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Manual de quiropraxia

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MANUAL DE
QUIROPRATICAQUIROPATIA
Filosofia, ciência, arte e profissão 
de curar com as mãos
M.Matheus de Souza
M a n u a l d e
Q u i r o p r a x i a
Q u i r o p r á t i c a Q u i r o p a t i a
F i l o s o f i a , C i ê n c i a A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s m ã o s
M. Matheus de Souza
IBRAQUI - Livros 
São Paulo SP Brasil
M a n u a l d e
Q u i r o p r a x i a
Q u i r o p r á t i c a - Q u i r o p a t i a
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s m ã o s
Autor M. M atheus de Souza 
Organização de texto Ana Luisa de Souza
Revisão Emilia Paschoal Bocchi 
Ilustração Luiz Gustavo Souza e Luiz Takashi Miyoshi 
Projeto gráfico e diagramação Dpto de Arte IMAS
Capa Erandi Francisco da Silva
2- edição 2006
Copyright do autor
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, 
sob qualquer form a, sem prévia autorização por escrito do editor.
Souza, M, M atheus de, 1940
M anual de Quiropraxia: Filosofia, Ciência, Arte e Profissão de curar com as 
mãos / M. M atheus de Souza. São Paulo Editora Ibraqui, 2006.
Bibliografia.
ISBN: 85-85750-07-3 
1. Quiroprática I.Título
CDD 615.534
índice para catálogo sistemático:
1. Quiroprática Terapêutica 615.534
IBRAQUI - Livros
Rua das Camélias, 304 
São Paulo SP Brasil CEP 04048-060 
Tel: (11) 5071-7898 Fax: (11) 5584-6548 
E-mail: ibraqui@ibraqui.com.br
Impresso no Brasil - 2006
mailto:ibraqui@ibraqui.com.br
Con teúdo
C onteúdo....................................................................................................................................3
A presentação............................................................................................................................5
P refácio ....................................................................................................................................... 9
Introdução............................................................................................................................... 13
Capítulo I - Fundam entos................................................................................................. 17
Capítulo II - Região Cervical Superior da Coluna V erteb ra l.............................89
Capítulo III - Região Cervical Inferior da Coluna V ertebral............................123
Capítulo IV - Região Torácica da Coluna V ertebral............................................ 157
Capítulo V - Região Lombar da Coluna V ertebral.............................................. 193
Capítulo VI - A P e lv e ....................................................................................................... 223
Capítulo VII - As Juntas das Extremidades Inferiores....................................... 257
Capítulo VIII - As Juntas das Extremidades Superiores....................................297
Encerram ento...................................................................................................................... 365
B ib liografia ...........................................................................................................................367
ín d ice ...................................................................................................................................... 379
A p r e s e n t a ç ã o
Um livro didático só pode ser avaliado após seu lançamento, quando então será possível 
observar, na prática, se vem cumprindo seu objetivo. Com a primeira edição de 2000, houve a 
oportunidade de verificar no dia-a-dia se as orientações, observações, ilustrações e 
recomendações nele registradas foram suficientemente claras, para que o leitor pudesse ter 
uma noção mais precisa do que deveria ser executado, e de como fazê-lo.
Na verdade, independente da vontade de seu autor ou editor, o livro adquire personalidade 
própria, chama a atenção pelos seus acertos e erros, e evidencia a necessidade de pequenas 
adições e correções, sem prejuízo de seu conteúdo ou seus fundamentos.
Assim ocorreu com este Manual. Na preparação da segunda edição, levamos em 
consideração as observações de nossos prezados leitores e amigos que, ao executarem as 
atividades nele propostas, nos proporcionaram oportunas sugestões de melhora da redação 
e das ilustrações, para que o texto possa ser mais perfeitamente entendido. Houve uma 
natural atualização de datas no seu prefácio e logicamente a substituição da apresentação 
anterior. Assim, cerca de vinte páginas foram levemente modificadas sem. que se perdesse a 
unidade editorial conseguida na primeira edição.
No entanto, o objetivo maior foi alcançado: este Manual tem se tomado uma referência e guia 
de estudo aos vários tipos de alunos e interessados pela Quiropraxia; passou a ser o "norte" 
dos profissionais formados pelo SENAC desde 1996 e tem sido o roteiro seguro, seja d.o curso 
"livre" que o "Ibraqui-Cursos" vem. realizando a partir do ano 2000, seja dos cursos 
intensivos iniciados em 2004; tem se revelado muito importante nos cursos "latu-senso" 
iniciados neste ano de 2006 na formação de especialistas, assim também nos cursos de 
extensão universitária; e vem sendo muito procurado pelos antigos freqüentadores de 
palestras e seminários do autor, que no passado recebiam apenas apostilas sobre o tema ou 
regiões específicas abordadas. Como editores, ficamos gratamente surpresos em verificar 
que também alunos dos dois cursos de graduação, existentes hoje no Brasil, têm se 
interessado pelo Manual; e alguns dos já formados têm agregado seus conceitos e práticas às 
atuações profissionais, uma vez que perceberam ser o método muito apropriado a nossa 
realidade brasileira, produzindo excelente resposta na sua aplicação clínica.
