitês e outras práticas. No Brasil, a Lei do Plano Plurianual, a Lei das Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento Anual são de iniciativa do Poder Executivo, pois ele é o poder competente que está diretamente envolvido com a arrecadação e execução de todo o orçamento. A partir de então, inicia-se o chamado ciclo orçamentário, que após discussão com a comunidade e setores representativos, votação e aprovação pelo Poder Legislativo é sancionado pelo Chefe do Poder Executivo e depois executado. Podemos conceituar orçamento na esfera governamental como o instrumento de que dispõe o Poder Público para expressar, em determinado período de tempo, seu programa de atuação, discriminando a origem dos recursos e as despesas a serem efetuadas. Isso reflete a materialização da ação planejada do Estado na manutenção de suas atividades e na execução de seus projetos, objetivando assegurar o cumprimento dos fins a que se propõem, atendendo, assim, diversos interesses. Agora, vamos exemplificar as funções do planejamento na atividade empresarial e na administração pública para estabelecer sua relação direta. No orçamento público, quando se fala de: Planejamento estratégico, está se falando da elaboração do Plano Plurianual, que define as ações da gestão pública, políticas de governo, para os próximos quatro anos. Planejamento tático, que tem duração de um ano, na gestão pública é classificado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, que visa estabelecer as diretrizes para a elaboração do orçamento anual. Planejamento operacional é classificado pela Lei Orçamentária Anual, uma vez que ela vai tratar das ações de execução do orçamento e não tem duração superior a um exercício fiscal. 11 TEMA 3 – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA: RECEITA × DESPESA NO SETOR EMPRESARIAL E NO SETOR PÚBLICO Para começar, precisamos entender o que é receita e despesa. Receita: é tudo aquilo que você recebe, a título de pagamento pela venda de um produto ou prestação de um serviço, ou seja, as entradas. Despesa: é tudo o que você gasta para pagar a produção de um bem ou serviço, ou seja, são as saídas. Sabendo isso, a conta é simples de fazer: Receita = Despesa = Resultado nulo Receita > Despesa = Superávit (Lucro) Receita < Despesa = Déficit (Prejuízo) 3.1 Sistema orçamentário do setor empresarial O sistema orçamentário de uma empresa pode ser entendido como o conjunto de vários orçamentos parciais interligados, o qual, segundo Moreira (2002), utiliza técnicas e procedimentos contábeis aplicados antecipadamente aos fatos decorrentes de planos e políticas projetadas. Assim, ao final do processo orçamentário, obtêm-se os demonstrativos financeiros preparados com base nas expectativas registradas no orçamento. O orçamento, por ser um plano projetado para o futuro, é realizado em ano anterior com base nos planos desenvolvidos detalhadamente por cada unidade. Esse processo se inicia com a composição do orçamento de vendas que inclui as expectativas das quantidades vendidas e dos preços, seguido pelo orçamento de produção incluindo custos com materiais diretos, colaboradores diretos e custos indiretos e pelo orçamento de despesas com vendas, com a administração do negócio e os financiamentos necessários para as operações. O resultado dessa composição, adicionado ao orçamento de capital, permite definir o orçamento de caixa. Com isso, é possível projetar o resultado anual com base na emissão dos seguintes relatórios financeiros: Demonstração do Resultado do Exercício DRE. 12 Balanço Patrimonial BP. Demonstração do Fluxo de Caixa DFC. Para o desenvolvimento da fase operacional do orçamento, é preciso que as decisões sejam transformadas em consequências monetárias, por exemplo, que o plano de vendas especifique por produto a pretensão da quantidade a ser vendida, o preço unitário a ser praticado, bem como seu período no mercado. A definição do preço de venda de um produto não deve levar em consideração apenas os custos de produção, mas também o valor econômico percebido pelo cliente e os aspectos mercadológicos como a demanda do produto. Você sabia que o controle orçamentário é o controle da gestão? Um controle eficiente deverá ser composto por um sistema de acompanhamento e monitoramento do desempenho, o qual necessitará ser comparado constantemente com o planejamento, gerando relatórios que permitem ao gestor a análise e a implementação de ações corretivas. A operacionalização do controle orçamentário ocorre pelo confronto entre o previsto e o realizado. As variações, dentro de algum critério de relevância, devem ser identificadas, analisadas e ajustadas. 3.2 Sistema orçamentário do setor público De uma maneira resumida, orçamento público é o documento do Poder Executivo, aprovado pelo Poder Legislativo, que estima receitas e despesas para o período de um ano para todos os seus órgãos, discriminando o programa de trabalho autorizado a ser realizado, elaborado segundo os princípios da unidade, universalidade e anualidade. Do ponto de vista político, corresponde ao contrato formulado anualmente entre governo, administração e sociedade sobre as ações a serem implementadas pelo Poder Público. A participação direta do cidadão no exercício do Poder Executivo extrapola e alcança a sua efetiva atuação na proposição, colaboração e implementação das políticas públicas. É o que se busca construir por meio de um eixo de diálogo entre a Sociedade e o Estado. 