Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2017 Aspectos culturAis dA línguA inglesA Prof.ª Karina Gebien Albrecht Copyright © UNIASSELVI 2017 Elaboração: Prof.ª Karina Gebien Albrecht Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 420.7 A341a Albrecht, Karina Gebien Aspectos culturais da língua inglesa / Karina Gebien Albrecht: UNIASSELVI, 2017. 180 p. : il. ISBN 978-85-515-0098-9 1.Língua Inglesa – Estudo e Ensino. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Impresso por: III ApresentAção Caro acadêmico! Sou Karina Gebien Albrecht, formada em Letras, com especialização e mestrado em língua inglesa. No momento leciono língua inglesa e língua portuguesa em escolas públicas e privadas. Como pode perceber, não tenho só uma paixão, e sim duas, duas línguas tão lindas e cheias de histórias para nos contar, duas línguas que por sua origem acabam tendo um grau de parentesco de primas, pois ambas sofreram influências do latim. Neste livro de estudos, porém, meu foco e aprofundamento estarão especificamente na língua inglesa, sua história e evolução, desde sua origem nas terras inglesas, passando a povoar a América, até a sua chegada ao Brasil e a sua entrada nas escolas e no ensino brasileiro. Isso não quer dizer que sei mais do que você que lerá este livro, mas foi com o intuito de fazê-lo conhecer mais daquilo que você se aventurar a aprender durante o curso de Letras – Inglês que trago muitas informações interessantes que, de uma forma ou de outra, ampliarão seus horizontes culturais, intelectuais e no futuro poderão ser usadas como fonte de inspiração para suas aulas. Na primeira unidade, você terá acesso à “Introdução à história da língua inglesa – da Inglaterra ao Brasil”. Nesta unidade, você conhecerá um pouco sobre a história da língua inglesa, quais foram suas influências culturais e de que forma aos poucos foi se tornando uma língua tão importante mundialmente e que reflexos essa importância acabou tendo no Brasil. Já a segunda unidade abordará uma temática mais teórica, que é “A relação entre cultura e sociedade – o consumo de cultura e suas influências nas aulas de língua inglesa”. De forma complementar, a terceira unidade retoma as ideias trazidas na unidade anterior, “Traçando paralelos entre a história, literatura e cultura dos povos de língua inglesa e sua influência na atualidade e nas aulas de inglês”. Você, acadêmico, é convidado a repensar como aprendeu ou tem aprendido a língua inglesa e como deseja ensinar esta língua dentro das propostas expostas nestas unidades. Que este livro de estudos faça com que você, caro acadêmico, reflita sobre os aspectos históricos, culturais e interculturais aqui abordados. Que seu senso crítico seja instigado e aguçado, e que depois de estudada cada uma destas unidades separadamente, que todas elas se unam e façam sentido para você, fazendo com que, de uma forma ou de outra, este estudo seja útil para sua vida pessoal e profissional. Boa leitura! Bons estudos! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI V VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL ................................................................................ 1 TÓPICO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA .......................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 LIÇÃO DE INGLÊS ............................................................................................................................. 4 3 AS PRIMEIRAS INFLUÊNCIAS: OS CELTAS E OS ROMANOS ............................................. 6 4 OS POVOS DE ORIGEM GERMÂNICA E OS VIKINGS .......................................................... 8 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 12 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 13 TÓPICO 2 – OLD ENGLISH ................................................................................................................ 15 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 15 2 EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO ............................................................................................. 15 3 A CHEGADA DE SANTO AGOSTINHO AO INGLÊS .............................................................. 16 4 O ATAQUE DOS VIKINGS E SUAS CONTRIBUIÇÕES À LÍNGUA INGLESA ................. 19 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 22 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 23 TÓPICO 3 – MIDDLE ENGLISH – INGLÊS MÉDIO ..................................................................... 25 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 25 2 A BATALHA DE HASTINGS ............................................................................................................ 25 3 A INFLUÊNCIA SOCIAL NO VOCABULÁRIO DESTA ÉPOCA ............................................. 28 4 ALGUMAS DAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO INGLÊS MÉDIO PARA O INGLÊS QUE CONHECEMOS ATUALMENTE .......................................................... 29 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 32 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 33 TÓPICO 4 – MODERN ENGLISH – INGLÊS MODERNO ........................................................... 35 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 35 2 A VIDA É UMA SIMPLES SOMBRA QUE PASSA ......................................................................35 3 INGLÊS AMERICANO ....................................................................................................................... 37 4 A GEOPOLÍTICA DO INGLÊS ........................................................................................................ 43 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 46 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 47 TÓPICO 5 – A LÍNGUA INGLESA NO BRASIL ............................................................................. 49 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 49 2 SONHO AMERICANO? ..................................................................................................................... 49 3 COMO FOI QUE TUDO COMEÇOU NAS ESCOLAS BRASILEIRAS ................................... 51 4 O INGLÊS BRASILEIRO ................................................................................................................... 52 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 56 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 57 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 58 sumário VIII UNIDADE 2 – A RELAÇÃO ENTRE CULTURA E SOCIEDADE: O CONSUMO DE CULTURA E SUAS INFLUÊNCIAS NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA ...................................................................... 61 TÓPICO 1 – DEFININDO A PALAVRA CULTURA ....................................................................... 63 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 63 2 O QUE É CULTURA? .......................................................................................................................... 64 3 DEFINIÇÕES DE CULTURA ............................................................................................................ 66 4 CULTURA E EDUCAÇÃO ................................................................................................................. 69 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 74 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 75 TÓPICO 2 – A RELAÇÃO ENTRE LINGUAGEM E CULTURA .................................................. 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 77 2 UM POEMA DE BERNARD WERBER ............................................................................................ 77 3 DEFINIÇÕES DE KRAMSH ............................................................................................................. 79 4 MULTILINGUISMO E MULTICULTURALISMO ....................................................................... 81 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 85 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 86 TÓPICO 3 – CULTURA E SOCIEDADE ............................................................................................ 89 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 89 2 O QUE É UM ICEBERG? .................................................................................................................... 89 3 APRENDENDO SOBRE CULTURAS .............................................................................................. 91 4 EVITANDO ESTEREÓTIPOS ........................................................................................................... 93 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 97 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 98 TÓPICO 4 – A CULTURA NAS AULAS DE INGLÊS ...................................................................... 101 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 101 2 EU QUERO IR PARA OS EUA! ......................................................................................................... 