Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sociedade limitada APRESENTAÇÃO A sociedade limitada, antes regulamentada pelo Decreto n.o 3.708/19, atualmente conta com regramento específico no Código Civil de 2002. No entanto, nas omissões deste diploma legal, as sociedades limitadas regem-se pelas normas das sociedades simples, podendo o contrato social, ainda, prever a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima. Um dos principais elementos da sociedade limitada é o contrato social, instrumento jurídico de constituição legal da sociedade. O contrato social compõe-se de elementos de livre deliberação dos sócios e, obrigatoriamente, deve abranger o capital social, as quotas de cada sócio e a denominação da sociedade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer as principais características da sociedade limitada e a importância do contrato social na sua constituição, além das regras de responsabilidade dos sócios. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as principais características da sociedade limitada.• Reconhecer a importância do contrato social na constituição da sociedade limitada.• Analisar a responsabilidade dos sócios na sociedade limitada.• DESAFIO Na sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios limita-se ao valor do capital social da empresa. Contudo, algumas situações podem flexibilizar essa regra. Em 2012, Júnior, filho de um grande empresário do ramo têxtil, constituiu uma sociedade para a importação de tecidos do Marrocos e da Índia. Entretanto, nos últimos 2 anos, Júnior tem feito compras pessoais, como veículos e joias, e tem viajado pelo mundo utilizando os recursos da sociedade. Este comportamento resultou no acúmulo de dívidas com os credores, além de prejuízos nos negócios. Preocupado com a situação, um dos credores da empresa de Júnior procura você, advogado especialista em Direito Empresarial, para saber o que pode ser feito para garantir seus direitos. Sob a perspectiva da responsabilidade dos sócios na sociedade limitada, qual é a sua orientação? Explique. INFOGRÁFICO A legislação societária brasileira permite a adoção de vários tipos societários na formalização da pessoa jurídica, de forma que cada um deles demanda providências específicas. As sociedades limitadas apresentam aspectos claros que as caracterizam, possibilitando seu funcionamento adequado. A seguir, no Infográfico, conheça as principais características das sociedades limitadas. CONTEÚDO DO LIVRO A sociedade limitada apresenta características específicas como o capital social, a responsabilidade limitada dos sócios e o contrato social, documento de constituição da sociedade. O contrato social, documento que deve apresentar todas as informações sobre o funcionamento da sociedade, pode ser alterado, sendo fundamental o registro das alterações na Junta Comercial. No capítulo Sociedade Limitada, da obra Direito Empresarial II, leia sobre o contrato social e outros aspectos importantes das sociedades limitadas. Boa leitura. DIREITO EMPRESARIAL II Sociedade limitada Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as principais características de uma sociedade limitada. Reconhecer a importância do contrato social na constituição de uma sociedade limitada. Analisar a responsabilidade dos sócios na sociedade limitada. Introdução Atualmente, a sociedade limitada conta com regramento específico no Código Civil de 2002. Contudo, nas omissões desse diploma legal, conforme previsão ali expressa, as sociedades limitadas são regidas pelas normas das sociedades simples, embora o contrato social possa prever a regência supletiva pelas normas da sociedade anônima. Neste capítulo, você vai ler sobre as principais características da so- ciedade limitada, a importância do contrato social na sua constituição e as regras de responsabilidade dos sócios. Características da sociedade limitada Até o século XIX, as sociedades se dividiam em dois grandes grupos: as sociedades de pessoas e as sociedades anônimas. No entanto, essa divisão não era satisfatória para os pequenos e médios empresários, de forma que eles buscavam uma sociedade de pessoas, mas sem a complexidade de uma sociedade anônima. Assim, para atender a esse anseio, surgiu a sociedade limitada, regulamentada pelo Decreto nº. 3.708, de 10 de janeiro de 1919. Contudo, o referido instrumento legislativo era muito conciso, de forma que deixava muitas lacunas. Apenas com o advento do Código Civil de 2002 as sociedades limitadas passaram a ser disciplinadas mais detalhadamente, embora ainda não seja suficiente para atender às demandas desse tipo societário. Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 A sociedade limitada tem algumas características importantes, as quais passaremos a tratar daqui em diante. Comecemos com a sua definição. Nos termos do art. 1.052 do Código Civil: Art. 1.052 Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integra- lização do capital social. § 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 (uma) ou mais pessoas. § 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio único, no que couber, as disposições sobre o contrato social (BRASIL, 2002, documento on-line). A sociedade limitada é formada por sócio, ou sócios, cuja responsabilidade é solidária, restrita ao valor das suas cotas (que são a quantidade de bens ou valores com os quais os sócios contribuem para a sociedade). Para Coelho (2005, p. 155), “[...] se o patrimônio social é insuficiente para responder pelo valor total das dívidas que a sociedade contraiu na explo- ração da empresa, os credores só poderão responsabilizar os sócios, executando bens de seus patrimônios individuais, até um certo montante. Alcançado este, a perda é do credor”. A premissa dessa condição é que o direito deve estabelecer mecanismos para estimular empreendedores, e a limitação de perdas é uma forma de estimular a atividade empresarial. Nesse sentido, outra característica importante das sociedades limitadas é o capital social. Este é formado pela soma das contribuições do(s) sócio(s), com a finalidade de atender ao objeto da sociedade e é indispensável para o início das atividades sociais. Como afirma Tomazette (2014, p. 356), “[...] nas sociedades limitadas, o capital só pode ser formado por dinheiro ou bens, não se admitindo a contribuição em serviços, uma vez que o capital social é a garantia dos credores e a contribuição em serviços não teria como suprir esse papel de garantia”. Essa é a normativa do art. 1.055 do Código Civil (BRASIL, 2002). Quanto à administração da sociedade, esta cabe a uma ou mais pessoas, sócias ou não, designadas no contrato social ou em ato separado, de acordo com o art. 1.060 do Código Civil. Contudo, para que a sociedade possa ser administrada por não sócio, é necessária expressa autorização no contrato social, de forma que, se inexistente tal autorização, somente sócios podem ser administradores. É importante destacar que o mandato do administrador pode ser por prazo indeterminado ou determinado, conforme disposições do contrato social. Sociedade limitada2 Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 Ainda no que se refere à administração da sociedade, os sócios devem, obrigatoriamente, reunir-se em assembleia para tratar de qualquer das matérias elencadas no art. 1.071 do Código Civil. Contudo, se a sociedade tiver no máximo 10 sócios, o contrato social pode prever que as deliberações sobre tais matérias ocorram em reunião de sócios. Em relação à participação dos sócios em reuniões e assembleias, a Medida Provisória nº. 931, de 30 de março de 2020, trouxe importante avanço: Art. 1.080-A O sócio poderá participar e votar a distância em reunião ou assembleia, nos termos do disposto na regulamentaçãodo Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia (BRASIL, 2002, documento on-line). A sociedade regularmente constituída é identificada por um nome próprio, por meio do qual assume direitos e obrigações no mundo jurídico. O nome empresarial compreende a expressão de individualização do empresário, identificado no contrato social, devidamente arquivado perante a Junta Comercial do Estado onde são exercidas as atividades econômicas. Tem função semelhante ao nome civil das pessoas naturais, sendo um instrumento para a individualização do empresário, com elementos que servem para demonstrar a existência de sócios, a limitação de responsabilidades e a atividade econômica explorada, por exemplo. No que se refere ao nome empresarial, o art. 1.158 do Código Civil prevê: Art. 1.158 Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final “limitada” ou a sua abreviatura. § 1º A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2º A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3º A omissão da palavra “limitada” determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denomi- nação da sociedade (BRASIL, 2002, documento on-line). 3Sociedade limitada Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 Podemos depreender do art. 1.158 do Código Civil que existem duas espécies distintas de nome empresarial (BRASIL, 2002), conforme descrito a seguir. Firma — é o nome empresarial formado pelo nome completo do titular da empresa individual ou pelos sobrenomes dos sócios de sociedade empresária, acompanhados de expressão indicativa “Ltda.”