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FREEMAN, Joshua. Mastodontes: a história da fábrica e a construção do mundo moderno. São Paulo: Todavia, 2019, p. 95 - 130. Jéssica Quinteiro Rodrigues - História/UNIFESP ___________________________________________________________________________ 3 - “O progresso da civilização”: Exposições industriais, produção de aço e o preço do prometeísmo. [p.95] - 10 de maio de 1876: Exposição do Centenário da Independência dos EUA. - “Com a participação de 37 países, tinha mostras enciclopédicas que exibiam de tudo, desde plantas exóticas e gado premiado a obras de arte e artefatos históricos. Mas as máquinas e os produtos feitos por elas sobrepujaram todo o resto.” [p.96] - “Foi uma maneira peculiar de marcar o centésimo aniversário dos Estados Unidos. Havia muitas imagens e objetos de mau gosto patrióticos. Mas o peso da exposição estava em outro lugar, na celebração das maravilhas tecnológicas da época, da grande produtividade e inventividade do país, de seu progresso medido pelo domínio do reino mecânico.” [p.97-98] - “[...] os americanos passaram a ver as máquinas e a produção mecânica como essenciais para o significado da experiência nacional, como parte integrante da modernidade.” - A figura do barco a vapor e, posteriormente, a estrada de ferro e os trens a vapor como portadores da civilização e da modernidade nacional. - “Ao reduzir radicalmente o tempo, o custo e a dificuldade de mover pessoas e coisas, a ferrovia uniu a nação, disseminando as relações comerciais e propagando ideias e sensibilidades. [...] uma nova noção de tempo”. Exibições de modernidade [p.99] - “A Exposição do Palácio de Cristal, realizada em Londres em 1851, cujo nome oficial era Grande Exposição das Obras da Indústria de Todas as Nações, marcou o início das grandes mostras internacionais e feiras mundiais, templos dedicados ao progresso e à modernidade tal como refletidos em máquinas e objetos feitos por elas.” [p.100] - “A torre Eiffel, construída para a Exposição Universal de 1889, tornou-se o principal ícone das feiras internacionais.” - Centésimo aniversário da Revolução Francesa. [p.101] - “[...] a admiração generalizada pelo novo industrialismo - os motores a vapor, as enormes estruturas de ferro e as máquinas em exposição.” [p.102] - Paul Lafargue: “os capitalistas convidaram os ricos e poderosos para a Exposição Universal a fim de observar e admirar o produto da labuta dos trabalhadores obrigados a viver na pobreza em meio à maior riqueza que a sociedade humana já produziu”. Ferro - “Os palácios de cristal de Londres e Nova York, os grandes salões de máquinas e a torre Eiffel foram possíveis graças aos avanços da indústria do ferro. Se a primeira metade do século XIX constituiu a idade do algodão, as décadas posteriores a 1850 foram a idade do ferro.” [p.103] - “Um enorme impulso na demanda por ferro veio da disseminação das ferrovias e da necessidade de trilhos.” [p.104] - Em um primeiro momento, os trabalhadores exerciam controle sobre o processo de produção (quase totalmente); as fábricas eram pequenas. - “Logo, porém, considerações técnicas e financeiras aumentaram o tamanho da usina. A laminação de trilhos exigia equipamentos caros; para ser rentável, as fábricas precisavam funcionar 24 horas por dia”. [p.105-106] - Década de 1850: criação do aço. [p.107] - As usinas siderúrgicas eram mais complexas que os cotonifícios pela quantidade de produtos que produzia. - “Era necessária uma atividade coordenada de equipes de operários.” [p.109] - “Imagens heróicas de trabalhadores usando fogo para transformar minério em metal eram comuns nos jornais do século XIX.” - “Uma das alusões mais comuns quando escreviam sobre a Revolução Industrial era Prometeu, por dar aos homens os poderes dos deuses. O fogo era o maior de seus dons; ferro e aço, a indústria mais prometeica. [...] o século XIX também voltou-se para Vulcano, o deus romano do fogo e da metalurgia.” [p.110] - “Mas, se para alguns a fabricação do ferro e aço parecia o reino dos deuses, para outros