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Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais CIÊNCIAS SOCIAIS: ➔ A RELEVÂNCIA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS PARA AS CIÊNCIAS MÉDICAS: a) Straus: Fez o primeiro levantamento do ofício dos sociólogos na saúde. Para ele, os profissionais da saúde deveriam adotar as estratégias de um camaleão, pintando-se das cores predominantes no ambiente para aumentar suas chances de sobrevivência. b) Cockeham: - A década de 1950 é considerada a “fase de ouro” da sociologia da saúde, na qual cientistas sociais passam a ensinar e pesquisar temas relativos ao campo da saúde. - Nesta década iniciou-se o importante movimento de aproximação das ciências sociais com o campo da saúde; • PROBLEMAS: - Baixo status profissional dos cientistas sociais na área da saúde; - Localização pouco clara dos profissionais de ciências sociais no campo da saúde; - Pequena importância atribuída pelos estudantes às ciências sociais; - Reduzido número de profissionais e a colonização das ciências sociais pela cultura biomédica no campo da saúde; • O CONTEXTO DA EDCUCAÇÃO MÉDICA NO INÍCIO DO SÉCULO XX: - No início do século XX, ocorreu a introdução das ciências biológicas básicas no currículo médico. Nas décadas de 1940 e 1950, respectivamente, foram introduzidas as ciências do comportamento psicológico e as ciências do social. O Relatório Flexner é considerado o grande responsável pela mais importante reforma das escolas médicas de todos os tempos nos Estados Unidos, com profundas implicações para a formação médica e a medicina mundial. - É importante entender o contexto em que o estudo de Flexner foi produzido. À época, a situação das escolas médicas nos EUA era caótica. Como não havia necessidade de concessão estatal para o exercício da medicina, abolida em meados do século XIX, havia grande proliferação de escolas de Medicina, com abordagens terapêuticas as mais diversas. As escolas podiam ser abertas indiscriminadamente, sem nenhuma padronização, estando vinculadas ou não a instituições universitárias, com ou sem Equipamentos, com critérios de admissão e tempo de duração diferenciados e independentemente de fundamentação teórico-científica. - Flexner considerava a maioria das escolas médicas dos EUA e Canadá desnecessária e/ou inadequada. Fez planos e mapas pormenorizados, onde estabelecia o número, a alocação e a distribuição das escolas de Medicina no Canadá e nos EUA. - Em sua opinião, das 155 escolas existentes, apenas 31 tinham condições de continuar funcionando. - Nas palavras do próprio Flexner: “O estudo da medicina deve ser centrado na doença de forma individual e concreta” - O social, o coletivo, o público e a comunidade não contam para o ensino médico e não são considerados implicados no processo de saúde- doença. - Os hospitais se transformam na principal instituição de transmissão do conhecimento médico durante todo o século XX. Às faculdades resta o ensino de laboratório nas áreas básicas (anatomia, fisiologia, patologia) e a parte teórica das especialidades. - Flexner defendia como mais importante para o aprendizado da medicina, sob o ponto de vista pedagógico, as atividades práticas, tanto no laboratório como na clínica, combatendo desde seus primeiros trabalhos o ensino por meio de conferências e aprendizado pela simples memorização. Isso fez com que alguns de seus mais ardentes defensores o colocassem como o precursor das metodologias ativas de ensino- aprendizagem, tão em voga hoje. Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Mesmo que consideremos muito importantes suas contribuições para a educação médica, a ênfase no modelo biomédico, centrado na doença e no hospital, conduziu os programas educacionais médicos a uma visão reducionista. - Ao adotar o modelo de saúde-doença unicausal, biologicista, a proposta de Flexner reserva pequeno espaço, se algum, para as dimensões social, psicológica e econômica da saúde e para a inclusão do amplo espectro da saúde. - As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do Curso de Graduação em Medicina “definem os princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de médicos” e o perfil do médico egresso como um profissional: com formação generalista, humanista, crítica e eflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano. - A distribuição do cuidado da saúde também sofreu modificações importantes. O acesso à saúde das pessoas e comunidades é considerado hoje um direito social. - Isto, ao lado do maior acesso às informações em saúde e da conscientização das pessoas, mudou as expectativas e exigências da população quanto às condições de oferta dos serviços e trouxe modificações importantes nas relações entre o médico e seu(s) paciente(s). - A mudança do perfil epidemiológico da população, com o grande predomínio das doenças crônico-degenerativas, também exigiu um reordenamento das ações e estratégias na saúde, com sérias implicações na formação dos profissionais. - Cada vez mais, o trabalho multiprofissional e os conhecimentos interdisciplinares se fazem necessários para enfrentar as complexas necessidades de saúde das pessoas e comunidades. - Os conhecimentos e práticas da saúde coletiva, o entendimento e a participação na construção das políticas públicas e na organização dos serviços de saúde tornam-se competências necessárias e imprescindíveis ao desempenho dos profissionais da saúde. - Considerar as multidimensões das pessoas que necessitam de cuidados de saúde e desenvolver suas ações abordando toda a amplitude do processo da saúde e da doença e seus determinantes. - Ainda segundo Bloom, a emergência das ciências sociais no campo da saúde ocorreu pelo: a) desenvolvimento geral da ciência e necessidade de compreensão mais integral dos eventos da saúde; b) desenvolvimento de mais controle sobre os aspectos biológicos da doença; c) a crescente maturidade das ciências sociais; d) e a Segunda Guerra Mundial que disparou interesse intensificado da medicina na ciência social; - Em relação à influência da guerra para a introdução das ciências sociais no campo da saúde nos Estados Unidos, Bloom afirma que foi um processo em cadeia: a) a medicina tornou-se mais interessada em psiquiatria; b) a psiquiatria desenvolveu crescente colaboração com as ciências sociais; c) as ciências sociais desenvolveram métodos de investigação e novos conhecimentos que permitiram uma convergência de seu trabalho com a psiquiatria e as profissões de saúde como um todo. - Sabe-se, também, que na mesma década de 1950 teve início o debate sobre o ensino da medicina preventiva e social e nela a participação das ciências sociais, ampliando-se o campo da pesquisa destas aplicadas à saúde, principalmente com investigações sobre o estudante de medicina em relação ao seu papel social e processo de profissionalização. Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais • RESOLUÇÃO Nº 569 DE 8 DE DEZEMBRO DE 2017: I - Defesa da vida e defesa do SUS como preceitos orientadores do perfil dos egressos da área da saúde O Conselho Nacional de Saúde reafirma seu compromisso com o disposto na Constituição Federal de 1988, que instituiu um Estado Democrático destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos. ➔ A EMERGÊNCIA DO MUNDO MODERNO: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO, REPRODUÇÃO SOCIAL E ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO ESTADO MODERNO. • EPISTEMOLOGIA: - Ciênciada ciência; - Significa: discurso (logos) sobre a ciência (episteme); - Filosofia da ciência; - Estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos resultados das diversas ciências, ou seja, estudo do conhecimento; - Cabe aos epistemólogos questionar e problematizar o conhecimento do senso-comum, científico e filosófico; - A sociologia nasce e se desenvolve no mundo moderno e reflete suas principais épocas e transformações. - Meados do século XIX: forças sociais, configurações da vida, impasses da sociedade civil, urbano industrial, burguesa ou capitalista; - O mundo moderno depende da Sociologia para explicá-lo. - Pensamento Filosófico do século XVIII, XIX e XX: - Multiplicidade das correntes de pensamento e suas divergências: condições epistemiológicas ao desenvolvimento das Ciências Sociais em geral e Sociologia em particular; - Elementos da Reflexão Sociológica: dado e significado, quantidade e qualidade, parte e todo, aparência e essência, singular e universal, causa e sentido, negatividade e contradição, sincrônico e diacrônico (ao mesmo tempo/através do tempo); - A Filosofia dialoga constantemente com a sociologia: grupo social, cotidiano, situações micro, sociedade como todo, movimentos gerais e particulares (diversidade, disparidade, contradições). - Comunidade e sociedade: tema mais recorrente no pensamento sociólogo; Processos socioeconômicos que configuram as sociedades modernas; - Bauman e organização política do Estado moderno: “vivemos tempos líquidos. Nada é feito para durar.” “Culto ao “eu” e prazeres imediatos”. “A história humana não se desenrola apenas nos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais. Ela se desenrola também nos quintais, entre plantas e galinhas; nas ruas de subúrbio, nas casas de jogo, nos prostíbulos, nos colégios, nas ruínas, nos namoros de esquina. Disso quis eu fazer a minha poesia, dessa vida obscura e injustiçada, Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais porque o canto não pode ser uma traição à vida, e só é justo cantar se o nosso canto arrasta consigo as pessoas e as coisas que não têm voz.” Ferreira Gullar ➔ FUNDAMENTOS TEÓRICO- POLÍTICOS DOS DIREITOS HUMANOS E SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA MÉDICA • DIREITOS HUMANOS: - Na sua origem, a palavra direito significa aquilo que é reto, correto ou justo; - Direitos não são apenas demandas por justiça. São também o reconhecimento de que algo nos é devido; - Direito não são favores, súplicas ou gentilezas. Se existe um direito há um débito e uma obrigação correlata; - A cada direito corresponde um dever; - Ter um direito é ser beneficiário de um dever correlativo por parte de outras pessoas ou do próprio estado; - Dizer que existe um dever correspondente a um direito não significa que os direitos possuam, necessariamente, eficácia, isto é, que eles sempre consigam produzir efeitos concretos na realidade; - Para que os direitos não sejam apenas fases escritas em um pedaço de papel, mas se convertam em obrigações plenamente realizadas, faz-se necessária a existência de instrumentos jurídicos; - Direitos guardam relação com a forma como pensamos o que é o ser humano e como deve ser sua relação com os outros seres humanos; - Seres humanos são detentores de determinados direitos em razão de sua dignidade; - Podemos avaliar as coisas pelo preço ou pela dignidade; - Os seres humanos devem ser sempre tratados com respeito; - Cada vez que usamos alguém como coisa, ou seja, como instrumento para a obtenção de algo, estamos a violar a sua dignidade e, consequentemente, a desrespeitar seus direitos; - Direitos guardam relação com nossas necessidades básicas: • CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS SEGUNDO VASAK: a) PRIMEIRA GERAÇÃO: - Direitos de liberdade: civis e políticos; - Independência dos Estados Unidos; - Revolução Francesa; - Característica: liberdade individual, tendo como base os direitos políticos e civis; ➢ Direitos Civis ou Individuais: - São prerrogativas que protegem a integridade humana (proteção a integridade física, psíquica e moral) contra o abuso de poder, por exemplo; - Exemplos: liberdade de expressão, direito ao devido processo legal, presunção de inocência, proteção a vida privada, liberdade de locomoção; ➢ Direitos Políticos: - Asseguram-se a participação popular na administração do Estado; - Exemplos: direito ao voto, direito a ser votado, direito a ocupar cargos ou funções políticas, direito a permanecer nesses cargos; b) SEGUNDA GERAÇÃO: - Direitos de igualdade: econômicos, sociais e culturais; - Surgem após a Primeira Guerra Mundial; - Característica: concepção de estado de bem-estar social; - Cabe ao Estado um conjunto de obrigações que se materializam em: normas constitucionais, execução