. Denominação — é a espécie de nome empresarial formada pela utili- zação de expressões de fantasia, acrescido também de “Ltda.”, que se refere ao tipo societário. Podemos citar como exemplo de firma a expressão “Ferreira e Cardoso Ltda.”, enquanto que exemplos de denominação são “Panificadora Sonho Azul Ltda.” ou “Panificadora Barcelos Ltda.” Contrato social As pessoas jurídicas assumem sua personalidade jurídica por meio do registro dos seus atos constitutivos no registro competente. Para a chamada teoria da re- alidade, de acordo com Venosa (2012, p. 236), “[...] as pessoas jurídicas, segundo essa corrente, são reais, porém dentro de uma realidade que não se equipara à das pessoas naturais”. Nesse sentido, assim prevê o art. 45 do Código Civil: Art. 45 Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro (BRASIL, 2002, documento on-line). Dessa forma, para existir, a pessoa jurídica depende de um ato de consti- tuição, que representa a autonomia da vontade dos indivíduos que a compõem, diferenciando-os. A teoria da realidade considera a pessoa jurídica não como uma ficção, mas como um ente real, tendo em vista que o ser humano é o Sociedade limitada4 Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 centro de interesse do Direito, mas não pode cumprir todos os seus objetivos senão unindo-se a outros seres humanos, de maneira que cabe ao Direito também reconhecer e proteger os interesses e a atuação de um grupo social. As sociedades limitadas são constituídas por meio de um contrato social, que é o documento mais importante para a sociedade limitada, o qual deve ser registrado na Junta Comercial do Estado. De acordo com o art. 977 do Código Civil: Art. 997 A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I — nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II — denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; III — capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; IV — a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; V — as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em serviços; VI — as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições; VII — a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas; VIII — se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais (BRASIL, 2002, documento on-line). O contrato social poderá, no curso de existência da sociedade limitada, ser alterado a qualquer momento no sentido de modificar, suprimir ou adicionar disposições. É fundamental, porém, que essas alterações sejam averbadas no órgão de registro competente, nos termos do art. 999 do Código Civil: Art. 999 As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decididas por maioria absoluta de votos, se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime. Parágrafo único. Qualquer modificação do contrato social será averbada, cumprindo-se as formalidades previstas no artigo antecedente (BRASIL, 2002, documento on-line). 5Sociedade limitada Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 Destacamos que as alterações no contrato social, independentemente da sua natureza (se supressões, adições ou modificações), devem ser averbadas para que gerem efeitos no mundo jurídico. O contrato social continua vigente, porém com as novas disposições. Não se trata de um novo contrato social, tendo em vista que o documento não pode ser substituído, mas apenas alterado (Quadro 1). Contrato social Supressões, adições e modificações não geram um novo contrato, apenas alteram o original. Não há limite de alterações, podem ser feitas sempre que necessário. Todas as alterações devem ser averbadas para surtirem efeito. Quadro 1. Alterações do contrato social devem ser averbadas para que surtam efeitos Por fim, destacamos que, de acordo com o art. 1.053 do Código Civil, nas omissões deste diploma legal, as sociedades limitadas regem-se pelas normas das sociedades simples, porém o contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima (BRASIL, 2002). Responsabilidade dos sócios Conforme comentado, a responsabilidade dos sócios pelas obrigações da sociedade limitada está sujeita a limites. Assim, caso o patrimônio social seja insufi ciente para atender ao valor total das dívidas contraídas, os credores somente poderão executar o patrimônio até um teto. Esse limite refere-se ao total do capital social subscrito e não integralizado. Como comenta Coelho (2005, p. 155), “[...] capital subscrito é o montante de recursos que os sócios se comprometem a entregar para a formação da sociedade; integralizado é a parte do capital social que eles efetivamente entregam”. Sociedade limitada6 Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 Como exemplo de patrimônio social, imaginemos a seguinte situação: Pedro e João estipulam o capital social de R$ 100,00, de forma que cada cota é R$ 1. Se Pedro subscreve 50 cotas e João subscreve 50 cotas, ambos se comprometeram a entregar R$ 50,00 para a constituição da sociedade. Nesse sentido, dispõe o art. 1.055 do Código Civil: Art. 1.055 O capital social divide-se em quotas, iguais ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio. § 