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Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 16 Caṕıtulo 2: Prinćıpio Variacional de Hamilton Exerćıcio 2.3.1. Solução: Se a Lagrangiana L(q, q̇, t) satisfaz as equações de Lagrange d dt ( ∂L ∂q̇ ) − ∂L ∂q = 0 (126) ∀q, então a Lagrangiana L̄(q, q̇, t) = L(q, q̇, t) + d dt f(q, t) satisfaz d dt ( ∂L̄ ∂q̇ ) − ∂L̄ ∂q = d dt [ ∂L ∂q̇ + ∂ ∂q̇ ( d dt f(q, t) )] − ∂L ∂q − ∂ ∂q ( d dt f(q, t) ) = d dt ( ∂L ∂q̇ ) − ∂L ∂q + d dt [ ∂ ∂q̇ ( d dt f(q, t) )] − ∂ ∂q ( d dt f(q, t) ) = d dt [ ∂ ∂q̇ ( d dt f(q, t) )] − ∂ ∂q ( d dt f(q, t) ) , onde usamos (126) na última igualdade. No entanto, se aplicarmos a regra da cadeia, vemos que d dt f(q, t) = q̇ ∂f ∂q + ∂f ∂t (127) ⇒ d dt [ ∂ ∂q̇ ( d dt f(q, t) )] = d dt ( ∂f ∂q ) = q̇ ∂2f ∂q2 + ∂2f ∂t∂q (128) ⇒ ∂ ∂q ( d dt f(q, t) ) = q̇ ∂2f ∂q2 + ∂2f ∂q∂t . (129) Igualando as segundas derivadas cruzadas em q e t, fica claro que Lagrangianas equiva- lentes geram as mesmas equações de movimento: d dt ( ∂L̄ ∂q̇ ) − ∂L̄ ∂q = 0 = d dt ( ∂L ∂q̇ ) − ∂L ∂q . (130) Exerćıcio 2.4.1. Solução: O trabalho virtual das forças generalizadas de v́ınculo dadas pela Eq. (2.4.12) do livro é δWv = n∑ k=1 Q′k · δqk = n∑ k=1 p∑ l=1 λlalk · δqk = p∑ l=1 λl ( n∑ k=1 alk · δqk ) , (131) onde os δqk’s são os deslocamentos virtuais. No entanto, sabemos que estes deslocamentos virtuais devem obedecer à Eq. (2.4.3) do livro: n∑ k=1 alkδqk = 0⇒ δWv = 0 . (132) Mostramos que o trabalho virtual total das forças de v́ınculo é zero, confirmando que satisfazemos o prinćıpio dos trabalhos virtuais da Eq. (1.3.7) do livro e, mais geralmente, o prinćıpio de d’Alembert de Eq. (1.3.9) do livro. Portanto, mesmo com v́ınculos não- holônomos, o prinćıpio de Hamilton δS = 0 na versão da Eq. (2.4.2) do livro não viola o prinćıpio de d’Alembert. 16 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 17 Exerćıcio 2.4.2. Solução: Para que o v́ınculo ẋ− ωy = 0 (133) seja holônomo, ele deveria ser escrito na forma G(x, y, t) = C, com C uma constante arbitrária, que tem a forma da Eq. (1.2.7) do livro. Para isso, é preciso que exista um fator integrante h(x, y, t) tal que (133) seja integrável diretamente se multiplicada por h: hẋ− hωy = d dt G(x, y, t) = ∂G ∂x ẋ+ ∂G ∂y ẏ + ∂G ∂t = 0 . (134) Claramente, (134) implica não somente em G(x, y, t) = C mas também em ∂G/∂x = h, ∂G/∂y = 0 e ∂G/∂t = −hωy. Igualando as segundas derivadas, ∂2G ∂y∂x = ∂2G ∂x∂y ⇒ ∂h ∂y = 0⇒ h = h(x, t) (135) ∂2G ∂y∂t = ∂2G ∂t∂y ⇒ ∂ ∂y (−hωy) = 0⇒ h = 0 . (136) O fator integrante trivial (nulo) nos diz que o v́ınculo (133) não é holônomo. Exerćıcio 2.4.3. Solução: As equações newtonianas de movimento para a força F′ cujas componentes são F ′x = mωẏ e F ′ y = 0 são mẍ = mωẏ e mÿ = 0 . (137) A segunda destas equações nos diz que y = y0 + v0yt, com y0 e v0 constantes arbitrárias. Levando esta solução à primeira equação de (137), obtemos ẍ = ωv0 ⇒ x = x0 + v0xt+ 1 2 ωv0yt 2 . (138) Para que estas soluções satisfaçam automaticamente o v́ınculo ẋ− ωy = 0, é preciso que v0x + ωvoyt− ω(y0 + voyt) = 0 , (139) ou seja, as condições iniciais devem satisfazer v0x = ωy0 . Isto nada mais é do que a restrição imposta pelo v́ınculo sobre as condições iniciais. Exerćıcio 2.4.4. Solução: As n primeiras equações (2.4.52) do livro são simplesmente d dt ( ∂L ∂q̇k ) − ∂L ∂qk = 0⇒ d dt ( ∂L ∂q̇k ) − ∂L ∂qk = p∑ l=1 λlalk , k = 1, ..., n , (140) onde L = L(q, q̇, t) + ∑p l=1 λlfl(q, t) e usamos que os v́ınculos holônomos fl(q, t) = 0 satisfazem a Eq. (2.4.32) do livro, ∂fl/∂qk = alk. Reproduzimos assim as Eqs. (2.4.9) do livro, ao passo que as p últimas equações (2.4.52) caem nas Eqs. (2.4.30) do livro: d dt ( ∂L ∂λ̇m ) − ∂L ∂λm = 0⇒ δmlfl = fm(q, t) = 0 , m = 1, ..., p . (141) 17 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 18 Exerćıcio 2.6.1. Solução: A energia cinética pode ser escrita em termos das coordenadas e velocidades generalizadas como T = 1 2 ∑ i miv 2 i = 1 2 ∑ i mi (∑ k ∂ri ∂qk q̇k + ∂ri ∂t ) · (∑ l ∂ri ∂ql q̇l + ∂ri ∂t ) = 1 2 ∑ i mi [ ∂ri ∂t · ∂ri ∂t + 2 ∑ k ( ∂ri ∂qk · ∂ri ∂t ) q̇k + ∑ k,l ( ∂ri ∂qk · ∂ri ∂ql ) q̇kq̇l ] = 1 2 ∑ i mi ∂ri ∂t · ∂ri ∂t + ∑ k (∑ i mi ∂ri ∂qk · ∂ri ∂t ) q̇k + 1 2 ∑ k,l (∑ i mi ∂ri ∂qk · ∂ri ∂ql ) q̇kq̇l = M0 + ∑ k Mkq̇k + 1 2 ∑ k,l Mklq̇kq̇l , onde M0 = 1 2 ∑ i mi ∂ri ∂t · ∂ri ∂t , (142) Mk = ∑ i mi ∂ri ∂qk · ∂ri ∂t , (143) Mkl = ∑ i mi ∂ri ∂qk · ∂ri ∂ql . (144) Exerćıcio 2.6.2. Solução: A integral de Jacobi h = ∑ k q̇k ∂L ∂q̇k − L (145) tem como derivada total (lembrando que L = L(q, q̇, t)) dh dt = ∑ k [ q̈k ∂L ∂q̇k + q̇k d dt ( ∂L ∂q̇k )] − ∑ k ( ∂L ∂qk q̇k + ∂L ∂q̇k q̈k ) + ∂L ∂t = ∑ k q̇k [ d dt ( ∂L ∂q̇k ) − ∂L ∂qk ] − ∂L ∂t . Na presença de forças dissipativas com função de dissipação F , a equação de movimento se torna na Eq. (1.6.17) do livro: d dt ( ∂L ∂q̇k ) − ∂L ∂qk + ∂F ∂q̇k = 0 . (146) Portanto, realizando esta substituição em dh/dt, obtemos dh dt = − ∑ k q̇k ∂F ∂q̇k − ∂L ∂t . (147) 18 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 19 Exerćıcio 2.7.1. Solução: Definimos q1 = x1, q2 = y1, q3 = z1, ..., q3N = zN como coordenadas generalizadas sujeitas aos p v́ınculos da Eq. (2.5.11) do livro. As translações ŕıgidas das Eqs. (2.5.9) são da forma das Eqs. (2.7.1) do livro com X = 0, Ψ3m+1 = n̂ · x̂, Ψ3m+2 = n̂ · ŷ e Ψ3m+3 = n̂ · ẑ, com m = 0, ..., N − 1. A condição de Noether na presença de v́ınculos é obtida invocando a invariância de L = L+ p∑ l=1 λlfl(q1, ..., q3N , t) (148) ao invés de L, conforme a Eq. (2.4.53) do livro. Assim, o teorema de Noether nos diz que − 3N∑ k=1 ∂L ∂q̇k Ψk = cte. . (149) Substitúındo os Ψk’s e usando que ∂L/∂ṙi = pi é o momento linear da part́ıcula i (as- sumimos que o potencial é independente das velocidades, assim como no Teorema 2.5.2), − N∑ i=1 ∂L ∂ṙi · n̂ = − N∑ i=1 pi · n̂ = cte. ⇒ P · n̂ = cte. , (150) reproduzindo a Eq. (2.5.17) do livro. Exerćıcio 2.7.2. Solução: (i) Verificando que a condição de Noether para 1 coordenada generalizada q1 = x Ψ ∂L ∂x + (Ψ̇− ẋẊ)∂L ∂ẋ + LẊ + ∂L ∂t X = 0 (151) é satisfeita para para a lagrangiana L = eλt ( m 2 ẋ2 − mω 2 2 x2 ) (152) e as transformações infinitesimais da Eq. (2.7.1) do livro com X = 1 e Ψ = −λx/2: λ 2 xeλtmω2x− λ 2 ẋeλtmẋ+ λL = 0 , (153) equação esta que é identicamente satisfeita (0 = 0). (ii) A conservação da quantidade C da Eq. (2.7.17) do livro pode ser traduzida em dC dt = eλt ( mẋẍ+mω2xẋ+ mλ 2 ẋ2 + mλ 2 xẍ ) + λC = eλt ( mẋẍ+mω2xẋ+mλẋ2 + mλ 2 xẍ+ mω2λ 2 x2 + mλ2 2 xẋ ) = 0 ⇒ ẋ(ẍ+ ω2x+ λẋ) + xλ 2 (ẍ+ ω2x+ λẋ) = 0 . (154) Da equação de movimento (107) do oscilador amortecido obtida no Problema 1.14, pode- mos substituir ẍ+ λẋ+ ω2x = 0 em (154), satisfazendo-a identicamente. 