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Introdução -O Plano Anestésico é obtido através de diversos fármacos de diferentes classes farmacológicas. -O estado neurofisiológico produzido no Plano Anestésico inclui pelo menos as seguintes condições orgânicas: • perda da consciência (hipnosis) -hipnose- causa sono • amnésia • analgesia • relaxamento da musculatura esquelética • inibição dos reflexos autônomos -Procedimento anestésico é uma combinação de fármacos e efeitos para se alcançar o plano anestésico. -São utilizados: ansiolíticos, sedativos, hipno- analgésicos, bloqueadores musculares, anestésicos venosos e inalatórios, anestesias regionais, raqui e peridural. vias de adm: VO, transdérmica, IM, EV, inalatória, VR Fases da anestesia geral -Profundidade da anestesia: grau de depressão do SNC Mecanismo de ação • Alvos moleculares localizados em múltiplos locais do sistema nervoso central • Principal local de ação: sinapses • Efeitos: Reforço das vias inibitórias e diminuição da excitação dentro do SNC Canais de cloreto: receptores de ácido γ- aminobutírico A [GABAA ] e glicina Canais de potássio que modulam a excitabilidade neuronal (subunidades TREK1, TREK2, TASK1, TASK3 ou TRESK) -Principal mecanismo é potencializar a ação do GABA nos receptores GABAA -Gaba ativa canais de cloreto- cloreto vai entrando e potássio vai saindo- bloqueia a condução do estimulo eletrico Anestésicos gerais -Possíveis pontos de ligação dos anestésicos nas subunidades dos receptores GABAA . -a. Ligação do isoflurano; -b. Ligação do propofol -Canais ativados pelo glutamato: receptores AMPA (ácido amino-3-hidroxi-5-metil-4- isoxazol-propiônico), cainato e NMDA (N- metil-d-aspartato) -Receptores para serotonina (receptores de 5-HT2 e 5-HT3 ). -Canais para sódio (receptores nicotínicos e muscarínicos) Efeitos no SN • Efeitos celulares: Aumentar a inibição, reduzir a excitação e inibir a transmissão sináptica excitatória • Diferentes regiões do cérebro são afetadas • Causam amnésia a curto prazo (afetam hipocampo) • ↑ concentração do anestésico = funções cerebrais são progressivamente afetadas, incluindo o controle motor e a atividade reflexa, a respiração e a regulação autônoma • Margem estreita - anestesia cirúrgica x depressão respiratória Efeitos nos sistemas cardiovascular e respiratório • A maioria dos anestésicos diminui a contratilidade cardíaca • O isoflurano e outros anestésicos halogenados inibem o fluxo simpático, reduzem o tônus arterial e venoso: ↓ PA e venosa • Anestésicos inalatórios: graus variáveis de propriedades broncodilatadoras, um efeito valioso em pacientes com sibilos ativos e estado asmático. -Isoflurano e o desflurano causam irritação das vias respiratórias Sevoflurano: uso em pacientes com broncoespasmo ativo Anestésicos intravenosos • Normalmente são usados para indução da anestesia • Produzem inconsciência em torno de 20 segundos ➔ Propofol ➔ Etomidato ➔ Midazolam ➔ Quetamina (Cetamina) Propofol ● Mec. de Ação: envolvem a facilitação da neurotransmissão inibitória mediada pela ligação ao receptor GABA A. Propofol aumenta a afinidade de ligação de GABA para o receptor GABA A. a ativação do receptor GABA A leva a hiperpolarização da célula neural. • Rápida indução (30s) e recuperação rápida em minutos. • É particularmente útil na cirurgia ambulatorial, principalmente porque provoca menos náuseas e vômitos que os anestésicos inalatórios. • Solução oleosa (emulsão) - dor local, flebite e contamina fácil. • Efeitos colaterais: hipotensão, bradicardia (mais pronunciados com o aumento da idade) e depressão respiratória • Pode induzir a “síndrome da infusão do propofol” - acidose metabólica, necrose muscular esquelética, hepatomegalia, falência renal, colapso cardiovascular. Principalmente em uso prolongado. • Uso: Sedação e