101 3 O ENSINO DE CULTURA NAS AULAS DE INGLÊS ................................................................. 104 4 QUAL ABORDAGEM SEGUIR? A CULTURA E O ENSINO DE LÍNGUAS DE ACORDO COM OS PCN ............................................................................................................ 106 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 110 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 114 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 115 UNIDADE 3 – TRAÇANDO PARALELOS ENTRE A HISTÓRIA, LITERATURA E CULTURA DOS POVOS DE LÍNGUA INGLESA E SUA INFLUÊNCIA NA ATUALIDADE E NAS AULAS DE INGLÊS ................................................... 119 TÓPICO 1 – CONHECENDO A IMPORTÂNCIA DA LÍNGUA QUE SE ENSINA ................. 121 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 121 2 QUAL É O STATUS QUE A LÍNGUA INGLESA ASSUME ATUALMENTE? ........................ 121 3 WORLD ENGLISHES E INGLÊS COMO LÍNGUA FRANCA .................................................. 123 4 WORLD ENGLISH – INGLÊS MUNDIAL .................................................................................... 127 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 129 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 130 IX TÓPICO 2 – INTERCULTURALIDADE – DEFININDO O TERMO ........................................... 131 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 131 2 INTERCULTURALIDADE, SEGUNDO KRAMSCH ................................................................... 131 3 OS AUTORES “CROZET, LIDDICOAT E LO BIANCO” E SUAS DEFINIÇÕES ................. 133 4 DEFINIÇÕES BRASILEIRAS: GIMENEZ E SARMENTO ......................................................... 137 5 CORBETT: APRENDIZES INTERCULTURAIS COMO DIPLOMATAS E ETNÓGRAFOS ................................................................................................................................. 138 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 140 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 141 TÓPICO 3 – A INTERCULTURALIDADENAS AULAS DE INGLÊS ........................................ 143 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 143 2 A INTERCULTURALIDADE NAS AULAS DE INGLÊS ............................................................ 143 3 SABERES, HABILIDADES, ATITUDES E VALORES PARA O ENSINO INTERCULTURAL ........................................................................................................ 145 4 A INTERCULTURALIDADE DOS LIVROS DE INGLÊS ........................................................... 147 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 152 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 153 TÓPICO 4 – ALGUMAS ATIVIDADES INTERCULTURAIS ....................................................... 155 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 155 2 UMA PEDAGOGIA CULTURALMENTE SENSÍVEL PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA ...................................................................................................................... 155 3 PROPOSTA DE ATIVIDADE 1 ......................................................................................................... 158 4 PROPOSTA DE ATIVIDADE 2 ......................................................................................................... 160 5 PROPOSTA DE ATIVIDADE 3 ......................................................................................................... 163 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 165 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 169 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 170 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 173 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • contextualizar a história da língua inglesa, desde os seus primórdios até os dias atuais; • traçar a linha de evolução da língua de acordo com períodos históricos que fizeram contribuições linguísticas a ela; • diferenciar estruturalmente os três períodos que compreendem a história da língua: inglês antigo, inglês médio e inglês moderno; • abordar de forma crítica, contextualizando com os dias atuais, a geopolítica da língua inglesa de acordo com os reflexos históricos nela inseridos; • traçar paralelos históricos de sua influência e chegada ao Brasil, mais especificamente as implicações da língua no contexto social e escolar brasileiro. Esta unidade está dividida em cinco tópicos, e no final de cada um deles você encontrará atividades que reforçarão o seu conhecimento. TÓPICO 1 – CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA TÓPICO 2 – OLD ENGLISH – INGLÊS ANTIGO TÓPICO 3 – MIDDLE ENGLISH – INGLÊS MÉDIO TÓPICO 4 – MODERN ENGLISH – INGLÊS MODERNO TÓPICO 5 – A LÍNGUA INGLESA NO BRASIL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA 1 INTRODUÇÃO Por que, para muitos, aprender inglês é um bicho de sete cabeças? Por que, para a maioria dos alunos, a língua inglesa é chata? Por que temos professores frustrados alegando que seus alunos não se interessam pela aprendizagem deste idioma tão importante? A resposta pode parecer estranha, mas inglês não é um bicho de sete cabeças e pode ser muito mais do que uma língua a ser aprendida se professores souberem encantar seus alunos ao ensinar a língua que, segundo Crystal (2003), conta com três falantes não nativos a cada falante que é nativo (percebam que isto foi em 2003, imagine atualmente, o número já deve ter aumentado muito). É a língua da União Europeia, com 52 Estados de línguas diferentes; a língua da aviação – qualquer piloto de qualquer parte do mundo comunicar-se-á com a torre de comando em inglês; a língua que você usará como passaporte para qualquer lugar do mundo quando viajar; dos negócios, da tecnologia, entre tantas outras opções. ESTUDOS FU TUROS Kachru, em 1985, através de pesquisas sobre os usos da língua inglesa como primeira, segunda ou língua estrangeira, elaborou uma proposta em que círculos demonstram quão grande se tornaria a expansão desta língua com relação aos seus usos. No círculo interno ficariam os países onde o inglês é falado como primeira língua, por exemplo: Inglaterra, Estados Unidos, Austrália etc. No círculo intermediário, no meio do gráfico, os países onde o inglês funciona como segunda língua, como: Índia, Singapura etc. Já os países como China, Rússia etc. encaixam-se na terceira divisão do círculo, chamado círculo em expansão, países onde o inglês é falado como língua estrangeira. Para melhor ilustrar o que aqui foi dito, analise a figura a seguir. Perceba o número de falantes em cada parte do círculo imaginando que este número é do ano de 1985. Muitos autores ainda hoje mencionam os círculos de Kachru em seus trabalhos, mas para você, acadêmico, a versão original foi proporcionada a fim de gerar reflexão desde já acerca do tema proposto para este tópico e, mais adiante, em tópicos que ainda serão estudados por você. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 4 FIGURA 1 – OS TRÊS CÍRCULOS DA LÍNGUA INGLESA FONTE: Disponível em: <https://ilcea.revues.org/2499>. Acesso em: 10 abr. 2017. Por isso, estudar e compreender o passado histórico se faz de suma importância para entendermos o atual status que a língua inglesa tomou, pois, ao aprender e ensinar esta língua é importante que tanto alunos quanto professores transmitam também com ela aspectos interculturais e histórico-críticos, pois, como veremos nas unidades 2 e 3, essa história colabora para diferenciadas opiniões e debates sobre língua, cultura e ensino. 2 LIÇÃO DE INGLÊS Para começarmos a entender um pouco sobre a evolução histórica da língua inglesa, que tal começar com um poema de Richard Krogh, de título original “The English Lesson”? A tradução para o português nos ajuda a compreender como a língua possui certas similaridades de regras estruturais e gramaticais, mas, em contrapartida, muitas são as palavras que não seguem essas mesmas regras. Aprecie criticamente o poema e comece desde já a refletir sobre o assunto. We'll begin with box, and the plural is boxes. But the plural of ox should be oxen, not oxes. Then one fowl is goose, but two are called geese. Yet the plural of moose should never be meese. You may find a lone mouse or a whole lot of mice, But the plural of house is houses, not hice. If the plural of man is always called men, When couldn't the plural of pan be called pen? Inner circle e.g. USA. UK 320 - 380 million Outer circle Expanding circle e.g. China, Russia 500-1,000 million e.g. India, Singapore 300-500 million TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA 5 And I speak of a foot, and you show me your feet, But I give a boot – would a pair be called beet? If one is a tooth and a whole set are teeth, Why shouldn't the plural of booth be called beeth? If the singular is this and plural is these, Why shouldn't the plural of kiss be nicknamed kese? We speak of a brother, and also of brethren, But though we say mother, we never say methren. The masculine pronouns are he, his and him, But imagine the feminine she, shis, and shim! Lição de inglês Nós começamos com box - caixa;o plural é boxes – caixas Mas o plural de ox- boi é oxen - bois