Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hérnias da Parede Abdominal Epidemiologia: -Mais de 600 mil hérnias são operadas anualmente nos EUA. -O reparo herniário é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados pelos cirurgiões gerais. -No Brasil, foram realizadas cerca de 281 mil operações de hérnia abdominal em 2019. -Atualmente as hérnias afetam entre 20 e 25% da população adulta no Brasil. Definição -É a protrusão anormal de um órgão ou tecido, por um defeito em suas paredes circundantes. -Tal protrusão é resultante da pressão intra-abdominal se maior que a externa e que, ao contrapor-se a parede abdominal, resulta em aumento da sua área de fraqueza. -O princípio de Pascal ajuda na compreensão do processo de formação da hérnia: o aumento da pressão intra-abdominal gera uma tensão que é transmitida às paredes do abdome. Fragilidade da Parede Abdominal ❖ Idade avançada. ❖ Doenças debilitantes. ❖ Traumatismos. ❖ Anomalias do desenvolvimento embrionário da parede e cavidade abdominal. ❖ Doenças do colágeno. ❖ Tabagismo. ❖ Deficiência de antitripsina alfa-1 ❖ Atrofia muscular. -Pele e Tela Subcutânea: ➔ Fáscia de Camper (areolar) ➔ Fáscia de Scarpa (lamelar) ➔ Fáscia Intermédia Etapas de Formação -Possuem 3 fases de desenvolvimento: 1- Defeito ou orifício através do qual passará a estrutura herniada. 2- Formação do saco peritoneal que se projeta em forma de dedo de luva no orifício. 3- Projeção de qualquer víscera do interior da cavidade abdominal. Classificação ❖ Inguinal ❖ Femoral ❖ Umbilical ❖ Região epigástrica -Capacidade de Redução: -Têm seu conteúdo retornado à posição original, geralmente de modo espontâneo ou por manobras digitais. ➔ Redutíveis: o conteúdo herniado retorna ao lugar de origem. ➔ Não-Redutíveis ou Encarceradas: o conteúdo herniado não retorna ao local de origem. ➔ Estranguladas: o conteúdo herniado não retorna ao local de origem e há sofrimento vascular. Hérnia Inguinal -Região inguinal é a zona de transição entre o abdome e o membro inferior. -Zona de fácil herniação devido à evolução humana, ou seja, a passagem para o bipedismo. -Epidemiologia: -Cerca de 75% das hérnias ocorrem na região inguinal. -Acomete 25x mais homens. -Mais comum do lado direito. -Estrangulamento ocorre de 1 a 3% das hérnias inguinais e são mais frequentes nos extremos da vida. -Canal Inguinal: -Mede aproximadamente 4 cm de comprimento. -Situa-se entre o anel inguinal interno (profundo) e o anel inguinal externo (superficial). -Contém o cordão espermático no homem, o ligamento redondo na mulher e o nervo inguinal em ambos sexos. -Anel Inguinal Profundo (interno): -Defeito na fáscia transversalis a meia distância entre a espinha ilíaca ântero superior e o tubérculo púbico, 2 cm acima do ligamento inguinal; -Anel Inguinal Superficial (externo): -Defeito na aponeurose do m. oblíquo externo, imediatamente acima e lateral ao tubérculo púbico. -Paredes: -Parede Anterior: aponeurose do m. oblíquo externo e fibras musculares do m, oblíquo interno no ⅓ lateral. -Parede Posterior: fáscia transversalis e aponeurose do m. transverso. -Parede Superior: m. oblíquo interno e transverso do abdome. -Parede Inferior: ligamento inguinal e ligamento lacunar na porção mais medial -Pontos de Referência Anatômicos: ➔ Espinha ilíaca ântero-superior. ➔ Tubérculo púbico. ➔ Ligamento inguinal. ➔ Anel inguinal externo. -Trígonos: Hessert: -Cadáveres com tal trígono menor que 3 cm