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Éguas Introdução A cultura equestre é muito antiga. As primeiras aplicações de acupuntura foram feitas em cavalos. A primeira faculdade de medicina veterinária do mundo era específica para cavalos. Os cavalos são animais de esporte em que se agrega muito valor. Na reprodução de equina, basicamente, são esses os animais trabalhados, com genética considerada superior. MANEJO GERAL A nutrição é um fator muito importante para a reprodução. Animais com deficiência nutricional podem ter problemas e até mesmo entrar em anestro. No terço final da gestação as fêmeas precisam de incremento nutricional para o melhor crescimento fetal. Ao entrarmos num haras para atender um caso de reprodução é fundamental que questionemos a respeito da nutrição dos animais (quantidade/ qualidade) para que os animais venham se desenvolver e ciclar corretamente. O treinamento também pode interferir na reprodução dos animais. Devemos priorizar o esporte (recebem anabolizante, carga de estresse, lesões que levem a administração de alumínio que pode interferir na cascata hormonal. Devemos pensar também no bem estar dos animais (onde vivem, o que fazem, com quem moram, qualidade do pasto, o que comem, quem trata dos animais). O grande problema das criações brasileiras é que as pessoas acabam por não levarem a criação como um grande negócio. Normalmente a criação está nas mãos de grandes empresários que tem como hobbie não levando em consideração diversas decisões que podem ser tomadas para melhorar a lucratividade da criação. Um dos quesitos que devemos visar é o descarte que é necessário para mantermos a o padrão e qualidade. Pensando em reprodução, pensamos na importância comercial (venda de sêmen, ovos, embriões, segurança dos animais, otimização do material biológico, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, driblagem de problemas reprodutivos em éguas além de sêmen de baixa qualidade. Anatomia (comparativo entre éguas e vacas) Ano Hípico As éguas ciclam na primavera e verão, logo, como a gestação dura 11 meses há nascimento dos potros também nessas estações. Isso é chamado de Ano Hípico que é o período compreendido desde o dia nascimentos até o final dos mesmos. Logo compreende o período de agosto até março. No Sul do Brasil a estação de monta começa mais tarde já que há um clima mais frio enquanto no Nordeste a duração pode ser maior em razão do alto índice de luminosidade durante todo o ano. OS BEM NASCIDOS E OS MAL NASCIDOS Todos os animais completam um novo ano hípico a cada dia 1º de Julho após seu nascimento, independente da data real em que tenham nascido. Logo, um animal que nasceu em agosto de 2020 completa seu primeiro ano hípico dia 01 de Julho de 2021. Isso também ocorre para animais que nasceram em meses mais avançados como outubro de 2020 que também completará um ano hípico dia 01 de julho de 2021. Animais que nascem no início da estação de monta são chamados bem nascidos obtendo maior vantagem já que terão mais tempo para treinar. Um exemplo que podemos citar é um animal que tenha nascido em julho/2020 irá correr no próximo ano disputando com um que tenha nascido em novembro do mesmo ano. O animal que nasceu em julho terá mais tempo para treinar, obtendo mais vantagem e chances para ganhar a disputa. PERÍODO DE TRANSIÇÃO Quando a estação de monta acaba há o período de transição em que as éguas têm crescimento folicular, porém não ovulam até que entram em anestro. Em agosto há novamente início das atividades reprodutivas desses animais sendo a estação de monta. O QUE PODEMOS FAZER COM FÊMEAS EM ANESTRO? PROGRAMAS DE LUZ individualmente (em cocheiras) ou em piquetes para aumentar a duração do dia e haver menor produção de melatonina. Acendemos as luzes as 5 da tarde e desligamos às 10 da noite. 