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Prof. Luiz Cláudio Cândido ANÁLISE DE FALHAS (Parte V-2) Prof. Leonardo Barbosa Godefroid candido@em.ufop.br leonardo@demet.em.ufop.br METALURGIA MECÂNICA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Grupo de Estudo Sobre Fratura de Materiais Telefax: 55 - 31 - 3559.1561 – E-mail: demet@em.ufop.br MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Grupo de Estudo Sobre Fratura de Materiais Telefax: 55 - 31 - 3559.1561 – E-mail: demet@em.ufop.br MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Grupo de Estudo Sobre Fratura de Materiais Telefax: 55 - 31 - 3559.1561 – E-mail: demet@em.ufop.br MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO Universidade Federal de Ouro Preto Escola de Minas – Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Grupo de Estudo Sobre Fratura de Materiais Telefax: 55 - 31 - 3559.1561 – E-mail: demet@em.ufop.br Análise de Falhas PARTE II – Técnicas de Análise CAPÍTULO CINCO: Primeiros passos em uma Análise de Falhas 5.1 – Início de uma análise de falha 5.2 – Análise macroscópica 5.3 – Ensaios não destrutivos 5.4 – Análise química Capítulo Cinco: Primeiros passos em uma Análise de Falhas 5.2 – Análise macroscópica 5.2.1 – Manuseio de amostras 5.2.2 – Informações obtidas a partir da análise visual 5.2 – Análise Macroscópica O exame visual da falha ou fratura oferece informações associadas com a história da produção e da utilização do componente/estrutura falhada. Apesar de simples é uma técnica muito poderosa A inspeção visual é realizada para: – obter uma compreensão geral sobre o evento; – determinar a seqüência de ocorrência da falha; – localizar a(s) origem(ns) da fratura; – detectar qualquer característica macroscópica que seja relevante. Exemplos de microscópios eletrônicos de varredura com câmeras de grande capacidade: (a) Qualitest MIRA Large SEM- X- tended View Scanning Electron Microscope e (b) Modelos de Microscópios eletrônicos de varredura para grandes amostras da JEOL. (a) (b) (c) (d) 5.2.1 – Manuseio das amostras Uma vez ocorrida a falha e registradas as condições iniciais do componente e/ou estrutura é necessário fazer o estudo mais detalhado das partes falhadas (fraturadas) com o recolhimento de amostras para análise. Apesar de todo cuidado, é comum que as amostras possuam alterações do tipo: – As superfícies de fratura de eixos podem apresentar profundas deformações antes dos mesmos pararem o seu movimento em um curto período de tempo. – Tirantes e longarinas podem permanecer em uso por longo tempo sem que se percebam trincas formadas. – Condições ambientais (corrosão) podem dificultar a análise de falha pelo surgimento de substâncias estranhas ao material. – Amostragem feita de maneira inadequada. Eixo de uma esteira transportadora que sofreu perda de material em algumas regiões, inclusive na região de iniciação de trincas Eixo de uma máquina motriz que apresenta uma série de riscos devido ao atrito entre partes após a fratura final. O que ocorreu aqui ? 5.2.1 – Manuseio das amostras 5.2.1 – Manuseio das amostras Casos de danificação das superfícies Danificação da superfície de fratura no processo de falha em um conjunto redutor: (a) conjunto redutor desmontado; (b) detalhe da região de um dos eixos fraturados; (c) superfície do eixo apresentado severas regiões de deformação pós fratura. (a) (b) (c) Manuseio das amostras Marcações após a fratura Manuseio das amostras Marcações após a fratura As superfícies A e B pertenciam ao mesmo tirante que fraturou Mas na amostragem as projeções de metal líquido do oxicorte recobriram a superfície B que deveria ser exatamente igual à superfície A Qual é a superfície A e qual é a B ? Manuseio das amostras Corte incorreto Uma peça fundida de alta resistência mecânica e dureza que foi marcada para corte (via elétrica) em duas posições, mas que sofreu um processo de corte incorreto gerando degradação da superfície que deveria ser analisada. Manuseio das amostras Marcações após a fratura Exemplo de quando a corrosão pode dificultar a Análise de Falha: O que pode ser observado aqui ? 