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Direito Administrativo (33)

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PREPARATÓRIO PARA OAB
Professor: Dr. Carlos Toledo
DISCIPLINA: DIREITO ADMINISTRATIVO
Capítulo 1 Aula 1 
NOÇÕES GERAIS E PRINCÍPIOS 
DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
Coordenação: Dr. Carlos Toledo
01
Noções Gerais Sobre o Direito Administrativo
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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TEMA 1 - INTRODUÇÃO
TEMA 2 - A FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
Exemplo do exercício de funções atípicas:
A importância do Direito Administrativo se faz sentir em nosso dia-a-dia. Se observarmos nosso cotidiano, 
constataremos que boa parte dele é condicionado pelas normas de Direito Administrativo. A prestação de 
serviços públicos (como água, luz, transporte), o uso dos bens públicos (como ruas, praças, telefones 
públicos) e até mesmo a manutenção da convivência harmoniosa entre os cidadãos (exercício da polícia 
administrativa: trânsito, saúde pública, meio ambiente, etc.) são objetos do Direito Administrativo.
Para compreender o Direito Administrativo, é necessário relembrar um pouco nossas aulas de história.
Vamos nos lembrar que no Século XVIII, vários teóricos tentaram repensar o funcionamento do Estado, de 
maneira a limitar o Absolutismo então vigente, favorecendo a liberdade e o bem-estar dos cidadãos. 
Destacou-se nesse meio, o pensamento de Montesquieu, que formulou a doutrina da separação dos Poderes 
do Estado. Essa separação é uma das bases do chamado Estado de Direito e é adotada por todos os países 
democráticos, porém, cada qual a adaptando às suas peculiaridades.
Nossa Constituição Federal adotou tal doutrina ao prever a existência de três Poderes, independentes e 
harmônicos: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Para diferenciá-los, costuma-se dizer que o Poder Legislativo tem por tarefa elaborar as leis, isto é, as normas 
gerais e abstratas a serem seguidas por todos; o Poder Judiciário, por sua vez, soluciona os litígios 
decorrentes da aplicação dessas mesmas normas; ao Poder Executivo cabe atender concretamente os 
interesses e necessidades da coletividade, o que faz também com base nas leis elaboradas pelo Legislativo. 
Essas são as chamadas funções típicas de cada um desses Poderes. Mas há situações em que um Poder 
acaba por exercer funções não-típicas. Ou seja, há sempre uma função predominante em cada Poder e, em 
caráter eventual ou acessório, o exercício de outra função.
 
- o Senado, órgão do Legislativo Federal, ao julgar o Presidente da República por crime de responsabilidade, 
está exercendo a função jurisdicional – que é típica de outro Poder, o Judiciário.
- o Presidente da República, chefe do Poder Executivo Federal, ao editar uma Medida Provisória, está 
exercendo a função legislativa, típica do Poder Legislativo.
- um Tribunal de Justiça, órgão do Poder Judiciário, ao realizar uma licitação para compra de viaturas, está 
exercendo função administrativa, típica do Poder Executivo.
Aula 1
02
Vamos observar o seguinte esquema, que nos fará entender melhor:
 - função legislativa (típica)
Poder Legislativo - função jurisdicional
 - função administrativa
Poder Judiciário - função jurisdicional (típica)
 - função administrativa
Poder Executivo - função administrativa (típica)
 - função legislativa 
É interessante observar que a função administrativa está presente em todos os Poderes.
Isso ocorre porque as atividades administrativas são meios necessários para que tanto o Poder Legislativo 
como o Poder Judiciário possam realizar suas tarefas principais. Nomear servidores, fazer licitações, celebrar 
contratos, adquirir e administrar bens são atividades tipicamente administrativas, necessárias ao 
funcionamento do Estado como um todo, em quaisquer dos seus Poderes.
Acho que já entendemos, mais ou menos, o que é a função administrativa. Porém, conceituá-la é tarefa 
dificílima, havendo autores que preferem dizer: é tudo aquilo que não é função legislativa, nem função 
jurisdicional. 
Vamos fornecer, apenas como suporte para avançarmos em nosso conhecimento, o seguinte conceito:
CONCEITO: A função administrativa consiste no exercício de poderes, pelo Estado e seus agentes, com a 
finalidade de: a) satisfazer concretamente os interesses essenciais da coletividade; e b) promover a 
organização e funcionamento dos órgãos estatais, de molde a possibilitar o exercício de suas atividades. 
Conhecendo o que é a função administrativa e o que ela representa no quadro das atividades estatais, fica 
mais fácil compreender qual o objeto do Direito Administrativo. 