13 É nesse momento que será posta à prova a capacidade do gestor público de planejar suas metas e alcançar seus objetivos, que servirão de indicadores para a continuidade do projeto e de futuros planos. É nesse instante que entra a figura do controle que vai mostrar se o orçamento foi bem elaborado e se foi aplicado de acordo com o que foi planejado, alcançando assim, a finalidade para a qual foi proposta. Contudo, o orçamento não pode ser comparado a uma peça estática. Ele precisa estar em constante adequação à realidade com vistas a atender às necessidades atuais e futuras. Precisa ser revisto sempre para que sejam atendidas as mudanças e correções necessárias do seu planejamento para melhorar a gestão por parte daquele que vai colocá-lo em execução. É no processo de controle do orçamento público que o gestor vai ter a capacidade de avaliar como as metas estão sendo alcançadas, porém, para isso, precisamos ter claros os indicadores definidos na fase do planejamento. Daí a importância de um planejamento claro em seus objetivos, que venha possibilitar um controle mais efetivo. A Lei n.º 4.320, de 1964, em seu art. 75, dispõe sobre precaução com o equilíbrio das contas públicas. Dessa forma, os dispositivos inerentes a esse equilíbrio, incluídos na Lei de Responsabilidade Fiscal, não são novidade para o Controle Interno e a Administração Pública. A preocupação com o gasto público adquiriu maior relevância após a promulgação da Lei Complementar n.º 101/2000, que dedica um capítulo inteiro ao controle, à fiscalização e à transparência. A Lei de Responsabilidade Fiscal é um elemento orientador, constituindo- se uma ferramenta gerencial a serviço da Administração Pública. Os avançostecnológicos têm sido fundamentais para contribuir e melhorar acompanhamento efetivo das ações governamentais pelos Tribunais de Contas e pela própria sociedade, pois permitem a verificação das prestações de contas, via internet, reforçando o princípio da transparência das ações públicas. Sem a facilidade de transmissão e recepção de dados, não seria possível acompanhar de perto a aplicação dos recursos públicos. Os objetivos e metas da Política Fiscal estabelecidos no Plano Plurianual PPA têm por finalidade criar um ambiente de estabilidade econômico-social que garanta o êxito na implementação dos programas e ações deles decorrentes 14 para as três esferas de governo. São alvos da política fiscal a redução de despesas de custeio e o incremento das receitas. Existe a necessidade de que o governo reverta os déficits operacionais, gerando superávits primários, a fim de que a relação receita e despesa se estabilize. O ente federado não pode mais continuar gastando mais do que arrecada; o equilíbrio das contas públicas é decisivo para o modelo econômico brasileiro. Vale ressaltar que no primeiro ano do novo mandato o Poder Executivo cumpre o último ano do Plano Plurianual efetuado pela gestão anterior, esse mecanismo foi criado para garantir a continuidade dos programas e atividades governamentais, sem prejuízos para os serviços à sociedade. TEMA 4 – LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO 4.1 Setor empresarial Como dissemos na nossa conversa inicial, o Brasil é um país rico em leis e regulamentações. Valor elencar algumas leis e regulamentações pertinentes as empresas privadas, deixando de citar as já conhecidas leis trabalhistas. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por ações. Lei n.º 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que dispõe sobre a elaboração e divulgação dos demonstrativos financeiros. Lei Complementar n.º 123, de 14 de dezembro de 2006, que dispõe sobre o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. 4.2 Setor público As normas gerais hoje em vigor no país para elaboração e execução de orçamentos públicos estão na Constituição Federal, promulgada em 1988, que vincula a discussão orçamentária ao chamado Plano Plurianual, na Lei n.º 4.320/1964. Editado a cada quatro anos, o Plano Plurianual (PPA) deve estabelecer “as diretrizes, objetivos e metas da administração pública” para os quatro anos seguintes, considerando os investimentos, políticas e programas 15 governamentais tanto para o país como um todo como para cada região do território nacional. É direito do cidadão verificar como a questão orçamentária é tratada pelo Legislativo e pelo Executivo. Além do PPA, o processo orçamentário brasileiro envolve a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Ambas são anuais, ou seja, válidas para apenas um exercício financeiro. O projeto da LDO é enviado pelo Poder Executivo até o dia 15 de abril de cada ano ao Poder Legislativo, que deve concluir sua votação até 30 de junho. Os trabalhos legislativos do primeiro semestre não podem encerrar sem a aprovação da LDO. A LDO fixa as metas e prioridades da administração pública para o ano seguinte, trata das eventuais alterações previstas na cobrança de tributos, estabelece critérios para elaboração da LOA e define a política de aplicação. A lei orçamentária anual compreende toda a programação de gastos da administração pública, em todas as esferas governamentais. Ela