e não oxes. Uma galinha é um goose – ganso e dois são chamados geese – gansos Mas o plural de moose – alce nunca será meese Você pode achar um mouse – rato solitário ou uma casa cheia de mice – ratos Mas o plural de house – casa não é hice O plural de man – homem é sempre men – homens Mas o plural de pan – panela nunca é pen Se eu falar de um foot – pé e você mostrar-me dois feet – pés E se eu der um book – livro, um par seria beek? Se um é tooth – dente um conjunto inteiro é teeth – dentes Por que dois booths – cabines, não poderia ser chamado beeth? Se o singular é this – esse e o plural é these – esses O plural de kiss – beijo não poderia ser chamado kese? Falamos de um brother – irmão e também de brethen - irmãos Mas apesar disso falamos mother – mãe mas nunca falamos methern Daí os pronomes masculinos são he – ele, his – dele e him – dele; Mas imagine o feminino she – ela, shis e shim. A tradução foi feita por nós para que você consiga compreender melhor os sentidos da primeira parte deste poema que se encontra na íntegra no site <http:// www.cupola.com/html/wordplay/english1.htm>. É a partir dele que iniciaremos nossas reflexões acerca de como uma língua evolui através de sua história e quão importante se faz o conhecimento da evolução da língua que você fala e da língua que você ensina para que possa aprendê-la de forma mais eficaz. Na leitura deste poema, perceba, caro acadêmico, quais são as palavras similares e quais são as que se destacam fora desta linha de similaridades. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 6 Você percebeu que a questão das irregularidades mais presentes foram os plurais irregulares na língua inglesa? Este é apenas um dos aspectos na evolução da língua que você passará a conhecer após o estudo desta unidade. DICAS Para complementar seus estudos e adentrar mais um pouco nas especificidades da língua inglesa, procure assistir ao vídeo “English is crazy”, através do link: <https://www. youtube.com/watch?v=ZXa8cO9mXFk>. Você perceberá mais singularidades e poderá traçar paralelos com o poema ‘lição de inglês’ e posteriormente poderá utilizar este vídeo em suas aulas. 3 AS PRIMEIRAS INFLUÊNCIAS: OS CELTAS E OS ROMANOS Esta história começou há muito tempo. Segundo Schütz (2013), temos indícios de vida humana antes mesmo da última era do gelo – nada menos do que 8000 anos atrás – nas ilhas britânicas. Nesse período tão distante, essas ilhas ainda não haviam se separado da Europa e tampouco os oceanos formaram o Canal da Mancha. Essa separação geológica aconteceu há cerca de 7000 anos. De acordo com sítios arqueológicos encontrados, essas terras que os romanos denominaram “Britannia” já abrigava cultura. De acordo com o site Infoescola, o Canal da Mancha liga o Oceano Atlântico ao Mar do Norte. Tem cerca de 563 km de comprimento e separa Grã-Bretanha e França. NOTA De 700 a.C. a 100 a.D., a Inglaterra era habitada pelos celtas, grupo que habitou o que hoje é conhecido como França, Alemanha e Inglaterra. Era deles o domínio da cultura, língua, costumes, religião etc. Segundo Godinho (2001), os celtas não eram muito acostumados a organizar-se política e militarmente, esse talvez tenha sido o motivo pelo qual os inimigos os derrotaram e muito ou quase tudo da língua e cultura deles ter sido extinta pelo Império Romano. Através das histórias de Asterix e Obelix, podemos visualizar um pouco de como eram os celtas, suas vestimentas e características. No exemplo a seguir, além da vestimenta e características dos celtas, começamos a acompanhar também a sequência histórica de combates entre povos que foram os romanos. TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA 7 a.C. é uma abreviatura muito conhecida nos livros de história e significa antes de Cristo. Já a abreviatura a.D. vem da expressão latina Anno Domini, que significa ano do Senhor, ou seja, anos após o nascimento de Cristo. NOTA FIGURA 2 – ASTERIX E OBELIX FONTE: Disponível em: <http://agibiteca.blogspot.com.br/2013/01/asterix-e-seus-amigos- homenagem-e-um.html>. Acesso em: 10 abr. 2017. Na imagem, você percebe uma romana exterminando dois celtas e ironizando a situação de que quem acabou vencendo o povoado em questão depois de muitas lutas foram ‘as’ romanas. Na verdade, existiam sim mulheres guerreiras na história das batalhas. Os celtas até chegaram a invadir e conquistar o Norte da Itália, Macedônia e Tessália, além de saquear Roma em 390 a.C. A partir do século II a.C. a sorte começou a mudar para eles, assim que os romanos os expulsaram do norte da Itália. Júlio César, em 55 e 54 a.C., começa a sua invasão. Em 44 a.D. a ilha britânica é incorporada ao Império Romano até os limites da Caledônia, hoje Escócia. Essa ocupação durou cerca de 400 anos, tempo suficiente para que hábitos e costumes fossem aos poucos sendo substituídos. Vem deste acontecimento histórico o fato de muitas palavras se assemelharem com a língua portuguesa, pois juntamente com os romanos o latim veio junto (GODINHO, 2001). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 8 4 OS POVOS DE ORIGEM GERMÂNICA E OS VIKINGS Em 420 a.D., os romanos retiraram-se da Inglaterra e voltaram a Roma, que passava por dificuldades. Foi a partir deste momento que outras tribos que cobiçavam a ilha britânica já estavam de olho para invadirem também a tão cobiçada terra. Ao sul da Alemanha, os frisões, que, segundo Godinho (2001), ainda mantêm o idioma frisão, falado na província de Friesland, na Holanda, e é um dos que mais se assemelha com o inglês, além de oferecer informações sobre o inglês anglo- saxão e inglês antigo e subsídios de semelhança com os idiomas alemão, holandês e dinamarquês. Os jutos, mais ao norte, faziam fronteira com os saxões, e assim, invadiriam juntos as Ilhas Britânicas, mas os saxões eram os mais fortes e valentes. A origem da palavra “England” (1000 d.C.) foi dada aos anglos, embora os saxões tenham sido a tribo predominante na ilha. England deriva-se de “Angle-land”, ou seja, terra dos anglos. E é a partir deste período também que começamos com a história dos períodos do inglês. A seguir, um mapa para entendermos melhor as invasões descritas acima. FIGURA 3 – AS ORIGENS DO INGLÊS FONTE: Godinho (2001, p. 31) O cristianismo deixa sua marca na história da língua inglesa em 432 a.D., quando St. Patrick tem a missão de levar o cristianismo à população celta da Irlanda. Já em 597 a.D., a igreja também manda missionários para converter os anglo-saxões. TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA 9 Assim, de forma pacífica e gradual, o cristianismo e o latim começam a influenciar a língua e os anglo-saxões. Já em 597 a.D., quem chega é Santo Agostinho, com a missão de converter os anglo-saxões ao cristianismo. De forma branda, o latim e o cristianismo vão aos poucos tomando conta do inglês e da população, mas sobre isso estudaremos mais profundamente adiante. Ao final do século VIII, os vikings – originários da Escandinávia – atacam a Inglaterra. Isto faz com que o idioma que falavam – o old norse – tivesse influenciado o antigo inglês, mas não se sabe exatamente em que aspectos o idioma influenciou, por ser muito similar ao antigo inglês. Segue uma tirinha de Hagar, personagem viking, para ilustrar o período histórico descrito. FIGURA 4 – OS VIKINGS E HAGAR FONTE: Disponível em: <http://inglesnodiaadia.blogspot.com.br/2011/08/historia-da-lingua- inglesa-os-celtas.html>. Acesso em: 10 abr. 2017. DICAS – A série ‘Vikings’, disponível no Netflix, também traz a história das conquistas dos vikings na Inglaterra. Criada por Michael Hirst e filmada na Irlanda, é de 3 de março de 2013 e pode complementar seus estudos sobre este período da história da língua inglesa. O objetivo deste tópico de contextualização histórica termina por aqui. Você perceberá que a partir do domínio dosanglo-saxões, o próximo tópico complementará algumas informações para que seja pertinente o entendimento da evolução da língua inglesa com relação às três fases: inglês antigo, inglês mediano e inglês moderno. Espero que você esteja acompanhando esta história tão interessante e que, ao estudar a língua, possa fazer relações com o que foi desenvolvido neste tópico, bem como ensinar aos seus alunos esta língua tão cheia de histórias e influências. