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Processo Penal Nulidade

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Processo Penal – Nulidades Processuais 
1. Noções Introdutórias 
Os procedimentos do juízo criminal devem atender modelos pré-estabelecidos pelo legislador 
brasileiro, onde a sua validade depende da observância dos requisitos formais e 
intrínsecos, previstos tanto pela normativa Constitucional quanto pelo Processual Penal. 
Assim, os processos do âmbito penal cumprem preceitos legais e fundamentais, 
principalmente, no que tange à sua formalidade. Fala-se em um procedimento existencial 
típico, ou seja, os atos procedimentais encontram-se delineados na forma tipificada no processo 
penal brasileiro: os atos típicos possuem traços essenciais e definidos pelo legislador; 
No procedimento tipificado, o descumprimento de tais regras procedimentais, sejam 
Constitucionais ou Processuais, acarreta a ocorrência da nulidade do ato procedimental. Por 
isso, o legislador classificou os casos e momentos de ocorrência de nulidades no Processo 
Penal. 
2.Sistema das Nulidades 
Na visão de NUCCI, nulidade "é o vício que contamina determinado ato processual, praticado 
sem a observância da forma prevista em lei, podendo levar a sua inutilidade e consequente 
renovação“. 
NULIDADE → vício que impregna um ato procesual (inobservância da forma prevista em lei), 
ocasionando a inutilidade do ato ou a perda da sua eficácia. 
O sistema das nulidades do processo penal tem por base o escopo principiológico constitucional 
do “devido processo legal” (art. 5º, LIV, da Constituição de 1988), e encontra-se previsto nos 
arts. 563 a 573 do Código de Processo Penal. 
A atipicidade dos atos processuais atinge diversos graus (quanto mais afastados do 
modelo legal, maior a inobservância dos atos legais). Vejamos: 
GRAU 1 - MERA IRREGULARIDADE: infração superficial que não contamina a forma legal do 
ato processual a ponto deste necessitar ser renovado (ex: denúncia oferecida fora do prazo 
legal); 
GRAU 2 – NULIDADE RELATIVA: violação existente quando o ato praticado atenta apenas 
contra o interesse da(s) parte(s) (interesse privado), sendo que o vício é sanável; 
GRAU 3 – NULIDADE ABSOLUTA: violação existente quando o ato praticado ofende o interesse 
público e o devido processo legal (desrespeito a uma norma constitucional, ou ao princípio do 
contraditório, p. ex.), sendo que tal situação exige uma proteção maior por parte do ordenamento 
jurídico e o vício existente é mais grave; 
GRAU 4 – ATOS INEXISTENTES: grau mais intenso de atipicidade do ato processual; os atos 
ineficazes carecem de algum requisito considerado essencial. Por isto, embora o ato exista no 
mundo material, ele é totalmente desprovido de significado no mundo jurídico (ex: sentença 
proferida por escrivão ou uma audiência presidida por Promotor de Justiça, ambos notadamente 
carentes de jurisdição). 
Os atos processuais eivados de nulidade produzem os seus efeitos até que haja o 
pronunciamento do magistrado determinando a nulidade, a ineficácia do ato. 
Atos Inexistentes → nem sempre haverá a necessidade do juiz declarar o vício da inexistência, 
bastando que o ato seja desconsiderado; na prática, todavia, por cautela se recomenda a 
declaração de inexistência do ato. 
NULIDADE ABSOLUTA → proteção de interesse processual de ordem pública; é insanável; o 
magistrado deve decretar o ato como inválido, expurgando-o do processo para evitar a 
contaminação dos demais atos procedimentais. 
Assim, nas palavras de NUCCI, as nulidades absolutas “são aquelas que devem ser proclamadas 
pelo magistrado, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, porque produtoras de 
nítidas infrações ao interesse público na produção do devido processo legal”. Ex.: não conceder o 
juiz ao réu a ampla defesa, cerceando a atividade do seu advogado. 
NULIDADE RELATIVA → proteção de um interesse privado; é sanável; sujeita-se à preclusão; 
só será reconhecida se arguida pela parte interessada. 
Nesse sentido, ratifica Nucci acerca das nulidades relativas: “São aquelas que somente serão 
reconhecidas caso arguidas pela parte interessada, demonstrando o prejuízo sofrido pela 
inobservância da formalidade legal prevista para o ato legalizado. Ex.: o defensor não foi intimado 
da expedição da carta precatória para a inquirição de testemunha de defesa, cujos 
esclarecimentos referiam-se apenas a alguns parcos aspectos da conduta social do réu, tendo 
havido a nomeação de defensor ad doc para acompanhar o ato. Nessa hipótese, inexistindo 
demonstração de prejuízo, mantém-se a validade do ato, incapaz de gerar a sua renovação, vale 
dizer, embora irregular a colheita do depoimento, sem a presença de defensor constituído, 
nenhum mal resultou ao acusado, até pelo fato da testemunha quase nada ter esclarecido”. 