Achamos oportuno, no entanto, fazer um breve resumo de alguns dados fornecidos na 
apresentação da primeira edição, sob pena de sonegar ao novo leitor uma visão histórica 
importante e que, seguramente, facilitará a compreensão da situação atual da quiropraxia, 
como profissão independente e/ou como especialização de outras profissões na área da 
saúde no Brasil.
É importante salientar que, embora haja referência de práticas muito antigas semelhantes à 
quiropraxia entre egípcios, gregos e povos orientais, na sua essência, como profissão, na 
atualidade, ela é ocidental. Surgiu a partir de 1895 da sensibilidade e senso de oportunidade 
de um autodidada canadense, misto de professor e curador, chamado DANIEL DAVID 
PALMER, que residia então na pequena cidade de Davemport, Estado de lowa, nos EUA.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s M ã o s
6
Um feliz incidente, em que um seu funcionário recuperou a audição de maneira insólita, o fez 
repensar os conceitos médicos vigentes na época e o levou a desenvolver um modo diferente 
de tentar recuperar e manter a saúde do ser humano, usando apenas procedimentos 
manuais. Após os primeiros anos de suas experiências, Palmer editou "THE SCIENCE AND 
ART OF CHIROPRACTIC", obra que passou a ser referência da nova profissão, que surgia 
como a grande novidade nas artes de cura. Palmer afirmava enfaticamente que "um dos 
princípios fisiológicos da Quiropraxia é a função; a qual normal ou anormal, depende primeiramente da 
condição da vazão e da qualidade dos tecidos nervosos que o abastecem". Fundou a primeira escola 
de Quiropraxia em 1898 (Palmer School and Infirmary of Chiropractic em Davenport, Iowa), 
a partir da qual, lentamente, este conceito foi sendo implantado como base de outras escolas, 
até que a profissão pudesse ser introduzida em todos os 51 estados norte-americanos.
Passados pouco mais de 100 anos, esse legado chega ao século XXI como um conjunto de 
escolas e universidades gerando profissionais especializados, centros quiropráxicos em 
profusão, indústrias de equipamentos e produtos complementares, editoras e, 
principalmente, milhões de pessoas que diariamente são beneficiadas pelos procedimentos 
criados e desenvolvidos por Palmere seus nobres herdeiros e seguidores.
No Brasil, o norte americano Willian F. Fipps DC. praticou a quiropraxia a partir de 1922 na 
cidade de São Paulo, motivando vários de seus colegas norte-americanos a passar 
temporadas de até seis meses no Brasil, praticando e divulgando a nova profissão. Temos 
informações de que pelo menos dois desses profissionais acabaram vivendo em nosso país, 
um na cidade de Santos e outro no Rio de Janeiro; infelizmente, porém, seus nomes se 
perderam. Em 1945 Dr. Fipps retoma aos EUApara sua cidade natal, Saint Louis, Missouri.
Nesse mesmo ano de 1945 chega ao Brasil Henry Wilson Young DC. que, além de 
quiropraxista, homeopata e iridólogo, é dinâmico e polêmico na divulgação dos métodos 
naturais para manutenção da saúde. Também incentiva colegas norte-americanos a passar 
pequenas temporadas praticando a quiropraxia no Brasil. Na década de 50, motiva a criação 
de um convênio entre sua Faculdade americana e uma Associação brasileira, para realizar 
um curso de quiropraxia na cidade de Curitiba, no Paraná. Assim, a partir de 1958 tem início 
tal curso que, apesar de várias dificuldades, forma 28 profissionais no ano de 1964.
Durante o regime militar, iniciado em 1964, todas as profissões não ortodoxas, 
principalmente aquelas na área da saúde, são violentamente perseguidas, obrigando seus 
adeptos a abandoná-las, praticá-las clandestinamente, ou saírem do país, de forma que 
chegamos a 1980 com apenas dois profissionais atuantes na quiropraxia: O Dr Henry 
W.Young em São Paulo e Matheus de Souza, atuando em várias cidades.
Em fevereiro de 1982 falece Dr. Young, e o quiropraxista Matheus assume a incumbência de 
manter viva a chama da profissão, iniciando uma nova fase na forma de praticar e divulgar a 
Quiropraxia. A década de 80 foi destinada à realização de palestras e apresentações em 
congressos e simpósios, seminários e cursos informativos para acupunturistas e terapeutas 
das mais variadas linhas, aulas em cursos de pós-graduação para médicos, enfermeiros e 
fisioterapeutas. Foram realizadas inúmeras entrevistas para rádios, jornais, revistas e
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
7
televisões. Em 1987 é publicado o primeiro livro sobre o assunto em português, "Iniciação à 
Quiropatia" (assim era chamada a profissão na ocasião), e em 1988 é fundada a Associação 
Nacional de Quiropraxia - ANQ, com o objetivo de dar suporte aos interessados no assunto.