1º Pela exata estimaçãode bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade (BRASIL, 2002, documento on-line). A integralização do capital poderá ser feita à vista, no ato da constituição da sociedade, ou poderá ser feita a prazo. Cumpre destacar também que os sócios são solidariamente responsáveis pela integralização do capital social. Contudo, a responsabilidade limitada dos sócios comporta algumas exce- ções. Entre outras, destacamos: os sócios que deliberarem contrariamente à lei ou ao contrato social deverão responder de maneira ilimitada pelas obrigações sociais rela- cionadas à deliberação ilícita, nos termos do art. 1.080 do Código Civil; se a sociedade for composta exclusivamente por sócios cônjuges ca- sados no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória, eles responderão ilimitadamente pelas obrigações sociais, em atenção ao art. 977 do Código Civil; se o sócio fraudar credores, deverá responder ilimitadamente pelas obrigações sociais, de acordo com o art. 50 do Código Civil, que trata da desconsideração da personalidade jurídica. 7Sociedade limitada Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 Sobre a desconsideração da personalidade jurídica, Tartuce (2015, p. 255) comenta que “[...] a regra é de que a responsabilidade dos sócios em relação às dívidas sociais seja sempre subsidiária, ou seja, primeiro exaure-se o patrimônio da pessoa jurídica para depois, e desde que o tipo societário adotado permita, os bens particulares dos sócios serem executados”. Assim, considerando a possibilidade de exclusão de responsabilidade dos sócios, muitas vezes, a pessoa jurídica pode se desviar dos seus fins e princípios, fazendo surgir a teoria da desconsideração da personalidade jurídica, prevista no art. 50 do Código Civil: Art. 50 Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) I — cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do admi- nistrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) II — transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) III — outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) § 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da fina- lidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica (BRASIL, 2002, documento on-line). Assim, quando a pessoa jurídica for utilizada para fugir das suas finalidades e lesar terceiros, sua personalidade jurídica deve ser desconsiderada, ou seja, sua existência não deve ser levada em conta, fazendo o julgador decidir como se o ato ou o negócio jurídico tivesse sido praticado pelos sócios, na qualidade de pessoas naturais. Sociedade limitada8 Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 Ressaltamos que o art. 50 do Código Civil prevê o abuso da personalidade jurídica e impõe os requisitos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial para que seja aplicada a teoria da desconsideração da personalidade jurídica da pessoa jurídica. Por desvio de finalidade, são entendidos os atos que não condizem com o objetivo do ato constitutivo e executados com a finalidade de prejudicar alguém, é o mau uso da finalidade social; já por confusão patrimo- nial, entendemos a mistura do patrimônio social com o patrimônio particular do sócio, causando danos a terceiros. Cabe ressaltar que não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/2002/l10406.htm. Acesso em: 20 maio 2019. BRASIL. Lei nº. 13.874, de 20 de setembro de 2019. Institui a declaração de direitos de liberdade econômica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/L13874.htm. Acesso em: 20 abril 2019. COELHO, F. U. Curso de Direito Comercial. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 2. VENOSA, S. S. Direito Civil: parte geral. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 230, 231. v. 1. TARTUCE, F. Direito Civil 1: lei de introdução e parte geral. São Paulo: Método, 2015. TOMAZETTE, M. Curso de Direito Empresarial: teoria geral e direito societário. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2014. v. 1. Leitura recomendada REQUIÃO, R. Curso de Direito Comercial. São Paulo: Saraiva, 2014. 9Sociedade limitada Identificação interna do documento X8FE8CMPPO-OKX95S1 DICA DO PROFESSOR Embora o registro da sociedade limitada seja feito nas Juntas Comerciais, sua normatização e diretrizes legais são dadas pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), órgão responsável por emitir instruções normativas para regulamentar a legislação empresarial. A seguir, na Dica do Professor, conheça os impactos da instrução normativa n.o 38, emitida em 2017, para as sociedades limitadas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As sociedades limitadas conferem limites à responsabilidade dos sócios, no entanto há exceções à regra. Assim, sobre a desconsideração da personalidade jurídica é correto afirmar que: A) Trata-se da decretação de falência da pessoa jurídica em virtude do seu desvio de finalidade. B) É a extinção da pessoa jurídica, tendo em vista a verificação de confusão patrimonial. C) É quando, se verificado desvio de finalidade e confusão patrimonial, o patrimônio dos sócios responde por débitos da pessoa jurídica. D) Refere-se à penalidade que a pessoa jurídica sofre quando o patrimônio dos sócios não é suficiente para saldar as dívidas empresariais. E) Diz respeito à opção do sócio em construir o patrimônio da sociedade separado do seu patrimônio pessoal. 