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Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 1 Fisiopatologia Cerca de 95% dos casos são primários ou essenciais (idiopáticos) → acredita-se que esses casos são decorrentes da interação de vários fatores de risco. 3-5% dos pacientes apresentam HAS secundária → existe uma doença de base responsável por elevar os níveis pressóricos. A PA é a força que o sangue exerce sobre as paredes do vaso, quando há hipertensão, o choque entre o sangue e a parede é mais intenso e constante, o que favorece a ocorrência de lesões no sistema cardiovascular e também lesões em órgãos-alvo (LOA). É isso que justifica a associação da HAS com outras patologias, como: 5 AVC; 5 Retinopatia hipertensiva; 5 ICC; 5 IAM; 5 Nefropatia hipertensiva; 5 Disfunção sexual; Clínica Pode ser completamente assintomática; o diagnóstico é feito, nesses casos, em consultas com outras causas. Quanto ao exame físico, devem ser obtidos dados antropométricos do paciente e exame cardiovascular completo; sempre aferir pressão arterial. O ideal é que adultos com PA ≤ 120x80mmHg realizem a aferição da pressão ao menos uma vez a cada 2 anos, enquanto que aqueles com PA acima desse valor realizam a medição anualmente. Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 2 Lesões de órgão-alvo Coração: 5 Coronariopatia 5 Cardiopatia hipertensiva: HVE, insuficiência cardíaca Cérebro C doença cerebrovascular (AVE isquêmico), demência vascular Retina: retinopatia hipertensiva Classificação de Keith-Wagener: 1. Estreitamento arteriolar lesão crônica 2. Cruzamento AV patológico lesão crônica 3. Hemorragia/exsudato lesão aguda (emergência hipertensiva) 4. Papiledema perde a nitidez da papila, embaçado, desfocado lesão aguda (emergência hipertensiva) Rim: nefropatia hipertensiva 5 HAS e DM são as maiores causas de DRC Doença arterial periférica 5 Aterosclerose em MMII 5 Claudicação intermitente Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 3 Classificação A PA do paciente pode ser classificada em 3 categorias: normotensão, pré-hipertensão e hipertensão (I II III), seguindo as diretrizes da Sociedade de Cardiologia (SBC). Se a PAs e a PAd se situarem em categorias diferentes, a maior delas deve ser utilizada para classificação da PA. PRÉ-HIPERTENSÃO Meio termo entre o que é considerado normal (≤ 120x80mmHg) e o que é hipertensão (≥ 140x90mmHg). Assim, elas possuem grande probabilidade de se tornarem hipertensas e também um maior risco de desenvolverem alguma complicação cardiovascular e é justamente por isso que precisam ser acompanhadas com mais regularidade. HIPERTENSÃO C Os hipertensos são aqueles pacientes que mantêm níveis pressóricos ≥ 140x90mmhg; DIAGNÓSTICO PA ≥ 180x110mmHg diagnostica a HAS. PA ≥ 140x90mmHg e < 180x110mmHg precisa investigar o risco de doenças cardiovasculares ou renais. PA ≥ 140x90mmHg com risco alto já fecha o diagnóstico de HAS. PA elevada com risco baixo ou moderado requer uma avaliação um pouco mais profunda. MAPA MAPA (Medida Ambulatorial da Pressão Arterial), por sua vez, é um exame que dura 24h, no qual o equipamento é programado para aferir a pressão a cada cerca de 20min. Isso permite que esse exame avalie as alterações de PA tanto durante a fase de vigília quanto na fase de sono → padrão-ouro para o diagnóstico. Considera-se anormal a PA vigília ≥ 135x85mmHg, a PA sono ≥ 120x70mmHg e a média da PA nas 24h ≥ 130x80mmHg. MRPA MRPA (Medida Residencial da Pressão Arterial) realiza a aferição da PA do paciente 3 vezes no período da manhã, antes do desjejum e da tomada da medicação, e 3 vezes à noite, antes do jantar, e isso se repete durante 5 dias. Outra opção é fazer apenas 4 medições, 2 de manhã, antes do desjejum e do medicamento, e 2 de noite, antes do jantar, mas isso deve ser repetido por 7 dias. Os valores considerados anormais são o de PA ≥ 135x85mmHg. A MRPA não consiste em auto medidas da pressão! Ela é feita por um equipamento específico de acordo com o protocolo. PA alvo: População geral: < 140 x 90 Para pessoas com alto risco cardiovascular: < 130 x 80 Diretriz americana: todos < 130 x 80 Risco cardiovascular elevado: 