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 10 Schütz (2013) nos presenteia com um resumo cronológico para entendermos melhor a evolução da língua inglesa. Observe atentamente as datas: RESUMO CRONOLÓGICO DA EVOLUÇÃO DA LÍNGUA INGLESA • 10.000 – 6.000 a.C. – Sítios arqueológicos evidenciam a presença do homem nas terras que se encontravam ainda unidas ao continente europeu e que os romanos posteriormente viriam a denominar de Britannia. • 1.200 – 600 a.C. - Celtas se estabelecem na Europa e ilhas britânicas, marcando a partir daí sua presença na Europa por cerca de oito séculos, antes de sua quase completa assimilação pelo Império Romano. • 55 e 54 a.C. – Primeiras incursões romanas de reconhecimento, sob o comando de Júlio César. • 44 a.D. – Legiões romanas, à época do Imperador Claudius, invadem e anexam a principal ilha britânica. • 50 a.D. – Os romanos fundam Londinium às margens do Tâmisa. • 410 a.D. – Legiões romanas se retiram das ilhas britânicas para defender Roma de ataques dos bárbaros. • 432 a.D. – St. Patrick inicia sua missão de cristianizar a Irlanda. • 450 - 550 a.D. – Tribos germânicas (anglos e saxões) se estabelecem na Britannia após a saída das legiões romanas. Início do período Old English. • 500 - 1100 – Período que corresponde ao Old English. • 465 a.D. – Suposta data de nascimento do lendário Rei Artur. • 597 a.D. – Chegada de missionários católicos para converter os anglo-saxões ao cristianismo. Inicia o primeiro período de influência do latim na língua anglo-saxônica. • 600 a.D. – A Inglaterra encontra-se dividida em sete reinos anglo-saxões. • 787 - 1000 a.D. – Ataques escandinavos (vikings). • 871 a.D. – Coroação do King Alfred, rei dos saxões do oeste, reconhecido como rei da Inglaterra após ter expulsado os vikings. • 1066 – Batalha de Hastings, em que os franceses normandos, liderados por William, derrotam Harold, conquistando a Inglaterra e dando início a um período de 350 anos de forte influência do francês sobre o inglês. • 1066-1087 – Reinado de William I (William the Conqueror), primeiro rei normando. • 1087-1100 – Reinado de William II, filho de William I e segundo rei normando. • 1100-1135 – Reinado de Henry I, também filho de William I, o terceiro rei normando e o primeiro a ter uma esposa britânica (Mathilda of Scotland). É provável que Henry I tivesse algum domínio sobre o inglês, e foi em seu reinado que as diferenças entre as sociedades anglo-saxônica e normanda começaram a lentamente diminuir. • 1100 – 1500 – Período que corresponde ao Middle English. • 1204 – King John, Rei da Inglaterra, entra em conflito com o Rei Philip da França, marcando o início de um novo período de valorização do sentimento nacionalista inglês. • 1300 – Robert of Gloucester faz referência à língua inglesa como sendo ainda uma língua falada na Inglaterra apenas por "low people". • 1362 – Inglês é usado, pela primeira vez, na abertura do Parlamento Inglês. • 1400 – 1600 – Período em que ocorrem com mais intensidade as mudanças de vogais (Great Vowel Shift). • 1470 – Advento da imprensa, inventada por Gutenberg, dando início a uma padronização da ortografia e levando à disseminação da forma ortográfica do dialeto de Londres. • 1500 até hoje – Período correspondente ao Modern English. • 1516 – Henrique VIII cria o primeiro sistema postal da Inglaterra. • 1558 – Início do reinado de Elizabeth I (filha de Henrique VIII) e da era elisabetana, período caracterizado por um substancial aumento do vocabulário do inglês e pelas monumentais obras literárias de Spenser, Shakespeare e Jonson. IMPORTANT E TÓPICO 1 | CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA LÍNGUA INGLESA 11 • 1564 – Nascimento de William Shakespeare. • 1603 – Morte de Elizabeth I e fim do período elisabetano. • 1611 – A Igreja da Inglaterra publica a King James Bible, que exerceu grande influência na linguagem de então. • 1616 – Falecimento de William Shakespeare. • 1620 – Os Pilgrims chegam à América do Norte e estabelecem a Colônia de Plymouth. • 1755 – Asmuel Johnson publica A Dictionary of the English Language, trazendo estabilidade à língua inglesa. • 1762 – Bishop Robert Lowth publica Short Introduction to English Grammar, a primeira gramática influente da língua inglesa. • 1776 – Declaração da independência dos Estados Unidos. • 1700 – 1900 – Revolução Industrial, a qual alavancou o poderio econômico da Inglaterra, permitindo a expansão do colonialismo britânico e consequentemente da língua inglesa no século XIX. • 1806 – Ano de publicação do primeiro dicionário de Noah Webster: A Compendious Dictionary of the English Language. • 1890 – 1920 – Apogeu do Império Britânico. • 1928 – Ano de publicação da primeira edição do Oxford English Dictionary (OED), em 12 volumes e contendo cerca de 415 mil entradas. • 1945 – Fim da Segunda Guerra Mundial, marca o início de um período de influência político- militar dos EUA e uma consequente influência econômica e cultural decisiva para o papel do inglês como língua internacional nos dias de hoje. • 1989 – Ano de publicação da segunda edição do Oxford English Dictionary (OED), em 20 volumes e em CD-ROM, contendo mais de 500 mil entradas. • 1985 – 1995 – Surgimento da Internet. 12 Neste tópico você conheceu um pouco da histórica formação da língua inglesa. Essa história deixou, em cada momento, marcas registradas de cada povo no vocabulário e estrutura da língua. Vamos lembrar um pouco dos povos que fizeram parte desta história: • Celtas, que foram dominados pelos romanos. • Os romanos, que dominavam o latim, foram conquistados pelos povos de origem germânica. • Os últimos eram compostos por: frisões, jutos, anglo e saxões que trouxeram muitas marcas germânicas para a língua inglesa. • Os que mais se estabeleceram foram os anglo-saxões que mais tarde não foram dominados pela força, mas pela fé através de uma conversão um pouco quanto forçada. Além disso, foram também dominados pelo vocabulário cristão e pelo latim de Santo Agostinho e do cristianismo. • Os Vikings também chegaram à Inglaterra, e diferentemente de Santo Agostinho, aniquilavam o que vinha pela frente. Com eles vieram também vocabulários e estruturas novas para o inglês. RESUMO DO TÓPICO 1 13 1 Levando em consideração o primeiro tópico estudado, relacione as colunas de acordo com a primeira fase da história da língua inglesa. Se precisar, volte aos textos para revisar o estudado. a) Celtas. b) Romanos. c) Povos de origem germânica. d) Vikings. ( ) Frisões, jutos, saxões e os anglos vieram desta região e trouxeram influências dos idiomas alemão, holandês e dinamarquês. ( ) Foi o primeiro povoado a habitar a Inglaterra, por volta de 700 a.C. ( ) Originários da Escandinávia, trouxeram com a sua invasão o idioma “old norse”, que influenciou fortemente a língua inglesa. ( ) Esse povoado invadiu a ilha britânica e trouxe o latim, por isso as similaridades de algumas palavras com a língua portuguesa. 2 Leia o texto a seguir para responder às perguntas. THE REPUBLIC OF SOUTH AFRICA The Republic of South Africa is a country in the southern region of Africa. About forty-five million people live there. The biggest city is Johannesburg; the capitals are Cape Town, Pretoria, and Bloemfontein. This is because the government is based in Pretoria, the parliament is in Cape Town and the Supreme Court is in Bloemfontein. One of South Africa's most known people is Nelson Mandela. He was its president from 1994 until 1999. FONTE: Disponível em: <http://profjaime2.blogspot.com.br/2010/05/trabalhando-com-textos-cognatos-e.html>. Acesso em: 10 abr. 2017. a) Retire do texto todas as palavras que são similares a palavras da língua portuguesa. b) Elabore uma explicação baseada no desenvolvimento da história da língua inglesa que explicite o porquê do inglês possuir tantas palavras similares à nossa língua; c) Para complementar, observe a figura abaixo e explique sua relação com as questões a e b. AUTOATIVIDADE 14 FONTE: Disponível em: <http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos/ifmg/tecnico_automacao_ industrial/lingua_inglesa_i.pdf>. Acesso em: 10 de abril de 2017. 15 TÓPICO 2 OLD ENGLISH UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Todas as línguas passam por evoluções. Isso acontece com o vocabulário, com estruturas gramaticais e até mesmo com o som das palavras que vão mudando com o tempo. Quem é responsável por essas mudanças? Você já tem condições para responder a essa pergunta, pois foi para isso que o Tópico 1 foi escrito. Se você respondeu: a história da língua do país de origem tem relação direta com essas mudanças, você acertou. Cada povo que passou pela Inglaterra deixou uma herança – para as pessoas da época infelizmente não deixou herança muito positiva quando aniquilava o povo. Essa herança foi com relação a costumes culturais e a própria estrutura da língua inglesa. Neste tópico, você conhecerá um pouco mais profundamente essas mudanças e o que fez com que o inglês fosse classificado em três fases – inglês antigo é a primeira delas. Go ahead! 2 EM BUSCA DO CÁLICE SAGRADO O período histórico que compreende a fase do inglês antigo estende-se de 500 a 1100 a.D. De acordo com Schütz (2013), essa fase também pode ser conhecida como anglo-saxônica se comparado ao inglês moderno, pois com relação à pronúncia, vocabulário e gramática é uma língua quase irreconhecível. Um exemplo seria a tentativa de se rezar o Pai Nosso escrito no inglês antigo: menos de 15% seria reconhecido na escrita e nada na pronúncia. Em contrapartida, Godinho (2001) afirma que as 100 palavras mais usadas da língua inglesa são oriundas dessa época. Ainda de acordo com o autor, o inglês dos anglo-saxões não era um idioma uniforme, mas algumas de suas características perduram ainda hoje em frases do inglês falado na Inglaterra. Esse inglês também tem como característica o desprezo das características das influências dos romanos e celtas na língua. Para se ter uma ideia, as declinações em gênero (masculino, feminino e neutro) e a conjugação verbal eram características deste inglês que ainda sofria fortes influências germânicas. 