A partir de 1992 começam a retomar ao país alguns brasileiros que foram buscar nos EUA 
uma formação em Quiropraxia, e em 1994 é fundada uma segunda entidade, a Associação 
Brasileira de Quiropraxia ABQ, para acomodar esses novos graduados e os profissionais 
norte-americanos que eram motivados a vir trabalhar no Brasil. Tem início assim uma 
divisão de opiniões no aspecto "ensino" da Quiropraxia em nosso país: um grupo (ABQ), 
que não só admite o padrão americano de ensino para a formação de profissionais 
independentes de qualquer outra profissão na área da saúde; e outro grupo (ANQ), que não 
só admite como estimula a formação de especialistas (médicos/quiropraxistas, 
fisioterapeutas/quiropraxistas, etc.), além de fomentar um treinamento adequado aos 
quiropraxistas já existentes com formação em cursos livres ou técnicos e que há décadas vem 
beneficiando principalmente a população de baixa renda Essa associação não acredita que o 
que é bom para os EUA necessariamente seja bom para o Brasil, pois trata-se de culturas 
diferentes, realidades sócio-econômicas também diferentes.
No ano de 2000 foram iniciados dois cursos de graduação, com média de 4 anos de 
duração, um na cidade de São Paulo e outro em Novo Hamburgo no Rio Grande do Sul, 
significando que em 2004 começaram a entrar no mercado os formados nesses cursos.
Sob o aspecto legal, a situação no momento (setembro de 2006), é a seguinte: a profissão 
ainda não é regulamentada. Tramita no Congresso Nacional, mais especificamente na 
Câmara dos Deputados, desde 2001, um projeto de lei (PL-4199/2201), com o objetivo de 
estabelecer os critérios que determinarão a prática da profissão no Brasil, se 
independente, se especialidade de uma ou outra ou de todas as profissões na área da 
saúde já existentes, se de maneira diferente das já referidas. Alguns Conselhos Federais de 
profissões ligados à saúde já vêm se adiantando, baixando portarias que determinam aos 
seus filiados tenham o título de"especialista em quiropraxia", para que possam exercer tal 
atividade.
Este Manual atende a todas as expectativas acima referidas, uma vez que o método nele 
transmitido foi criado para suprir uma necessidade bem brasileira; ele é adequado para 
suplementar qualquer tipo de formação que o profissional tenha tido. Quem mais se 
beneficiará com a divulgação e aplicação do conteúdo desta obra, estamos certos, serão as 
pessoas aliviadas de suas dores, desconfortos e incapacidades, com uma terapia manual 
eficiente que, embora direcionada a todas as articulações do corpo humano, faz jus ao 
"slogan" que tem se popularizado: "Quiropraxia - uma maneira inteligente de cuidar das 
dores nas costas".
O Editor.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s M ã o s
P r e f á c i o
Historicamente, em português, o primeiro termo a ser usado para definir a profissão foi 
QUIROPRÁTICA, uma vez que é tradução literal de CHIROPRACTC, palavra que 
identifica essa atividade nos países de língua inglesa e cujos fundamentos nos serviram de 
base e inspiração para o desenvolvimento desta atividade no Brasil. No entanto, nas línguas 
latinas quando se associa a palavra prática a uma atividade qualquer, parece tratar-se de 
uma profissão adquirida apenas pela prática, não havendo necessidade de estudos 
formais nem treinamento específico para exercê-la.
Para evitar esse equivoco, a partir de 1965 decidiu-se adotar o termo Quiropatia por 
identidade ou afinidade fonética a outras profissões, também na área da saúde, como 
Homeopatia, Alopatia, Osteopatia, etc.
Com a vinda de novos profissionais dos EUA a partir de 1992, convencionou-se usar o 
termo Quiropraxia uma vez que está mais de acordo com a origem grega do nome. Isto 
significa que em português possuímos três grafias com o mesmo significado:
Profissão | Profissional Palavras derivadas
Quiroprática quiroprático quiropraticamente, saudações quiropráticas, etc,■ *.... ............ . ....... ....... * .. * .....
Quiropatia quiropata quiropatieamente, saudações quiropáticas, etc.
Quiropraxia g quiropraxia quiropraxicamente, saudações quiropráxicas, etc.
Apesar das dificuldades do exercício da profissão, durante o regime militar em nosso país 
(1964 /1984), fizemos muitas palestras nas décadas de 60 e 70, participamos de encontros, 
congressos, simpósios e fomos convidados a divulgar a Quiropraxia em vários cursos de 
pós-graduação na área da saúde, bem como, concedemos inúmeras entrevistas a jornais, 
revistas, rádios e televisões.
