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PINESC VI MEDICINA - UNIME Diabetes Mellitus Introdução O diabetes mellitus (DM) é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da secreção deficiente de insulina e/ou da resistência à sua ação, isto é, incapacidade da insulina de exercer seus efeitos adequadamente; Caracteriza-se por níveis de glicose plasmática elevados (hiperglicemia) e distúrbios do metabolismo de carboidratos, lipídeos e proteínas; Está relacionado a complicações agudas (como a cetoacidose diabética, em situações de extrema deficiência da ação insulínica) e complicações tardias, acometendo olhos, rins, nervos, coração e vasos sanguíneos, frequentemente incapacitantes para a vida ou causando invalidez; Classificação A classificação do diabetes, segundo a Associação Americana de Diabetes e da Sociedade Brasileira de Diabetes, baseia-se no processo patogênico; Os diabetes tipos 1 e 2 são os mais frequentes e diferem em vários aspectos, com prevalência do tipo 2, que compreende cerca de 90% dos casos; O diabetes mellitus é classificado em: • Diabetes tipo 1; • Diabetes tipo 2; • Diabetes gestacional; • Outros tipos de diabetes: defeitos genéticos da função da célula-beta, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças pancreáticas, doenças endócrinas, induzido por fármacos ou agentes químicos ou infecções, formas raras de DM autoimune e outras síndromes genéticas; DM tipo 1 O diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença autoimune, poligênica, decorrente de destruição das células β pancreáticas, ocasionando deficiência completa na produção de insulina; Estima-se que mais de 88 mil brasileiros tenham DM1 e que o Brasil ocupe o terceiro lugar em prevalência de DM1 no mundo; • Embora a prevalência de DM1 esteja aumentando, corresponde a apenas 5 a 10% de todos os casos de DM; É mais frequentemente diagnosticado em crianças, adolescentes e, em alguns casos, em adultos jovens, afetando igualmente homens e mulheres; É subdividida em DM 1A e DM 1B, dependendo da presença ou ausência laboratorial de autoanticorpos circulantes, respectivamente; – DM tipo 1A É a forma mais frequente, confirmada pela positividade de um ou mais autoanticorpos; • Tem forte associação com antígeno leucocitário humano (HLA) DR3 e DR4; Embora sua fisiopatologia não seja totalmente conhecida, envolve, além da predisposição genética, fatores ambientais que desencadeiam a resposta autoimune; • Entre as principais exposições ambientais estão infecções virais, componentes dietéticos e certas composições da microbiota intestinal; Os marcadores conhecidos de autoimunidade são: • Anticorpo anti-ilhota (ICA); • Autoanticorpo anti-insulina (IAA); • Anticorpo antidescarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD65); PINESC VI MEDICINA - UNIME • Anticorpo antitirosina-fosfatase IA-2 e IA-2B; • Anticorpo antitransportador de zinco (Znt8); Geralmente, esses autoanticorpos precedem a hiperglicemia por meses a anos, durante um estágio pré-diabético; Na fase clinicamente manifesta do DM1, o início é, em geral, abrupto, podendo ser a cetoacidose diabética a primeira manifestação da doença em um terço dos casos; O DM1 é bem mais frequente na infância e na adolescência, mas pode ser diagnosticado em adultos, que podem desenvolver uma forma lentamente progressiva da doença, denominada latent autoimmune diabetes in adults (LADA); Curso da DM 1A: – DM tipo 1B A denominação 1B, ou idiopático, é atribuída aos casos de DM1 nos quais os autoanticorpos não são detectáveis na circulação; O diagnóstico apresenta limitações e pode ser confundido com outras formas de DM pela negatividade dos autoanticorpos circulantes; As recomendações terapêuticas são as mesmas do DM tipo 1A; DM tipo 2 O DM2 corresponde a 90 a 95% de todos os casos; Geralmente, o DM2 acomete indivíduos a partir da