5 DRC 5 DM 5 AVE, ICC, coronariopatia 5 Risco de doença cardiovascular em 10 anos > 10% Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 4 (TRATAMENTO) TRATAMENTO NÃO-FARMACOLÓGICO O tratamento não farmacológico consiste em realizar uma série de mudanças no estilo de vida do paciente e dentre elas estão: Alimentação saudável → a PA em 11mmHg; Exercício físico → a PA em 5-8mmHg; de peso → a PA em 5mmHg; Cessação do tabagismo → risco cardiovascular; do consumo de sal → a PA em 5-6mmHg; do consumo de álcool → a PA em 5-6mmHg; TRATAMENTO FARMACOLÓGICO HAS estágio I: início com 1 droga (monoterapia) Has estágio ≥ II: início com 2 drogas (associação) Exceções: Estágio I: C Se baixo risco CV: tratamento não-farmacológico por 3 meses. C Se alto risco CV: início com 2 drogas. Estágio ≥ II: C Idoso > 80 ou fragilidade: início com 1 droga Não pode associar iECA e BRA No máximo 3 drogas de primeira linha: tiazídico + bloq canais de cálcio + iECA ou BRA Se não adiantar 5 HAS resistente 1ª linha: tiazídico, bloqueador dos canais de cálcio (dipino), iECA (pril), BRA (sartan) Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 5 Drogas de segunda linha: betabloq, alfabloq, clonidina, metildopa, espironolactona, hidralzina, alisquireno Betabloq NÃO é primeira linha Só usa BB se outra comorbidade além da HAS para qual o BB seja indispensável 5 HAS + ICFER, HAS + DAC. IRA, hipercalemia 5 não usar se creatinina > 3,0 ou K > 5,5 ou estenose bilateral da artéria renal Tosse crônica por aumento da bradicinina 5 trocar iECA por BRA Tiazídico: 4 hipo: hipovolemia, hiponatremia, hipocalemia, hipomagnesemia 3 hiper: hiperuricemia (CI), hiperglicemia, hiperlipemia Bloq canal de cálcio: Edema de MMII Não utilizar em quem tem IC Preferência das drogas de primeira linha: iECA ou BRA: DRC, DM, IC; negros respondem menos Tiazídico: negros sem DRC/DM/IC Bloq canais de cálcio diidropiridínicos: negros; doença arterial periférica HAS resistente: PA elevada apesar do uso de 3 drogas em dose otimizada, sendo uma delas um diurético tiazídico 1. Excluir pseudorresistência: avaliar aderência; afastar efeito do jaleco branco (MAPA/MRPA) 2. Excluir hipertensão secundária 3. Se HAS resistente de verdade, a 4ª droga a ser adicionada deve ser a espironolactona Causas de HAS secundária: DRC, hipertensão renovascular, hiperaldosteronismo primário, feocromocitoma, apneia obstrutiva do sono O tratamento farmacológico se baseia principalmente em medicamentos capazes de reduzir a mortalidade: 1. Diuréticos; 2. Antagonistas do Cálcio; 3. Inibidores de Enzima Conversora de Angiotensina (iECA); 4. Bloqueador do Receptor AT1 (BRA); 5. Bloqueadores Adrenérgicos; DIURÉTICOS Atuam nos néfrons favorecendo a liberação de sódio através da urina: o uso dessa medicação leva a uma redução do volume plasmático do paciente. 5 A redução do volume, em um primeiro momento, é capaz de reduzir a PA. O corpo, no entanto, vai se adaptando, momento em que o diurético demonstra seu mecanismo de ação principal: diminuição da resistência vascular periférica. Dois fatores influenciam no valor da PA: débito cardíaco e resistência vascular → o fator mais afetado na fisiopatologia da HAS não é o débito cardíaco, é a resistência vascular. DIURÉTICOS TIAZÍDICOS Atuam no túbulo distal dos néfrons inibindo o transporte de Na+ e Cl- para dentro da célula. A ação do túbulo distal sobre o filtrado não é muito intensa, de modo que os tiazídicos acabam sendo diuréticos mais suaves, com capacidade de aumentar em apenas 5% a excreção de sódio. Efeitos adversos: 5 Hipocalemia; 5 Hiperurecemia; 5 Hipercalcemia; 5 Hiperglicemia; 5 Hiperlipidemia;Hidroclorotiazida Indapamida Clortalidona Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 6 DIURÉTICOS DE ALÇA Atuam na porção ascendente da alça de Henle, inibindo a bomba que joga Na+, K+ e Cl- para dentro da célula. O meio intersticial deixa de ser hipertônico e isso atrapalha a absorção de água por osmose na porção descendente da alça. Esses diuréticos são os mais potentes, sendo capazes de aumentar a eliminação de sódio em até 35-45%. Esse medicamento só está indicado para pacientes que possuem uma condição