No início da década de 80, fomos chamados a São Paulo para auxiliar o velho e querido 
professor Henry Wilson Young D.C. que, já avançado em idade, necessitava de alguém que 
assumisse seu gabinete, definido por ele como "serviço pesado", para que pudesse 
continuar se dedicando a tarefas puramente intelectuais e polêmicas, como a divulgação da 
homeopatia (que nesse mesmo ano passou à categoria de especialidade médica), da 
iridoiogia, da acupuntura, da trofoterapia e das demais artes de cura naturais, além de 
manter através dos jornais da época e pelo radio (em especial pelo programa "O Trabuco", 
do saudoso Vicente Leporace), uma campanha contra a fluoretação da água para consumo 
humano, que chamava de genocídio estatal.
Por ocasião do seu falecimento, em fevereiro de 1982, vimo-nos frente a dois grandes 
desafios: o primeiro, de dar continuidade ao profundo e humanístico trabalho que ele vinha 
desenvolvendo desde a sua chegada no Brasil em 1945, tarefa extremamente difícil por se 
tratar de uma personalidade magnética,humanista por excelência com enorme capacidade
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s M ã o s
1 0
de trabalho, um intelectual não ortodoxo e polêmico, dotado de uma cultura enciclopédica 
nas artes de cura naturais, enfim uma criatura humana da mais alta estirpe, digna de ser 
imitada, jamais igualada; segundo, a triste realidade de constatar que éramos e permanece­
mos, por algum tempo, na condição de único profissional no país, pois os demais colegas, 
por força das dificuldades do exercício profissional, haviam emigrado para outros países 
ou abandonado a profissão. Esse fato fez com que sentíssemos a necessidade de divulgá-la 
com mais vigor.
Foi fundado nessa época o hoje IBRAQUI - Instituto Brasileiro de Quiropraxia, com 
o objetivo de divulgar a Quiropraxia no Brasil. Iniciamos pequenos seminários destinados 
a pessoas que, de forma grosseira, faziam algo parecido com a quiropraxia; na maioria 
curiosos ou massagistas que buscavam "estralar os ossos" do corpo, uma vez que, num 
grande número de casos, proporcionava intenso alívio. Esse foi um período de pequenos 
acidentes, pois embora em algumas pessoas produzisse enorme bem estar, em outras, no 
entanto, eram induzidas inflamações e problemas próprios do desconhecimento dos limi­
tes e contra-indicações da técnica. O número de frequentadores desses seminários, abertos 
e sem exigência de formação prévia, aumentou à medida que diminuíam os acidentes. Os 
módulos também aumentaram e passamos a elaborar conjuntos de módulos destinados a 
vários segmentos:
• A médicos homeopatas (durante quatro anos, foi transmitido no curso de especi­
alização em homeopatia, na Associação Médica Paranaense de Homeopatia, para 
aproximadamente, 300 médicos);
• A acupun turistas em São Paulo, SP (durante 5 anos de 1982 a 1987, no CE AT A - 
Centro de Estudos de Acupuntura e Terapias Afins, para aproximadamente, 800 
profissionais e em Salvador, BA ( na Associação Baiana de Acupuntura, em 1988, 
para 48 profissionais);
• A fisioterapeutas em João Pessoa, PA (na Universidade Federal da Paraíba para 
52 profissionais);
• A enfermeiros em São Paulo, SP (na USP, como convidado em curso de pós - 
graduação em 1985);
• A formandos em medicina (durante mais de dez anos, aos estudantes da Faculda­
de de Medicina de Marília, SP. Nossos seminários faziam parte da semana de 
Terapias Alternativas, promovida pelo Centro Estudantil e eram destinados aos 
quintanistas);
• A ortopedistas em Marília, SP (promovidos pelo Senac dessa cidade durante três 
anos, os ortopedistas da região puderam tomar contato com os princípios da téc­
nica).
A partir de 1988, foi introduzida uma exigência para frequentar os seminários: o can­
didato deveria ter formação prévia em algum segmento da área da saúde. Neste mesmo 
ano, foi fundada a ANQ - Associação Nacional de Quiropraxia para congregar aqueles 
que, independentemente de sua formação anterior e em função dos ensinamentos recebi­
dos, haviam adotado a Quiropraxia como profissão ou mesmo agregado suas técnicas como 
procedimento importante no seu trabalho clínico. Foi a primeira tentativa de trazer organi­
zação para essa nova disciplina.
Em 1996, pela união de esforços do IBRAQUI - Instituto Brasileiro de Quiropraxia 
(fundado em 1980) e da ANQ Associação Nacional de Quiropraxia (fundada em 1988), foi 
criado o Curso Livre de Quiropraxia, concentrado e super-intensivo, destinado somente a 
quem já tivesse formação, ao menos técnica, na área de saúde. Foi o segundo passo na 
organização da profissão. Ao formando, era exigida a apresentação de monografia que 
demonstrasse seu aproveitamento; posteriormente, teria que apresentar, no mínimo, um
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
11
trabalho por ano e freqüentar um seminário de atualização para manter o certificado válido. 
Os trabalhos, após avaliação, poderiam ser publicados em forma de livro. Nesse curso, só era 
ensinado como padrão o que já tivesse se mostrado eficiente por um grupo de indivíduos 
treinados na técnica quiropráxica.