de políticas públicas e programas sociais; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais ➢ Direitos Sociais: Artigo 6: São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição; ➢ Direitos Econômicos: - Princípios de livre concorrência; - Função social da propriedade; - A propriedade privada; - A defesa do consumidor; - Redução das desigualdades regionais e sociais; c) TERCEIRA GERAÇÃO: - Direitos de coletividade: meio ambiente equilibrado e paz; - A partir dos anos 1960; - Característica: ideal de fraternidade ou solidariedade; ➢ Direitos Coletivos: - Possuem um número determinável de titulares que por sua vez compartilham determinada condição; - São exemplos a proteção de grupos sociais vulneráveis e a preservação do meio ambiente; - Exemplos: Direito ao desenvolvimento; Direito a paz; Direito de comunicação; Direito de autodeterminação dos povos; Direito à defesa de ameaça de purificação racial e genocídio; Direito à proteção contra as manifestações de discriminação racial; Direito à proteção em tempos de guerra; • O MÉDICO E OS DIREITOS HUMANOS: - Reconhecer a saúde como direito e atuar de forma a garantir a integralidade da assistência entendida como conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema; - Promover, defender e aplicar os direitos humanos na vida cotidiana; • CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA: - Artigo 23: Tratar o ser humano sem civilidade ou consideração, desrespeitar sua dignidade ou discriminá-lo de qualquer forma ou sob qualquer pretexto; Parágrafo único: o médico deve ter para com seus colegas respeito, consideração e solidariedade; - Artigo 27: Desrespeitar a integridade física e mental do paciente ou utilizar-se de meio que possa alterar sua personalidade ou sua consciência em investigação policial ou de qualquer outra natureza; • O PODER E A RESPONSABILIDADE DO MÉDICO: - O status social que os médicos detêm e o entendimento socialmente partilhado de que atuam em prol do bem-estar humano abrem portas para a sua atuação em cenários de violação de direitos humanos; - Assim, os médicos têm acesso facilitado a prisões, a cenas de crime e outros contextos em que se verificam situações violadoras de direitos humanos; - Em virtude de sua autoridade moral em defender a vida e de sua posição privilegiada socialmente, os médicos têm a obrigação de não serem coniventes com políticas, programas e ações, mormente de saúde, violadoras dos direitos humanos, conseguintemente devem aprontar, se necessário, os agentes estatais envolvidos nos casos de violação de tais direitos; - A dignidade é o princípio dos direitos humanos. Segundo Mann, a compreensão da dignidade deve dar-se pelo entendimento da sua violação, que consiste em: - Não ser visto; - Ter seu espaço pessoalinvadido; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Ser submetido à humilhação; Exemplos de possíveis de violar a dignidade humana na prática médica seriam: - A recusa do médico ao contato físico com seu paciente sem motivações de saúde; - A recusa do médico ao estabelecimento de vínculo afetivo com o paciente; - A desqualificação do médico à queixa do paciente, por não ser identificada. Exemplos de ações relativas aos direitos humanos no campo da saúde: - Movimento das mulheres (posteriormente feminista); - Contestação manicômios; - Ativismo e luta contra a epidemia da AIDS; ➔ IMIGRAÇÃO, MULTICULTURALISMO E DIVERSIDADE CULTURAL: - O Brasil é reconhecido como um país seguro para refugiados; - Abriga a maior população de refugiados da América do Sul vinda de 80 países e abriga solicitações de reconhecimento em trânsito; - O conceito de refugiado foi regulado pela ONU por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, realizada em 1951 e adotada em 1954: para ser considerado refugiado, a pessoa precisa declarar que se sente perseguida pelo Estado de sua nacionalidade por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas; que se ausentou do seu país em virtude desses termos ou que não consegue a proteção do poder público pelas mesmas razões; • REFUGIADOS: - Concentram-se em grandes centros urbanos; - Mulheres constituem 34% dessa população; - A maioria vem da Síria, República Democrática do Congo, Colômbia, Palestina, Paquistão, Mali, Iraque, Angola, República da Guiné, Afeganistão, Camarões e outros; - Refugiados no Brasil enfrentam obstáculos à sua integração: Diferenças culturais, étnicas e econômicas; Dificuldades com o idioma; Perda de relações familiares e sociais; Restrições ao reconhecimento da formação acadêmica, violência relacionada às circunstâncias que forçaram o deslocamento; - Adicionalmente, sofrem por problemas sociais que afetam os brasileiros: dificuldades em conseguir emprego, acesso à educação superior, acesso à moradia e a saúde; • SUS: - O SUS atende a imigrantes, refugiados e solicitantes de refúgio; - O planejamento das ações deveria levar em conta a influência da cultura na expressão dos sintomas, na experiência da doença, na evolução e progressão dos quadros clínicos; - Aplicar os mesmos protocolos diagnósticos e tratamentos para uma população culturalmente diferente implica não reconhecer a validade cultural das ações em saúde; - A diagnose requer alto nível de compreensão cultural; ➢ NA PRÁTICA: - O profissional vai se comunicar dentro do modelo saúde/doença aprendido por ele; - O refugiado nem sempre compartilha esse modelo; - Quanto maior a diferença cultural entre o profissional e o usuário do serviço, maiores as chances de erros de comunicação, o que dificulta mais ainda a avaliação diagnóstica; - Frente à diversidade cultural dos refugiados, na prática os profissionais se queixam de desinformação e despreparo para o atendimento; - Uma abordagem humilde e reflexiva implica uma atitude de respeito à diversidade, à individualidade da experiência cultural e seus significados, incluindo múltiplos pontos de vista no desenho do projeto terapêutico; - Na prática, significa, por exemplo, adotar uma combinação coordenada de tratamentos oferecidos pela “medicina oficial” às ações de curandeiros populares; • CONARE: - Comitê