Hipnonalgesia e Indução anestésica. Uso em infusão contínua. • Metabolização hepática e plasmática, rapidamente eliminado da circulação. Efeitos se revertem em 10 min após a suspensão da medicação venosa. • Não recircula em obesos. Segurança na recuperação pós-anestesia. – já que o tecido adiposo acumula medicamento e vai liberando gradualmente na corrente sanguínea- denominado recirculação • Seguro para ser utilizado em pacientes com insuf hepática, insuf renal. • Diminui pressão intracraniana, metabolismo e circulação cerebral. • Pouco efeito sobre a FC, porém causa hipotensão arterial de acordo com a velocidade de infusão. • Profundo depressor respiratório. Causa apnéia facilmente. • Pode desencadear reação histamínica e asma. Etomidato • Mec. Ação: O etomidato deprime o sistema de ativação reticular e imita os efeitos inibitórios do GABA. • Rápida ação de sedação e inconsciência profunda devido a alta lipossolubilidade. • Pouca depressão cardiovascular. • Causa menos hipotensão que o propofol – é muito utilizado em idosos cardiopatas • Efeitos colaterais: Movimentos involuntários durante a indução (efeito extra-piramidal), náuseas e vómitos pós-operatórios, dor no local da injeção. • Suprime a produção dos esteróides (cortisol e aldosterona) na suprarrenal. – aldosterona (retem sódio e aumenta a PA) e cortisol (aumenta o SNS) • Sem reação histaminérgica.- alergica • Metabolização hepática e eliminação renal • Depressão respiratória somente quando associado a opióides. • Diminui a pressão intracraniana e diminui metabolismo e fluxo sanguíneo cerebral • Não tem efeito analgésico, apenas hipnotico Cetamina (quetamina) • Bloqueia a ativação do receptor NMDA (( antagonista do receptor N-metil-d-aspartato (NMDA) (um subtipo do receptor de glutamato) ) e Inibe reflexos da coluna medular. • Início da ação é relativamente lento (1-2 min); • Poderoso analgésico; • Produz anestesia “dissociativa”: perda sensorial acentuada, analgesia e amnésia, sem perda completa da consciência. Atua no tálamo impedindo a comunicação do córtex sensorial com o sistema reticular do tronco cerebral. • Pouca depressão respiratória • Disforia, alucinações, delírios durante a recuperação; usada, principalmente, para procedimentos menores em crianças; • Pode aumentar a pressão intracraniana • Uso: Indução e Sedação em humanos. Porém pouco uso em humanos, maior uso em veterinária. Também considerada droga ilícita. • Sub-doses causa efeitos alucinógenos. Absorção por todas as vias. • Metabolismo hepático e excreção hepática e renal. • Efeitos sobre o sistema cardiovascular são dose dependentes: baixa dose aumenta a FC e PA; altas doses efeito contrário. • Pouca ação na depressão respiratória. • Aumenta o fluxo sanguíneo cerebral. Benzodiazepínico - Midazolan, Diazepan, Lorazepan, Clonazepan. -não possuem efeito analgésico • Atua no receptor GABAA aumentando a frequência da abertura dos canais de cloreto. • Antagonista: flumazenil (bloqueia o sítio de ligação do benzodiazepínico no GABAA ) • Midazolan é hidro e lipossolúvel, boa penetração em todos os tecidos e facilmente degradado e excretável. – é o que mais provoca aminesia retrograda- usada em crianças • Diazepan tem um ciclo entero-hepático marcante o que causa uma redistribuição sistêmica após 12 horas. • Início e término de ação mais lentos, exceto midazolan. • Uso: pre-medicação, sedação e indução pré-anestásica e em procedimentos como endoscopia, pequenas cirurgias em que não é necessária anestesia geral. -Outros usos: ansiolítico, amnésia retrógada, sedativo, em altas doses causa sedação profunda. • Atua no tecido cerebral: Diminuindo o fluxo sanguineo, diminui metabolismo e consumo de oxigênio, diminui a pressão intra-craniana. Preserva vitalidade do tecido cerebral. (Não tão eficaz quanto os barbitúricos) • Menor