A ANQ mantém um cadastro desses profissionais treinados e atualizados nas técnicas 
quiropráxicas para informar à população interessada.
Em 1997 o Centro de Aprendizado a Saúde do SENAC, São Paulo, SP pioneiramente 
introduziu o Curso de Técnico em Quiropraxia, aprovado pelo Conselho Estadual de 
Educação, com aulas diárias e duração de 18 meses. Em 1999 surgiu a possibilidade da 
criação de um curso de graduação (o que ocorreu em 2000), assim fomos motivados a editar o 
"Manual de Quiropraxia".
Com o "Curso Livre Avançado de Quiropraxia", iniciado em 2001 onde tivemos 21 
turmas e o "Curso Intensivo de Quiropraxia", iniciado em 2004 e já na sua 22â versão 
(ambos direcionados à profissionais e estudantes na área de saúde em geral), e com o início, 
neste ano de 2006, das primeiras turmas do "Curso de Especialização em Quiropraxia para 
Fisioterapeutas" (lato sensu), a primeira edição esgotou-se. Assim partimos para esta 
segunda edição com algumas revisões e atualizações que se fizeram necessárias..
Continuamos a reconhecer, no entanto, que é difícil aprender adequadamente um 
trabalho novo e técnico através de descrições impressas, sem demonstrações, ilustrações e 
repetidas explicações. Nesses últimos 44 anos, onde agregamos ao nosso trabalho clínico o 
esforço de ministrar aulas a profissionais da área da saúde, ensinando-os a empregar com 
sucesso os procedimentos básicos da Quiropraxia, descobrimos o grande problema que é 
tentar transmitir, apenas através do trabalho impresso todos os seus detalhes. Isto requer 
muito mais tempo e esforço do que seria necessário para ensinar em aulas regulares. Mesmo 
assim, temos dedicado todo o tempo possível ao preparo deste manual e agora a sua revisão. 
Recomendamos, portanto, ao leitor-estudante que faça uma leitura cuidadosa. Ela será um 
guia seguro e esclarecedor das matérias no nosso curso de Quiropraxia. Somente em classe é 
possível repetições variadas, tendo em vista que, enquanto um aluno obtém a compreensão 
através de uma descrição, um outro pode obtê-la a partir de uma analogia apresentada; um, 
talvez, por meio de uma ilustração filosófica ou técnica o outro, através de uma ilustração 
mais prática ou mecânica.
Foi necessário muito critério para determinar o que deveria ser ensinado como 
Quiropraxia. O principio básico é o de que um procedimento deve ser reproduzível por 
qualquer indivíduo que tenha sido treinado e desenvolvido experiência nesse procedimento. 
Parece que a Quiropraxia, às vezes trabalha com "padrões de energia" muito su tis do corpo. 
Parece também que alguns indivíduos podem empregar técnicas terapêuticas aparentes, 
obtendo resultados que não são conseguidos por outros, embora tais procedimentos possam 
ser válidos para aquele indivíduo em particular, não podem ser ensinados a outros que não 
tenham as mesmas habilidades e matrizes mentais. Isto nos leva a classificar as técnicas em 
duas categorias básicas:
• Aquelas que funcionam para qualquer indivíduo treinado na atividade;e
• Aquelas que operam no princípio das matrizes mentais e dependem de imagens 
mentais poderosas, entrando no domínio das técnicas parapsicológicas.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s M ã o s
12
Em nossos escritos e cursos, procuramos incluir só as primeiras. Como na Segunda 
sempre existe a possibilidade de mistificação, acreditamos que na avaliação objetiva dos 
conceitos e técnicas da Quiropraxia, convém sempre separar as técnicas nessas duas 
categorias e considerar apenas as primeiras como válidas.
Este fato indica que alguns indivíduos que utilizam técnicas manipulativas não podem ser 
qualificados como quiropraxistas. Infelizmente, existem muitos que utilizam 
procedimentos manipulativos, objetivando "estralar ossos" sem treinamento e experiência 
nas disciplinas adequadas para tal fato. Geralmente empregam procedimentos que 
rejeitamos pela faltade reprodutibilidade entre indivíduos treinados. As pessoas não 
familiarizadas com a Quiropraxia observam esse tipo de procedimento, acreditando que ele 
seja a somatória e a substância do sistema. Aos interessados, propomos o ensino do que a 
Quiropraxia realmente é.
A você leitor aluno, que pretende se transformar num quiropraxista, recomendamos a 
leitura do nosso primeiro livro "Iniciação à Quiropatia" (Editora Ibraqui, 1987), onde 
traçamos a linha histórica da profissão, o resumo de seus fundamentos filosóficos e o 
embrião da teoria de ressonância genética.
