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Persona_Robert H

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Prévia do material em texto

"Os livros de Hopcke continuam sendo uma das maneiras 
mais intrigantes de se familiarizar com Jung." 
-Robert A. Johnson, autor de H e, She, We e Inner Work 
o ert • 
Persona 
OUTRAS OBRAS DE ROBERT H. HOPCKE 
Um tour guiado pelas Obras Coletadas de C. G. Jung 
Jung, Junguianos e Homossexualidade 
Sonhos dos Homens, Cura dos Homens 
Amor pelo Mesmo Sexo e o Caminho para a Integridade 
I 
OBERT • 
Shambhala 
Boston & London 
1995 
OPCKE 
Shambhala Publications, Inc. 
Horticultura! Hall 
300 Massachusetts Avenue 
Boston, Massachusetts 02115 
© 1995 by Robert H. Hopcke 
A página 254 constitui uma continuação da página de direitos autorais. 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduz-
ida em qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, in-
cluindo fotocópia, gravação ou por qualquer sistema de armazenamento e 
recuperação de informações, sem a permissão por e~crito do editor. 
9 8 7 6 5 4 3 2 1 
Primeira edição 
Impresso nos Estados Unidos da América em papel sem ácido ê 
Distribuído nos Estados Unidos pela Random House, Inc., 
e no Canadá pela Random House of Canada Ltd 
Library of Congress Cataloging-in-Publication Data 
Hopcke, Robert H., 1958-
Persona: where sacred meets profane/Robert H. Hopcke. 1st ed. 
p. cm. 
Includes bibliographical references and index. 
ISBN 0-87773-657-X (pbk.: alk. paper) 
1. Persona (Psychoanalysis) 2. Persona (Psychoanalysis Case 
studies. 3. Minorities United States Psychology Case studies. 
4. Jung, C. G. (Carl Gustav), 1875-1961 Contributions in psychology 
of persona. I. Ti de·. 
BF175.5.P47H67 1995 
155.2 dc20 
94-26577 
CIP 
Para a memória daqueles que morre-
ram durante meu trabalho neste livro: 
Steve Rischy Rick Cotton, 
ClitfAdams, Michael Manicone, 
Mike Elias, Larry DiRocco, 
Steve Cattano e Ralph Asco li 
e para aqueles que nasceram: 
lesse Campton, 
Chelsea Campton, 
Joseph Alexander-Short, 
Megan Alexander-Short, 
Anna Lucille Castillo, e 
Clara Serafína Castillo 
Traduzido por 
Neemias Costa 
Conteúdo 
Agradecimentos ix 
PARTE UM: JUNG, JUNGUIANOS E A PERSONA 
Introdução 3 
1. A Persona na Teoria de Jung e 
no pensamento junguiano 9 
PARTE Dois: A P ERSONA E A TERAPIA 
Introdução 27 
2. Identificação da Persona 30 
3. Ausência de Persona 58 
PARTE TRÊS: A POLÍTICA CULTURA ENCONTRA A 
PsiQ!)É: A PERSONA E o SociAL 
Os EsTRANHos 
Introdução 93 
4. Pessoas de Cor e o Dilema da Invisibilidade 98 
5. Gays e Lésbicas: Saindo dos /armários, 
Indo para as Ruas 121 
6. Sexismo e Persona: Mulheres Feridas, 
Homens Feridos 14 7 
7. Sobre Cultura, Psique e Exterioridade: 
Conclusão 178 
PARTE Q!dATRO: PERSONA E EsPíRITO 
Introdução 183 
8. Persona e Ritual: A Máscara como Arquetípica 
Símbolo de Transformação 187 
9. A Função Artística da Máscara: Persona e 
Propósito na Obra Italiana 213 
Notas 243 
Bibliografia 250 
Créditos 254 
Indice 255 
•• 
Vll 
Agradecimentos 
Escrevo meus agradecimentos no último dia de 1993, o que me 
parece apropriado, tendo vivido por muito tempo com este livro e 
estando feliz por finalmente tê-lo encerrado, e um capítulo de minha 
própria vida. Entre o tempo da primeira concepção, quando fui en-
contrar material sobre a persona para minha própria edificação, 
apenas para encontrar muito pouco na literatura, e agora, cerca de 
seis anos depois, muito pensamento foi dedicado à escrita deste 
livro . Dado que a minha escrita é provavelmente o lugar da minha 
vida onde me sinto mais próximo dos mistérios da concepção, 
gestação e nascimento, não é impróprio reconhecer o quão difícil foi 
este trabalho para mim, e é com gratidão que saúdo aqueles que me 
viram através dele. 