não apresentam hérnia inguinal. -Pacientes com hérnia geralmente apresentam o trígono com 9 cm. Limites: ➔ Superior: margem inferior das fibras do m. oblíquo interno. ➔ Medial: margem lateral do m. reto abdominal. ➔ Lateral: ligamento inguinal. Hesselbach: -É essencial para a classificação das hérnias inguinais. Limites: ➔ Margem lateral do m. reto abdominal (medialmente). ➔ Ligamento inguinal (inferiormente). ➔ Vasos epigástricos inferiores (súpero lateralmente). -Hérnia direta: passa diretamente pela parede abdominal, está dentro do trígono de Hesselbach e medial aos vasos epigástricos. -Hérnia indireta: lateral aos vasos epigástricos e passa indiretamente pela parede abdominal. -História Clínica: Abaulamento na região inguinal. -Associado ou não a desconforto ou dor leve. -Duração é variável, mas geralmente de semanas ou meses. -Há relação com esforços físicos, tanto do abaulamento, como da dor. -Exame Físico: -Paciente de pé. -Inspeção: perda de simetria e abaulamento. -Palpação: manobra de Landivar → colocação da ponta dos dedos na parede abdominal sobre a região inguinal e pede-se ao paciente para repetir a manobra de Valsalva. a seguir, coloca-se a ponta de um dedo no canal inguinal e a manobra de Valsalva deve ser repetida. -Classificação: Hérnia Indireta: -Mais comum em crianças e jovens. -Há persistência do conduto peritônio vaginal. -Ocupa o canal inguinal. -É lateral aos vasos epigástricos inferiores. -Ao exame físico, a hérnia toca a ponta do dedo do examinador. -Hérnia Direta: -Mais comum em adultos e idosos. -Há fraqueza da parede posterior do canal inguinal (fáscia transversalis), levando a protrusão de conteúdo abdominal de modo direto. -É medial aos vasos epigástricos inferiores. -Ao exame físico, a hérnia toca o lado do dedo do examinador. -Exames Complementares: ➔ USG ➔ TC -São utilizados em casos de hérnias encarceradas que necessitam de urgência. OBS: os exames de imagem são dispensáveis e o diagnóstico é baseado na história clínica e exame físico. -Classificação de Nyhus: I - Hérnia indireta, anel interno normal II - Hérnia indireta, anel interno dilatado III - Hérnia direta III B - Hérnia indireta com fraqueza do assoalho inguinal, hérnia por deslizamento. III C - Hérnia Femoral IV - Hérnia Recidivada A: direta B: indireta C: femoral D: outra -Tratamento: -Pode ser realizado de diversas maneiras. -Necessitam de correção, pois são defeitos anatômicos. -Pode ser realizada de maneira aberta (anterior ou posterior) ou por laparoscopia (somente de maneira posterior - de dentro para fora). -Cirúrgico: -Incisão da pele e tela subcutânea. -Dissecção do anel inguinal superficial -Incisão da aponeurose do m. oblíquo externo -Isolamento do funículo espermático / ligamento redondo. -Dissecção e isolamento do saco herniário. -Tratamento do saco herniário. -Reforço da parede posterior. -Técnica Videolaparoscópica: -Transabdominal pré-peritoneal (TAPP). -Transabdominal com tela intraperitoneal (IPOM). -Totalmente extraperitoneal (TEP). Hérnia Femoral -Ocorre pelo canal femoral. -Produz uma tumoração ou protuberância abaixo do ligamento inguinal. -É mais frequente em mulheres. -Epidemiologia: -Aproximadamente 50% dos homens com uma hérnia femoral terão uma hérnia inguinal direta associada. -A incidência de estrangulamento nas hérnias femorais é alta, portanto todas devem ser reparadas. -A ocorrência de hérnia femoral após reparo de hérnia inguinal foi relatado ser