Registre de modo definitivo que o código genético representa o projeto individual de cada 
ser vivo e possui também todas as informações necessárias para manter a plenitude de 
manifestação durante um determinado espaço de tempo, significando portanto, que cada 
organismo tem um potencial de recuperação extraordinário que se expressa através de um 
pleno fluxo de informações e que no ser humano, transitam preferencialmente pelo Sistema 
Nervoso em cada célula do corpo. Esse potencial simplesmente espera por suas mãos, 
coração e mente para torná-lo ativo e propiciar a recuperação possível, tomando a vida digna 
de ser vivida, pois é a herança natural do homem viver em plenitude. Beneficiando a todo 
aquele que o procurar com expectativa e confiar seu corpo aos seus cuidados; beneficiando a 
você, como ser humano e como profissional. Portanto, faça com conhecimento, faça com 
certeza dos resultados, faça por que tem que ser feito.
São Paulo, primavera de 2006 
M. Matheus de Souza
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
In t r o d u ç ã o
1..........................w * FaSES'- ■ ■
Na atual divulgação pela mídia das terapias denominadas holísticas, alternativas, 
naturais ou não convencionais, tem-se usado muito o termo energia. Fala-se que esta ou 
aquela técnica trabalha com a energia do corpo, que aquela outra busca o equilíbrio energético 
do organismo e que outra ainda, introduz uma nova energia nos indivíduos debilitados. 
Porém, raramente vemos a descrição concisa do tipo ou da qualidade da energia referida e 
de como esta atua de maneira específica.
Fala-se em energia, mas a que tipo de energia estamos nos referindo? Temos em 
mente um conceito de energia semelhante às pessoas que nos ouvem?
Nós e muitos de nossos colegas, temos cedido à facilidade de explanação quando 
informamos, de maneira simplista, que objetivamos a liberação da energia nervosa, eventu­
almente prejudicada ou sofrendo interferências nas articulações. Embora verdadeiras, ain­
da vemos pessoas em grande dificuldade de entender o significado destas palavras e por 
outro lado, um certo descrédito das mentes mais sofisticadas, achando que essa não é uma 
explicação científica. Portanto, vamos procurar, antes de fornecer as conceituações clássicas 
da profissão, nos localizar em relação ao pensamento científico mais recente.
"O conceito de energia tem mudado muito nos últimos 150 anos, época em que surgiram os 
primeiros conceitos que viriam a formar a termodinâmica. O calor era um fluido; as substâncias 
tinham o flogístico, que era liberado quando havia combustão. A eletricidade era um fluido; quando se 
esfregava o âmbar, esse era liberado e ficava como eflúvio. A metáfora para se entender a energia era 
o fluido, estávamos então no domínio da hidrodinâmica, como se tudo fosse como água correndo. Em 
alguns dicionários ainda se lê que energia é um "fluido misterioso", provavelmente de natureza 
eletromagnética, portanto não é de admirar que muitas pessoas ainda pensem dessa maneira.
Hoje, no entanto, podemos conceituar isso de modo diferente, pois possuímos ferramentas 
conceptuais bem mais sofisticadas.
Necessitamos uma compreensão mais apurada sobre o que queremos dizer quando falamos em 
"energia"; também, quando falamos em "matéria". Se insistirmos nessa dualidade, afirmando que as 
manifestações são materiais ou energéticas, o que realmente estamos querendo dizer?
O trabalho científico só tem início quando palavras e conceitos têm o seu significado descrito 
com precisão. Todos devem falar a mesma linguagem. Há que se concordar com o que significa 
"matéria" e o que significa "energia". Um denominador comum é necessário.
"Em toda a ciência física, não existe uma coisa que seja alguma coisa". Essa afirmação de James 
Kay é de entendimento bastante simples porque, atualmente, entende-se matéria como densidade de 
campo. Faz cem anos que os físicos demonstraram que o elétron, essa partícula elementar, não tem 
massa; na verdade, nem é uma partícula, apenas se comporta como tal em circunstâncias especiais. O 
elétron se comporta como onda ou partícula, mas não está em nenhum lugar num determinado 
momento. Não se pode situá-lo no espaço e no tempo, simultaneamente. Se é localizado num determi­
nado ponto de um eixo de coordenadas, não sabemos em que momento está; localizado no tempo, 
também não sabemos onde está.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
14
Esse é o princípio da incerteza de Heisemberg. Se a base daquilo que chamamos matéria não é 
material, então acabou a matéria.
Vamos expor, resumidamente, algumas considerações sobre massa e energia.
A divisão entre matéria e campo ou matéria e energia é artificial. Não existe. Os textos atuais 
que tratam de biologia ou fisiologia, quando falam que o organismo faz trocas no ambiente de matéria- 
energia, ambas vêm unidas por um traço.
Em 1902, Henri Poincaré, no seu livro "La Science et Hipothèse", no capítulo "O fim da 
matéria", diz que a massa é identificada com a inércia; ela não pertence à massa, ela pertence ao 
campo. Então, o conceito de massa ficou sendo o de um número, de uma medida da inércia, de um 
componente de um determinado sistema. Assim, matéria não é coisa; matéria é medida.