Só para constar, uma observação perdida de John Beebe des-
pertou meu interesse pela persona em primeiro lugar, quando ele 
mencionou em um almoço agora, muito tempo atrás, que achava 
muito importante trabalhar com a persona na análise de homens 
gays . Meu próprio trabalho analítico havia provado a veracidade de 
sua observação, e assim fui embora, mas gostaria de dedicar algum 
tempo para agradecer a John em particular, mas de maneira mais 
geral também. Ele é um homem que foi responsável, de forma muito 
discreta e com considerável consideração e perícia, por uma grande 
quantidade de textos excelentes e corajosos por parte de uma ger-
ação mais jovem de junguianos, e gostaria de agradecê-lo pessoal-
mente aqui pelo incentivo infalível ao meu próprio trabalho, ele deu 
sem restrições. Para ele pode não parecer muito, mas para mim foi 
inestimável. 
• 
IX 
Ocupando o topo da lista ao lado de John está Emily Hil-
burn Sell, muito sobrecarregada, mas extremamente útil, sem 
cuja inteligência e paciência este livro teria sido o pesadelo de 
um escritor. Eu brinquei uma vez durante um de nossos tele-
fonemas transcontinentais, eu em Berkeley, ela na Nova Escó-
cia, que Shambhala não deveria chamá-la de "editora" neste tra-
balho, mas sim de "terapeuta redatora". Na verdade, nos muitos 
dilemas criativos que me deparei, inexplicavelmente, ao escre-
ver este livro, ela foi capaz de ouvir e encontrar uma solução 
que funcionou. Quando minha ansiedade de desempenho au-
mentou e me paralisou, ela me tranquilizou. Quando não conse-
gui ver como transformar esse trabalho no que eu queria, ela me 
deu sugestões. Os escritores muitas vezes não têm muitas pes-
soas com quem conversar sobre o processo de seu trabalho, es-
pecialmente quando se toma tão problemático quanto este pro-
jeto, e por isso agradeço profundamente sua ajuda e seu ouvido 
disponível. 
Também é importante agradecer às várias pessoas do Instituto 
C. G. Ju.ng de San Francisco que me ajudaram a fazer minha 
pesquisa ao longo dos anos. Isso inclui a equipe da biblioteca e, 
mais particularmente, Michael Flanagin do Archive for Re-
search in Archetypal Symbolism, com quem passei uma ou 
duas manhãs de sábado vasculhando a enorme e fascinante 
coleção de imagens que ARAS oferece à mente e aos olhos. A 
comunidade de pessoas com quem passo minha vida diária é, 
como sempre, mais importante para o meu trabalho do que eu 
acho que elas percebem. Ao fornecer companheirismo, di-
versão e relaxamento, eles são, de muitas maneiras, re-
sponsáveis por minha capacidade de criar qualquer coisa: sem 
seu amor, apoio e incentivo, eu ficaria desolado. Então, obriga-
do, Paul Schwartz; Ray, Sharon, Jesse e Chelsea Campton; Phil 
La Tona, Talia La Tona-Tequida, e família; Mark, Jennifer, 
Anna e Clara Castillo; Ron Suresha; e todo o pessoal da 
X AG R A D EC I MEN TO S 
Operação Concem, especialmente Rick Mixon e Phil 
Conway, que conseguem me afastar de minha mesa e de meu 
mau humor periódico com a atração de um cappuccino no 
Café Orbit. 
Finalmente, um agradecimento especial às pessoas que 
deram seu consentimento para que seu processo comigo como 
terapeuta fosse compartilhado em público. Vindo a mim em 
busca de ajuda, eles concordaram abnegadamente em que seu 
trabalho fosse usado em benefício de outros, e gostaria de 
agradecê-los, não por minha conta, mas por aqueles qu.e, ao 
lerem as viagens descritas neste livro, irão se reconhecer e se 
sentirão mais confiantes e não tão sozinhos no seu caminho. 
Agradecimentos • XI 
PARTE UM 
Jung, Junguianos e 
a Persona 
C. G. Jung mais velho, vestindo sua própria personalidade com 
leveza, está bem arrumado com seu temo branco de verão, chapéu 
de palha elegante e bengala. (Foto de Joseph Campbell; fonte: 
ARAS) 
lntroduction 
Em meu livro, A Guided Tour of the Collected Works of C. G. 