19 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 20 Problema 2.1. Solução: Considere o comprimento de arco elementar em coordenadas ciĺındricas ds2 = dρ2 + ρ2dθ2 + dz2 = [( dρ dθ )2 + ρ2 + ( dz dθ )2] dθ2 . (155) A superf́ıcie de um cone com vértice na origem, eixo de simetria ao longo do eixo z e ângulo de abertura 2α é caracterizada pela relação tanα = ρ/z. Assim, podemos eliminar a coordenada radial ρ para obter a distância entre dois pontos no cone ao longo de uma curva z(θ): s[z] = ∫ ds = ∫ θ2 θ1 √ (1 + tan2 α)z′(θ)2 + tan2 α z(θ)2 dθ . (156) A curva geodésica é aquela que minimiza s[z]. Colocando em evidência um fator de√ 1 + tan2 α = secα em (156), conclúımos que z(θ) deve satisfazer a equação de Euler ∂f ∂z − d dθ ( ∂f ∂z′ ) = 0 (157) com f(z, z′, θ) = √ z′ 2 + sin2 α z2. Para facilitar nossos cálculos, note que, como f não depende diretamentede θ, podemos escrever uma forma alternativa de (157): d dθ ( f − ∂f ∂z′ z′ ) = ∂f ∂z z′ + ∂f ∂z′ z′′ − z′ d dθ ( ∂f ∂z′ ) − ∂f ∂z′ z′′ = z′ [ ∂f ∂z − d dθ ( ∂f ∂z′ )] = 0 ⇒ f − ∂f ∂z′ z′ = C , (158) onde C é uma constante arbitrária. Isso se traduz em√ z′ 2 + sin2 α z2 − z ′ 2 √ z′ 2 + sin2 α z2 = C ⇒ sin 2 α z2√ z′ 2 + sin2 α z2 = C (159) que, após isolarmos z′, nos dá z′ = ± sinα z √ sin2 α z2 C2 − 1 . (160) Separando as variáveis e integrando (pode-se usar a substituição sinα z/C = secu), obte- mosas geodésicas do cone sinα θ + C ′ = ± arcsec ( sinα C z ) ⇒ z = ± C sinα cos(sinα θ + C ′) , (161) onde C ′ é outra constante arbitrária. O sinal +/− corresponde a curvas subindo no cone girando no sentido anti-horário/horário. Na verdade, a solução com sinal − pode ser obtida da solução com sinal + simplesmente tomando C ′ → C ′ + π, tornando o cosseno negativo. Portanto, só precisamos de um dos sinais: ρ = z tanα = C cosα cos(sinα θ + C ′) . (162) 20 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 21 Vamos agora determinar as geodésicas satisfazendo condições de contorno espećıficas, isto é, começando e terminando em pontos espećıficos. Supondo que a geodésica começa em (z1, θ1) e termina em (z2, θ2), obtemos o sistema{ z1 sinα cos(sinα θ1 + C ′) = C z2 sinα cos(sinα θ2 + C ′) = C (163) que determina as constantes C e C ′. No entando, se z1 = 0 (começamos no vértice do cone), temos C = 0 obrigatoriamente, o que resulta em z(θ) = 0 pela solução (162). Na verdade, em qualquer instante de uma geodésica, z = 0 vai implicar em C = 0. Isto significa que nenhuma geodésica (162) passa pelo vértice do cone! Ainda assim, se queremos chegar em qualquer ponto do cone partindo do vértice, basta tomar a reta conectano os dois pontos (que obrigatoriamente está contida no cone). Problema 2.2. Solução: A equação de movimento para uma part́ıcula movendo-se num plano vertical genérico sob um campo gravitacional constante vem da lagrangiana L = mṙ2/2 +mgz e é, em componentes, mẍ = 0 ⇒ x = x0 + v0xt mÿ = 0 ⇒ y = y0 + v0yt mz̈ = −mg ⇒ z = z0 + v0zt− gt 2 2 . (164) As 6 condições de contorno r(0) = 0 e r(T ) = r0 determinam o plano do movimento especificando as 6 constantes desconhecidas x0, y0, z0, v0x, v0y e v0z. Portanto, existe uma única solução rf (t) para a trajetória da part́ıcula satisfazendo estas condições. Qualquer outra trajetória r(t) = rf (t) + η(t) satisfazendo as condições de contorno (isto é, η(0) = η(T ) = 0) possui ação S[r] = ∫ T 0 dt [ m 2 (ṙf+η̇) 2+mg(z+z′) ] = S[rf ]+ ∫ T 0 dt [ m 2 (|η̇|2+2ṙf ·η̇)+mgz′ ] , (165) onde z′ = η · ẑ. Podemos realizar uma integração por partes no penúltimo termo de (165), obtendo S[r] = S[rf ] + m 2 ∫ T 0 |η̇|2 dt+ (mṙf · η) ∣∣∣T 0 − ∫ T 0 dt (mr̈f · η +mgz′) . (166) O termo de fronteira se anula pois η(0) = η(T ) = 0. Além disso, a equação de movimento (164) implica que somente a componente ẑ de r̈f sobrevive, de maneira que r̈f · η = −gz′ e a última integral também se anula. Assim, conclúımos que S[r] = S[rf ] + m 2 ∫ T 0 |η̇|2 dt . (167) A trajetória f́ısica é aquela que minimiza a ação (167). Claramente, η = 0 minimiza S[r], eliminando completamente o último termo e confirmando que a trajetória f́ısica rf (t) satisfaz o prinćıpio de Hamilton. 21 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 22 Problema 2.3. Solução: Um oscilador harmônico de massa m e frequência angular ω so longo do eixo x possui lagrangiana L = (m/2)ẋ2− (mω2/2)x2, que resulta na equação de movimento ẍ = −ω2x. Esta equação fornece a trajetória f́ısica da part́ıcula, xf (t), após especificadas as condições de contorno x(0) e x(T ). Analogamente ao Problema 2.2, para uma trajetória x(t) = xf (t) + η(t) com η(0) = η(T ) = 0, a ação se torna S[x] = ∫ T 0 dt [ m 2 (ẋf + η̇) 2 − mω 2 2 (xf + η) 2 ] = S[xf ] + m 2 ∫ T 0 dt (η̇2 + 2ẋf η̇)− mω2 2 ∫ T 0 dt (η2 + 2xfη) = S[xf ] + m 2 ∫ T 0 dt (η̇2 − ω2η2) + (mẋfη) ∣∣∣T 0 − m 2 ∫ T 0 dt (mẍfη + ω 2xfη) , onde integramos por parte na última igualdade. O termo de fronteira se anula nova- mente, assim como a última integral após utilizar a equação de movimento ẍf = −ω2xf , resultando em S[x] = S[xf ] + m 2 ∫ T 0 (η̇2 − ω2η2) dt . (168) Podemos expandir η(t) em uma série de Fourier η(t) = ∑∞ n=1 Cn sin(Ωnt)+Dn cos(Ωnt), onde η(0) = 0 zera todos os Dn’s e η(T ) = 0 produz os modos Ωn = nπ/T , nos deixando η(t) = ∞∑ n=1 Cn sin ( nπt T ) . (169) Substitúındo (169) em (168), obtemos a expressão S[x] = S[xf ] + m 2 ∫ T 0 ∞∑ n=1 ∞∑ m=1 [ CnCm nπ T mπ T cos ( nπt T ) cos ( mπt T ) − − ω2CnCm sin ( nπt T ) sin ( mπt T )] dt . Usufruindo da ortogonalidade das funções trigonométricas, ∫ T 0 cos(nπt/T ) cos(mπt/T ) dt =∫ T 0 sin(nπt/T ) sin(mπt/T ) dt = (T/2) δnm, podemos realizar a integração e usar a delta de Kronecker para eliminar um dos somatórios: S[x] = S[xf ] + mT 4 ∞∑ n=1 ( n2π2 T 2 − ω2 ) C2n . (170) O prinćıpio de Hamilton exige que a ação seja mı́nima para a trajetória f́ısica. Para que isto seja verdade, o segundo termo de (170) não pode ser negativo, pois isto implicaria em S[x] < S[xf ]. Portanto, exigimos que n2π2 T 2 > ω2 , ∀n ⇒ T < π ω . (171) 22 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 23 Problema 2.4. Solução: Vamos minimizar J [y] = ∫ 1 0 y′ 2 dx com y(0) = 0 e y(1) = 1 testando a solução aproximada yα(x) = x 3 + αx(x − 1). Note que yα(x) satisfaz as condições de contorno. Sabendo que y′α(x) = 3x 2 +α(2x−1), o funcional para este ansatz terá como valor J [yα] = ∫ 1 0 [9x4 + 6α(2x3 − x2) + α2(2x− 1)2] dx = 9 5 + 6α ( 2 4 − 1 3 ) + α2 ( 4 3 − 4 2 + 1 ) = 9 5 + α + 1 3 α2 . O mı́nimo de J [yα] ≡ F (α) é obtido encontrando o valor de α que minimiza a expressão acima. Trata-se de um problema de minimização simples de uma função de 1 variável: F ′(α) ∣∣∣ α=α0 = 0 ⇒ α0 = − 3 2 . (172) Portanto, a melhor aproximação deste ansatz para minimizar J [y] é J [yα0 ] = 1.05. A função exata que minimiza J [y] pode ser obtida através da equação de Euler com f(y, y′, x) = y′ 2: ∂f ∂y − d dx ( ∂f ∂y′ ) = 0 ⇒ y′ = C ⇒ y(x) = Cx+ C ′ , (173) onde C e C ′ são constantes. As condições de contorno prontamente nos fornecem C ′ = 0 e C = 1, tal que a solução exata para o problema de minimização é y(x) = x . Esta solução pode ser comparada com a nossa solução aproximada yα0(x) = x 3 − 3x(x− 1)/2 na Figura 1. O valor exato do mı́nimo de J [y] é 1. Isto significa que a nossa aproximação teve um erro percentual de Erro = 1.05− 1 1 = 5% . (174) y(x) yα0 (x) 0 0.5 1 0 0.5 1 x f( x ) Figure 1: Comparação entre a solução exata e a solução aproximada do Problema 2.4. 