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Obesidade Infantil 1 🐣 Obesidade Infantil 29/11/2021 - Mariana M. de Almeida DEFINIÇÃO É um distúrbio do metabolismo energético que acarreta acúmulo excessivo de gordura corporal. Além disso, é um grande problema de saúde pública. A obesidade é resultante do desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto de energia. O que contribui para o aumento desenfreado de obesidade no mundo? Estilo de vida sedentário + consumo de alimentos com alta densidade energética ETIOLOGIA Fatores genéticos Fatores ambientais Fatores comportamentais - ALTERAÇÕES AMBIENTAIS E COMPORTAMENTAIS - Mudança no ambiente alimentar nos últimos anos: fast food, bebidas ricas em carboidratos Redução de atividade físico em crianças e adultos (maior tempo de tela) Menor tempo de educação física nas escolas devido maior pressão de desempenho acadêmico Maior uso de automóveis com diminuição de caminhada Menos brincadeiras fora de casa devido falta de segurança Uso excessivo de telas estimulando o sedentarismo Redução do tempo de sono em crianças e adultos, o que leva a diminuição dos níveis de leptina (hormônio de saciedade) e aumento dos níveis de grelina (hormônio de fome) Obesidade Infantil 2 - ALTERAÇÕES GENÉTICAS - Determinantes genéticos podem ser importantes para a susceptibilidade individual Diversos genes são conhecidos relacionados a obesidade, atuando em ingesta alimentar, gasto energético ou ambos Existem algumas síndromes associadas a obesidade, como por exemplo, síndrome de down e turner FISIOPATOLOGIA Há excesso de gordura visceral culminando num maior risco de vida, além do mais, existem diversos fatores que podem favorecer a obesidade: alterações hormonais, influência genética, alterações psicológicas, fatores sociais, qualidade inadequada de sono, hábitos alimentares inadequados, aumento dos marcadores inflamatórios e inflamação subclínica. Os pacientes obesos estão em estado de inflamação crônica. DIAGNÓSTICO Feito a partir de anamnese e exame físico (peso, altura, IMC e circunferência abdominal) Exames complementares podem ser utilizados para obtenção de dados mais precisos da composição corporal e para investigação de possíveis causas e complicações da obesidade Métodos propedêuticos complementares podem ser úteis na determinação mais precisa da composição corporal: 1. Medição de pregas cutâneas (tricipital, subescapular e circunferência do braço) 2. Circunferência do braço 3. Impedância biolétrica 4. Absorciometria por dupla emissão de feixes de raio-x ou DXA. 5. Circunferência abdominal (medição feita no ponto médio entre a borda inferior da última costela e a borda superior da crista ilíaca) - trata-se de uma avaliação indireta da gordura visceral. 6. A medição da pressão arterial deve ser feita em todas as consultas de uma criança que possui obesidade, utilizando-se manguitos apropriados. Porém, Obesidade Infantil 3 numa criança sem comorbidade, a medição da pressão deve acontecer pelo menos 01 vez ao ano. 7. Exames laboratoriais devem ser realizados em crianças e adolescentes com excesso de peso. Vale ressaltar que o diagnóstico é clínico e os exames servem para rastreio de complicações. COMPLICAÇÕES A obesidade leva a importantes complicações na infância e adolescência que persistem por toda vida adulta → maior morbidade (relacionado às sequelas) e mortalidade (eventos fatais) Relação obesidade x inflamação crônica → representa o cenário de uma criança que desde muito cedo sofre com estresse celular e do ponto de vista metabólico é muito prejudicial. ADIPONECTINA tem efeito anti-inflamatório, porém seus níveis estão reduzidos em obesos ADIPÓCITOS secretam peptídeos e citocinas na circulação (interleucinas e fator de necrose tumoral) Há um maior risco de doenças coronarianas As complicações da obesidade podem incluir: 1. DM tipo 2/resistência insulínica A obesidade é o principal fator de risco para DM2, de início já na adolescência e síndrome metabólica. Além disso, os pacientes obesos podem apresentar alterações no metabolismo da glicose, como resistência insulínica, hiperinsulinemia e intolerância à glicose, que podem culminar DM2. 2. Hipertensão Obesidade Infantil 4 Tanto a pressão sistólica quanto a diastólica aumentam com o incremento do IMC, portanto, em pessoas obesas a redução de peso é muito importante. 