Jung, iniciei a discussão sobre a persona, o tema deste livro, es-
crevendo: "Nem tudo na vida humana é vivido nas profundezas. 
Tão vitais quanto os movimentos do inconsciente são para a ex-
istência humana, a consciência e a qualidade da vida cotidiana 
nunca serão substituídas como componentes legítimos e 
necessários da totalidade humana." Agora, aqueles familiarizados 
com a teoria dos tipos psicológicos de Jungpodem ser capazes de 
discernir que essas palavras foram escritas por um extrovertido, 
alguém cuja energia psicológica e interesse se movem de si 
mesmo para o mundo ao seu redor. Minha extroversão me trouxe 
para o trabalho clínico como psicoterapeuta, uma profissão cen-
trada no relacionamento com outras pessoas, e isso alimenta 
minha escrita, o que em um nível essencial move meus pensa-
mentos, preocupações e sentimentos mais íntimos para o mundo 
em geral e se tomam muito públicos. Assim, as profundezas da 
psicologia profunda, o inconsciente e todos os seus im-
ponderáveis, pelo menos para mim, não permanecem como o ob-
jetivo em si do trabalho analítico, mas antes a base sobre a qual 
uma vida satisfatória pode ser construída. 
Essa extroversão, eu acho, está em desacordo com o tipo 
psicológico predominante geralmente compartilhado por in-
divíduos interessados em uma psicologia do inconsciente e certa-
mente é o "voto da minoria" entre os seguidores do pensamento 
de Jung. Na psicologia analítica, e na psicologia profunda em 
geral, a introversão está mais na ordem do dia, aquela atitude psi-
cológica em que a energia psíquica e o interesse se movem para 
3 
o indivíduo de fora. Claro, em um nível, parece que a introversão 
é talvez a atitude mais apropriada para o estudo da psique, que, 
para usar as metáforas atuais, é geralmente caracterizada como 
algo que ocorre dentro - vida interior, reflexão interior, imagens 
interiores - como se nosso corpo fosse apenas o recipiente da 
alma, uma caixa física na qual uma substância preciosa é mantida 
e esperançosamente acalentada. 
No entanto, ao examinar esta metáfora, pode-se ver sua 
unilateralidade e, especialmente, a maneira como tal atitude psi-
cológica corre o risco de reforçar as atitudes menos úteis da vida 
modema, por exemplo, a depreciação do físico, sensual e erótico 
começado pelo Cristianismo e completado pelo Iluminismo. 
Mais relevante para o nosso campo de investigação, tal visão do 
desenvolvimento psicológico, em seu foco no indivíduo, pode 
facilmente se tomar isolada da plenitude da vida humana e se 
transformar em uma espécie de filosofia da mente elitista e auto-
contida. James Hillman, seguindo Jung, nos lembra da limitação 
desta metáfora da "interioridade", observando que somos nós que 
• /"'ltt • , • • 
estamos na psique, e nao a psique em nos, e seus escritos continu-
amente elaboram as maneiras pelas quais encontramos a alma, 
não simplesmente nas nossas reflexões introvertidas, mas 
também no mundo que nos rodeia, nas pessoas que conhecemos, 
nas experiências físicas que desfrutamos. 1\ Sua atenção para a 
anima mundi, a alma do mundo manifestada no físico, o natural e 
o erótico, fornece um contraponto necessário ao introvertido de 
tanta psicologia profunda. 
Há alguma justificativa para colocar a introversão da 
psicologia junguiana às portas do próprio Jung, de cuja intu-
ição introvertida grande parte de sua criatividade surgiu. Cer-
tamente, sua atenção para o inconsciente foi derivada e apoiada 
por seu "dom tipológico", uma frase que os junguianos usam 
para descrever a atitude psicológica dominante de alguém 
4 } UNG, } UNGU IANOS E A P ERSONA 
e ainda, a palavra significativa, tantas vezes esquecida em dis-
cussões simplistas de tipologia, é a palavra "Dominante", não ex-
clusivo, não singular, simplesmente dominante. Pois o fato é que 
a introversão de Jung era apenas uma parte de uma vida muito 
pública (e às vezes notoriamente) extrovertida com relações inter-
pessoais ricas e complexas, um casamento para toda a vida, uma 
grande família e a crescente visibilidade pública, especialmente 
em relação ao fim de sua vida. Sua correspondência com pessoas 
de todo o mundo ocupa muitos volumes. Suas várias viagens à 
, , 
Africa, aos Estados Unidos e à India constituem uma parte vital 
da experiência de vida da qual surgiram suas idéias. Além disso, 
a intuição introvertida de Jung foi frequentemente treinada em 
tópicos de interesse psicológico que são essencialmente de na-
tureza externa: ocorrências políticas, tendências culturais e obras 
artísticas. E não nos esqueçamos de que este foi um homem que 
expôs seus pensamentos mais íntimos a um público mundial no 
decorrer de vinte volumes de escritos. 