quarta década de vida, embora exista um aumento na sua incidência em crianças e jovens; É uma doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significativa de fatores ambientais; • Dentre eles, hábitos dietéticos e inatividade física, que contribuem para a obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco; O desenvolvimento e a perpetuação da hiperglicemia ocorrem concomitantemente com hiperglucagonemia, resistência dos tecidos periféricos à ação da insulina, aumento da produção hepática de glicose, disfunção incretínica, aumento de lipólise e consequente aumento de ácidos graxos livres circulantes, aumento da reabsorção renal de glicose e graus variados de deficiência na síntese e na secreção de insulina pela célula β pancreática; Em 80 a 90% dos casos, está associada a excesso de peso e outros componentes da sd metabólica; Na maioria das vezes, a doença é assintomática ou oligossintomática por longo período, sendo o diagnóstico realizado por dosagens laboratoriais de rotina ou manifestações das complicações crônicas; Com menor frequência, indivíduos com DM2 apresentam sintomas clássicos de hiperglicemia (poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento inexplicado); • Raramente a cetoacidose diabética consiste na manifestação inicial do DM2; Os fatores de risco para DM2 são: • História familiar da doença; • Avançar da idade; • Obesidade; • Sedentarismo; • Diagnóstico prévio de pré-diabetes ou diabetes mellitus gestacional (DMG); • Presença de componentes da síndrome metabólica, como HAS e dislipidemia; É mandatório para indivíduos com sinais e sintomas coleta de exames para confirmação diagnóstica de DM2; • Ainda que assintomáticos, a presença de fatores de risco já impõe rastreamento para diagnóstico precoce; Se a investigação laboratorial for normal, sugere-se repetição do rastreamento em intervalos de 3 anos ou mais frequentemente, se indicado; PINESC VI MEDICINA - UNIME Na presença de pré-diabetes, recomenda-se reavaliação anual; Diagnóstico A condição na qual os valores glicêmicos estão acima dos valores de referência, mas ainda abaixo dos valores diagnósticos de DM, denomina-se pré-diabetes; • A resistência à insulina já está presente e, na ausência de medidas de combate aos fatores de risco modificáveis, ela evolui para a doença clinicamente manifesta; As categorias de tolerância à glicose são definidas com base nos seguintes exames: Glicemia em jejum: coletada em sangue periférico após jejum calórico de no mínimo 8 horas; TOTG: coleta-se uma amostra de sangue em jejum para determinação da glicemia normal e depois é feita outra coleta após 2 horas da sobrecarga oral (consumo de glicemia). • Permite avaliação da glicemia após sobrecarga, que pode ser a única alteração detectável no início do DM, refletindo a perda de primeira fase da secreção de insulina; Hemoglobina glicada (HbA1c): oferece vantagens ao refletir níveis glicêmicos dos últimos 3 a 4 meses e ao sofrer menor variabilidade dia a dia e independer do estado de jejum para sua determinação; • É uma medida indireta da glicemia, que sofre interferência de algumas situações, como anemias, hemoglobinopatias e uremia, nas quais é preferível diagnosticar o estado de tolerância à glicose com base na dosagem glicêmica direta. Outros fatores, como idade e etnia, também podem interferir no resultado da HbA1c; A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado; Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL; Os critérios diagnósticospara DM1 são semelhantes aos utilizados no DM2; • No primeiro caso, porém, comumente a sintomatologia já chama muito mais a atenção do clínico do que no segundo caso; Prevenção da DM tipo 2 As medidas de prevenção do DM2 envolvem intervenções farmacológicas e não farmacológicas; Medidas não farmacológicas As medidas não farmacológicas incluem modificações da