Art. 572, CPP → nulidades sanáveis → nulidades relativas 
Nulidades absolutas → por exclusão, todas as outras situações de nulidade não assinaladas no 
art.572 do CPP serão consideradas nulidade absoluta. 
Princípio da instrumentalidade das formas → previsto pelo artigo 566 do Código de Processo 
Penal Brasileiro: “Não será declarada a nulidade de ato processual que não houver influído na 
apuração da verdade substancial ou na decisão da causa”. 
2.1. Nulidades em Espécie 
Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: 
I - POR INCOMPETÊNCIA, SUSPEIÇÃO OU SUBORNO DO JUIZ 
Princípio do Juiz natural: ninguém será processado nem julgado senão por juiz indicado 
previamente designado pela lei 
Regras de competência: devem ser observadas para fins de processamento e julgamento dos 
processos, sob pena de nulidade; 
Incompetência relativa → geralmente refere-se a situações que envolvem a competência 
territorial; admite preclusão; haverá a prorrogação da competência se não for oposta a 
exceção de incompetência no prazo legal (art. 108, CP, resposta à acusação) 
* Prevenção do Juízo → Súmula 706 do STF: “é relativa a nulidade decorrente da inobservância 
da competência penal por prevenção” 
Incompetência absoluta → via de regra, relaciona-se com questões referentes à 
competência por matéria ou por prerrogativa de foro; não admite preclusão (pode ser 
alegada pelas partes a qualquer momento ou ser declarada de ofício pelo juiz) 
 
 
EFEITOS da Nulidade por Incompetência 
✓ Art. 567. “A incompetência do juízo anula somente os atos decisórios, devendo o processo, 
quando for declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente”. → Tal dispositivo legal 
confronta com as regras de competência de jurisdição fixadas pela CF de 1988; a Carta 
Magna (posterior ao CPP), consolida a garantia do juiz natural e, por conta desse princípio, 
a doutrina dominante entende que decretada a nulidade por incompetência do juízo 
(principalmente a incompetência absoluta) o processo deve ser reiniciado no juízo 
competente, não sendo possível o aproveitamento dos atos instrutórios (já praticados no 
juízo anterior declarado incompetente). 
✓ Nucci defende que somente nos casos de incompetência relativa (ref. Competência 
territorial) podem ser aproveitados os atos instrutórios (seriam ratificados no juízo 
competente) e os decisórios necessariamente teriam que ser renovados. 
Atenção! O entendimento jurisprudencial dominante é no sentido de que mesmo nas 
situações de incompetência absoluta no processo penal, somente os atos decisórios são 
anulados, tornando-se possível a ratificação dos atos não decisórios. 
✓ A questão posta comporta divergências, principalmente em razão da incompatibilidade 
ocasionada pelo princípio da identidade física do juiz no processo penal (art. 359, §2º, 
CPP, modificado pela Lei nº 11.719, de 2008), segundo o qual o juiz que presidiu a 
instrução é que deverá proferir a sentença. Desta forma, em razão de tal princípio, alguns 
autores continuam entendendo a impossibilidade de aproveitamento das provas colhidas 
perante um juiz incompetente. 
EFEITOS dos atos praticados por um juiz suspeito: 
1ª Orientação (Tourinho) – Apesar da gravidade do vício,o art. 96 do CPP estabelece um 
momento preclusivo para ele ser alegado, logo a hipótese é de nulidade relativa. 
2ª Orientação (Geraldo Prado) – A suspeição esbarra em um dos pilares do sistema acusatório, 
que é a imparcialidade do juiz. Logo, a hipótese é de nulidade absoluta por violação ao sistema 
acusatório. 
Por que o art. 564, inciso I do CPP não mencionou as hipóteses de impedimento? 
Nas hipóteses de impedimento o juiz está proibido de exercer jurisdição, logo a hipótese é de 
inexistência jurídica. 
II - POR ILEGITIMIDADE DE PARTE (causa de extinção do processo sem julgamento do 
mérito) 
A ilegimidade de parte não é propriamente uma causa de nulidade processual, mas sim de 
extinção do processo sem julgamento do mérito. Então, se a parte for ilegítima, o juiz deverá 
sempre rejeitar liminarmente a denúncia ou queixa. 