Como um extrovertido em um campo tão introvertido, 
tenho superado a desenvolver um modo viável de autorreflexão, 
um tipo de introversão que se encaixa em mim e rendeu muitas 
riquezas. No entanto, tem se parecido com o processo de apren-
dizagem de outro idioma em que, após muitos anos de estudo e 
prática, a pessoa eventualmente atinge a fluência, mas que sempre 
permanece em algum nível fundamental uma língua estrangeira. o 
o preconceito contra essa extroversão pode muitas vezes ser 
grande nos círculos psicológicos. Já ouvi as palavras exibicionis-
ta, opressor, disperso, superficial, solucionador de problemas e 
impaciente usadas para me descrever mais de uma vez, e nem 
sempre com justificativa ou objetividade completa. E, no entanto, 
o ponto de vista minoritário de qualquer campo, por mais in-
compreendido e ameaçador que seja, permanece como a 
sombra da psicologia junguiana, o lugar de onde o crescimen-
to da totalidade deve vir, o lugar que inclui tudo o que somos. 
4 } UNG, } UNGU IANOS E A P ERSONA 
Além disso, para mim, é a minha língua nativa, o que eu 
falo melhor e o que expressa o meu eu mais profundo. 
Essas considerações, então, informam o presente estudo, 
que visa examinar aquele conceito da psicologia junguiana 
que está entre os mais negligenciados, mas que permanece 
entre os mais práticos que Jung desenvolveu: a persona. Como 
demonstrarei, a persona como Jung definiu e usou o termo 
pode ser um conceito tão evocativo, arquetípico e psico-
terapêutico quanto os muitos outros pelos quais a psicologia 
junguiana se tornou conhecida, como a anima I animus, a 
sombra, ou o complexo. No entanto, como até mesmo o uso 
não técnico e popular do termo indica, a persona é basica-
mente uma noção extrovertida. Políticos, estrelas de cinema e 
figuras do esporte têm "personas públicas" por trás das quais 
escondem suas "vidas privadas". A própria ideia de uma 
pessoa privada é oximorônica. Examinar a persona aqui, valo-
rizá-la, trazer à tona sua riqueza e sua utilidade, é, portanto, ir 
contra a natureza da introversão tão típica da psicologia pro-
funda desenvolvida por Jung com sua preocupação com o 
privado, o interior e o inconsciente . Minha esperança, no en-
tanto, é que, ao compreender e reavaliar a persona, estejamos 
tirando o pó de uma peça especialmente importante e de cores 
vivas no mosaico do pensamento de Jung, criando assim uma 
imagem mais equilibrada e vibrante como um todo. 
Essas considerações também informam como procedere-
mos em nossa visão da persona aqui, começando primeiro com 
o que Jung escreveu sobre esse conceito, uma vez que ele 
cunhou nosso uso psicológico atual do termo. Com essa base 
acadêmica e histórica tomada, passaremos a examinar as 
questões em torno da persona que normalmente surgem para 
as pessoas em psicoterapia, abordando questões clínicas 
como a diferença entre personas saudáveis e defensivas; 
o desenvolvimento, criação e uso de uma persona no 
6 }UNG, }UN GU IANOS E A PERSONA 
curso da terapia; a relação entre a persona e os tipos psicológicos; 
e a maneira como a persona atua em outras modalidades terapêuti-
cas que não a psicoterapia individual e individualizada, como trat-
amento em grupo, trabalho familiar ou aconselhamento de casais. 