23 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 24 Problema 2.5. Solução: Definimos o eixo x tal que os postes verticais ficam em x = a e x = b (com b > a e ` > b − a para que a corda seja longa o suficiente). A curva que a altura da corda descreve ao longo do eixo x é y(x). O comprimento de arco infinitesimal da corda é d`2 = dx2 + dy2 = (1 + y′ 2) dx2, tal que∫ b a √ 1 + y′ 2 dx = ` . (175) A energia potencial total da corda é U = ∫ gy dm = ∫ ρgy d` = ρg ∫ b a y √ 1 + y′ 2 dx , (176) onde ρ = dm/d` é a densidade (constante) do cabo homogêneo. Já que a posição de equiĺıbrio da corda é aquela que minimiza U , para achar y(x) precisamos minimizar E[y] = ∫ b a y √ 1 + y′ 2 dx . (177) Trata-se de um problema isoperimétrico cuja solução é obtida minimizando Ē[y] = ∫ b a ( y √ 1 + y′ 2 + λ √ 1 + y′ 2 ) dx , (178) onde λ é um multiplicador de Lagrange. A equação de Euler na forma (158) nos dá (y + λ) √ 1 + y′ 2 − (y + λ)y ′ 2√ 1 + y′ 2 = C ⇒ (y + λ)2 = C2(1 + y′ 2) , (179) cuja solução é a catenária (verifique!)y(x) = C cosh ( x C + C ′ ) − λ , (180) onde C e C ′ são constantes arbitrárias. As 3 constantes desconhecidas C, C ′ e λ serão determinadas pelas condições de contorno em y(a) e y(b) e por (175). 24 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 25 Problema 2.6. Solução: Sabendo que a derivada total d dt ( ∂L ∂q̇i ) = n∑ j=1 ∂2L ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L ∂t∂q̇i , (181) podemos reescrever a equações de Lagrange na forma expĺıcita n∑ j=1 ∂2L ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L ∂t∂q̇i − ∂L ∂qi = 0 , i = 1, ..., n . (182) Se L̄(q, q̇, t) e L(q, q̇, t) diferem somente por uma derivada total no tempo de uma função f(q, t), então a equação de movimento para L̄ = L+ ḟ é 0 = n∑ j=1 ∂2L̄ ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L̄ ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L̄ ∂t∂q̇i − ∂L̄ ∂qi = n∑ j=1 ∂2L ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L ∂t∂q̇i − ∂L ∂qi + + n∑ j=1 ∂2ḟ ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2ḟ ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2ḟ ∂t∂q̇i − ∂ḟ ∂qi . Avaliando expĺıcitamente os termos com ḟ , ∂2ḟ ∂q̇j∂q̇i = ∂2 ∂q̇j∂q̇i ( n∑ k=1 ∂f ∂qk q̇k + ∂f ∂t ) = ∂ ∂q̇j ( ∂f ∂qi ) = 0 , (183) ∂2ḟ ∂qj∂q̇i = ∂2 ∂qj∂q̇i ( n∑ k=1 ∂f ∂qk q̇k + ∂f ∂t ) = ∂2f ∂qj∂qi , (184) ∂2ḟ ∂t∂q̇i = ∂2 ∂t∂q̇i ( n∑ k=1 ∂f ∂qk q̇k + ∂f ∂t ) = ∂2f ∂t∂qi , (185) ∂ḟ ∂qi = ∂ ∂qi ( n∑ j=1 ∂f ∂qj q̇j + ∂f ∂t ) = n∑ j=1 ∂2f ∂qi∂qj q̇j + ∂2f ∂qi∂t , (186) obtemos 0 = n∑ j=1 ∂2L ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L ∂t∂q̇i − ∂L ∂qi + + n∑ j=1 ∂2f ∂qj∂qi q̇j + ∂2f ∂t∂qi − ( n∑ j=1 ∂2f ∂qi∂qj q̇j + ∂2f ∂qi∂t ) = n∑ j=1 ∂2L ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L ∂t∂q̇i − ∂L ∂qi . Portanto, L̄ e L geram equações de movimento idênticas. 25 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 26 Se, por outro lado, L̄(q, q̇, t) e L(q, q̇, t) são lagrangianas que geram equações de movi- mento idênticas, então n∑ j=1 ∂2L ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L ∂t∂q̇i − ∂L ∂qi = = n∑ j=1 ∂2L̄ ∂q̇j∂q̇i q̈j + n∑ j=1 ∂2L̄ ∂qj∂q̇i q̇j + ∂2L̄ ∂t∂q̇i − ∂L̄ ∂qi (187) implica na igualdade dos coeficientes de q̈j, ∂2L ∂q̇j∂q̇i = ∂2L̄ ∂q̇j∂q̇i ⇒ L− L̄ = n∑ k=1 Fk(q, t) q̇k +G(q, t) , (188) onde as Fk’s e G são funções arbitrárias. Substitúındo (188) em (187), obtemos n∑ j=1 ∂Fi ∂qj q̇j + ∂Fi ∂t − ( n∑ j=1 ∂Fj ∂qi q̇j + ∂G ∂qi ) = 0 . (189) Igualando os coeficientes de cada q̇j, ∂Fi ∂qj = ∂Fj ∂qi , j = 1, ..., n , (190) podemos usar o Teorema D.1 do Apêndice D do livro para identificar a diferencial exata dΦ(q, t) = n∑ i=1 Fi(q, t) dqi + T (q, t) dt ⇒ Fi = ∂Φ ∂qi , T = ∂Φ ∂t , (191) onde T (q, t) é uma função desconhecida.6 Substitúındo Fi de (191) em (189), podemos expressar G em termos de Φ, ∂Fi ∂t = ∂2Φ ∂t∂qi = ∂G ∂qi ⇒ G = ∂Φ ∂t , (192) identificando que T = G. Assim, a diferença L− L̄ em (188) pode ser reescrita exclusiva- mente em termos de Φ: L− L̄ = n∑ k=1 ∂Φ ∂qi q̇i + ∂Φ ∂t = dΦ dt . (193) Conclúımos, portanto, que se L̄ e L satisfazem equações de movimento idênticas, então elas devem diferir por uma derivada total no tempo de uma função arbitrária das coordenadas generalizadas e do tempo. 6Note que, para valer o Teorema D.1, é necessário que ∂Fi/∂t = ∂T/∂qi, ∀i, para que tenhamos n+ 1 funções de n+ 1 variáveis satisfazendo a condição (D.4) do livro. Isto é claramente satisfeito após identificarmos T = G em (192). 26 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 27 Problema 2.7. Solução: A Lagrangiana L̄ = 1 12 ẋ4 + ω2 2 x2ẋ2 − ω 4 4 x4 (194) gera a equação de movimento d dt ( ẋ3 3 + ω2x2ẋ ) − ω2xẋ2 + ω4x3 = 0 ⇒ ẋ2ẍ+ ω2(xẋ2 + x2ẍ) + ω4x3 = 0 (195) cuja solução pode ser posta na forma x(t) = A sin(ωt+ φ) , com A e φ constantes a determinar pelas condições iniciais. Verificando: 0 = −A3ω4 cos2(ωt+ φ) sin(ωt+ φ) + ω2 [ A3ω2 sin(ωt+ φ) cos2(ωt+ φ)− − A3ω2 sin3(ωt+ φ) ] + ω4A3 sin3(ωt+ φ) = 0 . Esta é a mesma solução da equação de movimento para um oscilador harmônico de massa m = 1, obtido através da lagrangiana usual L = ẋ2/2 − ω2x2/2. Portanto, L e L̄ geral equações de movimento equivalentes, isto é, que possuem as mesmas soluções. Para demonstrar que estas lagrangianas não diferem por uma derivada total no tempo, precisamos provar que L̄− L = 1 12 ẋ4 + (ω2x2 − 1) ẋ 2 2 − ( ω2x2 2 − 1 ) ω2x2 2 (196) não possui antiderivada. Vamos começar assumindo que existe F (x, t) tal que dF/dt = L− L̄. Pela regra da cadeia, o coeficiente de ẋ é ∂F ∂x = 1 12 ẋ3 + (ω2x2 − 1) ẋ 2 . (197) Claramente, este F é inexistente pois nenhuma função de (x, t) nos daria termos com ẋ após uma derivada parcial em x. Esta contradição demonstra que as lagrangianas não são equivalentes, @F : L− L̄ = dF dt . (198) Portanto, as as equações de movimento são equivalentes, mas não idênticas. 27 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 28 Problema 2.8. Solução: A máquina de Atwood oscilante do Problema 1.5 com M = 3m possui equações de movimento 4r̈ − rθ̇2 + g(3− cos θ) = 0 , (199) r2θ̈ + 2rṙθ̇ + gr sin θ = 0 . (200) Para provar que a quantidade I(r, ṙ, θ, θ̇) = r2θ̇ ( ṙ cos θ 2 − rθ̇ 2 sin θ 2 ) + gr2 sin θ 2 cos2 θ 2 (201) é constante de movimento, vamos derivá-la no tempo diretamente: dI dt = ∂I ∂r ṙ + ∂I ∂ṙ r̈ + ∂I ∂θ θ̇ + ∂I ∂θ̇ θ̈ + ∂I ∂t . (202) Antecipando o tamanho desta expressão, vamos escrever cada termo separadamente: ∂I ∂r ṙ = 2rṙ2θ̇ cos θ 2 − 3r 2ṙθ̇2 2 sin θ 2 + 2grṙ sin θ 2 cos2 θ 2 , (203) ∂I ∂ṙ r̈ = r2θ̇r̈ cos θ 2 , (204) ∂I ∂θ θ̇ = −r 2ṙθ̇2 2 sin θ 2 − r 3θ̇3 4 cos θ 2 + gr2θ̇ 2 ( cos3 θ 2 − 2 sin2 θ 2 cos θ 2 ) , (205) ∂I ∂θ̇ θ̈ = r2ṙθ̈ cos θ 2 − r 3θ̇θ̈ 2 sin θ 2 − r 3θ̇θ̈ 2 sin θ 2 , (206) ∂I ∂t = 0 . (207) Há diversas simplificações para serem feitas: 1. Os dois últimos termos de (206) são iguais e podem ser juntados; 2. O segundo termo de (203) pode ser juntado com o primeiro termo de (205); 3. Usando (199), podemos substituir a soma de (204) com o segundo termo de (205) por (gr2θ̇/4)(cos θ − 3) cos(θ/2); 4. Podemos reescrever cos3 θ/2 = (1 − sin2 θ/2) cos θ/2 no terceiro termo de (205), simplificando a expressão entre parêntesis ao colocar cos θ/2 em evidência; 5. Usamos sin θ = 2 sin(θ/2) cos(θ/2) para simplificar o terceiro termo de (203). 