Habituou-se a identificar massa com peso, com a força da gravidade. Assim, massa seria a força 
com que a terra atrai um corpo, mas isso não é massa, épeso, tanto que a palavra massa vem de maço 
ou porrete, um tipo de martelo pesado que os antigos construtores usavam para aplicar força a um 
cinzel e desbastar pedras brutas; algo que se segura firmemente nas mãos. Portanto, existe uma certa 
fixação nessa idéia de substância como algo sólido e é difícil para mentes não acostumadas a abstra­
ções, fugir dessa configuração da natureza.
A física contemporânea, no entanto, formaliza uma síntese de noções que eram aparentemente 
inconciliáveis: matéria e energia, onda e corpúsculo, espaço e tempo. Difícil? Sim é, porém, necessi­
tamos fazer essa reflexão.
Quando, em 1847, Helmholtz, pela primeira vez usou a palavra energia, estabeleceu que ela 
não era esse fluido imponderável. Na ocasião, assim como hoje em dia, quando se tem que trabalhar 
com substâncias que não são "coisas", porque não possuem peso, costuma-se dizer que é um fluido 
imponderável; uma substância, mas sem peso. E algo difícil e um tanto incompreensível que para 
descrevê-la, inventou-se essa expressão, "fluido imponderável". Nessa época, começo da termodinâmica, 
Helmholtz e Ostiuald (fundador da físico-química) iniciaram um movimento chamado "energetismo", 
muito importante no final do século passado. Porém, logo em seguida, vieram a teoria da relatividade 
e mecânica quântica que acabaram com a necessidade de se distinguir entre energia e matéria e o 
"energetismo" perdeu a razão de ser.
Energia, então, não é substância e nem força; mas, uma medida de atividade de padrões dinâ­
micos de alguns sistemas.
Portanto:
Matéria ou massa é uma medida da inércia.
Energia é uma medida do movimento.
E como a temperatura: não é calor, mas, uma maneira de compará-lo com um outro sistema, 
porque medir é comparar. Quando comparamos o nível de atividade que tem um determinado sistema 
com o de outro análogo, estamos medindo.
Ao lado da matéria e da energia, a física clássica, mesmo com o início da termodinâmica, 
trabalhava-se com quatro categorias fundamentais da natureza:matéria, energia, tempo e espaço. 
Com o surgimento da termodinâmica aconteceu um fato que perturbou muito todo o pensamento 
científico. E o segundo princípio da termodinâmica, que diz que toda forma de energia tende a se 
transformar em calor e que este é irrecuperável, que representa desordem, homogeneização, o que 
significa que um sistema que perdeu toda a forma de organização e virou calor fica todo igual. Não há 
nenhuma partícula e nenhum componente diferente do outro; é o caos total. Caos é o contrário de 
organização. Organização supõe antagonismo, conexão entre componentes diferentes entre si. Quan­
to maior o nível de organização num sistema, maiores serão os antagonismos dentro de si e maior a 
necessidade de regular esses antagonismos.
Esses são dados da ciência atual. Quando surgiu essa noção de direção da energia, de que ela 
tende a ser calor, que não se pode produzir trabalho com ele que é irrecuperável, a não ser que existam 
dois corpos, um mais quente que o outro, então há uma troca e à medida que esta ocorre existe algum
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
1 5
movimento que pode ser usado para gerar trabalho. Mas, não é o calor que o está gerando e sim o 
desnível de temperatura. Com a idéia dessa noção de ordem e desordem, surgiu um segundo conceito. 
Foi necessário que se criasse uma outra categoria para representar os fatos da natureza e um deles é a 
chamada organização: ou as coisas são organizadas ou ficam no caos total, na entropia máxima.
O que define se um sistema éorganizado ou caótico não éa energia que ele contém. Um sistema 
qualquer que apresente um alto grau de atividade terá sua medida de energia aumentada. Tanto faz 
estar muito quente ou muito ativo de alguma outra forma, a energia contida pode ser elevada. Mas, 
entropia não éenergia, porque ela pode ter um alto teor energético e ser completamente desorganiza-
Assim, não é nem com a categoria massa, nem com a categoria energia, nem com espaço e 
tempo que vamos definir o que é diferente entre um sistema organizado e outro não. A nova categoria 
surgida desse pensamento científico é a chamada informação.
A informação originou-se da necessidade de se conhecer os processos da comunicação. Quan­
do, no início do século, começou-se a operar com a telefonia, o telégrafo e o rádio e se procurou 
otimizar essas vias de comunicação, isto é, melhorar os níveis de transmissão, estudou-se o que 
acontecia quando a mensagem não era bem passada. Havia ruídos no canal de comunicação. E como 
reduzi-los ?
Foi estudando isso que Shannon fez o trabalho chamado "Teoria Matemática da Comunica­
ção". Ele introduziu a palavra informação, dizendo: "é a quantidade de informação que diminui a 
incerteza". É o contrário de ignorância. Quando jogamos uma moeda com cara e coroa, ignoramos se 
vai cair cara ou coroa. Se temos uma afirmativa de que será cara ou coroa, basta uma, isso elimina a 
incerteza. Não são necessárias duas informações. Shannon chama isso de um bit de informação: é a 
quantidade necessária para acabar com a incerteza num evento binário. Isso serviu para quantificar 
a informação, para saber o quanto dela transita por um canal de comunicação.