Do acadêmico, histórico e clínico, passaremos para um 
assunto de particular relevância para minha própria vida pessoal e 
profissional: como a persona funciona (ou deixa de funcionar) 
para pessoas que são de alguma forma diferentes do branco domi-
nante, meio cultura de classe, heterossexual e dominada por 
homens dos Estados Unidos. Como veremos, a persona é o lugarna personalidade onde o público e o privado se encontram, onde 
quem somos colide com quem nos dizem que deveríamos ser. Para 
forasteiros sociais, pessoas que não se enquadram nos padrões cul-
turais ou cuja individualidade não é valorizada por instituições 
políticas ou sociais, a persona desempenha uma função especial-
mente importante e muitas vezes sofre uma surra especialmente 
dura, que a psicoterapia pode muitas vezes ser útil para reparar e 
transformar. Assim, examinaremos o papel que a persona desem-
penha, para o bem ou para o mal, na vida de gays, lésbicas e pes-
soas de cor e, em seguida, examinaremos o papel da persona nas 
questões que envolvem o homem e a mulher nos papéis sexuais e 
sua transformação. Se o pessoal é político, como as feministas 
costumam dizer, acho que também descobriremos que a persona-1, 
aquilo que pertence à persona, deve nos conduzir para fora da falta 
de engajamento político e cultural endêmico para a psicologia pro-
funda e para uma com mais compromisso ativo com a mudança in-
terna e externa. 
Para finalizar este estudo, retornaremos à metáfora básica 
que sustenta o conceito de persona: a máscara. Em suas origens, 
em seu uso ao longo dos tempos e em sua função como um símbo-
lo arquetípico de transformação, a máscara desempenhou um 
papel peculiar e poderoso no desenvolvimento da consciên-
cia, cultura e espiritualidade. Faremos um levantamento dos 
Indrodução 7 
significados e usos da máscara no ritual e traçaremos paralelos a 
partir deste material com as maneiras pelas quais a persona funcio-
na como um locus de desenvolvimento espiritual e religioso. Em 
seguida, em uma área diferente, mas essencialmente relacionada 
da cultura, a arte, voltaremos nossa atenção para uma forma e 
tradição, a saber, a ópera italiana e, em particular, Un Bailo in 
maschera de Giuseppe Verdi, para tornar clara a função artística da 
máscara. na tradição ocidental e como persona fornece um ponto 
focal para questões em torno da verdade e ilusão, liberdade artísti-
ca e exigência política, comédia e tragédia. 
Para aqueles que pensam que a persona é um tópico superfi-
cial de investigação, frívolo e leve, a profundidade e complexidade 
do que se segue deve ser prova suficiente do contrário. Para aque-
les que se deleitam com o superficial, espero que meu exame 
forneça um caminho para uma imaginação cada vez mais fértil. 
Mas, mais especialmente, para aqueles cujas próprias personas 
precisam de desenvolvimento ou renovação, espero que meu livro 
seja um local de revelação e cura. 
8 }UNG, }UNGUlANOS E A PERSONA 
1. 
A Persona na Teoria de Jung 
e no Pensamento Junguiano 
A história da vida de Ju.ng foi contada muitas vezes e de muitas 
perspectivas, incluindo a su.a, mas u.ma perspectiva particular-
mente persu.asiva sobre sua vida é apresentada por Peter 
Homans em seu livro Jung in Context. 1 O argumento de 
Homans, meticulosamente apoiado e distintamente indepen-
dente, é qu.e a maioria das contribuições originais de Ju.ng para 
a psicologia cresceu e amadureceu durante o período inicial de 
sua vida profissional, antes e durante sua associação com Freud 
(aproximadamente 1900 a 1913), consolidou-se no período 
imediatamente após o rompimento com Freud (aproximada-
mente 1913 a 1918) e, posteriormente, passou. por poucas mu-
danças significativas para o resto de sua carreira. Homans, por-
tanto, vê o enorme corpu.s dos escritos de Jung como elabo-
rações extensas e de longo alcance do que Homans chama de 
"core process", "o delineamento de u.ma estrutu.ra fundamental 
de experiência que, acreditava [Jung], descrevia os processos 
internos da vida de todos os homens e mulheres." 2 
Ao olhar para a história do conceito de persona de Jung, 
encontramos suporte para a tese de Homans. Tendo se originado 
naqu.ele período inicial fu.ndamental do pensamento de Ju.ng, a 
persona, como Jung a descreve, faz parte de todo o sistema de 
estruturas psíquicas que ele propôs em Tipos psicológicos em 
1921, sua primeira pu.blicação após seu rompimento com Freud 
e um produto disso "Período de desorientação interior" 3 de 
1913 a 1918, no qual seus próprios pensamentos originais 
9 
sobre a psique foram formados. Este novo conceito foi poste-
riormente consolidado logo depois, mais notavelmente em "As 
Relações entre o Ego e o Inconsciente", publicado pela primei-
ra vez em 1928 e contido em Dois Ensaios sobre Psicologia 
Analítica, e então sofreu muito poucas mudanças ao longo do 
resto da carreira de Jung. Quando Jung se refere à persona em 
seus anos intermediários e tardios, é sempre uma breve 
menção e geralmente não especialmente original, por mais que 
esses comentários possam chamar nossa atenção para os diver-
sos aspectos desse conceito evocativo. 