28 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 29 Após estas simplificações, obtemos dI dt = 2rṙ2θ̇ cos θ 2 − 2r2ṙθ̇2 sin θ 2 + grṙ sin θ cos θ 2 + gr2θ̇ 4 cos θ cos θ 2 − − 3gr 2θ̇ 4 cos θ 2 + gr2θ̇ 2 ( 1− 3 sin2 θ 2 ) cos θ 2 + r2ṙθ̈ cos θ 2 − r3θ̇θ̈ sin θ 2 . Ainda temos 8 termos para lidar. Usando (200), podemos colocar ṙ cos(θ/2) em evidência no primeiro, terceiro e penúltimo termos para eliminá-los completamente: dI dt = −2r2ṙθ̇2 sin θ 2 + gr2θ̇ 4 cos θ cos θ 2 −3gr 2θ̇ 4 cos θ 2 + gr2θ̇ 2 ( 1−3 sin2 θ 2 ) cos θ 2 −r3θ̇θ̈ sin θ 2 . Reduzimos nosso problema a 5 termos. Podemos usar (200) novamente, desta vez colo- cando rθ̇ sin(θ/2) em evidência no primeiro e último termos para reescrevê-los como um só termo proporcional a g: dI dt = gr2θ̇ sin θ sin θ 2 + gr2θ̇ 4 cos θ cos θ 2 − 3gr 2θ̇ 4 cos θ 2 + gr2θ̇ 2 ( 1− 3 sin2 θ 2 ) cos θ 2 . Finalmente, chegamos a uma expressão na qual todos os termos são proporcionais a gr2θ̇/4. Colocando esta quantidade em evidência, podemos usar relações trigonométricas para chegar a dI dt = gr2θ̇ 4 ( 4 sin θ sin θ 2 + cos θ cos θ 2 − 3 cos θ 2 + 2 cos θ 2 − 6 cos θ 2 sin2 θ 2 ) = gr2θ̇ 4 ( 8 sin2 θ 2 + cos θ − 1− 6 sin2 θ 2 ) cos θ 2 = gr2θ̇ 4 ( 8 sin2 θ 2 + cos2 θ 2 − sin2 θ 2 − 1− 6 sin2 θ 2 ) cos θ 2 = gr2θ̇ 4 ( 8 sin2 θ 2 − 8 sin2 θ 2 ) cos θ 2 ⇒ dI dt = 0 . (208) Portanto, I é uma constantede movimento. 29 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 30 Problema 2.9. Solução: (i) A equação de movimento para um oscilador harmônico com frequência dependente do tempo, cuja lagrangiana é L = mq̇2/2−mω2(t)q2/2, é q̈ + ω2(t)q = 0 . (209) Usando esta equação de movimento, vemos que a quantidade I(q, q̇, t) = (ρq̇−ρ̇q)2+q2/ρ2, que é implicitamente função de ρ e ρ̇ também, onde ρ(t) satisfaz a equação diferencial ρ̈− 1 ρ3 + ω2(t)ρ = 0 , (210) é constante de movimento: dI dt = ∂I ∂q q̇ + ∂I ∂q̇ q̈ + ∂I ∂ρ ρ̇+ ∂I ∂ρ̇ ρ̈+ ∂I ∂t = −2(ρq̇ − ρ̇q)ρ̇q̇ + 2qq̇ ρ2 + 2(ρq̇ − ρ̇q)ρq̈ + 2(ρq̇ − ρ̇q)q̇ρ̇− 2q 2ρ̇ ρ3 − 2(ρq̇ − ρ̇q)qρ̈ = 2qq̇ ρ2 − 2(ρq̇ − ρ̇q)ρω2(t)q − 2q 2ρ̇ ρ3 − 2(ρq̇ − ρ̇q)qρ̈ = 2qq̇ ρ2 − 2ρ2q̇ω2(t)q − 2ρq̇qρ̈+ 2q2ρ̇ ( ρ̈− 1 ρ3 + ω2(t)ρ ) = −2qq̇ρ ( ρ̈− 1 ρ3 + ω2(t)ρ ) ⇒ dI dt = 0 . (211) (ii) Para o caso em que ω2(t) = ω20 + 2/(9t 2), a equação diferencial para ρ se torna ρ̈− 1 ρ3 + ( ω20 + 2 9t2 ) ρ = 0 . (212) Esta é uma equação diferencial não-homogênea e não-linear de segunda ordem, o que a torna bastante dif́ıcil de resolver. Podeŕıamos tentar substituir a solução desejada na equação diferencial, mas isto daria muito trabalho! Por sorte, em 1950, Pinney7 verificou que a solução completa para (212) é ρ(t) = √ u2(t) + v2(t) , (213) onde u(t) e v(t) são a solução da equação diferencial linear correspondente (isto é, sem o termo proporcional a ρ−3), ÿ + ( ω20 + 2 9t2 ) y = 0 . (214) Nosso trabalho agora se resume a resolver (214). 7E. Pinney, The nonlinear differential equation y′′ + p(x)y + cy−3 = 0, Proc. Amer. Math. Soc. 1, 681 (1950). Versão alternativa da solução online em arXiv:1902.02739. 30 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 31 Começamos realizando a substituição y(t) = √ tf(t) em (214). Tendo em mãos que ÿ = √ tf̈ + ḟ/ √ t− f/4t3/2, somos conduzidos à famosa equação de Bessel √ tf̈ + ḟ√ t − f 4t3/2 + ( ω20 √ t+ 2 9t3/2 ) f = 0 ⇒ t2f̈ + tḟ + ( ω20t 2 − 1 36 ) f = 0 , (215) cuja solução é uma combinação linear de funções de Bessel de primeira e segunda espécies, J1/6(ω0t) e Y1/6(ω0t), respectivamente 8. Assim, a solução geral de (214), y(t) = c1 √ t J1/6(ω0t) + c2 √ t Y1/6(ω0t) , (218) nos permite identificar u(t) = √ πt/2 J1/6(ω0t) e v(t) = √ πt/2Y1/6(ω0t), onde tomamos a liberdade de escolher c1 = c2 = √ π/2 (é claro que esta escolha depende das condições iniciais do problema, que não foram fornecidas). Finalmente, chegamos à solução ρ(t) = √ πt 2 √ J21/6(ω0t) + Y 2 1/6(ω0t) . (219) 8As funções de Bessel Jν(x) e Yν(x) são as soluções da equação de Bessel x 2y′′+xy′+ (x2− ν2)y = 0, onde ν é chamada de ordem das funções de Bessel. Vale a pena ressaltar que Jν(ω0x) e Yν(ω0x) satisfazem ω20x 2 d 2y d(ω0x)2 (ω0x) + ω0x dy d(ω0x) (ω0x) + (ω 2 0x 2 − ν2)y(ω0x) = 0 (216) após uma simples renomeação da variável x→ ω0x. Podemos trocar as derivadas em ω0x por derivadas somente em x pela regra da cadeia: dy d(ω0x) (ω0x) = dx d(ω0x) dy dx (ω0x) = 1 ω0 y′(ω0x) , d2y d(ω0x)2 (ω0x) = 1 ω20 y′′(ω0x) , onde y′(ω0x) denota a derivada de y por x avaliada em ω0x. Assim, a equação diferencial (216) pode ser reescrita na mesma forma de (215), x2y′′(ω0x) + xy ′(ω0x) + (ω 2 0x 2 − ν2)y(ω0x) = 0 , (217) provando que as soluções de (215) são J1/6(ω0x) e Y1/6(ω0x). 31 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 32 Problema 2.10. Solução: Os Teoremas 2.5.2 e 2.5.3 do livro nos dizem que, para um potencial V independente das velocidades, se a lagrangiana L = T−V do sistema (e quais- quer v́ınculos holônomos a que o sistema esteja sujeito) for invariante sob uma translação ao longo da direção n̂ (rotação em torno do eixo n̂), então a componente n̂ do momento linear P (angular L) do sistema é conservado. Uma part́ıcula movendo-se livremente num potencial gravitacional não possui v́ınculos, e seu potencial certamente independe da sua velocidade. A energia cinética é sempre invariante perante translações ou rotações (os módulos das velocidades são inalterados), de modo que basta estudarmos as simetrias de V para determinar as componentes de P e L que se conservam. Veremos que estas simetrias associam-se às simetrias da própria distribuição de massa que é fonte do campo gravitacional. (i) Uma esfera de raio R gera um potencial que só depende da coordenada radial, V (r), e é invariante perante rotação em torno de qualquer eixo (passando pela origem em r = 0). Assim, todas as componentes de L se conservam: dL/dt = 0 . Como qualquer translação afeta a coordenada r = √ x2 + y2 + z2, nenhuma componente de P se conserva. (ii) Um paraleleṕıpedo infinitamente longo com seção transversal quadrada não possui nenhum eixo de simetria perante rotações arbitrárias (só rotações de 180°). Portanto, o seu potencial V não será invariante perante rotações e nenhuma componente de L se conserva. No entanto, há simetria de translação ao longo do eixo perpendicular à seção transversal, n̂, o que implica em V ser invariante perante translações ao longo deste eixo. Assim, d(P · n̂)/dt = 0 . (iii) Uma haste de comprimento ` é uma distribuição que possui simetria ciĺındrica ao longo do seu eixo, que chamaremos de n̂. Isto implica numa invariância sob rotações em torno deste eixo: d(L · n̂)/dt = 0 . De resto, não há mais simetrias. (iv) Um disco de raio R possui exatamente a mesma simetria do que a haste do item anterior: d(L · n̂)/dt = 0 . (v) Um cilindro infinitamente longo com seção transversal circular é análogo aos 2 itens anteriores, d(L · n̂)/dt = 0 , porém com a diferença crucial de que o seu potencial também é invariante sob translações ao longo do eixo n̂ já que trata-se de uma distribuição infinita (igual ao item (ii)). Logo, d(P · n̂)/dt = 0 . (vi) O caso do plano infinito foi discutido no final da seção 2.5 do livro: seu potencial gravitacional é invariante perante translações paralelas ao plano (que tomaremos como sendo o plano xy) e sob rotações em torno de um eixo perpendicular ao plano (conse- quentemente, o eixo z). Isto resulta em d(P · x̂)/dt = d(P · ŷ)/dt = d(L · ẑ)/dt = 0 . (vii) Um plano semi-infinito não possui simetrias; não há conservação de P ou L, muito menos de suas componentes. (viii) Uma hélice de raioR e passo p também não possui simetria sob translações/rotações arbitrárias (só translações no eixo de comprimento fixo p). Não há momentos conservados. 