dieta alimentar e atividade física, sendo, então, mudanças do estilo de vida; Dois estudos muito importantes comprovaram que a DM2 é uma condição que pode ser prevenida por modificações do estilo de vida; – Dieta prescrita As mudanças do estilo de vida propostas nos estudos ocidentais foram semelhantes e consistiram em dieta alimentar para perda de, em média, 7% do peso inicial ao longo de 6 meses, ao ritmo de 0,5 a 1,0 kg/mês; O cálculo da dieta prescrita considerou um déficit entre 500 e 1.000 calorias/dia em relação ao metabolismo basal, com retirada preferencial das gorduras saturadas; Glicose em jejum TOTG Glicose ao acaso HbA1C Normoglicemia < 100 < 140 – < 5,7% Pré-diabetes ≥ 100 e < 126 ≥ 140 e < 200 – ≥ 5,7 e < 6,5% DM ≥ 126 ≥ 200 ≥ 200 + sintomas ≥ 6,5 PINESC VI MEDICINA - UNIME Estudos observacionais apontam que alguns alimentos como nozes, iogurte, frutas vermelhas, café ou chá estão associados a um menor risco de desenvolver DM2, enquanto outros como carnes vermelhas e refrigerantes adoçados estão associados a um risco maior; – Atividade física prescrita Associada à dieta, tem-se a recomendação de atividade física aeróbica moderada (caminhar rápido) por 150 minutos/semana, distribuída em pelo menos três sessões; • Cada sessão deve durar + que 10 min e não passar de 75 min; Intervenções farmacológicas Vários agentes farmacológicos foram efetivos em diminuir a incidência de DM2 quando administrados a pacientes com pré-diabetes; A maior redução foi obtida com as glitazonas; No estudo ACT NOW, a pioglitazona reduziu em torno de 60% a evolução de pré-diabetes para diabetes, mas esse efeito protetor desapareceu 1 ano após o término do estudo, mostrando que houve retardo no diagnóstico; É fundamental, por isso, distinguir prevenção e efeito do fármaco sobre a glicemia durante o seu uso; Outros agentes, como acarbose, orlistate e agonistas dos receptores do GLP-1, retardam/previnem a evolução de pré-diabetes para diabetes, mas seu uso não é recomendado para essa finalidade; – Uso de metformina para prevenção do diabetes mellitus tipo 2 A exceção é a metformina, tendo sido menos efetiva que a mudança do estilo de vida; Na população de mulheres com história de diabetes gestacional, a metformina e a mudança do estilo de vida tiveram efeito equivalente; Ela é recomendada para pacientes muito obesos (IMC > 35), com passado de diabetes gestacional, com mais hiperglicemia (HbA1c > 6%) ou para aqueles nos quais a HbA1c aumenta mesmo com as mudanças do estilo de vida; Tratamento farmacológico da DM tipo 2 No momento do diagnóstico de DM2, além de orientar mudanças no estilo de vida, o médico costuma prescrever um agente antidiabético oral; A escolha desse medicamento baseia-se nos seguintes aspectos: • Mecanismos de resistência à insulina (RI); • Falência progressiva da célula beta; • Múltiplos transtornos metabólicos (disglicemia, dislipidemia e inflamação vascular); • Repercussões micro e macrovasculares do DM2; Idealmente, no tratamento do DM2 é preciso tentar alcançar níveis glicêmicos tão próximos da normalidade quanto viável, minimizando sempre que possível o risco de hipoglicemia; A Sociedade Brasileira de Diabetes, recomenda que a meta para a hemoglobina glicada (HbA1c) seja < 7%; • A SBD recomenda que os níveis de HbA1c sejam mantidos nos valores mais baixos possíveis, sem aumentar desnecessariamente o risco de hipoglicemias, sobretudo em paciente com DCV e em uso de insulina; De acordo com o mecanismo de ação principal, os antidiabéticos podem ser agrupados do seguinte modo: • Os que incrementam a secreção pancreática de insulina (sulfonilureias e glinidas); • Os que reduzem a velocidade de absorção de glicídios (inibidores das alfaglicosidases); • Os que diminuem a produção hepática de glicose (biguanidas); • Os que aumentam a utilização periférica de glicose (glitazonas); • Os