depressão cardiovascular e respiratória (quando adm isoladamente só o benzodiazepínico) • Atenção: efeito sinérgico hipotensor quando seutiliza benzodiazepínico + opióides. Barbitúricos -Tiopental, Secobarbital, Fenobarbital • Atua no receptor GABAA , potencializa ação do GABA deixando os canais de cloreto mais tempo abertos. • Depressão do sistema reticular do tronco cerebral (bloqueio de funções autonômicas e consciência). • Uso: Sedação e Anestesia, atualmente em desuso. Em baixas doses apenas causa sedação e não promove anestesia. Em altas doses causa anestesia, porém instabilidade hemodinâmica, abolição da respiração sem bloquear o reflexo da laringoscopia. • Menor depressão do miocárdio e respiratória. Porém causa hipotensão arterial. Grande variabilidade hemodinâmica. • Alta lipossolubilidade -> alta redistribuição e recirculação, prolongando o tempo de ação depressor. • Início e término de ação muito lentos • Degradação e excreção hepática • Coma barbitúrico: utilizado em UTI em pacientes submetidos a cirurgia neurológica ou que tiveram importante traumatismo cerebral. Atua no tecido cerebral: Diminuindo o fluxo sanguineo, diminui metabolismo e consumo de oxigênio, diminui a pressão intra- craniana. Preserva vitalidade do tecido cerebral. • Efeito indutor enzimático: Tem a capacidade de induzir sistema citocromo P 450, e assim acelera a degradação de outros fármacos. • Uso prolongado pode diminui fluxo em órgãos parenquimatosos interferindo na função renal e induzir anemia hemolítica. Anestésicos inalatórios • Mais utilizados: isoflurano, sevoflurano e desflurano • Óxido nitroso ainda é usado, especialmente na prática obstétrica • Halotano - apenas ocasionalmente, em desuso. Principais fatores que determinam a velocidade da indução e da recuperação: • Propriedades do anestésico: ‣ coeficiente de partição sangue:gás (solubilidade no sangue): determina velocidade de indução e recuperação ‣ coeficiente de partição óleo:gás (solubilidade na gordura) -o ideal é que o anestésico inalatório tenha baixíssima afinidade com o sangue e o tecido adiposo • Fatores fisiológicos: – taxa de ventilação alveolar – débito cardíaco -Motivo pelo qual a anestesia é mais lenta com gases anestésicos mais solúveis. Nesse diagrama esquemático, a solubilidade no sangue é representada pelo tamanho relativo do compartimento sanguíneo (quanto mais solúvel, maior o compartimento). -pressões parciais relativas dos agentes nos compartimentos estão indicadas pelo grau de enchimento de cada compartimento. Para determinada concentração ou pressão parcial dos dois gases anestésicos no ar inspirado, será necessário mais tempo para que a pressão parcial do gás mais solúvel (halotano) no sangue alcance a mesma pressão parcial nos alvéolos. -Como a concentração do agente anestésico no cérebro não pode aumentar mais rapidamente do que a concentração no sangue, o início da anestesia será mais lento com o halotano do que com o óxido nitroso. Solubilidade lipídica e potência Definições -Concentração alveolar mínima (CAM): quantidade necessária para abolir o movimento em 50% dos pacientes estimulados por uma incisão média. -É a dose eficaz média (DE50) do anestésico: porcentagem de gás em uma mistura necessária para alcançar o efeito -↑ CAM, ↓ potência -↑ lipossolubilidade ↓ concentração necessária para produzir anestesia = maior é a sua potência -a lipossolubilidade aumenta a potência da anestesia mas dificulta a saída do organismo -quanto maior a potência, precisa-se de uma dose menor para gerar anestesia, porem isso retarda, sobretudo, a recuperação, pois o fármaco se acumula no tecido adiposo Equipamento de anestesia inalatória -Carrinho de anestesia -Mistura de gases: ● anestésicos inalatório, ● oxigênio ● ar ambiente ● ar comprimido ● óxido nitroso ● controle