32 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 33 Problema 2.11. Solução: Sob a transformação de calibre A −→ A′ = A +∇Λ , φ −→ φ′ = φ− 1 c ∂Λ ∂t , (220) onde Λ(r, t) é uma função diferenciável arbitrária, a lagrangiana de uma part́ıcula imersa em um campo eletromagnético externo (Eq. (1.6.11) do livro) L = mv2 2 − eφ+ e c v ·A (221) se torna L′ = mv2 2 − eφ′ + e c v ·A′ = mv2 2 − eφ+ e c ∂Λ ∂t + e c v ·A + e c v · (∇Λ) = L+ e c ( v ·∇Λ + ∂Λ ∂t ) . Vemos que a lagrangiana é alterada somente pelo acréscimo de uma derivada total de uma função das coordenadas e do tempo, L′ = L+ e c dΛ dt , (222) e as equações de movimento são inalteradas pois L e L′ são equivalentes. Problema 2.12. Solução: Definimos como coordenadas generalizadas deste sistema q1 = r, q2 = θ e q3 = y; as duas primeiras especificam a posição de m2 na mesa e a última representa a altura de m1 (medida para baixo a partir da mesa). Este sistema possui o v́ınculo holônomo r + y − l = 0 ⇒ dr + dy = 0 , (223) onde l é o comprimento do fio, do qual identificamos, segundo a Eq. (2.4.1) do livro, a11 = a13 = 1 e a12 = a1t = 0. 9 A lagrangiana L = m1ẏ 2 2 + m2 2 (ṙ2 + r2θ̇2) +m1gy (224) gera as equações de movimento, de acordo com a Eq. (2.4.9) do livro, m2r̈ −m2rθ̇2 = λ1a11 = λ1 , (225) d dt (m2r2θ̇) = λ1a12 = 0 , (226) m1ÿ −m1g = λ1a13 = λ1 . (227) 9Estes coeficientes também podem ser obtidos através da Eq. (2.4.32) do livro com f1(q, t) = r+y− l. 33 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 34 Note a lagrangiana é independente da variável θ, o que a torna uma coordenada ćıclica. Pelo Teorema 2.5.1 do livro, o seu momento conjugado pθ = ∂L ∂θ̇ = m2r 2θ̇ (228) é constante de movimento, ratificando (226). A tensão no fio T é a força de reação do peso de m1. Usando a Eq. (2.4.12) do livro (com um sinal negativo já que T aponta no sentido negativo do eixo y), −T = Q′y = λ1a13 = λ1 . (229) Por virtude das equações de movimento, o v́ınculo, que pode ser reescrito como r̈ = −ÿ, nos dá uma expressão para o multiplicador de Lagrange r̈ = −ÿ ⇒ λ1 m2 + rθ̇2 = − λ1 m1 − g ⇒ m1 +m2 m1m2 λ1 = −g − p2θ m22r 3 ⇒ λ1 = − m1m2 m1 +m2 ( g + p2θ m22r 3 ) . Logo, a tensão no fio é T = m1m2 m1 +m2 ( g + p2θ m22r 3 ) . (230) No caso em que pθ = 0, a equação de movimento para y se torna m1ÿ −m1g = λ1 = − m1m2 m1 +m2 g . (231) Dáı, tiramos que a aceleração de queda da massa m1 é ÿ = m1 m1 +m2 g (232) na direção positiva do eixo y (para baixo). 34 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 35 Problema 2.13. Solução: (i) O prinćıpio de Hamilton na mecânica generalizada nos dá a trajetória f́ısica através da extremização da ação S = ∫ t2 t1 L(q, q̇, q̈, t) dt , (233) com variação nula de qi e q̇i nos extremos temporais. Em outras palavras, se realizarmos uma variação infinitesimal na trajetória do sistema, q̄i(t) = qi(t) + δqi(t) ∀i , (234) com δqi(t1) = δqi(t2) = δq̇i(t1) = δq̇i(t2) = 0,∀i, a variação da ação (233) deve ser nula: δS = ∫ t2 t1 ∑ i ( ∂L ∂qi δqi + ∂L ∂q̇i δq̇i + ∂L ∂q̈i δq̈i ) dt = 0 . (235) Integrando por partes o segundo termo uma vez e o terceiro termo duas vezes,∫ t2 t1 ∑ i [ ∂L ∂qi δqi − d dt ( ∂L ∂q̇i ) δqi + d2 dt2 ( ∂L ∂q̈i ) δqi ] dt + + ∑ i ∂L ∂q̇i δqi ∣∣∣∣t2 t1 + ∑ i ∂L ∂q̈i δq̇i ∣∣∣∣t2 t1 − ∑ i ∂L ∂q̈i δqi ∣∣∣∣t2 t1 = 0 , vemos que os termos de fronteira são anulados (anular δq̇ nos extremos é necessário para que isso aconteça). Como os δqi’s são independentes entre si, podemos fatorá-los e impor que cada termo da soma seja nulo por si só. Isto dá lugar às equações de Lagrange d2 dt2 ( ∂L ∂q̈i ) − d dt ( ∂L ∂q̇i ) + ∂L ∂qi = 0 . (236) Para lagrangianas contendo derivadas de ordens superiores, a generalização é direta. Por exemplo, para L(q, q̇, q̈, ... q, t), d3 dt3 ( ∂L ∂ ... qi ) − d 2 dt2 ( ∂L ∂q̈i ) + d dt ( ∂L ∂q̇i ) − ∂L ∂qi = 0 . (237) (ii) Usando (236), é fácil verificar que a lagrangiana L = −mqq̈/2 − kq2/2 gera a equação de movimento −mq̈ 2 − mq̈ 2 − kq = 0 ⇒ mq̈ + kq = 0 , (238) que descreve um oscilador harmônico, advindo da lagrangiana usual L̄ = mq̇2/2− kq2/2. De fato, estas lagrangianas são equivalentes: L = −mqq̈ 2 − kq 2 2 = L̄− mqq̈ 2 − mq̇ 2 2 (239) ⇒ L = L̄− d dt (mqq̇ 2 ) . (240) 35 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 36 Problema 2.14. Solução: Se definirmos as funções auxiliares f(x, ẋ) = (2ẋ+ λx)/2Ωx, onde Ω = √ ω2 − λ2/4 é uma constante, e g(x, ẋ) = ẋ2 + λxẋ+ ω2x2, sabendo que ∂f ∂x ≡ fx = λ(2Ωx)− 2Ω(2ẋ+ λx) 4Ω2x2 = − ẋ Ωx2 , ∂f ∂ẋ ≡ fẋ = 1 Ωx , (241) ∂g ∂x ≡ gx = λẋ+ 2ω2x , ∂g ∂ẋ ≡ gẋ = 2ẋ+ λx = 2f fẋ , (242) vemos que a equação de movimento gerada pela lagrangiana L = 2ẋ+ λx 2Ωx arctan ( 2ẋ+ λx 2Ωx ) − 1 2 ln ( ẋ2 + λxẋ+ ω2x2 ) = f arctan(f)− 1 2 ln(g) , pode ser escrita em termos de f e g como d dt [ fẋ arctan(f) + f fẋ 1 + f 2 − gẋ 2g ] − fx arctan(f)− f fx 1 + f 2 + gx 2g = 0 . (243) A expressão expĺıcita para Ω2 nos dá a propriedade 1 + f 2 = 1 + 4ẋ2 + 4λẋx+ λ2x2 4Ω2x2 = 4(ω2 − λ2/4)x2 + 4ẋ2 + 4λẋx+ λ2x2 4Ω2x2 = gf 2ẋ , (244) tal que os dois últimos termos dentro da derivada no tempo se cancelam graças a (242): f fẋ 1 + f 2 − gẋ 2g = f gfẋ − f gfẋ = 0 . (245) Executando a derivada no tempo, a equação de movimento se torna ḟẋ arctan(f) + fẋ ḟ 1 + f 2 − fx arctan(f)− f fx 1 + f 2 + gx 2g = 0 . (246) Note que ḟẋ = −ẋ/Ωx2 = fx, fazendo com que os termos com arco tangente se cancelem. Usando novamente (244), chegamos a ḟ gfẋ − ffx gf 2ẋ + gx 2g = 0 . (247) Multiplicando todos os termos por g, podemos substituir ḟ = (2ẍ+ λẋ)2Ωx− (2ẋ+ λx)2Ωẋ 4Ω2x2 = ẍx− ẋ2 Ωx2 , na equação de movimento, obtendo a equação para um oscilador harmônico amortecido. ẍx− ẋ2 x + (2ẋ+ λx)Ωx 2 ẋ Ωx2 + λẋ+ 2ω2x 2 = 0 (248) ⇒ ẍ+ λẋ+ ω2x = 0 . (249) 36 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 37 Sob uma dilatação espacial infinitesimal caracterizada pelas transformações de coor- denadas x′(t′) = (1 + �)x(t) e t′ = t, obtemos as relações dt′ dt = 1 ⇒ dx ′(t′) dt′ = dx′(t) dt = (1 + �)ẋ (250) (entenda ẋ por dx(t)/dt), tal que a lagrangiana sob as novas coordenadas será L ( x′(t′), dx′(t′) dt′ , t′ ) = L((1 + �)x, (1 + �)ẋ, t) = 2ẋ+ λx 2Ωx arctan ( 2ẋ+ λx 2Ωx ) − 1 2 ln ( ẋ2 + λxẋ+ ω2x2 ) − ln(1 + �) . Note que o primeiro termo permanece igual pois os fatores de (1 + �) no numerador e no denominador se cancelam. No segundo termo, usamos ln((1 + �)2g) = 2 ln(1 + �) + ln(g). Expandindo ln(1 + �) até primeira ordem em �, L ( x′(t′), dx′(t′) dt′ , t′ ) = L(x, ẋ, t)− � . (251) Desta forma, a variação da ação sob essa transformação é ∆S = ∫ t′2 t′1 L ( x′(t′), dx′(t′) dt′ , t′ ) dt′ − ∫ t2 t1 L ( x(t), ẋ, t ) dt = − ∫ t2 t1 � dt = ∫ t2 t1 � d dt (−t) dt ⇒ ∆S = ∫ t′2 t′1 L ( x′(t′), dx′(t′) dt′ , t′ ) dt′ − ∫ t2 t1 { L ( x(t), ẋ, t ) + � d dt (−t) } dt = 0 , (252) isto é, ela satisfaz a Eq. (2.7.11) do livro com G(x, t) = −t . O teorema de Noether generalizado nos diz que a quantidade conservada associada a essa simetria de dilatação espacial é C = ∂L ∂ẋ (ẋX −Ψ)− LX +G , (253) onde X(x), t) = 0 e Ψ(x, t) = x pelas Eqs. (2.7.1) do livro. Usando G = −t e os resultados da primeira parte do exerćıcio, ∂L ∂ẋ = fẋ arctan(f) = 1 Ωx arctan ( 2ẋ+ λx 2Ωx ) (254) ⇒ C = − 1 Ω arctan ( 2ẋ+ λx 2Ωx ) − t . (255) Definindo δ = ΩC, esta nova quantidade é uma constante de movimento, δ = − arctan ( 2ẋ+ λx 2Ωx ) − Ωt . (256) 37 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 38 Por outro lado, uma simetria da lagrangiana de Bateman (Problema 1.14) – que também gera (249) para m = 1 – nos dá, pelo teorema de Noether, outra constante de movimento do oscilador harmônico amortecido (Eq. (2.7.17) do livro com m = 1): C̄ = eλt ( ẋ2 2 + ω2x2 2 + λxẋ 2 ) . (257) De (256), tiramos que 2ẋ+ λx 2Ωx = − tan(Ωt+ δ) ⇒ ẋ = −x [ Ω tan(Ωt+ δ) + λ 2 ] , (258) resultado este que pode ser inserido em (257) para chegarmos a 2C̄ = x2eλt [ Ω2 tan2(Ωt+ δ) + Ωλ tan(Ωt+ δ) + λ2 4 + ω2 − λΩ tan(Ωt+ δ)− λ 2 2 ] = x2eλt [ Ω2 tan2(Ωt+ δ)− λ 2 4 + ω2 ] = x2Ω2eλt[tan2(Ωt+ δ) + 1] = x2Ω2eλt sec2(Ωt+ δ) . Podemos isolar x na expressão acima para obter (por meios puramente algébricos) a solução geral da equação de movimento do oscilador amortecido: x = √ 2C̄ e−λt/2 Ω cos(Ωt+ δ) ⇒ x(t) = Ae−λt/2 cos(Ωt+ δ) , (259) onde A = √ 2C̄/Ω2 é uma constante. 