35 a 40 dias após início do tratamento as fêmeas irão ciclar. Devemos começar esse processo no solstício de inverno já que é o dia mais curto do ano (21 de junho) ou um pouco antes – não surtindo efeito se for realizado depois. INDUÇÃO DA CICLICIDADE REPRODUTIVA Antidopaminérgicos Dopamina: normalmente é alta em fêmeas em anestro e é inversamente proporcional a Éguas Vacas Cérvix Não possui anéis cartilaginosos Possui anéis cartilaginosos Fossa ovariana há Não há Cornos uterinos dorsais ventrais prolactina, ou seja, quando a dopamina está alta a prolactina está baixa. A prolactina está relacionada a população de receptores de gonadotrofinas nos folículos. Logo, éguas em anestro possuem muita dopamina e, consequentemente há queda na prolactina fazendo com que haja poucos receptores de FSH e LH nos folículos fazendo com que as éguas não tenham crescimento folicular e não ovulem. Aplicando um antidopaminérgico aumentamos a prolactina que irá aumentar os receptores de gonadotrofinas e, consequentemente, as éguas irão ciclar. Sulpiride é o medicamento com melhores efeitos podendo antecipar em mais de um mês a estação de monta. Progesterona Além disso pode-se usar implante de progesterona, mas somente em éguas em transição, sendo ineficiente em anestro profundo. Aplicamos a progesterona que causa feedback negativo no hipotálamo, com isso não teremos secreção de GnRH para que não haja estimulação de secreção de gonadotrofinas. Na transição há início da secreção de gonadotrofinas, porém sem estimulação à secreção, acumulando-as. Quando retirarmos a progesterona cessará o feedback negativo, haverá GnRH e estimulação para secreção de gonadotrofinas (LH) que estarão acumuladas havendo ciclicidade. Em anestro não haveria o que acumular pois não há produção de gonadotrofinas por isso não é indicado nesse período. Ciclo estral ESTRO Diferente das outras espécies os equinos tem apenas estro e diestro. O estro é mais curto, durando 7 dias. Nessa fase há crescimento folicular, estrógeno circulante, útero fica flácido, a fêmea se mostra mais receptiva, há aumento das células de defesa, diferente das vacas que ficam com o útero rígido nessa fase. Além disso a égua urina para chamar a atenção do garanhão, também lateraliza a cauda para que o macho perceba mais a liberação dos feromônios. No exame ultrassonográfico observaremos folículos, inclusive o folículo dominante como podemos observar na imagem abaixo. Há também edema uterino com aspecto enrugado semelhante a uma laranja cortada ao meio. Isso ocorre em razão do estrógeno por fazer vasodilatação. Se não há edema uterino não tem folículo, podendo haver a presença de um corpo lúteo, logo há produção de progesterona. Quando há edema uterino há aumento da quantidade de estrógeno circulante, quanto mais edema, maior é o folículo. Na imagem mais acima não vemos um útero dilatado, logo, podemos concluir que não há vasodilatação em razão da não predominância de estrógeno. Ou a égua não está ciclando ou há a presença de corpo lúteo. Logo, o hormônio circulante seria a progesterona. Na segunda imagem já é possível identificar edema uterino mostrando que já há atuação de estrógeno. Na terceira imagem vemos a imagem semelhante a laranja cortada ao meio evidenciando aumento do edema uterino assim como na quarta imagem. O melhor útero para receber um embrião é um útero que não possui folículos e que possua progesterona, sem células de defesa para não rejeitarem um embrião, logo, considerando as imagens anteriores, podemos dizer que o útero da primeira imagem é o melhor para recepcionar o embrião. Podemos classificar o edema uterino de 0 a 3. Além disso também classificamos os folículos sendo – acima de 35mm já é responsivo a indutores de ovulação sendo também um folículo dominante.A partir dos 25mm são dominantes, mas ainda não respondem a ovulação. INDUÇÃO DE OVULAÇÃO Induzimos ovulação em éguas para que a fêmea possa ovular num tempo previsto facilitando a inseminação além de não haver a necessidade de inseminar várias vezes. Para induzirmos a ovulação podemos utilizar hCG, GnRH (indiretamente), não há LH comercial e por isso não utilizamos. HCG: é necessário que haja edema uterino e folículo maior q 35 mm ovulando de 36 a 42 horas após aplicação. Muitas aplicações consecutivas tornam as fêmeas refratarias fazendo com que não sejam mais responsivas ao hormônio, não ovulando após a aplicação. Isso ocorre pois esse é um hormônio é humano não sendo normal na corrente sanguínea das éguas que criam anticorpos para ele. GNRH: utilizamos análogo (Deslorelina) que estimula a liberação de FSH e LH. É necessário também que haja edema uterino e 35mm de folículo. Pode ter efeito de sazonalidade, logo não devemos utilizar no início ou final da