que tem efeito incretínico mediado pelos hormônios GLP-1 e GIP, considerados peptídios insulinotrópicos dependentes de glicose; o Os incretinomiméticos são capazes de aumentar a secreção de insulina apenas quando a glicemia se eleva; PINESC VI MEDICINA - UNIME o O efeito incretínico é o responsável pela maior redução de glicemia verificada após a ingestão oral de glicose, em comparação com a mesma quantidade injetada por via venosa em indivíduos que não têm diabetes; o Pertencem a essa família medicamentos de ação parecida com a do GLP-1 (miméticos [exenatida] e análogos [liraglutida, lixisenatida, dulaglutida e semaglutida]) e, ainda, os inibidores da DPP-4 (gliptinas); • Por fim, existem os inibidores do cotransportador de sódio/glicose tipo 2 (SGLT2) – reduz a glicemia pela inibição da reabsorção de glicose nos rins, promovendo glicosúria; Com finalidade prática, os antidiabéticos são classificados em quatro categorias: AGENTES QUE AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA: As sulfonilureias e as glinidas (ou metiglinidas) são secretagogos de insulina; • As primeiras têm ação hipoglicemiante mais prolongada durante todo o dia (clorpropamida, glibenclamida, gliclazida, glipizida e glimepirida); • Já as últimas apresentam menor tempo de ação, cobrindo principalmente o período pós- prandial, com redução de 1% da HbA1c com a nateglinida e de 1,5 a 2% com a repaglinida; Os eventos adversos mais comuns são ganhos de peso e maior frequência de hipoglicemia; AGENTES QUE NÃO AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA: Esses medicamentos têm um menor risco de hipoglicemia (em monoterapia), portanto podem ser utilizados desde o início da doença; Fazem parte desse grupo acarbose (inibidor da alfaglicosidase), metformina (biguanida) e pioglitazona (tiazolidinediona ou glitazona); A acarbose atua principalmente na redução da velocidade de absorção intestinal de glicose; • Os comprimidos devem ser tomados antes de cada refeição; • Pode causar efeitos adversos gastrintestinais; A metformina tem efeito anti-hiperglicemiante, reduzindo a produção hepática de glicose, além de ação sensibilizadora periférica mais discreta; • É a primeira opção de tratamento, quando o paciente não apresenta contraindicação; • A metformina pode promover intolerância gastrintestinal e é contraindicada na insuficiência renal grave (TFG < 30); • Na insuficiência renal moderada, deve ter a sua dose reduzida em 50% (TFG = 30 a 45); • A apresentação de liberação prolongada (extended release, XR) causa menor incidência de efeitos gastrintestinais; • O uso de metformina em longo prazo pode associar-se à deficiência de vitamina B12; o Por isso, deve ser feita a dosagem periódica de vitamina B12, principalmente aqueles com anemia ou neuropatia periférica; As glitazonas são sensibilizadores de insulina e atuam na resistência insulínica periférica em músculo, adipócito e hepatócito; • Como melhoram o desempenho da insulina endógena, sem necessariamente aumentar sua secreção, as glitazonas teriam o potencial de preservar a célula beta e de postergar a deterioração pancreática; • Os eventos adversos são retenção hídrica e ganho de peso, com aumento do risco de insuficiência cardíaca e fraturas; AGENTES QUE AUMENTAM A SECREÇÃO DE INSULINA DEPENDENTE DE GLICOSE E DIMINUEM A SECREÇÃO DE GLUCAGON: Os inibidores da DPP-4, conhecidos como gliptinas (sitagliptina, vildagliptina, saxagliptina,linagliptina e alogliptina), são uma nova classe de antidiabéticos orais, cujo principal mecanismo de ação é, essencialmente, a estabilização do GLP-1 endógeno pela inibição da enzima que o degrada, a DPP-4; • Pacientes com DM2 têm diminuição dos níveis de GLP-1 no estado pós-prandial, contribuindo para a redução do estímulo da secreção de insulina e impedindo a supressão do glucagon; PINESC VI MEDICINA - UNIME • Como o