do volume de ar e FR -Oximetria de pulso, capinógrafo, sinais vitais, monitor cardíaco. -Medicações de emergência, materiais de EOT e acesso venoso superficial e profundo -Esgoto de drenagem dos gases Isoflurano • Anestésico volátil mais comumente utilizado • Não inflamável • Indução em menos de 10 min (3% em O2). Manutenção (1,5-2,5%). • Não é consideravelmente metabolizado e não possui a ação pró-convulsiva do enflurano. • Possível risco de isquemia coronariana nos pacientes suscetíveis. • Mínima depressão cardíca. Hemodinamicamente estavel. Embora possa causar hipotensão, produz vasodilatação coronária. • Efeito broncodilatador Desflurano • Quimicamente semelhante ao isoflurano, porém possui menor solubilidade no sangue e na gordura - uso pacientes obesos sujeitos a cirurgia bariátrica e para cirurgia de rotina. • Não é consideravelmente metabolizado. Mínimo risco de hepatite. • Indução e recuperação mais rápidos que isoflurano • Usado em cirurgias mais simples • Causa certa irritação no trato respiratório, o que pode causar tosse e broncoespasmo. Sevoflurano • Assemelha-se ao desflurano, porém é mais potente e causa menos irritação respiratória, o que o torna adequado para uso em pacientes pediátricos e asmáticos • Sevoflurano, assim como o desflurano, causa vasodilatação, mas preservam melhor o débito cardíaco e reduzem a pré-carga (enchimento ventricular) e a pós-carga (resistência vascular sistêmica), esses agentes podem constituir uma escolha mais apropriada para pacientes com comprometimento da função miocárdica, já que praticamente não a altera • É parcialmente (aproximadamente 3%) metabolizado, produzindo fluoreto (risco muito baixo de toxicidade renal) • Pode causar QT longo Óxido nitroso (N2O) - Inodoro e não inflamável. Gás em temp ambiente. –gas hilariante - Não-tóxico - Indução rápida: ↓coeficiente de partição sangue:gás - Deve ser administrado com O2 - Adjuvante com anestésicos voláteis - acelerar a indução - Analgésico, usado como mistura 50:50 com O2 para reduzir a dor durante o parto e outras cirurgias - Em baixas doses não promove inconsciência; - Adjuvante com anestésicos voláteis. A mistura com óxido nitroso potencializa o anestésico inalatório permitindo menor uso do fármaco. Acelera a indução e Facilita a recuperação pós anestésica. -Efeitos colaterais, raro: Confusão mental; hipóxia transitória, anemia e leucopenia (uso prolongado) Anestesia equilibrada • Em procedimentos cirúrgicos simples pode ser utilizado somente um agente anestésico. • Em cirurgias complexas, uma gama de fármacos será administrada, em diferentes tempos, no decorrer do procedimento. • Esses podem incluir a pré-medicação sedativa ou ansiolítica, um anestésico intravenoso para indução rápida (p. ex., propofol), um opioide analgésico perioperatório (p. ex., remifentanila), um anestésico inalatório para a manutenção da anestesia durante a cirurgia (p. ex., isoflurano), um agente bloqueador neuromuscular para produzir o relaxamento muscular apropriado, por exemplo, para acesso à cavidade abdominal, um agente antiemético (p. ex., ondansetrona), um antagonista muscarínico para prevenir ou tratar bradicardia ou para reduzir as secreções brônquicas e salivares (p. ex., atropina) e, próximo ao final do procedimento, um agente anticolinesterásico (p. ex., neostigmina), para reverter o bloqueio neuromuscular e analgésicos para o alívio da dor pós-operatória (p. ex., um opioide, como a morfina e/ou um fármaco anti-inflamatório não esteroidal. • Propicia indução e recuperação muito mais rápidas, evitando longos (e potencialmente perigosos) períodos de semiconsciência, boa analgesia e relaxamento muscular e também permitem que a cirurgia seja realizada sem depressão cardiorrespiratória indesejada
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