5.2.1 – Manuseio das amostras Aconselha-se, como prática, a proteção das superfícies em análise: – evitar o contato físico da(s) peça(s) falhada(s) e/ou fraturada(s) com outras partes; – tentar manter a(s) amostra(s) em uma condição a mais próxima possível da condição de como encontrada no local da falha; – identificar a amostra de modo a localizá-la no cenário da falha; – embalar convenientemente a(s) amostra(s) para protegê- la(s) de possíveis acidentes durante a fase de transporte, limpeza e secionamento (química, metalográfica, e de propriedades mecânicas). 5.2.1 – Manuseio das amostras Preparação das amostras Um componente falhado e/ou fraturado normalmente não se apresenta limpo: diversas substâncias podem estar presentes em sua superfície; Muitas vezes dificultam o trabalho de análise de falha; Algumas vezes, estas substâncias podem facilitar a obtenção de informações das condições atuantes para a ocorrência da falha. Preparação das amostras Algumas substâncias que podem ser utilizadas na limpeza de componentes para a execução de uma análise de falha (na ordem): Tricloro-etileno/Acetona/Álcool Soluções ácidas SolventesDetergentes/sabões Querosene Pré preparação Água Limpeza Limpeza profunda Secagem e armazenagem Vernizes Preparação das amostras Antes Depois Preparação das amostras Antes Depois Preparação das amostras Antes Depois Fato curioso ! Preparação das amostras Corpo de prova para ensaios de tenacidade à fratura que foi intencionalmente corroído em câmara salina por 6 horas. Antes e depois de limpeza ultrasônica em solução aquecida 15g de Alconox® (um detergente) em 350ml de água. Preparação das amostras Resultado de uma limpeza ultrasônica exagerada com Alconox®: 30 minutos e 3½ horas. Preparação das amostras Aspecto microfratográfico que foi alterado por uma limpeza exagerada por meio corrosivo. Preparação das amostras Soluções de limpeza recomendadas para fraturas de metais (Brooks): – Solventes orgânicos: remover óleos, graxa ou revestimentos plásticos/emborrachados; – Ácido acético/ácido fosfórico/hidróxido de sódio: utilizáveis a frio ou a morno para limpar superfícies de fraturas de ligas ferrosas; – Citrato de amônia/oxalato de amônia/solução de 6N HCl com 2g/l de hexametilnotetramina: limpar “ferrugem”, carepas ou produtos de oxidação gerais em ligas ferrosas; – Ácido nítrico: superfícies de fratura de ligas de titânio; – Ácido orthofosfórico (70ml) + ácido crômico (32g) + água (130ml) ou solventes orgânicos: limpeza a frio ou a morno de superfícies de fratura de ligas de alumínio. Preparação das amostras Soluções de limpeza para retirar óxidos e “ferrugem” nas superfície de fraturas de ligas ferrosas (Brooks): – SOLUÇÃO “A”: 80ml de água 20ml de HCl (concentrado); 4 gotas de inibidor Reilly número 22 (Reilly Industries Inc. Independence Road, Cleveland, OH – USA); 65ºC – SOLUÇÃO “B” 49ml de HCl (concentrado); 49ml de água; 2ml de Rodine número 50 (Henkel Surface Technologies, Stephenson Highway, Madison Heights, MI – USA); Temperatura ambiente. Algumas substâncias que podem ser utilizadas na limpeza de componentes para a execução de uma análise de falha. Substância Aplicação Limitações Cuidados Água Substância de limpeza geral, largamente utilizada. Não remove uma série de substâncias, tais como: óleos, graxas, óxidos, etc. Evitar o contato prolongado com partes metálicas que podem sofrer oxidação. Querosene Limpezaespecífica de óleos, graxas e sujeiras muito pesadas. O produto faz remoção de substâncias que não são solúveis no mesmo. Utilizar EPI s para proteger o corpo do contato, evitar a inalação prolongada. Detergentes e sabões Limpeza específica de óleos, graxas e sujeiras pesadas. Capacidade de limpeza menor do que os solventes. À vezes é necessário aplicação a quente. Evitar contato com a pele e, principalmente, com os olhos. Solventes em geral São utilizados quanto é necessária a remoção de um determinado produto químico. São mais caros e de utilização mais perigosa do que o querosene. Utilizar EPI s para proteger o corpo do contato, evitar qualquer inalação (usar capela). Soluções ácidas (H2SO4, HCl, HCN) Utilizadas quando é necessário fazer a retirada de óxidos e/ou compostos aderidos ao material e que não podem ser dissolvidos. Estas substâncias, além de retirar a sujeita das peças, também retiram uma camada das mesmas, podem atrapalhar a análise por