38 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 39 Problema 2.15. Solução: Sob uma transformação de Galileu r′i = ri − vt , t′ = t , (260) onde v é constante10, o vetor velocidade transformado será dr′i/dt ′ = dr′i/dt = ṙi − v. Consequentemente, a lagrangiana L = T − V para um sistema de N part́ıculas, onde T = ∑ imiṙ 2 i /2 e V = V (rij) = V (|ri − rj|), se transforma como L′ = ∑ i mi 2 ṙ′2i − V (r′ij) = ∑ i mi 2 (ṙ2i − 2ṙi · v + v2)− V (rij) = L+ ∑ i mi 2 (v2 − 2ṙi · v) , onde v2 = v · v e usamos que r′ij = |r′i − r′j|=|ri − vt − rj + vt|= rij. Nota-se que o a diferença entre as duas lagrangianas é a derivada total no tempo da função F (r1, ..., rN , t) = ∑ imiv 2t/2−miri · v. Explicitamente, dF dt = ∑ i miv 2 2 −miṙi · v ⇒ L′ = L+ dF dt , (261) e assim, L e L′ são equivalentes. Tomando v como parâmetro infinitesimal da transformação, podemos desprezar todos os termos de O(v2) ou maior. Isto faz com que L′ = L − ∑ imiṙi · v e a ação é quase invariante sob a transformação de Galileu, ∆S = ∫ t′2 t′1 L′ dt′ − ∫ t2 t1 ( L− v · d dt ∑ i miri ) dt = ∫ t2 t1 ( L′ − L+ d dt ∑ i miri ) dt ⇒ ∆S = 0 . (262) Seguindo a notação do livro para o teorema de Noether generalizado, as Eqs. (2.7.1) nos dão X = 0 e Ψi = −t (i = 1, ..., N), enquanto que a Eq. (2.7.11) nos dá G = − ∑ imiri. Finalmente, a Eq. (2.7.13) do livro nos permite obter a constante de movimento C = ∑ i ∂L ∂ṙi (0−Ψi) +G = ∑ i miṙit− ∑ i miri . (263) Podemos identificar em (263) o momento linear total P = ∑ imiṙi e o vetor posição do centro de massa do sistema R = ∑ imiri/M , onde M é a massa total do sistema. Expressa em termos destas quantidades, a quantidade conservada é C = tP−MR . (264) 10A transformação de Galileu é definida como a transformação entre dois referenciais que possuem uma velocidade relativa constante entre si. 39 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 40 Problema 2.16. Solução: (i) A lagrangiana L = e2γxẋ2/2 gera a equação de movimento d dt (e2γxẋ)− γe2γxẋ2 = 0 ⇒ ẍ+ γẋ2 = 0 , (265) que é a equação de movimento de uma part́ıcula de massa m = 1 sujeita à força não- conservativa F = −γẋ2. (ii) A integral de Jacobi associada a esta lagrangiana é dada pela Eq. (2.6.1) do livro: h = ẋ ∂L ∂ẋ − L = e2γx ẋ 2 2 . (266) Verificando explicitamente a conservação de h, dh dt = ∂h ∂x ẋ+ ∂h ∂ẋ ẍ+ ∂h ∂t = e2γx ( 2γ ẋ3 2 + ẋẍ ) = e2γx ( γẋ3 − ẋγẋ2 ) = 0 . (267) onde usamos (265). Já que h é uma constante, então C1 ≡ √ 2h = ẋeγx também é. (iii) Sob a transformação x′ = x+ a, t′ = eβa t, temos dx′ dt′ = dx′ dt dt dt′ = ẋe−βa ⇒ L′ ≡ L ( x′, dx′ dt′ , t′ ) = e2γ(x+a) ẋ2 2 e−2βa = e2(γ−β)a L , (268) onde L ≡ L(x, ẋ, t). Para que a ação seja invariante, precisamos ter ∆S = ∫ t′2 t′1 L′ dt′ − ∫ t2 t1 Ldt = e2(γ−β)a ∫ eβat2 eβat1 Ldt′ − ∫ t2 t1 Ldt = 0 . (269) Realizando uma susbtituição de variáveis na primeira integral, e2(γ−β)a ∫ t2 t1 Leβa dt− ∫ t2 t1 Ldt = 0 ⇒ (e2γa−βa − 1) ∫ t2 t1 Ldt = 0 (270) requer que β = 2γ para garantir que a ∆S = 0. Esta transformação pode ser interpre- tada como uma translação espacial por uma distância a atrelada a uma dilatação temporal por um fator e2γa. (iv) Considerando a como um parâmetro infinitesimal, podemos expandir a exponen- cial até primeira ordem, e2γa ≈ 1+2γa, para identificar as seguintes quantidades relevates para o teorema de Noether: X = 2γt e Ψ = 1. Portanto, a quantidade C2 = ∂L ∂ẋ (ẋX −Ψ)− LX = (2γtẋ− 1)ẋe2γx − γtẋ2e2γx ⇒ C2 = (γtẋ− 1)ẋe2γx (271) é uma constante de movimento. 40 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 41 (v) Combinando as duas constantes C1 e C2 para eliminar ẋ, C2 = (γtC2e −γx − 1)C1eγx = γtC2C1 − C1eγx , (272) e isolar x(t), eλx = γtC2 − C2 C1 ⇒ x(t) = 1 γ ln ( −C2 C1 + γtC2 ) , (273) identificamos a solução geral da equação de movimento (265): x(t) = A+ 1 γ ln(B + γt) , (274) onde A = ln(C2)/γ e B = −1/C1 são constantes. Vamos verificar substitúındo esta solução diretamente em (265). Tendo em mãos os resultados ẋ(t) = 1 B + γt , ẍ(t) = − γ (B + γt)2 , (275) é fácil ver que é satisfeita ẍ+ γẋ2 = − γ (B + γt)2 + γ (B + γt)2 = 0 . (276) 41 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 42 Problema 2.17. Solução: (i) Sob a transformação infinitesimal x → x′ = x + �β, y → y′ = y − �α, com α a β constantes, a lagrangiana L = m(ẋ2 + ẏ2)/2− (αx + βy) se torna L′ = m 2 (ẋ′2 + ẏ′2)− (αx′ + βy′) = m 2 (ẋ2 + ẏ2)− (αx+ βy + α�β − β�α) = L , (277) onde usamos que ẋ′ = dx′/dt′ = dx′/dt = dx/dt = ẋ (e analogamente para ẏ′). Portanto, a lagrangiana, e consequentemente a ação, é invariante perante esta transformação. Usando que X = 0, Ψ1 = β e Ψ2 = −α, o teorema de Noether nos fornece a constante A = −∂L ∂ẋ Ψ1 − ∂L ∂ẏ Ψ2 = mẋβ −mẏα (278) A = m(βẋ− αẏ) . (279) (ii) Introduzindo novas coordenadas generalizadas x̄ = αx+βy e ȳ = βx−αy, temos as relações inversas x = αx̄+ βȳ α2 + β2 , y = βx̄− αȳ α2 + β2 (280) ⇒ ẋ2 = α 2 ˙̄x2 + 2αβ ˙̄x ˙̄y + β2 ˙̄y2 (α2 + β2)2 , ẏ2 = β2 ˙̄x2 − 2αβ ˙̄x ˙̄y + α2 ˙̄y2 (α2 + β2)2 (281) A lagrangiana em termos destas novas coordenadas será L̄ = m 2 [ (α2 + β2) ˙̄x2 + (β2 + α2) ˙̄y2 (α2 + β2)2 ] − x̄ = m( ˙̄x2 + ˙̄y2) 2(α2 + β2) − x̄ , tornando a coordenada ȳ ćıclica. Isto é, dentre as coordenadas de L̄(x̄, ȳ, ˙̄x, ˙̄y), ȳ não aparece. Pelo Teorema 2.5.1 do livro, o seu momento conjugado pȳ = ∂L̄ ∂ ˙̄y = m ˙̄y α2 + β2 (282) é uma constante de movimento. Esta quantidade, no entanto, não passa da constante A de (279) multiplicada por uma constante: A = m(βẋ− αẏ) = m ˙̄y ⇒ A = (α2 + β2) ˙̄y . (283) A transformação de coordenadas (280) é essencialmente uma rotação no plano xy, alin- hando o eixo x̄ com a força que gera o potencial V = αx+ βy = x̄, F = −∇V = −ˆ̄x . (284) Dessa forma, como não há força na direção ȳ, a componente do momento linear da part́ıcula paralela ao eixo ȳ, A = m ˙̄y, é conservada! 