Em sua primeira referência à persona em, Jung contrasta 
a persona e a alma, que emergem em função do relacionamen-
to. A persona, que ele chama de "falso eu", "uma personali-
dade adquirida composta de crenças pervertidas", é vista como 
distinta da alma, o verdadeiro eu interior. Nesta discussão, ele 
parece tomar emprestado o termo de ninguém menos que 
Arthur Schopenhauer: "A persona é, nas palavras de Schopen-
hauer, como alguém aparece para si mesmo e para o mundo, 
mas não o que é." 4 
Esta distinção entre alma e persona recebe um tratamento 
maior no final dos Tipos psicológicos naquela pedra de toque 
do pensamento inicial de Jung, capítulo 10, "Definições". Aqui 
Jung faz o que se tomará uma distinção característica. Por um 
lado, existem aspectos da psique que ele chama de "pessoais", 
tanto no sentido de ser baseado na persona quanto no sentido 
de pertencer a uma determinada pessoa, enquanto, por outro 
lado, existem aspectos da psique que Jung consideraria "indi-
vidual", no sentido radical de ser "indivisível" ou "integrado", 
estruturas psíquicas que transcendem as meras qualidades ou 
experiências incidentais de sua vida para participar de algo 
mais significativo e duradouro, que é mais apropriadamente 
denotado pela palavra alma. Com esta distinção entre o pes-
soal e o individual firmemente estabelecida, Jung passa a 
10 • }UNG, }UNGUlANOS E A PERSONA 
definir a persona como um "complexo funcional que vem à ex-
istência por razões de adaptação ou conveniência pessoal" e está 
"exclusivamente preocupado com a relação com os objetos",S que 
ou seja, objetos externos no mundo material, incluindo presumivel-
• 
mente pessoas e coisas. 
Aqui Jung descreve a persona como a face externa da psique 
e a vê como correspondendo a outra estrutura da psique que ele for-
mulou, a atitude interior de uma pessoa em relação à vida da 
psique, que ele inicialmente chamou de "figura da alma" e só mais 
tarde a "anima". Ao ver a persona e a anima como gêmeas na 
psique, Jung observa que, como a anima, a persona é de fato um 
complexo com sua própria autonomia e, por esse motivo, muitas 
, 
vezes é difícil de mudar. E, com bastante precisão, uma "personali-
dade" em seu próprio direito.6 De acordo com Jung, a persona, 
nesse sentido, complementa a anima. Por exemplo, se a personali-
dade de uma pessoa é intelectual, a anima ou a figura da alma inte-
rior será sentimental, diz Jung. 
Neste ponto, no entanto, Jung introduz mais uma camada ao 
conceito, observando que uma "mulher feminina" terá uma "alma 
masculina" (mais tarde conhecida como animus), assim como um 
"homem masculino" possuirá uma "alma feminina" (Ou anima). 
Desta forma, a persona toma-se ligada àquele emaranhado mais in-
cômodo da teoria de Jung, suas concepções de "masculinidade" e 
"feminilidade", particularmente quando essas concepções são apli-
cadas às figuras que são os complementos psíquicos da persona, 
anima e animus. Sem entrar em uma discussão desse tópico muito 
debatido dentro da psicologia junguiana, é suficiente observar que 
a persona para Jung é o lugar na psique onde os papéis sexuais 
tradicionais para homens e mulheres estão localizados; as personasdos homens devem ser masculinas, as femininas das mulheres e 
quaisquer variações deste esquema são vistas como uma dificul-
dade com a relação anima I persona. 7 
Assim termina a estreia da persona como conceito em 
A Persona no Pesnamento Junguiano 11

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