16 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 3 A CHEGADA DE SANTO AGOSTINHO AO INGLÊS A história da língua começa a mudar quando Santo Agostinho – a mando de Papa Gregório I – chegou do Mosteiro de Santo André, em Roma, no ano de 597 d.C. (ou a. D.) com a missão de alfabetizar os anglo-saxões. No início ficou com medo e chegou mesmo a retornar a Roma, mas foi mandado de volta para continuar a sua missão (GODINHO, 2001). De acordo com Godinho (2001), Santo Agostinho descobriu então que a esposa do rei Ethelbert – do reino de Kent, local onde o santo chegou primeiro – era cristã, o que o fez ficar um pouco mais empolgado para continuar a sua missão cristã. O rei prometeu dar proteção ao santo em Canterbury, onde mais tarde construiria uma catedral. Posteriormente, já colhendo os frutos de seu trabalho, o próprio rei foi batizado, e desse ponto em diante a influência da fé e do latim espalharam-se entre os anglo-saxões. Com relação ao latim, essa influência foi tão forte na língua falada pelos anglo-saxões, que algumas palavras do vocabulário deles tiveram que ser adaptadas ou ressignificadas. Santo Agostinho virou bispo e mandou construir a primeira catedral de Canterbury – hoje ironicamente o chefe da igreja anglicana é chamado arcebispo de Canterbury, mesmo que não seja católico e nem more em Londres. Segundo o site história do mundo UOL, a reforma inglesa – ou anglicana – aconteceu a mando de um rei e não de teólogos críticos à doutrina católica. O que levou o rei Henrique VIII na época a se desligar da igreja de Roma foi a não aceitação de seu pedido de divórcio na época pelo papa Clemente VI. Henrique VIII queria o divórcio de sua esposa Catarina de Aragão, pois esta não lhe dar um filho homem. Mesmo assim, o rei divorciou-se através do tribunal nacional, e foi excomungado pela igreja. Através do Ato de Supremacia, Henrique VIII passava a ser chefe supremo da igreja na Inglaterra, fundando assim a Igreja Anglicana. NOTA TÓPICO 2 | OLD ENGLISH – INGLÊS ANTIGO 17 FIGURA 5 – CATEDRAL DE CATEBURY FONTE: Disponível em: <http://www.archdaily.com/387726/canterbury-cathedral-landscape- design-competition>. Acesso em: 10 abr. 2017. Agostinho de Canterbury (nascimento em torno do século VI e morte em 26/05/604 ou 605), a não ser confundido com Santo Agostinho de Hipona, era um monge beneditino em um mosteiro em Roma quando, em 595 d. C. foi enviado pelo Papa Gregório, o Grande, para cristianizar a Inglaterra. Foi nomeado “Bispo dos Ingleses” e fundador da Igreja Inglesa, em Cantuária (Canterbury). Daí o seu título de Agostinho de Cantuária (Saint Augustine of Canterbury, Archbishop of Canterbury). Fonte: Disponível em: https://www.britannica.com/biography/Saint-Augustine-of-Canterbury Acesso em 13 mar. 2021. IMPORTANT E Agostinho decide voltar a Tagaste, para morar com seus amigos, e entregar- se inteiramente ao serviço de Deus por meio da oração e o estudo. Mas no ano 391, de visita na cidade de Hipona, é proclamado sacerdote pelo povo e ordenado padre pelo bispo Valério. Quatro anos depois é consagrado Bispo da cidade, daí o nome de Agostinho de Hipona. 18 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL FIGURA 6 – SANTO AGOSTINHO FONTE: Disponível em: <Disponível em: https://www.britannica. com/biography/Saint-Augustine-of-Canterbury>. Acesso em 13 mar. 2021. Desta forma, com o processo de cristianização dos anglo-saxões, resquícios dos velhos hábitos dos celtas também foram rejeitados aos poucos. Exemplos dessa rejeição é o caso da festa do Halloween celebrado atualmente no dia 31 de outubro que foi considerada uma celebração pagã. De acordo com o site da BBC Brasil: O Halloween tem suas raízes não na cultura americana, mas no Reino Unido. Seu nome deriva de "All Hallows' Eve". "Hallow" é um termo antigo para "santo", e "eve" é o mesmo que "véspera". O termo designava, até o século 16, a noite anterior ao Dia de Todos os Santos, celebrado em 1º de novembro. Desde o século 18, historiadores apontam para um antigo festival pagão ao falar da origem do Halloween: o festival celta de Samhain (termo que significa "fim do verão"). O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro. Segundo acadêmicos, era uma homenagem ao "Rei dos mortos". Estudos recentes destacam que o Samhain tinha entre suas maiores marcas as fogueiras e celebrava a abundância de comida após a época de colheita. O problema com esta teoria é que ela se baseia em poucas evidências além da época do ano em que os festivais eram realizados. A comemoração, a linguagem e o significado do festival de outubro mudavam conforme a região. Os galeses celebravam, por exemplo, o "Calan Gaeaf". Há pontos em comum entre este festival realizado no País de Gales e a celebração do Samhain, predominantemente irlandesa e escocesa, mas há muitas diferenças também. Em meados do século 8, o papa Gregório 3º mudou a data do Dia de Todos os Santos de 13 de maio – a data do festival romano dos mortos – para 1º de novembro, a data do Samhain. Não se tem certeza se Gregório 3º ou seu sucessor, Gregório 4º, tornaram a celebração do Dia de Todos os Santos obrigatória na tentativa de "cristianizar" o Samhain. Mas, quaisquer que fossem seus motivos, a nova data para este dia fez com que a celebração cristã dos santos e de Samhain fossem unidos. Assim, tradições pagãs e cristãs acabaram se misturando.Já na literatura temos a famosa história de Rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda. Resumidamente, Rei Arthur fora educado pelo mago Merlin – cuja figura representa os druidas, que eram sacerdotes da religião celta. O que TÓPICO 2 | OLD ENGLISH – INGLÊS ANTIGO 19 aconteceu na história, porém é que Rei Arthur estava em constante busca pelo Santo Graal – cálice usado por Jesus na última ceia – fazendo assim uma ponte entre o rompimento com as velhas crenças celtas e a cristianização da época (GODINHO, 2001). FIGURA 7 – CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA FONTE: Disponível em: <http://baixacultura.org/pequeno-ensaio-para-o-final-e- inicio-de-semana-2/>. Acesso em: 10 abr. 2017. 4 O ATAQUE DOS VIKINGS E SUAS CONTRIBUIÇÕES À LÍNGUA INGLESA De acordo com Godinho (2001), a cultura na Inglaterra do final do século VII era o centro do conhecimento da Europa e de grande prestígio, e esse feito foi graças ao cristianismo. Mal sabiam que uma nova ameaça estava por vir: os Vikings. Você lembra, caro acadêmico, que falamos dos Vikings da sessão anterior? Retornaremos agora ao assunto aprofundando-o. Esse povo escandinavo – dinamarqueses, suecos e noruegueses – tornaram- se violentos não se sabe exatamente o motivo. Além da busca e conquista de novos territórios, deixaram também uma grande herança não só de extermínio, mas de vocabulário também. Uma das melhores contribuições, que muitos estudantes de inglês devem agradecer imensamente aos Vikings, foi a retirada de flexões de concordância do inglês antigo como era a maioria das línguas europeias: flexões de gênero, número e pessoa. Outra mudança feita por eles foi a “lei da economia”; palavras como leg (perna), skin (pele), law (lei) e get (múltiplas traduções) são monossilábicas e provavelmente escandinavas. Certas formas gramaticais como they e them (eles) também são presentes deles. 20 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL Quando anteriormente estudamos que a fusão entre o inglês dos anglo- saxões e as novas regras e palavras trazidas pelos Vikings foi de grande importância para o inglês como o vemos atualmente, não podemos deixar de citar uma das obras mais importantes que comprova historicamente este processo de incorporação de algumas características das línguas nórdicas ao inglês – o Beowulf. Essa obra é um poema épico do inglês antigo com aproximadamente 3 mil versos e é a obra mais importante do inglês antigo. Narra a história do primeiro grande herói da cultura algo-saxã. FIGURA 8 – BEOWULF FONTE: Disponível em: <http://www.dailymail.co.uk/news/ article-2875579/Will-adaptation-epic-poem-Beowulf-new- Game-Thrones-ITV-set-turn-3-000-line-Old-English-verse- 13-drama-epic-fights-battles.html>. Acesso em: 10 abr. 2017. DICAS Se você quiser saber mais sobre Beowulf, em 2007 foi lançado um filme nomeado como “A lenda de Beowulf”, que conta com ilustres atores como Anthony Hopkings e a aclamada atriz Angelina Jolie. Foi distribuído pela Paramount Pictures e pela Warner Bros Picures. “O ano era de 1016, auge do poder Viking. O rei Canute da Dinamarca herdara o trono inglês. Conquistara a Noruega e reinara a maior parte da Escandinávia e Britânia. Até 1042 os filhos de Canute continuaram no poder. Nesse mesmo ano, Edward “o confessor” quebrou essa linha de sucessão com o apoio de conde de Wessex e tornou-se rei. Como estranhava um pouco a vida e costumes normandos, procurava conselhos de Harold, filho do conde Wessex. Harold foi assumindo aos poucos as funções de rei, até que passou a governar o reino entre 1053 e 1066. Edward passou a se dedicar então à religião e à construção da Abadia de Westminster, onde mais tarde seria sepultado dentro dela. TÓPICO 2 | OLD ENGLISH – INGLÊS ANTIGO 21 Hoje a Abadia de Wetsminster é conhecida por muitas ocasiões reais, como casamentos – Príncipe William e Kate casaram-se ali – funerais reais e coroação de monarcas britânicos. É atualmente uma igreja anglicana. NOTA FIGURA 9 - ABADIA DE WESTMINSTER FONTE: Disponível em: <http://www.bbc.com/mundo/noticias/2011/04/110324_boda_ real_abadia_westminster_wbm.shtml>. Acesso em: 10 abr. 2017. Porém, seu primo William, duque da Normadia, ao norte da França, alegava que Edward havia se comprometido em indicá-lo ao trono caso este morresse. Harold havia reforçado este pedido ao naufragar perto da costa normanda, mas isso só “no calor da hora”. Quando Harold voltou à Inglaterra, rapidamente esqueceu a promessa feita, e logo que Edward morreu, assumiu o trono tornando-se Rei Harrold II. Mas, a promessa não cumprida gerou revolta e consequências catastróficas: lutas, mortes e uma nova história para a Inglaterra e para a língua inglesa (GODINHO, 2001), e assim passamos a história para o inglês médio que você estudará no tópico a seguir. 