MEV, por exemplo. Utilizar EPI s para proteger do contato, evitar a inalação (usar capela), utilizar um tempo e concentração adequados para a limpeza específica da peça (fazer acompanhamento). Álcool Pode ser utilizado para a limpeza no lugar da água. Muitas vezes empregado para secar a amostra. O álcool é um solvente mais “fraco” que a maioria, somente mais eficaz com certas tintas. Caso o álcool seja utilizado para secagem, fazê-lo rapidamente para evitar formação de óxidos. Acetona Pode ser utilizada para a limpeza. Empregada na secagem de maneira mais rápida e eficiente que o álcool. Não retira óxidos e faz a retirada de óleos e graxas mais lentamente do que os solventes. Devido á evaporação rapida da acetona, na limpeza é recomendável um maior cuidado para evitar a secagem sobre a amostra. Vernizes Não são utilizados para a limpeza, mas sim para a manutenção da qualidade de uma superfície limpa. Podem dificultar a análise posterior mais detalhada da superfície protegida, caso a retirada dos mesmos seja difícil. Um verniz mal escolhido pode provocar efeitos contrários na peça: oxidação, coloração, manchas, etc. Registro Fotográfico – Técnica A fotografia, em si, é uma técnica complexa que depende da experiência e da sensibilidade de quem a utiliza em se obter bons resultados fotográficos. Atualmente, com a facilidade de recursos de hardware e software, é possível acrescentar várias informações nos registros fotográficos, assim como melhorar as imagens. Neste contexto as máquinas digitais são as mais versáteis ferramentas para obtenção do registro das amostras. A obtenção e o tratamento das imagens deve ser feito com cuidado de modo a não perder informações gráficas, da mesma forma como este cuidado deve ser tomado na limpeza das amostras. E S C A L A ? Registro Fotográfico – Visão macro Recomenda-se que a primeira coisa que a ser feita é o registro geral do cenário onde ocorreu a falha. A indicação de uma referência para a escala da imagem é importante para estabelecer uma melhor compreensão da amplitude do objeto fotografado. Registro Fotográfico - detalhamento Registro Fotográfico - detalhamento Registro Fotográfico - detalhamento Registro Fotográfico - detalhamento Registro Fotográfico - detalhamento Registro Fotográfico - detalhamento Obs.: peça não preparada para observação. Registro Fotográfico - detalhamento Algumas vezes, também, torna-se útil fazer o registro de pequenos detalhes da superfície fraturada o que necessita de ampliações ou de tomadas de fotos em close e/ou ângulos especiais. ORIGEM DA TRINCA Registro Fotográfico - detalhamento Algumas vezes, também, torna-se útil fazer o registro de pequenos detalhes da superfície fraturada o que necessita de ampliações ou de tomadas de fotos em close e/ou ângulos especiais. Foto com câmera digital Foto de “web cam” Região de coalescimento de trincas por fadiga Registro Fotográfico - detalhamento Foto referência Foto do detalhe 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Por exemplo, a partir de características da superfície de fratura, pode-se ter uma indicação do sistema de tensões que produziu a fratura A quantidade de informações que pode ser obtida a partir do exame da superfície de fratura numa pequena ampliação é surpreendentemente grande. Deformação plana Tensão plana 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Uma falha a partir de tensões monotônicas produz uma fratura plana normal à máxima tensão principal de tração, em condições de deformação plana. Se prevalecer o estado plano de tensões, a fratura será inclinada a aproximadamente 45o da máxima tensão principal de tração. Fratura inclinada Fratura plana (ductilidade) (fragilidade) 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual (a) Superfícies fraturadas de corpos de prova CT de alumínio, conforme ensaio de KIC, segundo a Norma ASTM E-399, revelando uma falha inclinada (esquerda) e uma falha plana (direita). As letras “F” e “M” indicam fraturas por fadiga e fratura monotônica. O CP da esquerda (mais fino) apresenta uma fratura em ângulo indicando um processo de fratura por tensão plana ao contrário do CP da direita (mais espesso); (b) esquema ilustrando o efeito do estado de tensões sobre o tipo de perfil de fratura do corpo de prova CT. (a) (b) 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Aspecto de quatro CPs rompidos em ensaio de tração (segundo a Norma ASTM E-8M): (a) aço baixo-carbono de um tirante; as setas brancas indicam regiões de fratura em tensão plana e as setas escuras indicam regiões de fratura em deformação plana; (b) aço ARBL de um tubo; (c) aço baixo-carbono de um eixo fragilizado devido à presença de inclusões e (d) ferro fundido branco ao cromo para revestimentos antidesgaste. 