Forneceremos dois conceitos: 
Conceito 1. O Direito Administrativo é o conjunto de normas e princípios que regulam o exercício da função 
administrativa pelos agentes estatais. 
Conceito 2. O Direito Administrativo é conjunto de normas e princípios que disciplina: a) as atividades 
estatais destinadas a satisfazer concretamente os interesses essenciais da coletividade; e b) a organização e 
funcionamento dos órgãos estatais para o desempenho de suas tarefas.
TEMA 3. O DIREITO ADMINISTRATIVO
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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Para entender um pouco mais esse objeto, talvez seja melhor falarmos um pouco das várias atividades que se 
encontram abrangidas nesse conceito.
Podemos dizer que o Direito Administrativo abre-se como um grande guarda-chuva, sob o qual se abrigam 
diversas atividades, como:
- elaboração de regulamentos e normas administrativas
- prestação de serviços públicos
- fiscalização e limitação da atividade dos particulares
- condução de processos administrativos
- licitação e celebração de contratos administrativos
- estabelecimento de parcerias 
- intervenção na propriedade particular
- admissão e gestão de recursos humanos
- gestão de bens do patrimônio público
- realização de obras públicas
- controle da própria Administração
- responsabilidade por danos cometidos pela Administração
Ao estudar o Direito Administrativo, temos de ter em vista uma idéia: a Administração não é um fim em si 
mesma, ela é um meio de realizar as necessidades da coletividade. Assim, o Poder que ela tem somente se 
justifica se ele for usado para satisfazer o chamado interesse público.
É claro que não foi sempre assim. Na época do Absolutismo o Poder do Rei não necessitava de justificativas. 
O rei fazia o que bem entendia, pois a sua vontade era soberana. Aliás, havia até uma frase, em inglês, que 
justificava esse fato: "The king do no wrong", isto é, o rei não pode errar. A vontade do rei é infalível e não está 
sujeita a qualquer questionamento.
Com o surgimento do Estado de Direito e com a afirmação dos regimes democráticos, o Poder passou a 
necessitar de uma justificação, baseada no bem comum. Os governantes e administradores agora precisam 
justificar suas decisões e atividades, demonstrando que elas são justas e úteis à sociedade. A idéia de Poder 
está agora ligada a idéia de dever, surgindo até a expressão: Poder-dever. A autores, como Celso Antonio 
Bandeira de Mello, que preferem inverter a expressão, falando em dever-poder, enfatizando assim a 
importância maior do dever de atender ao interesse público.
É uma mudança e tanto, ocorrida no espaço de apenas duzentos anos, um tempo muito curto, em termos de 
história humana. 
É nesse contexto que formou-se a idéia deum regime jurídico-administrativo. 
TEMA 4: O REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos Direitos Autorais).”
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Como sabemos, na linguagem do Direito, regime é um tratamento legal dado a alguma pessoa ou situação, 
em razão de suas peculiaridades. Falamos então em regime das sociedades anônimas, regime de bens do 
casamento, etc. 
Da mesma forma, costuma-se dizer que há um regime próprio para a Administração Pública, diferente das 
normas que incidem sobre os particulares. 
E por que existe esse regime especial para a Administração Pública? Justamente para que ela consiga 
realizar suas tarefas da forma mais correta e eficiente possível. Ou seja, para que ela consiga atingir sua 
finalidade essencial: satisfazer o interesse público. 
ATENÇÃO: FINALIDADE ESSENCIAL DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: SATISFAÇÃO DO INTERESSE 
PÚBLICO.
Cabe lembrar que relacionado ao conceito de interesse público são sempre mencionados dois princípios:
1 Princípio da indisponibilidade do interesse público
2 Princípio da supremacia do interesse público.
O princípio da indisponibilidade: O interesse público nos diz que o agente público deve sempre cuidar da 
realização desse interesse, não se desviando desse caminho. Viola esse princípio, por exemplo, o agente 
público que usa a viatura oficial para viajar em férias ou ainda, o agente que desperdiça recursos públicos 
com gastos desnecessários. Também viola esse princípio o servidor que cumpre mal suas tarefas, em prejuízo 
dos usuários do serviço público.
Já o princípio da supremacia do interesse público serve para justificar a existência de poderes e privilégios da 
Administração em relação ao particular. Tendo em vista que o interesse da coletividade é mais importante 
que o interesse dos indivíduos, costuma-se dizer que a Administração está numa relação de superioridade 
em relação ao particular.
É claro que essa superioridade somente existirá quando ela for necessária à realização do interesse público, 
e está limitada pelos direitos individuais consagrados na Constituição e pelo princípio da legalidade que 
estudaremos adiante.
