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Luíza Barreto – Medicina 2021.2 Radiologia do Coração – Cardioped - O raio x é um exame de alta disponibilidade que auxilia na avaliação cardiológica. TÉCNICA: Qualidade do raio x → tem que registrar qualidade no prontuário. - Distância foco-filme: 1m (radiografia comum); 1,80m (mínimo de 1,5 e máximo de 2m) na telerradiografia. - Critérios para uma boa radiografia: Esboço de 3 primeiras vértebras na linha mediana, equidistância das clavículas à linha, boa apneia inspiratória (6 espaços intercostais anteriores e 11 posteriores acima do diafragma – erro pode simular distúrbios cardíacos). - PA: Filme em contato com a parede anterior do tórax com os raios penetrando pela frente. • Contorno direito: A linha superior corresponde à VCS e a linha curva inferior de convexidade direita corresponde ao átrio D. • Contorno esquerdo: Arco superior corresponde à porção terminal da crossa da aorta; o arco médio vai ser dividido, que é a porção mais elevada (corresponde a pulmonar esquerda), porção média (tronco da artéria pulmonar) e porção mais baixa (auriculeta esquerda); o arco inferior corresponde ao VE. - Perfil: Filme junto à parede lateral esquerda do tórax, com raios incidindo da direita para a esquerda. • O contorno anterior corresponde à aorta e abaixo o VE. • O contorno posterior corresponde ao átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. Contorno direito (seta azul) → Acima tem a VCS e abaixo a linha curva de convexidade direita, o AD Contorno esquerdo (seta laranja) → Vai ter 3 arcos, o primeiro corresponde à crossa da aorta (risco amarelo), o primeiro à artéria pulmonar esquerda (risco verde) e o terceiro corresponde à auriculeta esquerda (risco vermelho). O arco inferior (risco roxo) corresponde ao VE. Obs: Em um raio x normal é difícil diferenciar esses contornos (os arcos ficam contínuos), mas quando houver uma sobrecarga é mais fácil visualizar. INTERPRETAÇÃO DO RAIO X: - Primeiramente vai avaliar a área cardíaca que pode estar diminuída, normal ou aumentada, e se estiver aumentada pode ter um aumento pequeno, moderado ou grande. - Avaliar silhueta cardíaca, se está normal ou anormal (pode ter alteração em apenas um contorno, sem necessariamente aumentar a área cardíaca). - Quando tem uma silhueta anormal, pode sugerir uma sobrecarga sistólica ou de barreira (estenoses/obstruções ao fluxo) ou uma sobrecarga diastólica ou de volume (essas diastólicas ou de volume obrigatoriamente vão cursar com aumento da área cardíaca). Essas sobrecargas, tanto sistólicas quanto diastólicas, podem ser atriais ou ventriculares. - Avaliar circulação pulmonar, que pode estar normal ou alterada. Se tiver alterada, pode ter fluxo pulmonar aumentado, diminuído ou até congestão pulmonar. ÁREA CARDÍACA: Calculada pelo índice cardiotorácico, e o valor normal é em torno de 0,45. O cálculo é feito traçando uma linha média e buscando a maior distância do contorno direito para a linha média e do contorno esquerdo para a linha média. → Vai somar, e dividir pelo maior diâmetro que tem no tórax, que geralmente fica próximo do ângulo do diafragma Vermelho + verde / amarelo SILHUETA CARDÍACA: - Alteração da silhueta com volume cardíaco normal: sobrecarga sistólica. - Volume cardíaco aumentado e configuração praticamente normal, guardando as mesmas proporções: miocardiopatias em fase inicial. Luíza Barreto – Medicina 2021.2 - Configuração cardíaca alterada e volume do coração aumentado: sobrecarga diastólica ou de volume. - Aumento da área cardíaca e alteração da configuração, tornando-a convexa em ambos os lados no PA: miocardiopatias em fase avançada e derrame pericárdico. ALTERAÇÕES DO AD: - Em PA vai ter elevação do ponto de união do átrio com a cava superior, acentuação da convexidade do AD, borda direita da silhueta mais afastada da coluna vertebral. - Em perfil vai ter deslocamento para trás da VCI, chegando o AD a formar a porção mais inferior do arco posterior. ALTERAÇÕES DO VD: - Em PA: Área cardíaca aumentada. Artéria pulmonar projetada para fora do arco médio (proeminência do arco). DTC (diâmetro cardíaco total) alongado com ponta levantada (aumenta o ângulo na base). Exceção na tetralogia de Fallot (não vê a área cardíaca aumentada). - Em perfil: O contato do VD com a parede anterior do tórax é maior. ALTERAÇÕES DO VE: - Em PA: VE cresce para baixo e mergulha mais no diafragma, retirando a artéria pulmonar do arco médio, que aparece mais côncavo que o habitual. DTC maior que o normal. - Em perfil: Deslocamento para baixo e para trás da porção inferior do arco posterior do coração. ALTERAÇÕES DO AE: - Em PA: Duplo contorno atrial à direita, cujo arco superior é representado pelo AE e o inferior pelo AD. Protusão da aurícula do átrio esquerdo ao nível do terço inferior do arco médio; elevação do brônquio fonte esquerdo. Com o esôfago contrastado, observa-se seu deslocamento suave (difícil de ver). - Em perfil: Retrodesvio do esôfago ao nível do AD. ALTERAÇÕES PULMONARES: → Redução do fluxo pulmonar: Vasculatura pulmonar pobre - Raio x bem preto mostrando o hipofluxo, com uma área cardíaca possivelmente aumentada (mas pode ter sido um rx malfeito). Tem sobrecarga de câmaras direitas com afastamento da