parecia a província de Satã”. [p.111] - “Por mais infernais que pudessem ser, as usinas de ferro e aço eram frequentemente saudadas como marcos da grandeza nacional e do avanço da civilização.” - John Gunther: “O determinante básico do poder de qualquer país é sua produção de aço.” Luta de classes - “Outra coisa além de fogo e poder fez das fábricas de ferro e aço centros de atenção pública: conflitos trabalhistas.” [p.112] - “Nas décadas posteriores à Guerra Civil, o crescente poder do capital industrial desencadeou lutas econômicas e políticas acirradas, em seus sentido mais amplo, sobre que tipo de sociedade os Estados Unidos seriam e quem decidiria. [...] Em nenhum outro lugar houve conflitos trabalhistas mais intensos do que na indústria siderúrgica.” [p.113] - Mecanização = redução da mão de obra = conflitos com os sindicatos (1880-90). Administração científica *taylorismo [p.119] - “Em toda a indústria americana, as fábricas tinham aumentado de tamanho e complexidade sem um aumento proporcional de pessoal administrativo ou sofisticação gerencial.” [p.120] - “Entre as contribuições de Taylor estavam melhorias em contabilidade de custos, controle de estoque, padronização de ferramentas e layout de chão de fábrica. Mas suas inovações mais conhecidas dizem respeito à mão de obra.” [p.121] - “[...] os operários receberiam instruções detalhadas sobre como realizar cada tarefa [...] O pagamento seria calculado por um sistema de tarefas que recompensasse com salários mais altos aqueles que cumprissem as normas de produção específicas e penalizasse os incapazes ou indispostos a atender aos padrões ditados pela administração.” - “[...] o taylorismo significou uma perda de autonomia e um ataque ao orgulho de artesão, bem como uma intensificação do trabalho, levando a batalhas ferozes.” - “Pelo menos em teoria, a administração científica, ou o taylorismo, como às vezes é chamado, fez com que a luta entre operários e patrões por salários não fosse mais um jogo de soma zero.” [p.122] - Ideia de “eliminar ou pelo menos amenizar a luta de classes”. O caminho para 1919 - Em um ano, mais de 195 mortes relacionadas ao trabalho, além de problemas como doenças ou mutilações. [p.123] - “Por muito tempo, as empresas demonstraram pouca preocupação com o efeito das longas horas e condições de trabalho perigosas sobre os empregados, os quais consideravam facilmente substituíveis - pelo menos os não qualificados. E eles eram.” [p.124] - “As greves episódicas de imigrantes levaram as usinas siderúrgicas a dar mais atenção às políticas trabalhistas e a buscar o favorecimento de seus operários, especialmente porque ocorreram ao mesmo tempo que a indústria estava sendo submetida ao exame dos reformadores de classe média” - preocupados com a “questão trabalhista”. [p.125] - “Esses reformadores de classe média estavam preocupados com a brutalização da vida moral provocada pela industrialização e solidários com a difícil situação dos trabalhadores imigrantes, mas também, se preocupavam com a ameaça que poderiam representar, a não ser que fossem assimilados à sociedade civil e à cultura nacional.” [p.126] - A Primeira Guerra Mundial transformou as relações de trabalho por conta do boom econômico e pelo corte das imigrações. Os operários passaram a ter mais poder de barganha pois podiam pular de emprego em emprego. Assim, o governo de Woodrow Wilson criou órgãos administrativos para dar mais direitos trabalhistas. [p.127] - Ao final da guerra tem-se uma série de greves para que se retorne aos direitos do período anterior e para que se aumentem os salários devido à inflação. [p.129] - “A greve de 1919 foi um teste da capacidade dos trabalhadores organizados de penetrar nas grandes companhias manufatureiras nacionais, apoiadas e controladas pelos mais poderosos interesses financeiros. Seu fracasso significou que, por mais uma geração, as maiores e maisavançadas fábricas dos Estados Unidos permaneceriam sem sindicatos e seus trabalhadores seriam marginalizados.”
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