Para toda a doutrina, a ilegitimidade mencionada no inciso II engloba a ilegitimidade ad 
causam (condição da ação), a ad processum (pressuposto processual), e a incapacidade 
postulatória 
Ex1: ação penal privada promovida pelo MP, que não detém a titularidade da ação (ilegitimidade 
ad causam); 
Ex2: ação penal privada promovida por vítima menor de 18 anos, que não detêm capacidade para 
estar em juízo (ilegitimidade ad processum); 
Ex3: queixa oferecida por procurador sem os poderes especiais cf art. 44, CPP (incapacidade 
postulatória). 
III – POR FALTA DAS FÓRMULAS OU NOS TERMOS SEGUINTES: 
a) a denúncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravenções penais, a 
portaria ou o auto de prisão em flagrante; 
Os requisitos da denúncia e da queixa estão no art. 41 do CPP, porém entre todos aqueles 
mencionados no dispositivo o que importa é a narrativa do fato criminoso, que se for incompleta 
poderá ensejar inépcia. 
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no 
art. 167; 
O STF vem atenuando as regras do art. 564 do CPP, entendendo que não há nulidade se a 
materialidade for comprovada de outra forma desde que válida, salvo nos crimes contra a 
propriedade imaterial e na Lei de Drogas, onde o exame tem natureza de condição de 
procedibilidade. 
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao 
menor de 21 (vinte e um) anos; 
d) a intervenção do Ministério Público em todos os termos da ação por ele intentada e nos 
da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pública; 
Qual a consequência da não intervenção do MP nos crimes de ação pública 
incondicionada? A Constituição estabeleceu que o MP deve promover a ação pública com 
exclusividade, logo a inobservância desse dispositivo é causa de nulidade absoluta. 
Qual a consequência da não intervenção do MP nos crimes de ação penal privada 
subsidiária da pública? A não intervenção do MP nos crimes de ação penal privada subsidiária 
da pública é causa de nulidade relativa, uma vez que o art. 572 do CPP estabelece o momento 
preclusivo para o vício ser alegado. 
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente, e os 
prazos concedidos à acusação e à defesa; 
Apesar da relevância da citação, o art. 570 do CPP estabelece que a sua ausência poderá não 
trazer nenhuma consequência processual, uma vez que a defesa pode tomar conhecimento da 
existência do processo de outra forma. 
O vício mais frequente que ocorre no interrogatório é quando o juiz nega ao réu a possibilidade de 
uma entrevista reservada com o seu advogado antes do interrogatório. 
f) a sentença de pronúncia, o libelo e a entrega da respectiva cópia, com o rol de 
testemunhas, nos processos perante o Tribunal do Júri; 
A sentença de pronúncia deve ser sucinta, limitando-se a apontar indícios de autoria e prova de 
materialidade, sob pena do juiz exteriorizar o seu convencimento e comprometer a imparcialidade 
dos jurados. Nesse sentido, o art. 413, §1º do CPP sinaliza os limites da fundamentação da 
pronúncia. 
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Júri, quando a lei não 
permitir o julgamento à revelia; 
A alínea “g” estava se referindo à hipótese do réu ser julgado à revelia no Plenário do Júri, 
quando na verdade o processo deveria estar suspenso. Antes da reforma de 2008 o CPP exigia a 
presença em Plenário do réu pronunciado por crime inafiançável, sob pena de suspender o 
processo. Com a reforma, o art. 457 do CPP permite o julgamento de cadeiras vazias, ou seja, o 
réu pode optar se deseja ou não estar presente no Plenário, de forma que esta alínea foi 
“esvaziada”. 
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos 
estabelecidos pela lei; 
Atualmente esse inciso não é utilizado, mas sim o art. 422 do CPP. 
(Art. 422. Ao receber os autos, o presidente do Tribunal do Júri determinará a intimação do órgão 
do Ministério Público ou do querelante, no caso de queixa, e do defensor, para, no prazo de 5 
(cinco) dias, apresentarem rol de testemunhas que irão depor em plenário, até o máximo de 5 
(cinco), oportunidade em que poderão juntar documentos e requerer diligência) 
i) a presença pelo menos de 15 (quinze) jurados para a constituição do júri; 
A inobservância do número mínimo de 15 jurados é causa de nulidade absoluta, uma vez que 
esse número foi estabelecido para garantir a composição heterogênea do júri. 
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em número legal e sua 
incomunicabilidade; 
A incomunicabilidade que existe no júri diz respeito ao fato criminoso, ou seja, os jurados podem 
conversar sobre outros temas. 
k) os quesitos e as respectivas respostas; 
O vício mais frequente na quesitação é o chamado quesito complexo, ou seja, um único quesito 
respondendo várias perguntas. 
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento; 
m) a sentença.

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