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Introdução: O carbúnculo hemático é uma das zoonoses mais importantes na região sul do país, onde apresenta-se de forma endêmica, causando elevados prejuízos, tanto pela perda de animais como pela sua transmissão para o homem. Agente etiológico: A doença é causada pelo Bacillus anthracis que é uma bactéria pouco exigente, que cresce saprofiticamente em solos ricos em matéria orgânica, com tendencia a alcalinidade e, desde que haja temperatura e umidade favoráveis, pode produzir grandes quantidades de esporos na superfície do solo. A forma vegetativa do Bacillus anthracis não é muito resistente, sendo destruída pela simples putrefação do cadáver e pela ação dos desinfetantes comuns, seus esporos ao contrário, resistem a altas temperaturas podendo permanecer no solo e nos materiais contaminados por mais de 70 anos. A presença de nutrientes orgânicos como fezes e líquidos corporais de animais propiciam não só a viabilidade dos esporos, como estimula sua germinação e proliferação de forma saprofítica no meio ambiente. Essa bactéria pode ser usada como bioterrorista, onde colocam em cartas e enviam para as pessoas, que quando inalados podem ser contaminados. Epidemiologia: Quando ocorre surtos, é muito comum que o proprietário já encontre os animais mortos, pois a ação dessa bactéria no organismo é bastante rápida. A quantidade de bactérias aumenta consideravelmente após a morte do animal, invadindo a carcaça e como consequências todos os líquidos orgânicos tornam-se altamente baciliferos, incluindo a urina e as fezes. Todos os líquidos que eles eliminam está muito contaminado com a bactéria, tendo a contaminação do solo, apresentando mais um problema para o produtor. Os bacilos ao entrarem em contato com o ar, esporulam, contaminando o meio ambiente. Em condições favoráveis de solo, temperatura e umidade, germinam produzindo novas gerações, determinando altas concentrações de esporos na superfície do solo. Assim as pastagens e aguadas contaminadas com líquidos orgânicos de animais mortos, são as principais fontes de contaminação da enfermidade para bovinos e ovinos, sendo importante também para os equinos (transporte de pele e couro de animais infectados) É uma doença comum em animais mantidos em regime de pasto. Em animais confinados é mais raro de ter os surtos. Em ovinos a contaminação pode ocorrer durante a tosquia, a contaminação das mangueiras e banheiros com esporos de B. anthracis é uma das principais causas de surtos em rebanhos de ovinos. Uma forma adicional de ocorrer a infecção é através dos Tabanídeos e as moscas dos estábulos, são importantes fontes de infecção já que podem transmitir a enfermidade de forma mecânica para os animais e para o homem até 4h após haverem se alimentado de animais em bacteremia. A principal forma de infecção no homem é através do contato direto com animais mortos e com matérias contaminados. O B. anthracis infecta os mamíferos em geral, mas a sensibilidade ao desenvolvimento da doença varia com a espécie, a via de penetração e estado imunitário prévio. Além disso existe 3 vias importantes de penetração do agente: via digestória, via respiratória, e via cutânea. E cada uma dessas vias apresentam um grau de patogenicidade diferente. As espécies mais susceptíveis ao antraz são os herbívoros, seguido dos suínos, homem e os carnívoros, não havendo diferenças nas incidências da infecção em relação ao sexo, idade e raça dos animais. As aves são refratarias (mais resistentes) podendo desenvolver uma infecção fatal sob determinadas condições como a baixa da temperatura corporal no momento da morte. Sintomatologia: Nos animais, o carbúnculo hemático apresenta- se sob três formas distintas: Super aguda: acomete mais os bovinos e ovinos, e dificilmente o animal é encontrado com vida, é uma morte muito rápida, durando poucas horas, e quando esse animal é encontrado com vida está na sua forma agonizante. São observadas intensas hemorragias pelas aberturas naturais e a putrefação é rápida. Um outro evento observado é a temperatura corporal do animal, que se encontra elevada. Aguda: ocorre principalmente em equinos e bovinos, os quais apresentam hipertermia (aumento de temperatura), congestão (vermelhidão em órgãos) e edema pulmonar intenso, as mucosas se encontram cianóticas, dispneia (bastante acentuada) e são observados edemas generalizados, e transtornos digestivos, sobrevindo o coma e a morte em 24-48h. Sub-aguda: Acomete normalmente suínos, mais raramente equinos e bovinos, o que leva a uma dificuldade no diagnóstico. Os animais apresentam febre, dispneia, edema de glote, transtornos digestivos com diarreia sanguinolenta, ocorrendo a morte em 48-72h. Diagnostico: O diagnóstico do carbúnculo hemático normalmente é realizado laboratorialmente com o auxílio da necropsia em função da morte rápida, o que impede, na maioria das vezes, a observação dos sinais clínicos. A confirmação do diagnóstico mais precisa é realizada pela cultura e a identificação do B.anthracis através da inoculação em animais de laboratório, teste do colar de pérolas, o uso do bacteriófago e caracterização bioquímica do bacilo. Os exames mais indicados é o Elisa direto e o PCR – sangue Profilaxia: Destruição das carcaças de animais mortos (incineração), cuidados durante a necropsia onde os esporos podem se espalhar no solo, por isso o uso de luvas, avental é de extrema importância. Manejo durante a tosquia e na vacinação sistemática dos animais. A vacina contra o carbúnculo hemático tem apresentado um período de proteção variável entre 6 a 12 meses. Exposição humana: A ocorrência de casos humanos é muito mais frequente em indivíduos que lidam com os animais infectados, ou a carne ou pele infectada. As vítimas tem profissões relacionadas com a manipulação de animais ou de produtos derivados. Ciclo: A primeira fonte de infecção é através da inalação dos esporos, a segunda é a penetração biodigestória através de carne ou derivados contaminados, e a terceira forma de penetração é através de tecido cutâneo, ou ainda através de picadas de insetos. Sintomas: A sintomatologia está diretamente direcionada com a forma que o indivíduo adquiriu a doença, se a doença foi adquirida através da inalação os sintomas apresentados vão ser representados por uma infecção pulmonar. Nos primeiros dias apresentam sintomas semelhantes aos da gripe, seguido de problemas respiratórios graves, por vezes fatais. Se não for tratada, a infecção por inalação é mais mortal, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 100%. A infecção pulmonar também é conhecida por Doença de Woolsorter. Além dos sintomas respiratórios, observamos hemorragia, e edema pelo corpo do indivíduo acometido e o óbito vem logo em seguida. Outra sintomatologia é a infecção gastrointestinal que provoca serias dificuldades gastrointestinais, vômitos sanguíneos e diarreia, se não for tratada leva a morte em cerca de 25% a 60% dos casos, essa forma acontece depois da ingestão de carnes infectadas E por último a forma cutânea, que é a mais comum em indivíduos que lidam com animal, causa uma lesão negra irritante, normalmente concentrada num ponto negro que se forma uma semana ou duas após a exposição. Diferente de outras lesões a forma cutânea do antraz não causa dor. A infecção cutânea é a menos mortal de todas, se não for tratada, a infecção causa morte em 20% dos casos, e se for tratada, quase nunca causa a morte.
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