linha média tanto do lado direito quanto esquerdo, com a ponta do coração para cima e o tronco pulmonar um pouco mais escavado. → Hipertensão pulmonar por hiperfluxo: Vasos calibrosos, tanto na metade superior quanto inferior dos pulmões. - Hiperfluxo pulmonar com aumento global de área cardíaca, mas mais às custas de câmaras esquerdas (VE mais mergulhante, ponta mais pra baixo, afastamento do contorno esquerdo da linha média, além da protusão de arco médio que fala a favor de sobrecarga de AE, e uma provável dilatação do tronco pulmonar). Sobre o hiperfluxo pulmonar, tem muita congestão perihilar, com fluxo até a periferia. → Hipertensão pulmonar por hiperresistência (venocapilar): Vasos dilatados na metade superior dos pulmões e redução do calibre dos vasos na metade inferior. - O raio x está queimado, mas mesmo assim dá pra ver muita congestão peri hilar, sem fluxo nenhum na periferia. O tronco pulmonar no arco médio está bem abaulado, o que fala a favor de um tronco pulmonar dilatado. → Hipertensão pulmonar por aumento da resistência pré- capilar: Hipertransparência nos 2/3 externos dos pulmões, contrastando com o aumento de volume dos hilos pulmonares e das ramificações de grosso calibre. → Congestão venocapilar (de insuficiência mitral, por exemplo): - O VE mergulhando mostra uma sobrecarga de ventrículo esquerdo, e tem tanta congestão que é difícil avaliar os átrios, mas tem a ponta para cima que fala a favor de sobrecarga de AE, com tronco pulmonar mais dilatado. O aumento da trama de congestão nos 2/3 superiores dos campos pulmonares com o terço inferior mais pobre, fala a favor de congestão venocapilar. AVALIAÇÃO DO SITUS: - Situs é a posição dos órgãos dentro do corpo humano, e essa definição é feita de acordo com a posição do fígado, estômago, aorta, coração e veia cava em relação à coluna. É uma avaliação mais ultrassonográfica, mas também pode ser usada no raio x. - Situs solitus é a posição normal. - Situs inversus é quando a bolha de ar gástrica fica à direita, o fígado à esquerda, com o coração em dextrocardia. Não necessariamente indica uma patologia associada. Luíza Barreto – Medicina 2021.2 - Situs ambiguus é quando tem uma imagem em espelho, e sempre está relacionado a doença. Vai ser uma imagem em espelho da direita ou esquerda. Por exemplo, se for isomeria direita, vai ter dois átrios morfologicamente direitos, asplenia, dois pulmões morfologicamente direitos, etc AVALIAÇÃO DA POSIÇÃO DO CORAÇÃO:- Levocardia: Quando tem 2/3 da massa do coração para a esquerda. - Dextrocardia: Quando tem 2/3 da massa do coração para a direita. - Mesocardia: Quando o coração fica no meio, mas tem que avaliar a direção da ponta do coração, se para a direita ou esquerda. DRENAGEM ANÔMALA DE VEIAS PULMONARES: Definida por quando as veias pulmonares drenam em qualquer lugar, exceto no átrio esquerdo (podem estar drenando para o AD, para a VCI, VCS, seio coronário, de forma mista, etc). - DATVP obstrutiva: Área cardíaca normal ou pequena com campos pulmonares congestos com aspecto de vidro moído. - DATVP sem obstrução: Cardiomegalia associada com aumento de fluxo pulmonar. TP visível e proeminente no paciente mais velho. - DATVP supracardíaca: Formação de ferradura venosa, com imagem de “boneco de neve” (1/3 dos casos). Ferradura venosa (formando o boneco de neve) - DAPVP: Quando o pulmão direito drena de modo anômalo por um tronco único na veia cava inferior, junto ao diafragma, configura um aspecto típico de espada turca, curva e alargada (cimitarra). → Quando pelo menos uma veia está drenando no átrio esquerdo. - Síndrome da cimitarra: Tipo de drenagem descrita + má posição do coração + hipoplasia de pulmão direito + suprimento arterial sistêmico aberrante. → Drenagem anômala das veias pulmonares direitas junto ao diafragma, na VCI. TETRALOGIA DE FALLOT: • Silhueta cardíaca normal com arco médio escavado; • Vascularidade pulmonar normal a reduzida (de acordo com o grau de hipóxia); • Arco aórtico em 30% dos pacientes; • Cifoescoliose progressiva em pacientes mais velhos. Tem sobrecarga do ventrículo direito, com a ponta do coração para cima e o tronco pulmonar escavado (arco médio escavado) → Imagem de tamanco holandês. TRANSPOSIÇÃO DE GRANDES ARTÉRIAS: • Fluxo pulmonar aumentado a diminuído (dependente da obstrução ao fluxo pulmonar). • Pedículo vascular estreito em 30% dos casos (concordância átrio ventricular com discordância ventrículo arterial → ou seja, a pulmonar sai do VE e a aorta sai do VD) • Área cardíaca com forma ovóide, apontando para baixo e para esquerda → imagem de ovo deitado Coração com imagem de ovo deitado e pedículo mais estreito, por conta da má posição dos vasos. COARCTAÇÃO DE AORTA: • Poucas alterações nos primeiros anos de vida; • Sinal de Roessler: Corrosão das bordas inferiores das costelas (principalmente entre o 4º e o 8º); após 5º ano de vida, mais após a primeira década, em 75% dos casos. • Sinal do 3 invertido ou do “E”: Impressão deixada pela aorta no esofagograma em oblíqua anterior direita pelas suas porções pré-coarctação, coarctação e pós-coarctação. Sinal de Roessler: Hipertensão dos vasos intercostais e artérias intercostais com corrosão das costelas
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