É importante que mencionemos esses princípios, pois eles são úteis para entendermos o regime jurídico-
administrativo. 
Esse regime tem dois pólos: de um lado, ele compreende as chamadas "restrições" da Administração e de 
outro as chamadas "prerrogativas" da Administração.
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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Em razão do princípio da indisponibilidade do interesse público, de que já falamos, a Constituição e a lei 
estabelecem para o Administrador público determinadas restrições, que são meios de evitar que a 
Administração se desvie de seu caminho em busca do interesse público.
 particular, quando quer contratar um empregado, faz isso com ampla liberdade. A 
Administração, não ela precisa realizar um concurso público. Outro exemplo: particular realiza negócios 
com quem desejar, podendo até se basear na simpatia; a Administração não pode: caso ela queira realizar 
um negócio (por exemplo, comprar um bem qualquer) ela deverá realizar o procedimento denominado 
licitação. 
Por outro lado, o princípio da supremacia do interesse público dá a Administração as chamadas 
"prerrogativas", isto é, os poderes e privilégios necessários para que ela possa realizar suas atividades, 
sempre em busca do bem comum.
 particular, ao ver um direito seu lesado necessita sempre requer ao Poder Judiciário a 
reparação desta lesão salvo raríssimas exceções prevista na lei. A Administração, por sua vez, pode punir 
diretamente alguém que feriu as regras administrativas. É o que ela faz, por exemplo, quando impõe multas 
aos motoristas que cometem infrações de trânsito. 
e o particular deseja adquirir um imóvel, deverá contar com a concordância do 
proprietário, numa relação contratual. A dministração, ao contrário pode adquirir bens compulsoriamente, 
por meio da chamada desapropriação. 
Convém sempre lembrar: Esse poder não é ilimitado, pois não vivemos mais no regime do Absolutismo. Ele 
deve ser sempre exercido para a satisfação do interesse público e sempre com respeito aos direitos 
consagrados na Constituição e de acordo com os limites impostos na lei.
1 - O Direito Administrativo é uma matéria relacionada com o dia-a-dia do cidadão e de suas relações com 
o Estado. Relaciona-se, por exemplo, com a prestação de serviços públicos e com a fiscalização da atividade 
dos particulares pelo Estado.
2 - O Direito Administrativo se desenvolveu a partir do surgimento do Estado de Direito, com a diferenciação 
das funções estatais, organizadas em Poderes autônomos e que se controlam reciprocamente.
3 - No nosso Sistema Constitucional, os três Poderes, Legislativo, Judiciário e Executivo, exercem as funções 
que lhe são típicas. Porém, não existe exclusividade no exercício de nenhuma dessas funções.
4 - A função administrativa está presente nos três Poderes do Estado, pois ela é necessária à organização e 
funcionamento dos seus órgãos e no desempenho de suas tarefas.
Exemplo: 
Exemplo:
Mais um exemplo:
CONCLUSÕES DA 1ª AULA:
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"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
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5 - A função administrativa está relacionada com a satisfação concreta dos interesses essenciais da 
coletividade e na organização e funcionamento dos órgãos e entidades estatais.
6 - O Direito Administrativo, portanto, é o conjunto de regras que regula o exercício da função administrativa 
pelos agentes estatais.
7 - A Administração Pública dispõe de poderes jurídicos, para realizar sua tarefa essencial: a satisfação do 
interesse público. Ou seja, para a Administração, poder = dever.
8 - O princípio da indisponibilidade do interesse público impede que a atuação administrativa se desvie de 
seu objetivo: a busca da satisfação dos interesses da coletividade.
9 - O princípio da supremacia do interesse público garante à Administração as prerrogativas, isto é, os 
poderes e privilégios necessários à satisfação dos interesses da coletividade, que se colocam acima dos 
interesses individuais. (Mas sempre respeitando os limites que a Constituição e a lei estabelecem a essas 
prerrogativas, em respeito ao direito dos cidadãos).
10 - O regime jurídico-administrativo é o tratamento especial que o Direito dá à Administração Pública. 
Compreende dois pólos: de um lado, restrições justificadas pela indisponibilidade do interesse público; do 
outro, prerrogativas justificadas pela supremacia do interesse público. 
"Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, assim como a inclusão em qualquer sistema de processamento de dados. A 
violação do direito autoral é crime punido com prisão e multa (art. 184 do Código Penal), sem prejuízo da busca e apreensão do
material e indenizações patrimoniais e morais cabíveis (arts. 101 a 110 da lei 9.610/98 - Lei dos DireitosAutorais).”
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