42 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 43 Problema 2.18. Solução: (i) Um potencial vetor A(r) = B×r/2, com B = Bk̂, produz o campo magnético uniforme esperado B =∇×A = 1 2 ∇× (B× r) = 1 2 [ B(∇ · r)− r(∇ ·B) + (r ·∇)B− (B ·∇)r ] = 1 2 ( 3B−B ) = B , onde usamos a identidade ∇× (a× b) = a(∇ · b)− b(∇ · a) + (b ·∇)a− (a ·∇)b e11 ∇ · r = 3 , ∇ ·B = 0 , (r ·∇)B = 0 , (B ·∇)r = B ∂zr = B . (285) A lagrangiana para este campo é obtida através da Eq. (1.6.11) do livro (com φ = 0), lembrando que r = x î + y ĵ + z k̂ e v = ẋ î + ẏ ĵ + ż k̂, L = mv2 2 + e c v ·A = mv 2 2 + e 2c v · (B× r) = m 2 (ẋ2 + ẏ2 + ż2) + eB 2c (xẏ − yẋ) , (286) onde usamos a propriedade ćıclica do produto misto, v ·(B×r) = B·(r×v) = B(xẏ−yẋ). As três equações de Lagrange, mẍ− eB c ẏ = 0 , mÿ + eB c ẋ = 0 , mz̈ = 0 , (287) podem ser combinadas em uma só equação vetorial (verifique!) mr̈ + eB c k̂× ṙ = 0 ⇒ v̇ = −ω × v , (288) onde ω = eB/mc . (ii) Em coordenadas ciĺındricas, a lagrangiana se torna L = m 2 (ρ̇2 + ρ2ϕ̇2 + ż2) + eB 2c [ ρ cosϕ(ρ̇ sinϕ− ρϕ̇ cosϕ)− ρ sinϕ(ρ̇ cosϕ+ ρϕ̇ sinϕ) ] ⇒ L = m 2 (ρ̇2 + ρ2ϕ̇2 + ż2)− eB 2c ρ2ϕ̇ . (289) Note que ϕ é uma coordenada ćıclica. Pelo Teorema 2.5.1 do livro, o seu momento conjugado, pϕ = mρ 2ϕ̇ − eBρ2/2c é conservado. Isto implica que a componente z do momento angular da part́ıcula Lz = mρ 2ϕ̇ não é conservada (já que o segundo termo de pϕ não é uma constante de movimento). Embora L seja invariante perante rotações ao redor do eixo z, o Teorema 2.5.3 do livro é inválido pois o potencial depende das velocidades. Portanto, Lz não é conservado em geral. Somente no caso especial em que v ‖ B é que v̇ será uma aceleração centŕıpeta constante e a part́ıcula executará um movimento circular (ρ = cte.), implicando na conservação de Lz. 11A segunda destas relações é chamada de lei de Gauss para o campo magnético e é sempre verdadeira, embora neste caso seja trivial pois B é um vetor constante. 43 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 44 Problema 2.19. Solução: No caso da part́ıcula livre de massa unitária, L = q̇2/2 implica que q é uma coordenada ćıclica e seu momento conjugado p = ∂L/∂q̇ = q̇ é constante de movimento. Se acrescentarmos à lagrangiana a derivada total no tempo de uma função F (q, t), anova lagrangiana L̄ = L + dF/dt em geral não terá q como coordenada ćıclica, mesmo sendo equivalente à lagrangiana original. Por exemplo, para F (q, t) = q2 teremos L̄ = q̇2 2 + 2qq̇ (290) produzindo a equação de movimento q̈ + 2q̇ − 2q̇ = 0 ⇒ q̈ = 0 , (291) que é a mesma equação de movimento para L. Mas será que p = q̇ é conservado no caso de L̄? Claro que sim! Uma simples integração da equação de movimento implica em q̇ = cte. Este aparente paradoxo pode ser resolvido ajustando a demonstração do Teorema 2.5.1 do livro. Ao invés de considerar as equações de Lagrange para L, vamos utilizar L̄ = L+ dF (q, t)/dt. Para a k-ésima coordenada generalizada, d dt ( ∂L̄ ∂q̇k ) − ∂L̄ ∂qk = 0 (292) implica em d dt [ pk + ∂ ∂q̇k ( dF dt )] − ∂ ∂qk ( dF dt ) = 0 , (293) onde usamos a definição do momento conjugado pk e o fato de que L independe de qk. Além disso, usando os resultados de (128) e (129), sabemos que d dt [ ∂ ∂q̇k ( dF dt )] = ∂ ∂qk ( dF dt ) , (294) o que nos permite chegar ao mesmo resultado de conservação: dpk dt = 0 . (295) Assim, coordenadas ćıclicas continuam tendo seus momentos conjugados conservados, mesmo após adicionarmos uma derivada total de uma função das coordenadas e do tempo. Por outro lado, se pudermos adicionar algum dF/dt a uma lagrangiana para tornar alguma de suas coordenadas em uma coordenada ćıclica, o seu momento conjugado (para ambas as lagrangianas) será conservado. 44 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 45 Problema 2.20. Solução: Utilizando como coordenadas generalizadas (q1, q2, q3, q4) = (xm, ym, xM , yM) definidas no Problema 1.12, os v́ınculos holônomos ym = 0 , yM = 0 (296) nos permitem identificar que a12 = a24 = 1 e que todos os outros coeficiences são nulos partir das Eqs. (2.4.30) e (2.4.32) do livro. Se utilizarmos a lagrangiana (92), obteremos 2 equações de movimento que são (93) e (94), além de termos mais 2 equações de v́ınculo, totalizando 4 equações para encontrarmos 6 incógnitas (as 4 coordenadas e mais 2 multi- plicadores de Lagrange). Portanto, precisamos escrever a lagrangiana em termos de todas as 4 coordenadas generalizadas, de modo que obteremos 6 equações no total. Exprimindo a lagrangiana em termos destas coordenadas, L = M 2 (ẋ2M + ẏ 2 M) + m 2 [ (ẋM − ẋm cosα− ẏm sinα)2 + (ẏM − ẋm sinα + ẏm cosα)2 ] + +mg(xm sinα− ym cosα− yM) , (297) e reescrevendo-a para simplificar nossas contas, L = M +m 2 (ẋ2M + ẏ 2 M) + m 2 (ẋ2m + ẏ 2 m) +mg(xm sinα− ym cosα− yM)− −m(ẋM ẋm cosα + ẋM ẏm sinα + ẏM ẋm sinα− ẏM ẏm cosα) , (298) chegamos às equações de movimento para xm, ym, xM e yM , respectivamente mẍm −mẍM cosα−mẏM sinα−mg sinα = 0 , (299) mÿm −mẍM sinα +mẏM cosα +mg cosα = λ1 , (300) (M +m)ẍM −mẍm cosα−mẏM sinα = 0 , (301) (M +m)ÿM −mẍm sinα +mẏm cosα−mg = λ1 . (302) Com aux́ılio dos v́ınculos, estas equações de movimento se tornam ẍm − ẍM cosα− g sinα = 0 , mẍM sinα−mg cosα = −λ1 , (303) (M +m)ẍM −mẍm cosα = 0 , mẍm sinα +mg = −λ2 . (304) A força de v́ınculo sobre o bloco de massa m é Q′ym = λ1. Substitúındo (95) na segunda das equações (304), obtemos m2g sin2 α cosα M +m sin2 α −mg cosα = −λ1 ⇒ Q′ym = Mmg cosα M +m sin2 α . (305) 45 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 46 Problema 2.21. Solução: A lagrangiana do Problema 1.7 (com um fator m−1 inclúıdo na exponencial; ver nota de rodapé do Problema 1.7), L = eλt/m ( m 2 ẋ2 −mgx ) , (306) se transforma sob uma translação infinitesimal x′ = x+ � em L′ = eλt/m ( m 2 ẋ′2 −mgx′ ) = L− eλt/mmg� . (307) Notamos que a ação é quase-invariante sob esta transformação, ∆S = ∫ t′2 t′1 L′ dt′ − ∫ t2 t1 ( L+ � dG dt ) dt = ∫ t2 t1 ( L− eλt/mmg� ) dt− ∫ t2 t1 ( L+ � dG dt ) dt = 0 , com G = −eλt/mm2g/λ. Identificando as funções associadas à transformação X = 0 e Ψ = 1, a constante de movimento do teorema de Noether (Eq. (2.7.13) do livro) é C = eλt/m ( mẋ+ m2g λ ) , (308) onde eliminamos um sinal negativo global já que isso não altera o fato de ser uma constante de movimento. Para verificar que C é constante de movimento, basta derivá-la, dC dt = eλt/mmẍ+ eλt/m ( λẋ+mg ) = eλt/m ( mẍ+ λẋ+mg ) . Usando a equação de movimento (60), dC dt = 0 . (309) 46 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 47 Problema 2.22. Solução: (i) Uma part́ıcula de massa m movendo-se sob o potencial V = −κ/r (cuja força central associada é F = −κr̂/r2) possui lagrangiana dada pela Eq. (1.7.2) do livro. Vale lembrar que, como o vetor posição r é alinhado com F = ṗ, então o torque em relação à origem é nulo: r× F = N = l̇ = 0 ⇒ l = r× p = cte . (310) Com este resultado, podemos ver que o vetor de Laplace-Runge-Lenz, A = p× l−mκr r , (311) é constante de movimento12: dA dt = F× l−mκ ( ṙ r − r r2 dr dt ) = F× (r× p)− κp r +mκ r r2 dr dt = r(F · p)− p(F · r)− κp r +mκ r r2 dr dt = −mκr ( r̂ r2 · ṙ ) + p κ r − κp r +mκ r r2 dr dt = −mκ r3 r(r · ṙ) +mκ r r2 dr dt = −mκ r3 r ( 1 2 d dt r2 ) +mκ r r2 dr dt = −mκ r3 r ( r dr dt ) +mκ r r2 dr dt ⇒ dA dt = 0 . (313) (ii) Pela definição de A, A · l = (p× l) · l−mκr r · l = 0 , (314) onde o primeiro é zero por definição (p × l é obrigatoriamente perpendicular a l) e o segundo termo é nulo pois o vetor posição da part́ıcula permanece no plano da órbita, que é perpendicular a l. Este resultado nos diz que A ⊥ l , implicando que A está contido no plano da órbita. 