Nacional para Refugiados; - Órgão colegiado, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, que delibera sobre as solicitações de reconhecimento da condição de refugiado no Brasil; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Suas competências e composição estão definidos no artigo 12 da Lei nº 9.474, de 22 de julho de 1997; - O CONARE é constituído por representantes governamentais e não-governamentais. Pelo governo, fazem parte do CONARE o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ-presidência), o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o Ministério da Saúde (MS), o Ministério da Educação (MEC), o Ministério da Economia (ME), e a Polícia Federal (PF); - Os atuais representantes da sociedade civil (titular e suplente, respectivamente são das Cáritas Arquidiocesanas do Rio de Janeiro e de São Paulo); - Diferentemente dos demais membros, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) possui voz, mas não voto; ➢ Funcionamento: - O CONARE realiza reuniões periódicas – não excedendo 60 dias desde a data da última, cujo quórum mínimo é de quatro membros votantes; - Cada caso é instruído com um parecer elaborado por servidor público no Ministério da Justiça e Segurança Pública, o qual é elaborado com base em entrevista realizada com o solicitante de reconhecimento da condição de refugiado, pesquisa de país de origem e demais elementos apresentados para a comprovação de fundado temor de perseguição no país de origem; - É importante ressaltar que a decisão sobre as solicitações compete ao CONARE, que pode acatar ou não o parecer opinativo elaborado pelo servidor e pela coordenação-geral do CONARE; • NOVA LEI DE IMIGRAÇÃO Nº 13445/2017: - Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre os direitos e os deveres do migrante e do visitante, regula a sua entrada e estada no País e estabelece princípios e diretrizes para as políticas públicas para o emigrante. § 1o Para os fins desta Lei, considera-se: I - (VETADO); II - Imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária ou definitivamente no Brasil; III - Emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior; IV - Residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência habitual em município fronteiriço de país vizinho; V - Visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional; VI - Apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado, segundo a sua legislação, nos termos da Convenção sobre o Estatuto dos Apátridas, de 1954, promulgada pelo Decreto no 4.246, de 22 de maio de 2002, ou assim reconhecida pelo Estado brasileiro. ➢ Características da Lei: - Paradigma central: proteção de direitos humanos na temática das migrações, como decorrência da proteção constitucional da dignidade humana; - Ao migrante é garantida, assim como aos nacionais, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, assegurando-lhe também os direitos e liberdades civis, sociais, culturais e econômicos; - Regularização migratória passa a ser regra; - Previsão da autorização de residência (requerida em território nacional sem ter que sair para se regularizar); - Integrantes de grupos vulneráveis e indivíduos em condição de hipossuficiência econômica são isentos do pagamento de taxas e emolumentos consulares para concessão de vistos ou para a obtenção de documentos para regularização migratória; - Assegura-se o acesso igualitário e livre dos migrantes a serviços, programas e benefícios sociais, bens públicos, educação, assistência jurídica integral pública, trabalho, moradia, serviço bancário e seguridade social; - A ONU afirma que os refugiados são uma responsabilidade de todos nós; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais ➔ RAÇA E ETNIA: - Raça: característica fenotípica (exemplo: cor da pele); - Etnia: compreende fatores culturais (exemplo: nacionalidade, afiliação tribal, religião, língua, tradições; - As diferenças mais aparentes (cor da pele, textura dos cabelos, formato do nariz) são determinadas por um grupo insignificante de genes; - As diferenças entre um negro africano e um branco nórdico compreendem apenas 0,005% do genoma humano;- Há um amplo consenso entre antropólogos e geneticistas humanos que, do ponto de vista biológico, raças humanas não existem; - O IBGE pesquisa a cor ou raça da população brasileira com base na autodeclaração. Ou seja, as pessoas são perguntadas sobre sua cor de acordo com as seguintes opções: preta, parda, indígena ou amarela; • HISTÓRIAS SOBRE ETNIA E RAÇA: 1) JOSEPH ARTHUR DE GOBINEAU (1812-1882): - Diplomata, escritor e filósofo francês; - Um dos mais importantes teóricos do racismo no século XIX; - Para Gobineau, os casamentos originários dos cruzamentos de espécies diferentes seriam sempre degenerados ou mais francos e ainda traziam consigo somente os defeitos e não as qualidades aos seus descendentes; - Segundo ele, a noção de “perfectibilidade” era somente uma, a da raça ariana, aos cruzamentos somente a degeneração e que os mestiços eram uma “sub-raça decadente e degenerada”; - De tal maneira que sua teoria racista foi “justificadora da dominação feudal, se transformaria numa ideologia justificadora da dominação dos países capitalistas centrais sobre os países da África, Ásia e da América Latina e da dominação de uma elite proprietária sobre o conjunto da população trabalhadora.” 