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você ficou conhecendo um pouco mais da história da evolução da língua inglesa, porém mais profundamente no período conhecido como inglês antigo (Old English). Esta fase da língua começou com: • A chegada se Santo Agostinho e do latim novamente. A missão dele era a cristianização dos anglo-saxões. • Chegada dos Vikings e rastros de destruição, mas contribuições à língua. • Beowulf foi um poema épico que narra a história do primeiro grande herói da cultura anglo-saxã. • Mais mudanças estavam para acontecer com a Inglaterra e com a língua inglesa com uma promessa não cumprida por Edward e Harrold. 23 1 Depois de ter estudado a primeira fase da língua inglesa, conhecida como Old English – inglês antigo, analise as proposições a seguir e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas: ( ) O inglês dos anglo-saxões concordava com as escolhas de vocabulário e gramática oriundas do latim, como por exemplo as declinações de gênero (masculino, feminino e neutro) e as conjugações verbais. ( ) Santo Agostinho foi um dos missionários que lutou pela cristianização dos anglo-saxões. As histórias do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda ilustram esse período de transição. ( ) Quem definitivamente aboliu algumas das regras do latim foram os Vikings, pois prezavam pela ‘lei da economia’. ( ) Beowulf é o primeiro filme épico com três mil versos e é a obra prima do inglês antigo. 2 A origem dos dias da semana em inglês tem profunda relação com a história da língua inglesa. Leia as origens de cada dia da semana de acordo com a revista on-line “Mundo estranho”: “Foi no Império Romano que a astrologia introduziu o uso popular da septimana (“sete manhãs”, em latim), convenção de origem babilônica. Inicialmente, os nomes dos deuses orientais foram substituídos por equivalentes latinos. Com o advento do cristianismo, o dia do Sol, solis dies, foi substituído por dominica, dia do Senhor; e o saturni dies, dia de Saturno, por sabbatum, derivado do hebraico shabbath, o dia de descanso consagrado pelo Velho Testamento. Os outros dias eram dedicados a: Lua (segunda); Marte (terça); Mercúrio (quarta); Júpiter (quinta) e Vênus (sexta-feira). Na Inglaterra, a semana de sete dias chegou só no século V, bem atrasada em relação ao resto da Europa – e adaptada de acordo com os deuses anglo-saxões. Marte foi substituído por Tiw, deus da guerra, dando origem a Tuesday; Mercúrio por Woden, deus da poesia: Wednesday; Júpiter por Thor, deus do trovão: Thursday; e Vênus por Friga, deusa do amor: Friday”. FONTE: Disponível em: <http://mundoestranho.abril.com.br/historia/como-surgiram-os- nomes-dos-dias-da-semana/>. Acesso em: 10 abr. 2017. De acordo com a história da língua inglesa e de seu desenvolvimento, explique criticamente a origem dos nomes dos dias da semana em inglês, baseando sua resposta no texto acima e nos aspectos importantes do Tópico 2, que possam corroborar a sua resposta. AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 3 MIDDLE ENGLISH – INGLÊS MÉDIO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O inglês médio predominou na língua inglesa aproximadamente entre os anos de 1100 a 1500. Uma das grandesparticularidades deste inglês é o predomínio de palavras francesas em seu vocabulário, sendo que esse fato se deu por conta da batalha de Hastings e com a vitória de um futuro rei que só falava francês, e assim sucessivamente nos próximos 300 anos. Juntamente com o rei e sua língua francesa, vieram também intelectuais, estudiosos entre outros tipos de profissionais de prestígio para a época. A língua francesa tomava conta das posições mais elevadas da sociedade de época, enquanto o povo de origem menos privilegiada – que eram a maioria na época - continuava falando do seu jeito: e este jeito era no inglês. Esta divisão de falares também é característica do inglês médio, sendo que algumas palavras de mesmo significado chegam a ter correspondente francês e inglês (GODINHO, 2001), como você verá mais adiante neste tópico. 2 A BATALHA DE HASTINGS Então, acadêmico, preparado para agregar mais conhecimentos sobre a história da língua inglesa? Agora estamos entrando no Middle English, ou seja, o inglês médio. Esta história começa em 28 de setembro de 1066, quando William e seu exército atacaram o povo britânico com o principal objetivo em mente: depor o novo rei Harold II. Cerca de 2000 guerreiros da Normandia foram mortos, e é claro que muitos do lado inglês também. FIGURA 10 – IMAGEM DA BATALHA DE HASTINGS FONTE: Disponível em: <http://imgur.com/gallery/nxmIo>. Acesso em: 10 abr. 2017. 26 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL Em 14 de outubro, nos campos de Hastings, William e Harold se encontraram. O último rei saxão era morto. O que romanos, saxões e dinamarqueses almejaram tanto, William conquista. No natal daquele mesmo ano, William era coroado na Abadia de Westminster como o rei William I da Inglaterra (GODINHO, 2001). FIGURAS 11 - EDWARD, HAROLD II E WILLIAM FONTE: Disponível em: <http://imgur.com/gallery/nxmIo>. Acesso em: 10 abr. 2017. Com essa vitória, mais mudanças na língua e nos costumes ocorreram. O estilo francês tomava conta do sistema político e social naquela nova etapa de governo e duraria pelos próximos 400 anos. A língua francesa tomou conta dos assuntos oficiais, na corte, tribunais e da alta classe dominante. Para você entender melhor este tópico, veja a sucessão dos reis da Inglaterra a partir de William (Guilherme) o conquistador: • Em 1066, William vence a batalha de Hastings. • 1154, um nobre francês, Henrique Plantageneta, parente de Guilherme, herdou a Coroa do Reino da Inglaterra, passando a chamar-se Henrique II (1154-1189). • Henrique II foi sucedido por seu filho, Ricardo Coração de Leão (1189-1199). Dos dez anos de seu governo, Ricardo ausentou-se da Inglaterra por nove anos, liderando a Terceira Cruzada e lutando no continente europeu para manter seus domínios nas Ilhas Britânicas. Essa longa ausência causou o enfraquecimento da autoridade real e o fortalecimento dos senhores feudais. • No reinado de João Sem-Terra (1199-1216), irmão de Ricardo, o enfraquecimento da autoridade real foi ainda maior. Após ser derrotado em conflitos com a França e com o papado, João Sem-Terra foi obrigado, pela nobreza inglesa, a assinar um documento chamado Magna Carta. Por esse documento, a autoridade do rei da Inglaterra ficava bastante limitada. Ele não podia, por exemplo, aumentar os impostos sem prévia autorização dos nobres. A Magna Carta estabelecia que o rei só podia criar impostos depois de ouvir o Grande Conselho, formado por bispos, condes e barões. • Henrique III (1216-1272), filho e sucessor de João Sem-Terra, além da oposição da nobreza, enfrentou forte oposição popular. TÓPICO 3 | MIDDLE ENGLISH – INGLÊS MÉDIO 27 • No reinado de Eduardo I (1272-1307), oficializou-se a existência do Parlamento. Durante os reinados de Eduardo II e de Eduardo III, o poder do parlamento continuou a se fortalecer. Em 1350, o parlamento foi dividido em duas câmaras: a Câmara dos Lordes, formada pelo clero e pelos nobres, e a Câmara dos Comuns, formada pelos cavaleiros e pelos burgueses. Até hoje, a Inglaterra é uma monarquia parlamentarista. FONTE: Disponível em: <http://www.sohistoria.com.br/ef2/centralizacaopoder/p2.php>. Acesso em: 10 abr. 2017. A língua sofria mudanças conforme a população também se transformava diante de tantas invasões de diferentes línguas e culturas. O caso dos Vikings, por exemplo, mostra que este povo quando invadiu a Inglaterra, trouxe traços da Normandia, país de língua francesa. Esses tiveram que aprender francês fazendo adaptações na sua própria língua e atribuindo traços franceses a ela. Quando foram à Britânia, falavam um inglês então denominado “anglo-normando” (GODINHO, 2001, p. 48). Mais estranha ficou a situação dos ingleses derrotados: havia o francês, o “anglo-normando”, o latim e o próprio inglês – uma língua sem prestígio algum para a época. Quem imaginaria o que se tornaria esta língua depois de um tempo? Foi neste contexto histórico que surgiu o inglês médio – ou Middle English – uma língua que foi deixando para trás as dificuldades complexas da gramática, como já foi mencionado no Tópico 2: Flexões gramaticais, como as dos gêneros dos adjetivos, da conjugação verbal etc. Uma das únicas conjugações que ainda temos presente ao aprender e ensinar a língua inglesa é o famoso verb to be – verbo ser e estar em inglês. Na pronúncia, infelizmente, havia mais linearidade em se falar como se escreve. Isto aos poucos foi mudando. Nenhum rei falava inglês no período de 300 anos após a batalha de Hastings. A classe dominante era toda normanda. A cultura francesa tomou conta da época, mas para os cidadãos comuns nada disso influenciava, pois o povo não era acostumado a falar com os seus superiores, e por isso não precisava aprender a língua que esses falavam. Em nenhum momento a exigência dos normandos foi de proibir o falar inglês do povo, muito pelo contrário: a união entre todos era incentivada pelos novos governantes. Mesmo que o francês tenha influenciado muito o idioma, este não chegou a ser tão forte a ponto de eliminá-lo do falar do dia a dia. Algumas dessas influências serão melhores visualizadas na seção a seguir (GODINHO, 2001). 