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De acordo com Karl Jaspers (1987), ideias delirantes (ou delírios) são juízos patologicamente falsos, que são acompanhados de uma convicção extraordinária, não suscetíveis à influência e possuem um conteúdo impossível. O delírio constitui uma alteração relacionada à formação de juízos – através do juízo de realidade, distinguimos o que real do que é fruto de nossa imaginação. Todavia, nem todos os juízos falsos são patológicos. O erro também constitui um juízo falso, distinguindo-se do delírio por originar- se na ignorância, no julgamento apressado ou em premissas falsas, e por ser passível de correção pelos dados da realidade. Todo delírio é, de certa forma, referente a si mesmo, seu conteúdo está direta ou indiretamente relacionado ao sujeito delirante, o delírio se transforma no eixo em torno do qual passa a girar a vida do indivíduo. Em função de sua convicção extraordinária, o delirante não sente a necessidade de comprovar a veracidade de seu juízo e convencer as outras pessoas de que está certo. O delírio primário é a ideia delirante autêntica. Ele não deriva de nenhuma outra manifestação psíquica patológica, é incompreensível, não é possível chegar à sua origem. Está relacionado a uma profunda transformação da personalidade. O delírio secundário também é chamado ideia “deliróide”. Ele se origina de forma compreensível psicologicamente ao comparar-se com outras manifestações psíquicas patológicas, tais como alterações do humor, da sensopercepção e da consciência. Nos delírios sistematizados, há uma maior coerência interna entre as ideias, organização e consistência. Encontra-se uma rede de argumentações lógicas e compreensíveis. O delirante com ideias de perseguição é capaz de dizer quem o persegue, como e por que – esse tipo é característico do transtorno delirante. Os delírios não-sistematizados são caóticos, desarticulados e sem ligação. Por exemplo, o indivíduo afirma que querem matá-lo, mas não é capaz de dizer como descobriu isso, nem consegue dar qualquer informação sobre os autores, meios e motivos do crime. Os delírios desse tipo são característicos da esquizofrenia. Tipologia dos delírios: • O mais comum, o indivíduo crê estão lhe vigiando, querem prejudicá-lo ou mesmo matá-lo. Perseguição • O indivíduo crê que as outras pessoas são hostis em relação a ele, zombam dele ou o menosprezam. Prejuízo • O indivíduo se julga vítima de terríveis injustiças ou discriminações. Reivindicação (Querelante) • O indivíduo acredita que alguém ou alguma força externa controla sua mente ou seu corpo. Influência • O indivíduo crê ser muito rico e poderoso, ou possuir habilidades e talentos especiais, típico da mania, mas também em outros quadros psicóticos, como a esquizofrenia. Grandeza • O indivíduo crê ser amado, a distância, por uma outra pessoa. Essa outra pessoa é tipicamente velha e possui uma situação socioeconômica mais elevada que a do paciente. Erotomaníaco • O indivíduo crê que seu cônjuge/amante está sendo infiel a ele, esse quadro está especialmente associado ao alcoolismo crônico e ao transtorno delirante, sendo mais comum no sexo masculino. Ciúmes • Comum na depressão, o indivíduo vê sua vida como repleta de desgraças, sofrimento, fracassos e perdas. Ruína • O indivíduo crê estar sofrendo de uma doença muito grave ou incurável. Somático (hipocondríaco) • O indívuo afirma que já morreu ou que o mundo acabou. Negação • Envolve temas religiosos, oindivíduo diz que pode fazer milagres, que vai fundar uma nova religião etc. Místico • Envolve temas extraordinários, ou de extrema grandiosidade. Fantástico • O indivíduo julga que uma pessoa familiar foi substituída por uma sósia. Este é fisicamente idêntico à primeira, mas psicologicamente distinto. Identificação