2) ANTENOR FIRMIM: - Igualdade das raças humanas: antropologia positiva, 1855; - Quando a pele era mencionada por um dos primeiros viajantes, missionários ou embaixadores do Ocidente (e muitas vezes não era, porque a cor da pele como um marcador racial não estava totalmente definida até o século 19) os asiáticos orientais eram quase sempre chamados de brancos, particularmente durante o período do primeiro contato moderno no século XVI; - O termo amarelo ocasionalmente começou a aparecer no final do século 18 e, então, realmente conquistou a imaginação ocidental no século 19; 3) VANCHER DE LAPOUGE: - Antropólogo que acreditava que a raça era fator determinante na história; - Criador do termo ETNIA; - Surgiu no início do século XIX para designar as características culturais próprias de um grupo, como a língua e os costumes; - Para ele, a raça era entendida como as características hereditárias comuns a um grupo de indivíduos; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais • ETNIA X GRUPO ÉTNICO: - Alguns sociólogos diferenciam etnia e grupo étnico; - Um grupo precisa de uma interação entre todos os seus membros enquanto a etnia abrange um número grande demais de pessoas para que haja relação direta entre todas elas; - Exemplo: Os membros de uma vizinhança judaica de uma determinada cidade do Ocidente, onde todos os indivíduos frequentam a mesma sinagoga, constituem um grupo étnico, ao passo que os judeus como um todo compõem uma etnia; - A origem mais forte e sociologicamente descrita do mito da democracia racial no Brasil advém dos escritos do sociólogo brasileiro Gilberto Freyra; - Na contramão das teorias do chamado racismo científico do início do século XX, que defendiam a pureza racial e o “branqueamento” do povo brasileiro como ponto de partida para chegar-se a um estágio de maior evolução social miscigenação que gerava um povo mais forte e capaz de maior desenvolvimento. - A miscigenação geraria um povo mais forte e capaz de maior desenvolvimento. - A Redenção de Cam é uma pintura a óleo sobre tela realizada pelo artista espanhol Modesto Brocos em 1895. A obra aborda as teorias raciais controversas do fim do século XIX e o fenômeno da busca pelo "embranquecimento" gradual das gerações de uma mesma família por meio da miscigenação. A obra foi pintada enquanto Brocos lecionava na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro; • RAÇAS BIOLÓGICAS E RAÇAS HUMANAS: - O estudo de ancestralidade genética de populações humanas (envolvendo DNA) mostra que os caracteres aparentes (fenotípicos) não são adequados para dividir a população em tipos raciais; - É incorreto relacionar grupos culturais (étnicos) a raças humanas, uma vez que estas são inexistentes para a Biologia; - De modo análogo, é inadequado o uso do termo etnia como sinônimo ou eufemismo para “raça humana”; - Historicamente, o conceito científico de raça foi utilizado como justificava ideológica e política para dominação de certos grupos humanos sobre outros, incluindo episódios racistas e eugênicos; • RAÇA, ETNIA, COR E SAÚDE: - Estudos comparativos sobre diabetes tipo 2 segundo raça, constatam que os homens negros apresentam 9% a mais de probabilidade de desenvolver diabetes que os homens brancos; - Anemia Falciforme; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Estudos realizados nos Estados Unidos apontam que a prevalência de miomas entre as mulheres negras é 5x maior que nas brancas; - Nos negros, a prevalência e a gravidade da hipertensão são maiores, o que pode estar relacionado a fatores étnicos ou socioeconômicos; - Os afrodescendentes em geral respondem menos a monoterapia com betabloqueadores, inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECAs) e bloqueadores da angiotensina (BRA) do que aos diuréticos e antagonistas dos canais de cálcio (ACC) di-hidropiridínicos; - Quando a genética e a doença genética estão entrelaçadas com raça e estereótipos a ela associados, as minorias étnicas e raciais são os alvos preferenciais de práticas estigmatizantes, coercitivas e discriminatórias; ➔ GÊNERO: - Além de classe social, etnias e religião é preciso discutir igualdade de gênero; - Nas sociedades onde a definição do gênero feminino tradicionalmente é referida à esfera familiar e à maternidade, a referência fundamental da construção social do gênero masculino é sua atividade na esfera pública, concentrador dos valores materiais, o que faz dele o provedor e protetor da família. - Enquanto nestas mesmas sociedades, atualmente, as mulheres estão maciçamente presentes na força de trabalho e no mundo público, a distribuição social da violência reflete a tradicional divisão dos espaços: o homem é vítima da violência na esfera pública, e a violência contra a mulher é perpetuada no âmbito doméstico, onde o agressor é, mais frequentemente, o próprio parceiro; - Movimentos pela igualdade de gênero no mundo; - Padrões de discriminação, desigualdade e violência que persistem tampouco podem ser atribuídos exclusivamente ao mau desempenho das leis ou das políticas públicas adotadas nos últimos 15 anos, já que, na maioria das vezes, decorrem de padrões culturais e práticas sociais, cujas raízes devem ser investigadas nos ciclos históricos de longo curso. - Os ganhos legislativos e de políticas públicas registradas no Brasil nos últimos 25 anos podem e devem ser atribuídos a capacidade de mobilização das próprias mulheres e, especialmente, ao movimento feminista. • REFORMAS JURÍDICAS E POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE DE GÊNERO NO BRASIL: - Durante a maior parte do século XX, o Brasil conviveu com os principais discriminatórios do código civil de 1916; - O texto da lei privilegiava o lado paterno em detrimento do materno, permitia a anulação do casamento adiante da não-virgindade da mulher (mas não do homem), afastava da herança a filha de comportamento “desonesto” e não reconhecia os filhos nascidos fora do casamento, que eram considerados “ilegítimos”, identificava o status civil da mulher casada ao dos menores, silvícolas e alienados – ou seja, ao casar, a mulher perdia sua capacidade civil plena, não podendo praticar uma série de atos sem o consentimento do marido. - Em 1962, o código foi revogado pelo “estatuto da mulher casada” (Lei 4.121/1962), que avançou no tratamento paritário entre os cônjuges, mas não eliminou todos os privilégios do “pátrio poder” (poder dos pais/homens), permanecendo diversos tipos de assimetria de gênero, como no caso das mulheres que eram consideradas “concubinas”. - A chamada “Lei do concubinato” (Lei no 8.971) só entrouem vigor em 29/12/1994. - As conquistas femininas ficaram mais ou menos congeladas nos primeiros dez anos do regime autoritário. - Porém, a partir de 1975 (Ano Internacional da Mulher), operou-se um resgate das conquistas e do avanço formal da cidadania, que foram marcantes para a história das mulheres brasileiras. - O direito ao divórcio, por exemplo, só passou a vigorar no Brasil com a Lei n. 6.515 de 1977. Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais • CONSTITUIÇÃO: - A Constituição Federal de 1988 simboliza um marco fundamental na instituição da cidadania e dos direitos humanos das mulheres no Brasil. - O texto constitucional inaugura os princípios democráticos e rompe com o regime autoritário militar instalado em 1964. Pela primeira vez na história constitucional brasileira, consagra-se a igualdade entre homens e mulheres como um direito fundamental. - O princípio da igualdade entre os gêneros é endossado no âmbito da família, quando o texto estabelece que os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelos homens e pelas mulheres. - Na educação superior, as dificuldades de acesso eram mais graves, pois as mulheres foram excluídas dos primeiros cursos de Medicina (1808), Engenharia (1810) e Direito surgidos no país e apenas em 1881 o império facultou à mulher a matrícula em curso superior. -Contudo, ainda era difícil vencer as barreiras anteriores, pois os estudos secundários eram caros e essencialmente masculinos e os cursos normais não habilitavam as mulheres para as faculdades. - Destaca-se uma grande vitória feminina na educação brasileira: em 1887, Rita Lobato Velho Lopes tornou-se a primeira mulher a obter o título de médica no Brasil. - O aborto é um fenômeno frequente e persistente entre as mulheres de todas as classes sociais, grupos raciais, níveis educacionais e religiões: em 2016, quase 1 em cada 5 mulheres, aos 40 anos já realizou, pelo menos, um aborto. Em 2015, foram, aproximadamente, 416 mil mulheres. Há, no entanto, heterogeneidade dentro dos grupos sociais, com maior frequência do aborto entre mulheres de menor escolaridade, pretas, pardas e indígenas, vivendo nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. ➔ INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: • REDE DE CUIDADOS À PESSOA COM DEFICIÊNCIA: - Proteger a saúde da pessoa com deficiência; - Reabilitar a pessoa com deficiência na sua capacidade funcional e desempenho humano, contribuindo para a sua inclusão em todas as esferas da vida social; - Prevenir agravos que determinem o aparecimento de deficiências; - OBJETIVO: Propiciar atenção integral à saúde da pessoa com deficiência, desde a atenção básica até a sua reabilitação, incluindo a concessão de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, quando se fizerem necessários; - Diretrizes: a) Promoção da qualidade de vida; b) Prevenção de deficiências; c) Atenção integral à saúde; a melhoria dos mecanismos de informação; d) Capacitação de recursos humanos; e) Organização e funcionamento dos serviços; • PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA: - A que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: - Deficiência Física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; - A deficiência física compreende as condições de dificuldade na marcha, na sustentação e no equilíbrio do corpo, da cabeça e na movimentação dos membros superiores, em graus diferentes de comprometimento; - Plegia: paralisia do membro; - Paresia: perda de força e sensibilidade do membro; - Mono: somente um membro; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Para: membros superiores ou membros inferiores; - Tri: três membros; - Tetra: os 4 membros; - Hemi: um lado do corpo (direito ou esquerdo); • DIFERENÇA NO ATENDIMENTO ENTRE SURDOS E PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA: - A pessoa com deficiência auditiva pode ser atendida normalmente, desde que haja um direcionamento do olhar para ela, com falas calmas e articuladas, sem exagero; - Na falta do entendimento, utilizar gestos de apoio como apontar para objetos ou mostrar os objetos. Ela é uma pessoa que compreende pela pouca audição ou pela leitura labial e não é usuária de libras; - Com relação ao atendimento aos surdos, o direcionamento do olhar também é importante; - Os surdos são reconhecidos pela sua forma de expressão, que é totalmente em língua de sinais. Seria interessante os espaços disporem de pessoas que saibam libras; • DEFICIÊNCIA VISUAL: - Cegueira: acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; - Baixa visão: acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º; • DEFICIÊNCIA MENTAL: - O termo deficiência mental foi utilizado a partir do século XIX. Sendo conceito construído e empregado pelo “modelo médico” para classificar, denominar e conceituar aqueles que possuíam um problema no seu desenvolvimento mental, na área cognitiva, que influenciava na sua autonomia e independência e na sua adaptação ao meio social; - Funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 1- Comunicação; 2- Cuidado pessoal; 3- Habilidades sociais; 4- Utilização dos recursos da comunidade; 5- Saúde e segurança; 6- Habilidades acadêmicas; 7- Lazer; 8- Trabalho; • DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA: - Associação de duas ou mais deficiências; • DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: - O termo deficiência intelectual surgiu nos primeiros anos do século XXI. Este “novo” termo, aos poucos, foi (e vem) sendo empregado no âmago das reflexões e discussões políticas dos movimentos sociais referentes à pessoa com deficiência, em documentos legais de âmbito internacional e nacional e no meio acadêmico- científico; - Deficiência intelectual veio substituir e ampliar a conotação e representação de termos anteriores tais como: “débil mental”, “idiota”, “retardado mental”, “excepcional”, “incapaz mentalmente” e outros erroneamente associados a transtornos mentais, como o “maluco” ou o “louco”; • LEGISLAÇÃO SOBRE A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: - LEI º 13.146/2015: Estatuto da pessoa com deficiência; - ARTIGO 2: Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas; - ARTIGO 3: Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: I – Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida; II – Desenho Universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projetoespecífico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; III – Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social; IV – Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que limite ou impeça a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança, entre outros, classificadas em: a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso coletivo; b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios públicos e privados; c) barreiras nos transportes: as existentes nos sistemas e meios de transportes; d) barreiras nas comunicações e na informação: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens e de informações por intermédio de sistemas de comunicação e de tecnologia da informação; e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos que impeçam ou prejudiquem a participação social da pessoa com deficiência em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas; f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impedem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias; V – Comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações; VI – Adaptações Razoáveis: adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais; VII – Elemento de Urbanização: quaisquer componentes de obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamento para esgotos, distribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública, serviços de comunicação, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; - VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos de urbanização ou de edificação, de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais similares, terminais e pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; - IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, permanente ou temporária, gerando redução efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa com criança de colo e obeso; - X - residências inclusivas: unidades de oferta do Serviço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Social (Suas) localizadas em áreas residenciais da comunidade, com estruturas adequadas, que possam contar com apoio psicossocial para o atendimento das necessidades da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com deficiência, em situação de dependência, que não dispõem de condições de autossustentabilidade e com vínculos familiares fragilizados ou rompidos; - XI - moradia para a vida independente da pessoa com deficiência: moradia com estruturas adequadas capazes de proporcionar serviços de apoio coletivos e individualizados que respeitem e ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos com deficiência; - XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência no exercício de suas atividades diárias, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas; - XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce atividades de alimentação, higiene e locomoção do estudante com deficiência e atua em todas as atividades escolares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis e modalidades de ensino, em instituições públicas e privadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas; - XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa com deficiência, podendo ou não desempenhar as funções de atendente pessoal. DESENHO UNIVERSAL: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; - As pessoas apresentam diferenças individuais porque nascem diferentes umas das outras e adquirem experiências diferentes de vida; - Estas diferenças se configuram como: Culturais, Crenças, Valores, Linguagem, Formas de comunicação, Personalidade, Comportamento; ➔ SUSTENTABILIDADE, TRABALHO E QUALIDADE DE VIDA: - As primeiras referências a desenvolvimento sustentável começaram a surgir em 1972, durante a primeira conferência da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento, em Estocolmo, na Suécia; - O termo utilizado então foi “ecodesenvolvimento”; - Em 1983, a ONU indicou a então primeira- ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para chefiar a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que deveria aprofundar propostas mundiais na área ambiental; - Quatro anos depois, em 1987, a comissão apresentou o documento Nosso Futuro Comum, mais conhecido como Relatório Brundtland; • RELATÓRIO BRUNDTLAND: - O documento passou a utilizar a expressão “desenvolvimento sustentável” com a seguinte definição: Forma como as atuais gerações satisfazem as suas necessidades sem, no entanto, comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem suas próprias necessidades; - “Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas” Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Em princípio, o conceito aponta para uma bela utopia que, se não irá se realizar plenamente, poderia, pelo menos, “corrigir” os rumos socioeconômicos e ambientais da Humanidade. Mas, ao explicá-lo, o texto do Relatório Brundtland se torna confuso, indicando, naquele momento, uma atitude vacilante diante dos grandes impasses que o tema colocava, e ainda coloca, para o sistema econômico vigente e para os países, tanto os desenvolvidos quanto os em desenvolvimento. - De acordo com o relatório, as limitações ao desenvolvimento sustentável estariam, por exemplo, não no modelo de crescimento, baseado na exploração dos recursos naturais e no estímulo ao consumo, mas nas “limitações impostas pelo estágio atual da tecnologia e da organização social, no tocante aos recursos ambientais, e pela capacidadeda biosfera de absorver os efeitos da atividade humana”. Mas, continua o documento, “tanto a tecnologia quanto a organização social podem ser geridas e aprimoradas a fim de proporcionar uma nova era de crescimento econômico.” - Outra causa para a degradação ambiental, segundo o Relatório Brundtland, é a pobreza, pois “um mundo onde a pobreza é endêmica estará sempre sujeito a catástrofes, ecológicas ou de outra natureza.” - Para atender às necessidades básicas de todos, o documento recomenda, então, “um crescimento potencial pleno, e o desenvolvimento sustentável exige claramente que haja um crescimento econômico em regiões onde tais necessidades