28 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 3 A INFLUÊNCIA SOCIAL NO VOCABULÁRIO DESTA ÉPOCA Entre 1066 e 1200, o inglês havia sido um pouco esquecido, e grande influência tinha o francês no falar do dia a dia. Interessante neste contexto de influências, mas não de mudanças e radicalizações do francês em detrimento do inglês, é fazermos a análise de como algumas palavras do vocabulário francês e inglês estavam ligadas a questões sociais da época. Por exemplo: profissões de mais prestígio e que eram mais utilizadas pela classe superior eram de origem francesa: tailor, que significa alfaiate e que era de grande valia para os poderosos da época é um exemplo. Já a palavra shoemaker, que significa sapateiro, é de origem anglo-saxã, pois para as classes inferiores esta profissão era de suma importância (GODINHO, 2001). Veja a seguir um pequeno quadro que ilustra esta afirmação: QUADRO 1 – AS PALAVRAS DE ACORDO COM CADA CULTURA FONTE: Disponível em: <http://www.sk.com.br/sk-enhis.html>. Acesso em: 10 abr. 2017. De acordo com Godinho (2001), outras diferenças entre palavras inglesas de origem latina ou francesa com relação às anglo-saxãs está na musicalidade das palavras: enquanto as anglo-saxãs são monossilábicas como stop, build e send (parar, construir e enviar), as de origem latina ou francesa são polissilábicas e a tonicidade é na segunda sílaba como: desist, construct e transmit (desistir, construir e transmitir). No ano de 1204, os anglo-normandos foram derrotados do outro lado do canal da Mancha e perderam o Ducado da Normandia por culpa do rei John (João). Aqueles que tinham propriedades na Inglaterra e na França foram obrigados a declarar lealdade ao rei de um dos dois países. Isso fez com que aos poucos os normandos deixassemde se comportar como franceses e adotassem o inglês como primeira língua (GODINHO, 2001). Em 1356, o prefeito e os vereadores de Londres decidiram que a língua dos tribunais não seria mais o francês, mas sim o inglês. No parlamento, esta decisão ocorreu somente depois da Guerra dos Cem anos que aconteceu entre Inglaterra e França nos anos de 1337 a 1453 (GODINHO, 2001). TÓPICO 3 | MIDDLE ENGLISH – INGLÊS MÉDIO 29 De acordo com o site da revista Mundo Estranho, a Guerra dos Cem anos foi um dos maiores conflitos da Idade Média, entre duas das principais potências europeias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século – segundo a definição dos historiadores, tudo começou em 1337, para terminar só em 1453. Acadêmico, leia a história inteira a partir desse link: <http://mundoestranho.abril.com.br/historia/o-que-foi-a-guerra-dos-cem-anos/>. IMPORTANT E No reino, o inglês ainda não havia vencido, mas quando o rei Henry V começou a usar nas suas redações oficiais a língua inglesa, o negócio começou a mudar. Em 1415, ele atravessou o Canal da Mancha, derrotou franceses em Agincourt e assinou o primeiro documento em língua inglesa no solo francês. A partir de então o idioma oficial na Inglaterra passou a ser o inglês, e, de acordo com Godinho (2001), mais algumas foram as transformações linguísticas que veremos nos tópicos a seguir. 4 ALGUMAS DAS PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DO INGLÊS MÉDIO PARA O INGLÊS QUE CONHECEMOS ATUALMENTE Quando estamos aprendendo inglês, muitas vezes, agradecemos à língua as suas simplificações e facilidades em relação à língua portuguesa, ou simplesmente não entendemos essas diferenças, aprendemos a língua e, se somos professores dela, passamos esses ensinamentos também a nossos alunos. Por isso, este tópico é de suma importância, para a nossa prática pedagógica ao sabermos que vem justamente de uma histórica evolução da língua inglesa essas regras diferenciadas em relação à nossa língua materna. A Guerra dos Cem Anos e suas conquistas não deixaram somente um legado para os livros de história, como também para a estrutura da língua inglesa. Algumas regras são oriundas desse tempo, que pouco a pouco foram sendo moldadas com o falar do dia a dia. Seguem algumas das principais mudanças de acordo com Godinho (2001): • Os gêneros feminino e masculino já não existiam mais. Por exemplo, em português temos feio e feia, já em inglês ugly equivale para ambos os sexos. • Adjetivos passaram a ter somente flexão de singular e plural. • Mesmo com muitas simplificações de plural, ainda hoje temos algumas palavras que “sobraram” das formas irregulares. É o caso de algumas que lemos no poema “lição de inglês” no início desta unidade: geese, brethen, oxen, men etc. • O plural das palavras terminadas em –f ou –fe sendo transformadas para o plural em –ves também vieram desta época: half – halves (metade, metades), knife – knives (faca, facas), leaf – leaves (folha, folhas) são alguns exemplos. 30 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL • É desta época também a simplificação de verbos irregulares do inglês para o uso de verbos regulares com a terminação em –ed. Mesmo assim, ainda existe uma lista com 250 verbos irregulares usados na língua inglesa e que devem ser aprendidos pelo bom estudante da língua. • A forma da terceira pessoa do singular usando –s na forma afirmativa do presente simples no inglês é outra regra deste período histórico. As terminações anteriormente eram –n ou –en passando então ao –th até chegarem ao –s. DICAS No link <https://www.youtube.com/watch?v=gZzKe1BC2XU>, você encontrará uma aula muito divertida na qual o professor de uma escola criou um rap para o ensino de alguns verbos irregulares da língua inglesa. Além de aprender, o vídeo faz com que de forma divertida você os memorize. Em 1476, William Caxton introduziu na Inglaterra a invenção de Johann Gutenberg: a impressora móvel. Ele decidiu e publicou as primeiras edições de trabalhos de Chaucer – o pai da poesia inglesa, entre outros autores da época. Caxton aprendeu a imprimir, e quando se aposentou, decidiu montar uma tipografia em um recinto perto da Abadia de Westminster. A partir daí e graças a Caxton, a língua inglesa estava pronta para enfrentar desafios e mudanças que a história havia ainda de reservar para ela (GODINHO, 2001). TÓPICO 3 | MIDDLE ENGLISH – INGLÊS MÉDIO 31 FIGURA 12 E 13 – WILLIAM CAXTON E A IMPRESSORA DE GUTEMBERG FONTES: Disponível em: <http://www.britishmuseum.org/research/collection_online/collection_ object_details.aspx?objectId=3397263&partId=1&people=33557&peoA=33557-1- 7&sortBy=&page=1> e <http://nepo.com.br/2014/04/14/as-etapas-de-implantacao-de- uma-nova-governanca-da-especie/prensa-de-gutemberg/>. Acesso em: 10 abr. 2017. Gostou de conhecer um pouco mais sobre a história da língua inglesa, caro acadêmico? No tópico a seguir já estamos indo para a terceira fase desta história. Bons estudos! 32 RESUMO DO TÓPICO 3 • Neste tópico, você pôde conhecer um pouco mais sobre o inglês médio que predominou aproximadamente entre os anos de 1100 a 1500. • Um dos principais acontecimentos que marca o início das mudanças na língua ocorridas neste período foi a chegada de William – o conquistador, vindo da Normandia e trazendo a vitória e a língua francesa. • Durante 300 anos a língua predominante dos reis foi o francês. O que fez com que o inglês permanecesse ativo foi o povo que falava a língua, indiferentes ao que acontecia no alto poder, e mais tarde em 1204, a derrota em uma batalha do outro lado do canal da Mancha. • Mudanças gramaticais importantes aconteceram neste período, e a ele podemos agradecer muitas das simplificações que hoje aprendemos nas aulas de língua inglesa e que facilitam o seu entendimento. 33 1 Analise as frases com relação ao tópico estudado e relacione as proposições para encaixar nas frases: (1) Início do inglês médio. (2) Batalha de Hastings. (3) 1204. (4) Guerra dos Cem anos entre França e Inglaterra. (5) 1476. ( ) Guerra que ocorreu entre 1337 e 1453 e que resultou na vitória definitiva do inglês sob o francês. ( ) 28 de setembro de 1066. ( ) Ano em que os anglo-normandos foram derrotados e a língua francesa deixa de ter tanto prestígio. ( ) Importante ano para comemorar a introdução da impressora móvel, trazida por William Caxton. ( ) William e seu exército atacam o povo britânico e os franceses conquistam a Inglaterra. 