de 15x maior do que a taxa esperada. -Canal Femoral: Limites: ➔ Superior: ligamento inguinal. ➔ Inferior: músculo pectíneo. ➔ Lateral: veia femoral. ➔ Medial: ligamento lacunar. Hérnias Ventrais -É definida como a protrusão através da fáscia da parede abdominal anterior. -Hérnias epigástricas: ocorrem do processo xifóide até o umbigo. -Hérnias umbilicais: ocorrem na cicatriz umbilical. -Hérnias hipogástricas: ocorrem abaixo da cicatriz umbilical. -Fatores Associados: -Obesidade e idade avançada. -Sexo masculino. -Apneia do sono, enfisema e prostatismo. -Classificação: Anterior: ➔ Linha Média ➔ Umbilical ➔ Epigástrica Ventrolateral: ➔ Semilunar ➔ Spiegel -Hérnia Epigástrica -3 a 5% da população tem hérnia epigástrica. -São mais comuns em homens. -Geralmente de 5 a 6 cm do umbigo. -São múltiplas em 20% dos casos. -O diagnóstico é clínico. -Tratamento: reparo cirúrgico. -Hérnia Umbilical: -Cicatriz umbilical é formada no anel umbilical da linha alba. -São mais comuns em crianças e são congênitas.-Se fecham espontaneamente na maioria dos casos até os 5 anos de idade. -Sua presença em adultos é na maioria, adquirida. -São mais comuns em mulheres e em pacientes com aumento da pressão intra-abdominal, como gravidez, obesidade, ascite e distensão abdominal. -O estrangulamento é incomum. -Diagnóstico: clínico. -Tratamento: reparo cirúrgico pela técnica de Mayo. -Hérnia Incisional: -Mais frustrantes e difíceis de tratar. -Resulta da tensão excessiva e cicatrização inadequada. -Aumentam de volume ao longo do tempo, provocando dor, obstrução intestinal e estrangulamento. -Fatores de Risco: desnutrição, ascite, gravidez e outras condições que aumentam a pressão intra- abdominal. -Pode acontecer a perda do domínio abdominal e retorno no conteúdo à cavidade. -Hérnia de Spiegel: -Ocorre através da fáscia de Spiegel, que é composta do folheto aponeurótico entre o m. reto medialmente e a linha semilunar lateralmente. -Quase todas ocorrem na linha arqueada. -A maioria tem tamanho pequeno de 1 a 2 cm. -Se desenvolve até a 7ª década de vida. -USG e TC podem ser úteis no diagnóstico. -Há alto risco de encarceramento com colo estreito. -Hérnia do Obturador: -o canal do obturador é formado pela união dos ossos púbis e ísquio. -Tal canal é atapetado por uma membrana espessa na borda medial e superior pelo nervo obturador. -Possui alto risco de encarceramento e estrangulamento, além de compressão nervosa. -50% evoluem com obstrução intestinal. -Hérnia Lombar: -São protrusões relativamente raras, que surgem através de defeitos na parede abdominal póstero- lateral. -Podem ser congênitas ou adquiridas. -Ocorrem através do trígono lombar inferior de Petit e através do trígono lombar superior de Grynfeltt. Fatores Predisponentes: -Idade, obesidade -Magreza extrema e emagrecimento intenso. -Doenças crônicas debilitantes -Atrofia muscular -Bronquite crônica Diagnóstico: -Difícil -Desconforto abdominal. -Fadiga, dor na região dorsal. -Abaulamento na parede abdominal póstero-lateral que se torna mais evidente com a tosse e o esforço físico. -TC de abdome. -Hérnia Interparietal: -Entre os músculos da parede abdominal geralmente com quadro de incisão prévia. -Hérnia Isquiática: -Forame isquiático maior pode ser lugar formador de hérnia. -São assintomáticas até ocorrer obstrução intestinal. -Pode haver nevralgia do isquiático. -Hérnia Perineal: -Defeito congênito ou adquirido após cirurgia pélvica.
Compartilhar