deve ser proposta até o dia 31 de agosto de cada exercício ao Legislativo, a quem cabe, após seu exame e aprovação, devolvê-la ao Chefe do Poder Executivo, para sanção, antes de terminarem os trabalhos legislativos do ano. Com a LOA, completa-se o conjunto das leis de natureza orçamentária. Todos os passos do processo orçamentário devem observar as determinações da chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000). Ela obriga os gestores municipais, estaduais e federais a respeitarem vários procedimentos em relação às finanças públicas. TEMA 5 – EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA E CUMPRIMENTO DE METAS SETOR EMPRESARIAL E SETOR PÚBLICO 5.1 Setor empresarial Durante a execução orçamentária, nas empresas, será muito importante ter o controle efetivo de todo o processo e deverá haver um sistema de acompanhamento e monitoramento do desempenho, o qual necessitará ser comparado constantemente com o planejamento, gerando relatórios que permitem ao gestor a análise e a implementação de ações corretivas. Para exercer atividade de execução do orçamento e seu monitoramento, agruparam-se os controles de gestão em instrumentos contábil-gerenciais e 16 demais instrumentos de auxílio à gestão, conhecidos como: instrumentos financeiros e não financeiros. A operacionalização do controle orçamentário ocorre pelo confronto entre o previsto e o realizado. As variações, dentro de algum critério de relevância, devem ser identificadas, analisadas e ajustadas. Para que a etapa de controle exista, é necessário que os planos tenham sido previamente estipulados, caso contrário, não há como comparar o desempenho atual. Os elementos que consolidam a execução orçamentária e o cumprimento de metas, e que observaremos nos demonstrativos contábeis, levam em conta o acompanhamento dos elementos da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE), da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), do Balanço Patrimonial (BP) e dos indicadores financeiros. 5.2 Setor público Voltamos a lembrar que a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como, objetivo principal: buscar o equilíbrio entre as receitas e as despesas, impondo ao gestor limitações e condições mínimas para controlar a execução do orçamento, exigindo a apresentação de relatórios que demonstram seu desempenho, retratando como um espelho a sua administração orçamentária. 5.2.1 Plano Plurianual (PPA) O Plano Plurianual estabelece as metas da política fiscal para o período de vigência do plano, como também cria uma ponte entre o momento atual e aquele em que as medidas fiscais produzirão seus efeitos. 5.2.2 Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) Segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias atenderá o disposto no parágrafo 2.o do art. 165 da Constituição e discorrerá, também, sobre: Equilíbrio entre receitas e despesas. Critérios e forma de limitação de empenho. 17 Normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos. Demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas. Integrará o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias o Anexo de Metas Fiscais, em que serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes. Integrará, também, o Anexo de Riscos Fiscais, no qual serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas caso se concretizem. As metas fiscais relativas às despesas deverão guardar simetria e proporcionalidade com as metas das receitas, observadas ainda, o comportamento das despesas com pessoal, despesas obrigatórias de caráter continuado, despesas com juros e os resultados nominal e primário esperados para o período. 5.2.3 Lei Orçamentária Anual (LOA) O projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) é elaborado de forma compatível com o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e as normas previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal, devendo conter os seguintes instrumentos: Demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas previstas. Medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter contínuo. Reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias, destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. 18 TROCANDO IDEIAS Assim, envolvidos em textos legais, encerramos a nossa aula. Esperamos que muitos dos assuntos abordados já sejam do conhecimento de vocês, afinal, quem está no Curso de Ciências Contábeis não tem como escapar de buscar amparo para as suas atividades empresarias na legislação vigente. Lembrando: elas mudam a todo o instante. Como pretendíamos, realizamos com os conteúdos um paralelo entre a administração empresarial e a administração pública, evidenciando suas nuances, suas características, suas semelhanças e principalmente a diferenças mais sensíveis. Embora a legislação da administração pública pareça um pouco distante, ela nos atinge enquanto “consumidor dos serviços públicos”. Nas próximas aulas, muitos desses assuntos voltarão a ser abordados para que sejam reforçados e também para que possamos entender sua aplicabilidade. E agora, você já pode emitir um parecer sobre as semelhanças e diferenças da administração empresarial e a administração pública? NA PRÁTICA Para refletir, vamos deixar algumas questões para você pensar em como elas podem ser respondidas na prática, afinal, você já é ou deseja ser um gestor: Você sabe quanto sua empresa espera faturar no próximo ano? E nos três próximos anos? Qual sua projeção de custos e quais serão as despesas operacionais? Como vai investir seus lucros? Ou melhor, quanto espera ter de lucro? Vai expandir, adquirir mais maquinário, contratar mais pessoas? E que retorno espera ter com estas ações e investimentos? Todas essas respostas só serão respondidas depois da elaboração de um bom orçamento empresarial. 