2 Analise criticamente a origem de algumas palavras da língua inglesa retiradas do livro de Martinez (2003) “Inglês Made in Brazil”: Blush Do inglês antigo blyscan, “ficar vermelho”, significado que existe até hoje. O português importou duas palavras para a mesma coisa, nesse caso, de dois idiomas diferentes. O produto cosmético blush foi levado aos ingleses através da França, e por isso é conhecido em inglês (e português) também como rouge (“vermelho” em Francês). (p. 67). ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Franchising Franchising vem de franchise, que hoje significa franquia. Franchising, então, é “administrar ou vender franquias”. Franchise significava “liberdade” em francês antigo, da raiz franc (‘livre’). (p. 40). AUTOATIVIDADE 34 De acordo com o que foi abordado neste tópico, explique a origem dessas palavras elaborando um parágrafo explicativo sobre os aspectos históricos envolvidos: origem da palavra, contexto social em que ela poderia estar inserida, entre outros aspectos relevantes ao período. ____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 35 TÓPICO 4 MODERN ENGLISH – INGLÊS MODERNO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO “A vida é uma simples sombra que passa [...]; é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa” (De Macbeth – 1603- 1607). Você já ouviu falar em William Shakespeare? Com certeza sim. Iniciamos este tópico com uma frase dele, pois além de um renomado nome da literatura inglesa, o autor fez parte da história da evolução da língua, mais especificamente do período histórico denominado “inglês moderno”. Por ser um mestre na arte de inventar e reinventar palavras e expressões, as obras de Shakespeare são até hoje estudadas e defendidas em dissertações de mestrado, teses de doutorado, e por críticos literários, tão forte é a sua influência para a língua inglesa. Mas, não bastasse Shakespeare para a história deste período, outro fato de suma importância que vem unir forças a essa fase da língua, foi nada mais nada menos que a tradução da bíblia – um projeto audacioso do Rei James e que movimentou a sociedade da época. Este período é, pois, um aprofundamento da literatura e da intelectualidade da língua inglesa, o que traria fortes benefícios e a difusão cada vez mais abrangente da língua na sociedade da época. Todavia, a língua não só expandia linguisticamente falando: estava prestes a adentrar um novo e promissor continente: o americano. 2 A VIDA É UMA SIMPLES SOMBRA QUE PASSA... A primeira fase do inglês moderno ocorreu entre 1558 e 1603 e foi chamada de Elizabeth I. O inglês se expandia junto ao comércio internacional, literaturas, traduções etc. Alguns intelectuais desta época não acreditavam na força e poder deste inglês e optaram em escrever suas obras em outras línguas, como latim. São eles Isaac Newton, reconhecido pela história como físico e matemático; Francis Bacon, considerado o fundador da ciência moderna; Thomas Moore, homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis; e William Harvey, médico britânico que pela primeira vez descreveu corretamente os detalhes do sistema circulatório do sangue ao ser bombeado por todo o corpo pelo coração (GODINHO, 2001). O que mudaria este cenário de descrença na língua seria o movimento da Renascença vindo da Itália do século XVI e chegando à Inglaterra nos séculos XV e XVI. Da gráfica manual de Caxton passaríamos então à impressão mecânica. Entre 36 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA LÍNGUA INGLESA – DA INGLATERRA AO BRASIL 1500 e 1640 na Inglaterra foram impressos aproximadamente 20 mil trabalhos, com isso a população ficava mais culta também, preferindo, de acordo com Godinho (2001), ler livros em inglês. A Renascença não foi somente um tempo de novas ideias, mas também um novo tempo para o vocabulário e a liberdade e flexibilidade do uso de palavras já existentes. Muito disso ainda vemos hoje em dia, pois uma mesma palavra pode ser adjetivo e verbo, entre outras muitas possibilidades que a língua inglesa oferece ao falante. Um dos maiores inventores e inovadores neste quesito foi William Shakespeare. De acordo com o site Ebiografia: William Shakespeare (1564-1616) nasceu em Stratford-upon-Avon, no condado de Warwick, Inglaterra, no dia 23 de abril de 1564, onde iniciou seus estudos. A família empobrecera e aos 15 anos foi trabalhar no açougue do pai. Com 18 anos, casa-se com a aldeã Anne Hathaway, oito anos mais velha que ele. Suas dificuldades financeiras se agravaram com o nascimento da filha e em seguida dos gêmeos. Em 1586, abandona o lar e muda-se para Londres, onde se emprega como guardador de cavalos na porta do teatro. Logo estava prestando serviços nos bastidores, copiando peças ou representando pequenos papéis. Nessa época, período do reinado de Elizabeth I, Londres vivia uma intensa atividade artística. Shakespeare estudou muito e leu autores clássicos, novelas, contos e crônicas, que foram fundamentais para sua formação de dramaturgo. Shakespeare passou a ser o copista oficial da companhia, representava e adaptava peças de autores anônimos. Logo estava escrevendo o maior número das peças apresentadas no Teatro Globo, ocupado pela companhia de Burbage, da qual fazia parte. (Disponível em: <https:// www.ebiografia.com/william_shakespeare/>. Acesso em: 10 abr. 2017). Shakespeare “inventou” nada mais nada menos do que duas mil palavras além de muitas expressões usadas em suas obras e que ficaram marcadas até hoje. De acordo com Godinho (2011, p. 66-67): Shakespeare falava um tipo de dialeto da região de Londres. Sua cidade natal situava-se perto da encruzilhada onde se encontravam os dialetos das três regiões principais: ao sul, a região dos condados em que o “r” é bem pronunciado; ao norte, a região dos antigos territórios controlados pelos dinamarqueses e escandinavos, o Denelaw, e ao leste, em direção a Londres, o inglês East Midlands, com o seu “r” quase mudo. Muitas dessas variações, especialmente de pronúncia, persistem até hoje. Da região do Denelaw, vinham formas gramaticais bem mais simples que, aos poucos, iam sendo incorporadas ao inglês de Londres. Por isso, Shakespeare tinha a opção de usar várias terminações de verbos, como por exemplo, tells (ele, ela conta) ou speaks (ele, ela fala), em vez das mais antigas e complicadas telleth e speaketh. Ainda segundo o mesmo autor, Shakespeare contava com o dobro de vocabulário do que uma pessoa comum: nada mais nada menos do que 30 mil palavras, além de adorar a arte de inventar suas próprias novas. Nessa época em que Shakespeare escrevia, a curiosidade e as ambições naturais eram constantes, TÓPICO 4 | MODERN ENGLISH – INGLÊS MODERNO 37 por isso cientistas descobriram novas teorias para as coisas e aventureiros ambicionavam novos lugares a serem explorados. Povos como os de Portugal, Espanha e França já haviam explorado África e Américas, e os ingleses não podiam ficar para trás e ansiavam por explorações também. Walter Raleigh e Francis Drake eram alguns desses homens exploradores. Raleigh era o preferido da rainha Elizabeth I durante 10 anos pelo seu espírito de líder em explorações; esse espírito o levaria a criação de novas comunidades do Novo Mundo (GODINHO, 2001), e é o que exploraremos melhor na próxima seção. 3 INGLÊS AMERICANO O ano era 1583, um ano marcado pelo sonho de uma conquista e o pesadelo de uma tragédia. Humphrey Gilbert, irmão materno de Walter Releigh tomou posse da Terra Nova (Newfoundland) em nome da Inglaterra, mas morreu afogado na expedição e seus homens foram obrigados a voltar para casa. Em 1584, Raleigh mostrou que mesmo com a tragédia de seu irmão, não desistiria do sonho exploratório. Contratou dois navios para a expedição e em 13 de julho chegaram ao continente norte-americano em um local nomeado como Roanoke Island (ilha Roanoke) (GODINHO, 2001). Ao chegar às novas terras foram recepcionados muito bem por indígenas algonquinos. Tanto que quando voltaram à Inglaterra levaram dois deles, Manteo e Wanchese, como prova de que a empreitada ao novo mundo havia dado certo. Esse novo território foi nomeado Virgínia em homenagem a rainha Elizabeth I – que era conhecida como a rainha virgem (GODINHO, 2001). Em 1585, outra viagem – esta com 168 homens – fora organizada por Raleigh a fim de colonizar a terra. Os indígenas Manteo e Wanchese foram levados junto. Com a chegada ao novo mundo, novas palavras tiveram que ser criadas, pois as coisas ali encontradas e maravilhadas pelos desbravadores foram nomeadas. Porém os ingleses, pouco acostumados com a vida no campo, não estavam conseguindo manter sua alimentação. De acordo com Godinho (2001), começaram então a saquear os indígenas, e é claro que esses não gostaram nem um pouco das atitudes dos visitantes. Estavam por começar uma guerra, mas por sorte Francis Drake – um aventureiro – estava passando por lá e salvou seus compatriotas da fúria
Compartilhar