3. Hiperlipidemia O paciente pode apresentar aumento dos níveis de triglicérides, diminuição da fração HDL, composição anormal do LDL (maior proporção de partículas pequenas e densas, que são mais aterogênicas) 4. Síndrome metabólica Trata-se da associação entre obesidade, HAS, dislipidemia (aumento de TG, diminuição de HDL) e alterações no metabolismo da glicose (resistência insulínica, intolerância à glicose ou diabete tipo 2). Além disso, vai haver uma relação com adiposidade central (abdominal) e com depósitos viscerais de gordura. 5. Esteatose hepática não alcoólica ou doença gordurosa do fígado não alcoólica Vai haver aumento de TG e ácidos graxos livres circulantes o que contribui para o acúmulo de gordura no fígado, desencadeando a esteatose hepática. Além disso, pode progredir para esteato-hepatite e cirrose hepática. 6. Apneia obstrutiva do sono Os distúrbios respiratórios são comuns em obesos devido a deposição de gordura na faringe e nas estruturas perifaringeanas (dificultando passagem do ar pelas vias aéreas superiores) além disso, vai haver restrição na expansibilidade da caixa torácica devido excesso de tecido adiposo. *** APNEIA OBSTRUTIVA DO SONO = episódios repetidos de pausas respiratórias durante o sono e múltiplos despertares com isso, pode causar sonolência diurna, Obesidade Infantil 5 déficit de atenção, aumento do risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 7. Complicações ortopédicas A protrusão do abdome causa acentuação da lordose lombar e aumento da inclinação anterior da pelve. Podem acontecer também alterações em estruturas músculo-ligamentares das regiões glúteas e dos quadris resultando em joelhos valgos e pés planos valgos e impacto nas articulações dos quadris, joelhos e tornozelos determinando desenvolvimento de processos degenerativos (sobrecarga articular) 8. Alterações dermatológicas Aparecimento de estrias devido esgarçamento da pele, infecções fúngicas e/ou bacterianas nas regiões das dobras devido umidade local e atrito com tecidos. 9. SOP Paciente pode cursar com hiperandrogenismo, acne, irregularidades menstruais associado à resistência insulínica (obesidade central, acantose nigricans) 10. Problemas de saúde mental Problemas com autoestima, depressão, bullying TRATAMENTO É necessário uma abordagem multidisciplinar (pediatra, nutricionista, psicólogo, educador físico). Trata-se de um tratamento de longa duração, além do mais, o acompanhamento nutricional visa reeducação alimentar gradativa, com orientação alimentar individualizada de acordo com a idade, desenvolvimento puberal e presença de comorbidades. Orientações comportamentais: Não comer assistindo TV Prestar atenção ao que estiver ingerindo Mastigar bem Não beber líquido para auxiliar na deglutição Respeitar os horários das refeições Obesidade Infantil 6 Em relação as comorbidades (elevação de LDL, HDL baixo, triglicerídeos elevados, hipertensão) raramente são prescritos medicações para as crianças, mas sim, orientação para mudança de hábitos, restrição da ingesta de sódio, gorduras, carboidratos. Atividade física: Aumento do gasto energético e modificação do estilo de vida A indicação do exercício precisa respeitar as limitações e preferências de cada paciente O programa de exercícios tem que ser desenvolvido de maneira gradativa, priorizando as atividades aeróbias e de baixo impacto para as articulações, realizadas regularmente. As atividades sedentárias (tv, computador, videogame) devem ser reduzidas a 2h/dia Psicólogo: Papel importante fortalecendo e mobilizando o paciente para suportaro tratamento, que em geral é lento e com muitos insucessos Distúrbios emocionais mais graves: avaliar psicoterapia individual e acompanhamento psiquiátrico É fundamental a participação da família, modificando hábitos alimentares e estilo de vida inadequados PREVENÇÃO A prevenção da obesidade inicia-se desde o pré-natal e aleitamento materno (primeiros 1000 dias - programação metabólica) Obesidade Infantil 7 Atenção nos cuidados primários de saúde (monitoramento ponderoestatural, orientações nutricionais, identificação de situações de risco) Diminuir comportamento sedentário Estímulo a prática de atividade física também fora da escola
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