não estão sendo atendidas.” - A ideia segue sendo desdobrada em uma lógica circular: onde as necessidades básicas já são atendidas, há desenvolvimento sustentável; se há desenvolvimento sustentável, ele é compatível com o crescimento econômico. - E continua: “Mas o simples crescimento não basta. Uma grande atividade produtiva pode coexistir com a pobreza disseminada, e isto constitui um risco para o meio ambiente. Por isso, o desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam as necessidades humanas, tanto aumentando o potencial de produção, quanto assegurando a todos as mesmas oportunidades.” - No artigo do ecodesenvolvimento ao desenvolvimento sustentável: evolução de um conceito? O professor de Gestão Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Philippe Pomier Layrargues afirma que, para que todos possam usufruir de uma quantidade parecida de energia, é preciso, não só um melhor rendimento energético, mas uma mudança de cultura nas sociedades de consumo, que têm no desperdício uma de suas principais características. - Semelhante é o pensamento do professor de Economia da Universidade Federal de Santa Catarina, Gilberto Montibeller Filho. No artigo “CRESCIMENTO ECONÔMICO E SUSTENTABILIDADE” o relatório expressa a preocupação com as consequências globais da atividade humana em relação à poluição, exaustão de recursos e aos perigos da degradação ambiental para as gerações futuras. - Na década de 1980, em resposta às pressões da sociedade e dos trabalhadores impactados pelo crescimento do parque industrial nacional, pela expansão das fronteiras agrícolas e pelo súbito e acelerado crescimento das cidades sem infraestrutura adequada, a Fiocruz criou o Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh), integrado à Ensp. - Por meio de programas e linhas de ensino e pesquisa cumpre um importante papel no desenvolvimento dos aspectos teórico-conceituais, técnico-científicos, metodológicos e operacionais do campo da saúde do trabalhador e da ecologia humana. ➔ TECNOLOGIAS, SAÚDE E SOCIABILIDADE: - Confidencialidade: é a qualidade daquilo que é confidencial (que se diz ou que se faz com confiança e com segurança recíproca entre dois ou mais indivíduos); - Trata-se de uma propriedade da informação que pretende garantir o acesso unicamente às pessoas autorizadas; - Quando se produz informação confidencial (uma carta, um documento, um relatório etc.) os Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais responsáveis decidem quem terá o direito ao acesso dos dados; - A confidencialidade é uma forma de privacidade informacional que acontece no âmbito de uma relação especial entre o médico e o seu paciente; - As informações pessoais obtidas no curso deste relacionamento não podem ser comunicadas para terceiros a menos que autorizadas previamente por aquele que as revelou; • CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA: - Sigilo Profissional: - O segredo médico: característica moral obrigatória da profissão médica, pilar da relação médico-paciente, necessidades e direitos dos cidadãos a intimidade; • TELEMEDICINA: - Ramo da medicina que através de tecnologias de informática e telecomunicações, facilita a troca de informações entre profissionais de saúde e por meio disso, aumenta a disponibilidade de diagnósticos e tratamentos aos pacientes; - O CFM decidiu aperfeiçoar ao máximo a eficiência dos serviços médicos prestados e, em caráter de excepcionalidade e enquanto durar a pandemia da COVID-19, reconhecer a possibilidade e a eticidade da utilização da telemedicina; - Exercício da Medicina através da utilização de metodologias interativas de comunicação áudio, visual e de dados, com o objetivo de assistência, educação e pesquisa em Saúde; - Teleorientação: Para que profissionais da medicina realizem a distância a orientação de pacientes em isolamento; - Telemonitoramento: ato realizado sob orientação e supervisão médica para monitoramento a distância de parâmetros de saúde ou doença; - Teleinterconsulta: exclusivamente para troca de informações e opiniões entre médicos, para auxílio diagnóstico ou terapêutico; • AMB – EDITORIAL: - Mais delicada e importante, entretanto, é a confidencialidade das informações. - O respeito ao sigilo é fundamental; - Preservação de segredos profissionais é um direito do paciente e uma conquista da sociedade contida nos Códigos de Ética e Penal; - Esta relação de confiança se estabelece entre o paciente e seu médico e se estende a todos os demais profissionais das áreas de saúde e administração que tenham contato direto ou indireto com as informações obtidas; - OMS publica primeiro relatório global sobre inteligência artificial na saúde e seis princípios orientadores para sua concepção e uso; - O uso crescente de inteligência artificial para a saúde apresenta a governos, provedores e comunidades, oportunidades e desafios; - A inteligência artificial é uma grande promessa para melhorar a prestação de atenção à saúde e medicamentos em todo o mundo, mas apenas se a ética e os direitos humanos forem colocados no centro de seu desenho, implantação e uso, de acordo com as novas orientações da OMS; - O relatório Ética e governança da inteligência artificial para a saúde é resultado de dois anos de consultas realizadas por um painel de especialistas internacionais indicados pela OMS; - IA também poderia permitir que países com poucos recursos e comunidades rurais, onde os pacientes frequentemente têm acesso restrito a profissionais médicos, preencham as lacunas no acesso aos serviços de saúde; • 6 PRINCÍPIOS PARA GARANTIR QUE A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL FUNCIONE PARA O INTERESSE PÚBLICO EM TODOS OS PAÍSES: - Proteger a autonomia humana; Graziela Benevides – Medicina – Ciências Sociais - Promover o bem-estar e a segurança humana e o interesse público; - Garantir transparência, explicabilidade e inteligibilidade; - Promovendo responsabilidade e prestação de contas; - Garantir inclusão e equidade; - Promover inteligência artificial que seja responsiva e sustentável;
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