GLP-1 é inativado pela DPP-4, sua meia-vida média é extremamente curta, e, com o uso de inibidores da DPP-4, os níveis de GLP-1 ativo aumentam em 2 a 3 vezes; • Podem ser utilizados em pacientes com insuficiência renal grave com o ajuste da dose, exceto a linagliptina, que não precisa de ajuste; • São neutras em relação a efeitos no peso; • Eles podem ser usados em associação a metformina, glitazonas, sulfonilureias, inibidores do SGLT2 e insulina; • O FDA lançou um alerta sobre os inibidores da DPP-4, informando que podem causar dor articular, podendo ser severa e incapacitante; o Nesses casos, o paciente deve ser orientado a não suspender a medicação e contatar seu médico; A saxagliptina e a alogliptina foram associadas a um maior risco de insuficiência cardíaca, principalmente em pacientes com insuficiência cardíaca ou disfunção renal; Outros agentes incretínicos são a exenatida, liraglutida, lixisenatida, dulaglutida e semaglutida: a primeira, um mimético do GLP-1; as quatro últimas, análogos do GLP-1; • São indicadas como terapia adjunta para melhorar o controle da glicose em pacientes com DM2 em tratamento com metformina, sulfonilureia, pioglitazona, inibidores do SGLT2 ou combinação desses medicamentos; • Devem ser considerados no paciente com diabetes obeso em monoterapia, em associação a metformina ou em combinação de agentes orais com HbA1c > 7%, pela possibilidade de perda de peso, associada a melhor controle glicêmico com menor risco de hipoglicemia; • Além disso, estudos mostraram uma redução de risco cardiovascular com esses agentes; • Todos causam intolerância GI no início do tratamento, então a gente começa com a menor dosagem e vai fazendo aumentos progressivos de acordo com a tolerância do paciente • Todos são de aplicação subcutânea (SC); • A exenatida deve ser aplicada antes do desjejum e do jantar, enquanto a liraglutida e a lixisenatida, uma vez ao dia, sempre no mesmo horário; • A dulaglutida e a semaglutida são análogos do GLP-1 de longa duração, com aplicação subcutânea uma vez por semana; A associação de liraglutida a insulina degludeca foi recentemente aprovada pela Anvisa, bem como a combinação da glargina com a lixisenatida; • Estudos demonstram perda de peso e menor frequência de hipoglicemia, porém maior frequência de eventos adversos gastrointestinais e maior custo do tratamento; AGENTES QUE PROMOVEM GLICOSÚRIA: Os inibidores de SGLT2 impedem a reabsorção de glicose pela inibição das proteínas SGLT2 nos túbulos proximais dos rins, representando uma nova opção terapêutica oral para o DM2; Têm baixo risco de hipoglicemia, promovem perda de peso de 2 a 3 kg e reduzem a PAS de 4 a 6 mmHg; • Podem ser combinados com agentes orais e insulina, mas apresentam risco aumentado para infecções genitais e de trato urinário; Apresentam, ainda, ação diurética (glicosúria, natriurese) e podem levar a depleção de volume; São representantes dessa classe canagliflozina, empagliflozina e dapagliflozina; Essa classe não deve ser indicada em caso de insuficiência renal grave; Os pacientes que usaram inibidores do SGLT2 tiveram maior frequência de cetoacidose euglicêmica, apesar da baixa incidência de eventos; Como escolher o melhor agente? A escolha do medicamento deve levar em consideração: • Estado geral e idade do paciente; • Obesidade; • Comorbidades presentes (complicações do diabetes ou outras), principalmente DRC diabética e doença cardiovascular; • Valores das glicemias de jejum e pós- prandial, bem como HbA1c; PINESC VI MEDICINA - UNIME • Eficácia do medicamento; • Risco de hipoglicemia; • Possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e contraindicações; • Custo do medicamento; • Preferência do paciente; (No fim do resumo tem uma tabelinha legal) Complicações da DM O estilo de vida do paciente diabético, incluindo fatores como sedentarismo, alimentação