estação de monta pois é o período em que há queda da concentração de LH e FSH endógenos, logo, se estimulamos a secreção do que não tem não haverá eficácia. Além disso é um pouco mais lenta do que o hCG, 42 a 48h, pois o hCG vai direto no folículo fazendo função de LH enquanto Dislorelina vai na hipófise estimulando a secreção de LH endógeno. Éguas jovens, velhas e adultas não possuem diferença em FSH, logo há desenvolvimento folicular em ambas, porém o LH vai diminuindo sua concentração com o passar da idade, logo, éguas mais velhas tem dificuldade para ovular. Por conta disso, associamos GnRH e hCG sendo GnRH 4 horas antes e GnRH (1mg) + hCG (2500 UI) havendo ovulação de 24 a 48horas após tratamento. DIESTRO É fase mais longa (15 dias) presença do corpo lúteo havendo ação da progesterona e a fêmea não mostra receptividade ao macho. No exame de ultrassom vemos o útero homogêneo pela ausência de estrógeno. Acima vemos um útero não dilatado, logo há a predominância de progesterona. Acima podemos ver um corpo lúteo e a esquerda a presença de folículos. Quando há corpo lúteo não podemos inseminar, logo aplicamos prostaglandina PGF para que a fêmea volte a ciclar. O corpo lúteo é responsivo depois de 5 dias após ovulação. Após aplicação de PGF, fêmeas demoram 5 dias para entrarem no estro. aAplicação intramuscular, após 5 min há sudorese (devemos orientar o tratador a respeito). SINCRONIZAÇÃO Colocamos fêmeas em estro ao mesmo tempo, mas não é possível realizar IATF em equinos pois o sêmen é de pior qualidade e o ciclo estral é diferente (7 dias de estro). Conseguimos sincronizar para entrar em estro ao mesmo tempo, mas não serão inseminadas no mesmo dia. Podemos fazer para controlar receptora com doadora além de distância quando iremos atender animais de outros locais. 2 aplicações de PGF com intervalo de 14 dias. Após a segunda aplicação, esperamos 5 dias e as fêmeas estarão em estro. Isso não antecipa estação pois a PGF precisa encontrar um corpo lúteo para lisar. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL Devemos saber o momento correto para inseminar. Avaliação de Sêmen: volume, motilidade, vigor, concentração e diluição. 1º lavar a vulva com água e sabão – pelo menos 3 limpezas, sempre do meio para as laterais. Enfaixamos cauda também e secamos muito bem já que a água é espermicida. SÊMEN FRESCO (DURA 48H): induzimos e inseminamos no mesmo momento já que é o mesmo período de duração. A dose inseminante é 500 milhões de sptz. Introduzimos a mão transvaginal junto a pipeta e colocamos o dedo dentro da cérvix. Depositamos o sêmen no corpo do útero. SÊMEN REFRIGERADO: dura menos (24h) não há como induzirmos e inseminarmos no mesmo momento. Logo, inseminamos 24h após indução. Utilizamos maior quantidade já que a qualidade do sêmen é pior – 1b de sptz. Sêmen é coletado a 37 graus e colocado numa caixinha que irá esfriá-lo gradativamente até alcançar 5º. SÊMEN CONGELADO: mais trabalhoso (dura 6h). Induzimos a ovulação e após 36h palpamos a égua até ovular. Quando ovula nós inseminamos, observamos características dos folículos que irão se desmanchando conforme ovulação. A parede folicular também vai afinando. O momento ideal é quando há perda da imagem anecoica pois há rompimento folicular. Descongelamos o sêmen em banho maria 37º por 30 segundos. Utilizamos uma pipeta flexível que desviamos colocando a mão transretal e guiamos para corno ipsilateral a ovulação na junção útero tubárica para que os sptz consigam fertilizar o ovulo. Utilizamos menor dose, 100 m de sptz. Livro recomenda: 800m. Devemos sempre checar se há endometrite após inseminação e controlar. Palpamos a égua após inseminação para saber se ovulou. Acima podemos ver um útero inflamado que deve ser tratado. Para isso nós infundimos ringer lactato e tiramos várias vezes ou aplicarmos uterotônicos como ocitocina para induzir a contração uterina. Devemos fazer diagnostico de gestação para avaliar se há gemelaridade que não deve ser prosseguida. Logo, devemos reduzir manualmente uma vesícula embrionária. Quanto cobrar? devemos cobrar por resultado. INSEMINAÇÃO: 800 a 1400 COLETA DE SÊMEN: 200 a 350 reais TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÃO: 1500 a 2500 reais.
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