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Marcas tipo “chevron” numa amostra de aço (a) e em um disco de embreagem em duas vistas (b e c). (a) (b) (c) 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Aspecto da fratura de uma engrenagem de um grande equipamento industrial, pode-se perceber nas superfícies de fratura dos dois dentes várias “ratched marks” (“catracas”) e marcas de praia, indicativos de um processo de fratura por fadiga Superfície de fratura por fadiga, com trinca que se iniciou na vizinhança de um orifício. 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Aspecto da fratura de um eixo. Pode-se notar a presença de várias frentes de propagação de trincas por fadiga reveladas pelas “catracas” e marcas de praia. 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual Superfície de fratura de um eixo submetido a uma sobrecarga de torção (note cisalhamento destacado à esquerda). (a) Superfície de fratura típica de um material com comportamento frágil sob torção (por exemplo, um giz) e (b) superfície de fratura por fadiga, por torção, em um eixo de aço SAE 1037 endurecido por têmpera por indução. (a) (b) 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual (a) (b) Registro macroscópico da fratura por dobramento ocorrida em uma longarina feita com aço para vaso de pressão (a). Nota-se em (b) que, mesmo com uma pequena ampliação e no ângulo correto pode-se perceber uma marca que está relacionada a uma segregação de carbono neste aço (comprovada mais tarde por meio de metalografia). (a) (b) (a) Fratura ocorrida na região de dobra de uma longarina; (b) análise macroscópica atestando que o raio de dobramento foi adequado (7mm), além do dobramento ter sido feito a 90o (garantia de 180o). 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual (a) (b) (a) (b) Dupla laminação ocorrida durante a tentativa de produção de um perfil de aço a partir de um aço com Ceq relativamente alto. (a) Trincas em tubos de aço com costura (soldado); a trinca acompanhaa extensão da junta soldada; (b) a trinca se abre após o ensaio de expansão. 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual O exame macroscópico geralmente determina a direção do crescimento da trinca e, conseqüentemente, a origem da falha. Para uma fratura frágil plana, esta determinação depende da superfície de fratura exibir marcas em “V” (chevrons). A direção do crescimento da trinca é quase sempre atrás da ponta do “V”. Fratura de um eixo de aço SAE 1050 endurecido superficialmente, mostrando marcas em “V”, e a origem da fratura. 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual O exame da superfície de fratura em baixa ampliação geralmente pode revelar regiões de comportamento distinto, como é o caso de falhas por fadiga. 5.2.2 – Informações obtidas por análise visual O exame da superfície de fratura em baixa ampliação geralmente pode revelar regiões de comportamento distinto, como é o caso de falhas por fadiga. LINHA DE ALTERAÇÃO DE CARREGAMENTO (Início de uma sobrecarga) FRATURA FINAL Importante exemplo da utilização da análise visual (filme) para avaliação do modo de falha e diminuição da ocorrência desta. Exercício de análise visual para os participantes: Identificar os aspectos relevantes das duas fraturas seguintes Características deste eixo SERÁ QUE FOI FLEXÃO UNIDIRECIONAL, ROTAÇÃO (FLEXÃO), TRAÇÃO OU TORÇÃO? Um pedaço de um eixo SERÁ QUE HOUVE DEFORMAÇÃO PLÁSTICA? ONDE PODE TER ORIGINADO A FRATURA? Características deste eixo Boroscópios Dois exemplos de boroscópios que podem ser utilizados na inspeção visual em partes internas de tubos ou partes de difícil acesso. Exemplos de imagens obtidas por meio de boroscópios.
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