e até mesmo a maneira que ele controla os seus níveis glicêmicos através do tratamento, influenciam nas complicações advindas do DM; É de extrema importância o controle dos níveis glicêmicos, já que a persistência da hiperglicemia pode causar complicações agudas, como, cetoacidose diabética, coma hiperosmolar não- cetótico e hipoglicemia, quanto complicações crônicas, como as microvasculares (neuropatia periférica, retinopatia e nefropatia) e macrovasculares (doença arterial coronariana, doença cerebrovascular e vascular periférica); Neuropatia Diabética A neuropatia autonômica diabética possui maior prevalência para complicação crônica, podendo atingir cerca de 40% dos pacientes com DM; Não é considerada causa de morte, porém, na fase avançada da doença, contribui muito para uma incapacitação do indivíduo; A NAD afeta sistemas como o cardiovascular, urogenital, digestivo, glandular, e ainda compromete a motricidade pupilar; • Na sua grande maioria, os pacientes com NAD geralmente apresentam retinopatia; Retinopatia Diabética A retinopatia diabética é uma complicação ocular severa, que em estados avançados, se torna uma das principais causas de cegueira irreversível; Na maioria das vezes, se manifesta de forma tardia, aumentando progressivamente com o decorrer da doença, em especial em pacientes com DM tipo 1; Por ser irreversível, a retinopatia não tem cura, e os esforços terapêuticos baseiam-se na observação e prevenção dos fatores de risco para o aparecimento e agravamento da retinopatia; Nefropatia Diabética A nefropatia diabética ocorre tanto no DM tipo 1, quanto no DM tipo 2, sendo mais prevalente em pacientes com DM tipo 2; Nesta complicação, o processo de filtração glomerular é inadequado, levando a excreção de moléculas de proteínas com baixo peso molecular pela urina, tornando-se um marcador importante para o diagnóstico desse tipo de complicação; A nefropatia diabética é uma das principais causas de insuficiência renal em pacientes que estão realizando diálise e é caracterizado por albuminúria, HAS e declínio progressivo da função renal; Miocardiopatia diabética A miocardiopatia diabética é uma doença que provoca necrose, apoptose e hipertrofia do músculo cardíaco, devido às anormalidades metabólicas causadas pela diabetes, como hiperinsulinemia nas fases mais precoces e hiperglicemia após a falência das células beta pancreáticas; • Essas alterações podem aumentar o estresse oxidativo e levar a perda celular; O diagnóstico é difícil porque os sinais e sintomas são inespecíficos; Dislipidemia A dislipidemia é caracterizada pela hiperglicemia e resistência à insulina, a qual favorece o desenvolvimento de aterosclerose por uma disfunção no endotélio devido à diminuição do colesterol HDL e aumento do LDL e triglicerídeos; • Esse fator leva o indivíduo ao risco doença cardiovascular; PINESC VI MEDICINA - UNIME Pé diabético O pé diabético é uma das complicações crônicas causada pelo mau controle da diabetes que mais causa internações, caracterizada por lesões nos pés desencadeadas devido a alterações vasculares periféricas e/ou neurológicas, baseada na tríade: neuropatia, doença vascular periférica e infecção; O fator mais importante que leva a formação de úlceras nos membros inferiores é a neuropatia diabética; Alguns fatores contribuem para a ocorrência do pé diabético,como idade, controle inadequado de glicemia, tipo e tempo de diagnóstico, obesidade, HAS e falta de hábitos de higiene e cuidados com os pés; É importante ressaltar que a neuropatia diabética leva a uma perda da sensibilidade dos membros inferiores, o que torna susceptível o acontecimento de lesões, sendo uma porta de entrada para infecções, que caso não tratadas precocemente, podem levar a amputação do membro; Tabela 1. Recomendações pra o tratamento da DM2
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