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Desafios para se minorar o excesso de trabalho e privilegiar a saúde mental na sociedade brasileira O filme norte-americano “O Diabo Veste Prada” retrata o excesso de trabalho de Andrea Sachs e a forma hostil com que essa é tratada por Miranda Priestly, sua chefe. O excesso de trabalho, independentemente da área em que se atua, é comum tanto na ficção quanto na realidade e, mais ainda, carrega consigo inúmeros desafios. Dessa forma, tendo em vista que, quando de modo exacerbado, o trabalho pode ser prejudicial, cabe pontuar dois fatores desafiantes no enfrentamento dessa problemática: os danos psíquicos ocasionados e as tentativas da sociedade de normalizar a ocorrência dessas situações. Nesse contexto, é válido ressaltar que, a partir do momento em que há sofrimento no âmbito trabalhista, há uma violenta tensão na vida particular do trabalhador, o que resulta na sua fragilidade emocional. A Organização Mundial da Saúde, em sua Constituição, considera a saúde como direito fundamental da sociedade. Entretanto, sabe-se que esse direito não é garantido em alguns casos, e com isso, o nível de estresse de muitos trabalhadores que, ao trabalharem excessivamente e possuírem uma grande sobrecarga de serviços, apresentam quadros degradantes de desequilíbrio físico e mental aumenta, o que pode torná-los suscetíveis às doenças psicológicas e, por conseguinte, às crises de ansiedade, pânico, depressão e, até mesmo, a algumas síndromes – como, por exemplo, a Síndrome de Burnout. Logo, é nítida a importância de privilegiar a saúde mental e preservar o ambiente trabalhista e as funções relacionadas a esse como algo harmônico, saudável e sem exageros. Além disso, a romantização dessas situações é um fator que contribui para que essa pauta não seja minorada. A teoria do “Liquidismo Social”, de Zygmunt Bauman, descreve as causas que fazem com que as relações humanas se tornem, cada vez mais, fluídas e voláteis, de modo a gerar impactos ao distanciar as pessoas e propagar a naturalização de casos de trabalho em demasia. Nesse viés, pode-se afirmar que a comunicação entre colegas de trabalho se torna, incessantemente, menor, uma vez que, na maioria das vezes, essa problemática é ignorada e posta de lado nos debates trabalhistas e, consequentemente, esses casos são normalizados e vistos como comuns, o que faz com que o índice de casos de trabalhadores “workaholics” – viciados em trabalhar – que possuem danos psicoemocionais ou precisam parar de trabalhar cresça de forma significativa e, também, é ocasionada uma espécie de ânsia negativa sentida por esses a respeito do trabalho. Assim, faz-se necessário romper a ocorrência dessa conjuntura. Sendo assim, é incontestável que a fragilidade emocional ocasionada e a tendência de negligenciar essas situações são fatores que impedem a minimização desses casos. Portanto, a fim de expandir a assistência psicológica pública para trabalhadores das mais variadas esferas de profissões, o Ministério do Trabalho e Previdência, em ação conjunta com o Ministério da Saúde, deve, por meio de verbas governamentais, investir na inserção do letramento socioemocional – robusto e permanente – nos ambientes trabalhistas e exigir que empresas que possuam uma renda alta ou média invistam na contratação de profissionais especializados, a exemplo de psicólogos e psiquiatras, para que seus funcionários sejam atendidos. Concomitantemente, com o intuito de conscientizar a população, é necessário que o governo federal, por meio de campanhas nas mídias sociais e televisivas – Facebook, Instagram e Youtube –, tendo em vista a grande visibilidade e facilidade de acesso às informações veiculadas por esses canais de comunicação, promova projetos e propagandas que explicitem os perigos do trabalho em excesso. Somente assim, casos como o de Andrea serão reduzidos e a sociedade não tratará essa pauta como algo normal e que não deve ser atenuado. Aluna: Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes Série: 3º ano
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