12Uma forma mais elegante de dedizir que A é constante de movimento é através do teorema de Noether. Sob a transformação infinitesimal x′i = xi + � 2 [ 2pixs − xips − δis(r · p) ] , (312) onde i, s = 1, 2, 3 correspondem às 3 componentes de cada vetor, pode-se mostrar que a lagrangiana do problema de Kepler é quase-invariante. A quantidade conservada associada a esta transformação, segundo o teorema de Noether, é a componente s do vetor de Laplace-Runge-Lenz, As. 47 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 48 (iii) Tomando o produto escalar de A por r, A · r = (p× l) · r−mκr r · r = l2 −mκr , (315) onde usamos a propriedade ćıclica do produto misto: (p× l) · r = (r× p) · l = l · l = l2. Se o ângulo entre A e r é θ, então temos a relação Ar cos θ = l2 −mκr ⇒ 1 r = mκ l2 ( 1 + A mκ cos θ ) , (316) que corresponde à equação da órbita (Eq. (1.7.16) do livro) 1 r = mκ l2 (1 + e cosϕ) . (317) (iv) De (316) e (317) podemos identificar diretamente e = A mκ (318) e θ = ±ϕ. Como ϕ é o ângulo entre r e o semieixo maior da órbita eĺıptica, este último resultado implica que A aponta ao longo deste eixo (no sentido positivo ou negativo, dependendo do sinal relativo entre θ e ϕ). Problema 2.23. Solução: (i) Sob a transformação finita x′(t′) = eα x(t), t′ = e2α t, onde α é uma constante, a lagrangiana L = ẋ2/2− g/x2, com g constante, se torna dx′ dt′ = e−2α dx′ dt = e−αẋ ⇒ L′ = e−2α ẋ 2 2 − e−2α g x2 = e−2α L . (319) A variação da ação será ∆S = ∫ t′2 t′1 L′ dt′ − ∫ t2 t1 Ldt = e−2α ∫ e2αt2 e2αt1 Ldt′ − ∫ t2 t1 Ldt = e−2α ∫ t2 t1 Le2α dt− ∫ t2 t1 Ldt , onde realizamos a mudança de variáveis t′ → t na primeira integral da última equação. Assim, fica evidente que a ação é invariante, ∆S = 0 . Pelo teorema de Noether, C = ∂L ∂ẋ (ẋX −Ψ)− LX = ẋ(ẋX −Ψ)− ( ẋ2 2 − g x2 ) X (320) é uma constante de movimento. Para identificar as quantidades X e Ψ, promovemos a constante α a uma constante infinitesimal. A transformação até O(α) é x′ = x+ αx , t′ = t+ 2αt , (321) implicando que X = 2t e Ψ = x pelas Eqs. (2.7.1) do livro. 48 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 49 Munidos de X e Ψ, podemos escrever a constante do teorema de Noether como C = 2t ( ẋ2 2 + g x2 ) − xẋ . (322)Note que a lagrangiana L = T −V nos permite identificar as energias cinética e potencial: T = ẋ2/2 e V = g/x2. Portanto, a energia total do sistema é E = T + V = ẋ2 2 + g x2 . (323) Definindo a constante I ≡ −C, vemos que I = xẋ− 2Et (324) é constante de movimento. (ii) Sob a transformação infinitesimal x′(t′) = x(t)− �tx(t), t′ = t+ �t2, temos dt′ = (1 + 2�t)dt ⇒ dt dt′ = (1 + 2�t)−1 = 1− 2�t+O(�2) , onde usamos a expansão de Taylor para (1 + 2�t)−1, mantendo somente os termos até O(�). Assim, dx′ dt′ = (1− 2�t) dx ′ dt = (1− 2�t) [ (1− �t)ẋ− �x ] = ẋ− �(3tẋ+ x) +O(�2) e a lagrangiana transformada será, descartando termos além de O(�), L′ = ẋ2 2 − �ẋ(3tẋ+ x)− g x2 (1− �t)−2 = L− �ẋ(3tẋ+ x)− 2�tg x2 . (325) A ação transformada será, até O(�), S ′ = ∫ t′2 t′1 L′ dt′ = ∫ t2+�t22 t1+�t21 [ L− �ẋ(3tẋ+ x)− 2�tg x2 ] dt′ = ∫ t2 t1 [ L− �ẋ(3tẋ+ x)− 2�tg x2 ] (1 + 2�t) dt = ∫ t2 t1 [ L− � ( 2tẋ2 + ẋx+ 4tg x2 )] dt+O(�2) = ∫ t2 t1 [ L− � ( 4tE + ẋx )] dt = S − ∫ t2 t1 � d dt ( 2Et2 + x2 2 ) dt onde substitúımos a energia total (323) e a ação original S = ∫ t2 t1 Ldt. Identificando X = t2, Ψ = −tx e G = −(2Et2 + x2/2), o teorema de Noether generalizado nos diz que C̄ = ẋ(ẋt2 + tx)− Lt2 − (2Et2 + x2/2) = txẋ− Et2 − x2/2 (326) 49 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 50 é constante de movimento. Invertendo o sinal, obtemos a constante K = Et2 − txẋ+ x 2 2 . (327) (iii) A solução para a equação de movimento associada a L, ẍ− 2g x3 = 0 , (328) pode ser obtida combinando (324) e (327) de modo a isolar x: K = Et2 − t(I + 2Et) + x 2 2 ⇒ x(t) = √ 2(K + Et2 + It) . (329) Podemos verificar que esta é a solução substitúındo (329) diretamente em (328). Com ẋ = √ 2 2 2Et+ I√ K + Et2 + It ⇒ ẍ = √ 2 2 ( 2E√ K + Et2 + It − 1 2 (2Et+ I)2 (K + Et2 + It)3/2 ) = √ 2 2 2E(K + Et2 + It)− 2E2t2 − 2EtI − I2/2 (K + Et2 + It)3/2 = √ 2 2 2EK − I2/2 (K + Et2 + It)3/2 , a equação de movimento (328) se torna √ 2 2 2EK − I2/2 (K + Et2 + It)3/2 − 2g [2(K + Et2 + It)]3/2 = 0 (330) ⇒ 2EK − I2/2− g = 0 . (331) Substitúındo as expressões para K e I, 2E ( Et2 − txẋ+ x 2 2 ) − x 2ẋ2 − 4xẋEt+ 4E2t2 2 − g = 0 (332) ⇒ x2 2E − ẋ 2 2 − g = 0 . (333) Sabendo que 2E = ẋ2 + 2g/x2, verificamos facilmente que (333) é satisfeita trivialmente, confirmando que (329) é a solução desejada. 50 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 51 Problema 2.24. Solução: Na presença de v́ınculos da forma da Eq. (2.4.10) do livro n∑ k=1 alkq̇k + alt = 0 , l = 1, ..., p , (334) as equações de movimento do sistema são dadas pela Eq. (2.4.9) do livro, d dt ( ∂L ∂q̇k ) − ∂L ∂qk = p∑ l=1 λlalk , k = 1, ..., n . (335) Assim, a integral de Jacobi, cuja derivada total em relação ao tempo é (ver a demonstração do Teorema 2.6.1 do livro) dh dt = n∑ k=1 [ q̈k ∂L ∂q̇k + q̇k d dt ( ∂L ∂q̇k )] − [ n∑ k=1 ( ∂L ∂qk q̇k + ∂L ∂q̇k q̈k ) + ∂L ∂t ] , (336) safistaz, após a substituição (335) em (336), dh dt = −∂L ∂t + n∑ k=1 q̇k p∑ l=1 λlalk . (337) As equações dos v́ınculos (334) nos permitem reescrever o último termo para obter o resultado desejado: dh dt = −∂L ∂t − p∑ l=1 λlalt . (338) Portanto, na presença de v́ınculos que variam no tempo (alt 6= 0), h em geral não é conservado mesmo que L seja independente do tempo explicitamente (∂L/∂t = 0). 51 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 52 Problema 2.25. Solução: (i) No problema de um cilindro rolando sem deslizar sobre outro cilindo considerado no Exemplo 2.4.3 do livro, a força generalizada Q2 é definida segundo as Eqs. (1.4.6) e (1.6.12) do livro (neste caso, Q2 = Q ′ 2 não provém de nenhum potencial generalizado pois é uma força de atrito) como Q′2 = f · ∂r ∂θ = rf · (− sin θ î + cos θ ĵ) = rf · êθ = rfθ , (339) onde usamos o vetor posição em coordenadas cartesianas r = r cos θ î + r sin θ ĵ de forma análoga ao Exemplo 1.4.4. Agora podemos calcular Q′2 da maneira usual para obter fθ, Q′2 = 2∑ l=1 λlal2 = rλ1 ⇒ fθ = λ1 . (340) Combinando as Eqs. (2.4.44) e (2.4.45) do livro, podemos reescrever λ1 e chegar na resposta desejada −λ1 = m 2 (a+ b) θ̈ = mg 3 sin θ ⇒ fθ = − mg 3 sin θ . (341) (ii) Para que não haja deslizamento, é necessário que |fθ|≤ µN , onde N é dada pela Eq. (2.4.49) do livro, já que uma força de atrito maior do que µN é imposśıvel. Ou seja, o deslizamento começa quando o ângulo é θ1 tal que |fθ|= mg 3 |sin θ1|= µN = µ mg 3 (7 cos θ1 − 4) ⇒ |sin θ1|= µ(7 cos θ1 − 4) . (342) Elevando ambos os lados ao quadrado, sin2 θ1 = µ 2(7 cos θ1 − 4)2 = µ2(49 cos2 θ1 − 56 cos θ1 + 16) , (343) e usando que sin2 θ = 1− cos2 θ, chegamos a uma equação de segundo grau para cos θ1, (1 + 49µ2) cos2 θ1 − 56µ2 cos θ1 + 16µ2 − 1 = 0 , (344) cuja única solução posśıvel para θ1 no primeiro quadrante (cos θ1 > 0 ∀µ) é cos θ1 = 28µ2 + √ 1 + 33µ2 1 + 49µ2 . (345) (iii) Para que o resultado do Exemplo 2.4.3 do livro esteja correto, é preciso que θ0 ≥ θ1, senão o cilindro móvel desliza antes de abandonar o cilindro fixo. Então queremos cos θ1 ≥ cos θ0 ⇒ 28µ2 + √ 1 + 33µ2 1 + 49µ2 ≥ 4 7 , (346) o que requer µ� 1 para que cos θ1 & 28µ2 49µ2 = 4 7 . (347) 52 Antonio Capanema Soluções de Mecânica Anaĺıtica (Nivaldo A. Lemos) 53 Problema 2.26. Solução: Para uma carga se movendo num campo eletromagnético com E e B constantes, a derivada no tempo do vetor K = mv + (e/c)B× r− eEt é dK dt = ma + e c B× v − eE , onde a = v̇ = r̈. A partir da Eq. (1.6.3) do livro, que é a equação de movimento para a carga (em unidades CGS gaussianas), ma = eE + e c v ×B , (348) podemos usar a anticomutatividade do produto vetorial v × B = −B × v para provar facilmente que K é constante de movimento: dK dt = 0 . (349) 53 Antonio Capanema
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