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METEOROLOGIA E CLIMATOLOGIA Mário Adelmo Varejão-Silva Versão digital 2 – Recife, 2006 202 com S = { K ∑X2 – (∑X) 2 }{ K∑Y2 – (∑Y) 2 }. Quando existem muitos pares de valores (Q, n) diários, pode ser conveniente separá-los em conjuntos, de acordo com a maior ou menor nebulosidade observada, obtendo-se uma re- gressão para cada caso, o que tende a melhorar a representatividade dos resultados. A prática tem demonstrado que o ajustamento piora quando a insolação (n) diminui (denunciando a pre- sença de muitas nuvens), tornando-se precário (ou mesmo não evidenciando correlação algu- ma) quando a insolação é inferior a 3 horas. A explicação para isto reside no fato do heliógrafo não ter condições de discriminar nuvens segundo o grau de opacidade. Alguns tipos de nu- vens, embora possam apresentar graus de opacidade diferentes (que interferem de modo bastante diferenciado na radiação global), provocam efeito idêntico no registro heliográfico. Como conseqüência, a insolação medida pode ser a mesma para uma ampla gama de valores da radiação global e isso aumenta drasticamente a dispersão dos pontos (X,Y), notadamente em dias com nebulosidade acentuada (valores baixos de insolação). Uma vez determinados os coeficientes (a, b) para um dado local, a equação de regres- são resultante pode ser aplicada para um outro, situado na mesma área e com características climatológicas semelhantes, para os quais não se disponham de registros de radiação global. A análise da equação V.13.1 mostra que o coeficiente independente (a) traduz a fração da radia- ção máxima (Qo) que, em média, atinge a superfície, como radiação difusa, estando o céu to- talmente nublado (n = 0). Por outro lado, a soma dos coeficientes (a + b) representa a fração que corresponde à transmissividade atmosférica média na ausência absoluta de nuvens (n/N = 1). A Tabela V.9 exibe os coeficientes (a, b) para algumas localidades do Nordeste do Brasil. A ilustração V.17 mostra os resultados preliminares, obtidos pelos mesmos autores, quanto à distribuição espacial da radiação global no Nordeste do Brasil, em junho e em de- zembro, respectivamente (painel superior). Esses resultados foram considerados preliminares porque as séries usadas foram todas inferiores a dez anos e empregou-se a equação V.13.1 (para estimar Q nos locais aonde somente existiam dados de insolação). Além disso, a densi- dade da rede actinográfica não era elevada, na época, o que, certamente, introduziu pequenos desvios na posição (interpolada) das isolinhas. Os valores de Qo e N foram tomados para o dia 15 de cada mês. Como se observa (Fig. V.17), em junho, a radiação global no Nordeste varia espacial- mente, em termos médios, entre pouco menos de 300 cal cm-2 dia-1 (no nordeste da Bahia) até mais de 450 cal cm-2 dia-1 (no sudeste do Piauí). Em dezembro, essa variação vai de 400 cal cm-2 dia-1 (no Maranhão) a mais de 600 cal cm-2 dia-1 (no sertão do Sub-Médio São Francis- co). A distribuição espacial da insolação (n) em junho e dezembro, foi obtida da mesma fonte (Fig. V.17). Observam-se os núcleos de mínima insolação correspondentes aos microcli- mas de altitude, ou "brejos", como em Guaramiranga (CE), em Areia (PB), em Garanhuns (PE) e em Triunfo (PE). A região central da Bahia é igualmente montanhosa.
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