2) Ângelo e Marisa são irmãos e os únicos sócios em uma farmácia de manipulação, sendo Ângelo o sócio majoritário. O filho de Marisa concluiu os estudos recentemente e os sócios pretendem torná-lo administrador da sociedade. Considerando as disposições do Código Civil, é correto afirmar que: A) O filho de Marisa não poderá ser o administrador, tendo em vista que apenas sócios podem administrar a sociedade. B) Apenas Ângelo, por ser sócio majoritário, poderá ser administrador da sociedade. C) O filho de Marisa poderá ser administrador se for incluído como sócio com quotas referentes a um valor superior a 30% do capital social. D) Ângelo e Marisa poderão designar o filho desta como administrador, desde que assim seja designado no contrato socialou em ato separado e desde que haja expressa autorização no contrato social. E) A administração da sociedade deve ser feita por todos os sócios, com poderes em comum, sendo vedada a prevalência de um sócio sobre o outro ou a atuação de pessoas estranhas à sociedade como administradores. 3) O nome empresarial apresenta a expressão de individualização do empresário, identificado no contrato social. Considerando as previsões legais sobre nome empresarial, um exemplo de denominação é: A) Construtora Construindo Sonhos S/A. B) Carlos Ferreira Comércio de Bebidas S/A. C) Campos e Campos Ltda. D) Jonas Silva da Silva Ltda. E) Confeitaria Brigadeiro Feliz Ltda. 4) O contrato social é o documento fundamental das sociedades limitadas, cujo registro deve ser feito na Junta Comercial. Sobre eventuais alterações no contrato social, é correto afirmar que: A) São proibidas, tendo em vista que o contrato social é o principal instrumento jurídico da sociedade limitada. B) Eventuais alterações podem ser feitas apenas para adicionar informações, não para suprimir disposições contratuais. C) Independente da sua natureza, devem ser averbadas na Junta Comercial para que possam operar seus efeitos jurídicos. D) Adições e supressões podem ser feitas no contrato social, porém apenas as adições devem ser averbadas na Junta Comercial. E) É direito dos sócios averbar as alterações realizadas no contrato social. 5) Considere a frase abaixo: O capital social é constituído pelas contribuições dos sócios a fim de atender ao objeto da sociedade e divide-se em _______. É ______ quando os sócios declaram o valor ao qual se comprometem e é ______ quando os sócios efetivamente o entregam à sociedade. Os termos que corretamente completam a frase acima são: A) Quotas, subscrito e integralizado. B) Quotas, integralizado e subscrito. C) Subscrito, cotas e integralizado. D) Subscrito e integralizado, integralizado e subscrito. E) Subscrito e integralizado, subscrito e integralizado. NA PRÁTICA As pessoas são livres para constituir sociedade, sendo a sociedade limitada o tipo mais comum no Brasil em todos os ramos de comércio, indústria e serviços. Para que as sociedades limitadas sejam regularmente constituídas, é preciso observar as disposições legais que determinam as regras sobre os sócios, sua responsabilidade e funcionamento, entre outros aspectos. A seguir, no Na prática, veja um exemplo de constituição de uma sociedade limitada. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Clique STJ: exclusão de sócio majoritário O vídeo a seguir trata sobre uma decisão judicial que traz a possibilidade de exclusão do sócio majoritário a pedido dos sócios minoritários. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Publicada lei que reduz o quórum de deliberação em sociedade limitada O artigo a seguir trata da lei que reduz o quórum de deliberação nas sociedades limitadas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Dissolução parcial judicial de uma sociedade limitada: direito de retirada e exclusão do sócio O artigo a seguir trata da dissolução parcial judicial das sociedades limitadas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ex-sócio não responde por obrigação assumida após sua saída da empresa No artigo a seguir, você vai ler sobre a decisão judicial que reflete a importância de averbar as alterações no contrato social. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Compartilhar