edemigênica que necessite de uma perda hídrica acentuada - como é o caso dos pacientes com insuficiência cardíaca/renal - ou quando o paciente possui um clearance < 30-60. Efeitos adversos: 5 Hipocalemia e hiperurecemia; 5 Hipovolemia aguda; 5 Hipocalcemia; 5 Hipomagnesemia; 5 Ototoxicidade; DIURÉTICOS POUPADORES DE POTÁSSIO Espironolactona: atua inibindo o receptor da aldosterona e aí, sem o estímulo dessa substância, a bomba de Na+/K+ não funciona. Amilorida e Triantereno: as drogas vão bloquear diretamente a bomba de Na+/ K+, o que implica dizer que eles conseguem o mesmo efeito, mas sendo independentes da ação da aldosterona → têm efeito mesmo em pacientes com doença de Addison. Efeito diurético pequeno → só devem ser utilizados em associação com outro diurético. BLOQUEADORES DOS CANAIS DE CÁLCIO Atuam no bloqueio dos canais de cálcio de células musculares lisas do tipo L, presentes em vasos sanguíneos e células musculares cardíacas. Verapamil (droga cardiosseletiva e bradicardizante). 5 Não pode ser utilizado em pacientes com acometimentos cardíacos, como insuficiência cardíaca. Efeitos colaterais: constipação. Diltiazem C Benzodiazepina Atua tanto sobre o coração quanto sobre os vasos sanguíneos. Nifedipino + Anlodipino, Felodipino, Isradipino, Nicardipino e Nisoldipino (2ª geração) C Di-idropiridínicos Ação vasosseletiva: diminui a entrada de cálcio nas células musculares lisas, provocando vasodilatação. INIBIDORES DA ECA (IECA) Atuam no bloqueio do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) a partir da inibição da ECA no processo de conversão de angiotensina I para a II. Depois de um tempo, por vias colaterais, o corpo consegue dar um jeito de normalizar os níveis de angiotensina II. A compensação não faz o paciente apresentar uma HAS descompensada: a ECA também é responsável por degradar uma substância chamada bradicinina, que tem ação vasodilatadora. Ou seja, se essa substância não está sendo degradada, mesmo tendo angiotensina II normais, o paciente ainda vai estar fazendo vasodilatação. Furosemida Bumetanida Espironolactona Amilorida Triantereno Nifedipino Anlodipino Nicardipina Verapamil Diltiazem Captopril Cizalapril Enalapril Lisinopril Ramipril Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 7 BLOQUEADOR DO RECEPTOR AT1 (BRA) Atuam no bloqueio do Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona (SRAA) a partir do fechamento dos receptores de Angiotensina II, impedindo sua ação. BRA e IECA não devem ser utilizados concomitantemente, por terem o mesmo mecanismo de ação; iECA e o BRA acabam sendo medicamentos muito bons para prevenir a ocorrência de lesão renal, no entanto, se a lesão já estiver instalada, eles são prejudiciais e precisam ser suspensos, a partir de dois critérios: 5 Aumento da creatinina > 30% (creatinina >3). 5 Diminuição da TFG (potássio > 5,5). BETA BLOQUEADORES (BLOQUEADORES ADRENÉRGICOS) Atua bloqueando os receptores beta-adrenérgicos do corpo. Já foi provada a eficácia na redução da morbimortalidade de pacientes com HAS associada à coronariopatia ou insuficiência cardíaca → entram como drogas de 1ª linha. Betabloqueadores de ação seletiva: atuam apenas sobre os receptores beta-1 do coração. Metoprolol e atenolol: ação mais restrita ao coração, inicialmente reduzindo o débito cardíaco e, depois, promovendo a redução da secreção de renina, a readaptação dos barorreceptores e a diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas. Carvedilol e nebivolol: se destacam por apresentarem uma ação secundária: 5 Carvedilol é capaz de bloquear alfa-1 e promover vasodilatação, de modo que é bastante utilizado em pacientes com ICC. 5 Nebivolol é capaz de liberar óxido nítrico e por isso é benéfico no tratamento de pacientes que também possuem disfunção erétil. Betabloqueadores de ação não-seletiva: também atuam sobre os beta-2 dos vasos. Propranolol e nasolol: mais relacionado com efeitos adversos como, por exemplo, claudicação e disfunção erétil. Losartana Valsartana Metoprolol Atenolol Carvedilol Nebivolol Propranolol Nasolol Nina Lena Souza Medicina UFSM 106 Página 8
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