19 FINALIZANDO Fizemos uma retrospectiva dos conceitos iniciais de projeto de investimento e orçamento empresarial. Analisamos na área pública o que representa o planejamento público: metas na previsão de arrecadação, bem como as metas e previsão das despesas. Em seguida, analisamos a estrutura do projeto empresarial, seu escopo e suas variáveis, e a estrutura do planejamento público, que está centrada no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na sua aplicação através da Lei Orçamentária Anual (LOA). Estudamos, ainda, a própria execução orçamentária, em seu conceito de receita × despesa, nos setores empresarial e público. Por último, fizemos um retrospecto da legislação e regulamentação do orçamento público, pois sua aplicabilidade está restrita, exclusivamente, e apenas no que a lei determina. Saiba mais Vamos deixar a seguir um glossário para que possa entender melhor alguns termos utilizados no desenvolvimento dos conteúdos. Glossário Constituição Federal: É a principal lei em vigor no país. A atual foi promulgada em 5 de outubro de 1988. Estabelece as principais bases para a formulação, aprovação e execução dos orçamentos públicos. Contingenciamento: Mecanismo que permite ao Executivo retardar a execução ou não executar despesas previstas no orçamento. Na prática, ele pode tornar sem efeito decisões orçamentárias consolidadas em lei. Despesa: É tudo aquilo que se “despende”, isto é, se gasta. Despesas correntes Gastos feitos para manter as atividades da administração pública, como pessoal, juros da dívida, material de consumo, pagamento de água, luz, energia e qualquer outra despesa que não contribua para ampliar os serviços prestados por um órgão público. 20 Despesas de capital: Despesas com obras, compra de máquinas e equipamentos, aquisição de imóveis, investimentos e outras que contribuam para expandir de alguma forma as atividades prestadas pela administração pública. Empenhar: É o ato por meio do qual um gestor público autoriza a realização de uma despesa prevista no orçamento. Ente da Federação: A União, cada estado, o Distrito Federal e cada município Exercício: Período de execução do orçamento, correspondente a um ano, ou seja, de 1.º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. Gestor Público: Quando se fala de orçamento, considera-se “gestor público” como sendo todo servidor público investido de autoridade para executar despesas. Meta Fiscal: É o resultado financeiro que o governo espera obter depois de somadas as receitas previstas e abatidas as despesas a pagar. Orçamento Efetivo: É o orçamento total constante da Lei Orçamentária Anual menos os valores previstos para refinanciamento da dívida pública. Plano Plurianual (PPA): É uma espécie de síntese de tudo aquilo que a administração pública federal pretende realizar nos próximos quatro anos, incluindo metas para cada área de atuação. Proposto pelo Executivo, entra em vigor após discussão e aprovação no Congresso Nacional. Receita: Conjunto de rendimentos da administração pública. Receita correntes: Aquelas que resultam da tributação ou do próprio exercício da atividade econômica do governo, como as receitas provenientes de impostos, taxas e contribuições, da locação ou venda de patrimônio e da prestação de serviços. Receita Corrente Líquida: Somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, de transferências correntes e outras receitas também correntes. A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades. Receita de Capital: Aquela que, pelo critério econômico, resulta da transformação de ativos físicos ou financeiros em moeda, ou deriva da contratação de empréstimos ou financiamentos, desdobrando-se em: operações de crédito, alienação de bens, amortização de empréstimos, transferências de capital e outras receitas de capital. 21 Restos a pagar: São as despesas orçamentárias empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro. Elas representam obrigações a pagar no exercício seguinte. Risco fiscal: Qualquer fator que pode vir a afetar as contas públicas. Todos os riscos fiscais devem estar explícitos na LDO, que também deve indicar as providências que podem ser tomadas para afastá-los ou enfrentá-los. 22 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm >. Acesso em: 11 set. 2017. ______. Lei n.º 4.320, de 17 de março de 1964. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 mar. 1964. ______. Lei Complementar n.º 101, de 4 de maio de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 maio 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso em: 11 set. 2017. CRUZ, F. da et al. Lei de Responsabilidade Fiscal comentada. São Paulo: Atlas, 2001. MACEDO, J. de J. et al. Análise de projeto e orçamento empresarial. Curiitba: IBPEX, 2013.
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