Mas, informação não éo que normalmente confundimos com significado. Ao passar uma infor­
mação, o que estamos passando é um recado, um significado de alguma coisa, mas na teoria da 
informação, esta só acontece quando temos um emissor e um receptor. O emissor envia uma mensa­
gem e o receptor conhece o código. Se consegue decodificá-la compreendendo a mensagem, então 
existe a informação. Esta existe em função do emissor, de uma transmissão e de um receptor capaz de 
perceber. Se o receptor é modificado, de alguma forma, pela recepção da informação, tem uma 
sigriificãncia. Significado e significância, em termos da teoria da informação, é quando o receptor é 
modificado pela recepção.
Segundo Wiemer, o matemático que criou a palavra cibernética, informação é o termo que 
designa o conteúdo daquilo que permutamos com o exterior ao ajustar-nos a ele e o que faz com que 
nosso ajustamento seja percebido nele.
Hoje temos uma noção de que os organismos vivos se autoperpetuam apesar da tendência à 
desordem, que é a entropia, porque eles são auto-regidados; quer dizer, conseguem manter o seu nível 
de homeostase, as suas variáveis internas: nível de pressão, temperatura, pressão parcial de oxigênio, 
nível de hormônios, de glicose, de sal, etc., variáveis que definem a fisiologia. Se o organismo conse­
gue mantê-las dentro de limites compatíveis com a vida ele sobrevive e só pode fazer isso desde que 
perceba o que acontece no exterior para poder adaptar-se; para isso, tem que ter dispositivos sensoriais 
para esta percepção, fluxo interno que transmita o que vem do exterior, ter um centro de decisões, 
uma via de saída e efetores que façam a mudança adaptativa; caso contrário não vai sobreviver; vai 
ficar igual ao ambiente: se o ambiente ficar quente fica também e vai acabar.
Então, esse conceito é importante porque a informação representa o nível de organização de 
qualquer sistema, porque esta se baseia na conexão entre as partes que estão compondo algum siste­
ma. Se existe conexão existe organização. Se existem elementos juntos podem ser contidos e estar um 
ao lado do outro, mas se não têm conexão entre si, não formam um sistema. Quando têm conexão, 
formam um sistema, existe organização e podemos medi-la pela informação contida nesse sistema. Se
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
16
espalharmos uma quantidade de pequenas esferas sobre uma mesa e quisermos transmitir essa confi­
guração caótica a uma pessoa, teremos de usar uma grande quantidade de referências, uma para cada 
esferinha e cada uma num referencial. Mas, usando um molde em forma de círculo e colocamos essas 
esferinhas ao redor dele, só uma informação basta para definir aquela configuração: o raio do círculo. 
Por quê? Porque introduzimos informação num sistema que era caótico. Então, esse éo significado da 
informação.
Fato importante porque sem organização, conservação e crescimento da mesma, a matéria não 
poderia existir, assim como não existe sem o tempo, o espaço e o movimento. Essa categoria organi- 
zação-informação é entendida hoje como atributo essencial, não só dos organismos vivos, mas da 
matéria, da existência de qualquer sistema físico em geral. Então, se a massa é a medida da inércia e 
a energia a medida do movimento, a informação é a medida da organização. E o objetivo essencial da 
teoria da informação é a compreensão da entropia com a finalidade de poder lutar contra ela deforma 
eficaz.
A aplicação do conceito de energia no organismo vivo se faz através da bioenergética. E essa a 
disciplina que trata de aquisição, transferência, utilização da energia; tudo aquilo que permite ao 
organismo crescer, mover-se e fazer um trabalho.
Isso acontece na intimidade do organismo, nas mitocôndrias, basicamente. Quando a 
monoamino-fosfato, a adenosina-monofosfato, adenosina-difosfato, adenosina-trifosfato, quer dizer, 
quando se quebram as proteínas, gorduras, açúcares e se libera a energia contida, esta se traduz como 
eletro-sensíveis; é a energia do organisno.
Há uma parte dele que trabalha com energia e outra com componente ergônico. O componente 
cibernético do organismo trabalha com os sistemas de controle, aquilo que mantém as nossas funções 
em equilíbrio e não está associado com o fluxo de energia mas sim com o de informações. Existem 
canais dentro do organismo — quanto mais evoluído, mais complexos esses canais — apropriados 
para o fluxo de informação. O mais complexo é o sistema nervoso, cuja central é o cérebro.
Essas mudanças conceituais temos que fazer e vamos fazê-las, não só na nossa idéia do mundo, 
mas, naquilo que pensamos como diagnóstico e terapêutica para podermos acelerar nossa inclusão 
nessa corrente principal da ciência contemporânea.
Então, entendemos hoje o organismo vivocomo um sistema aberto que troca com o ambiente 
matéria-energia e informação. Esses dois componentes principais, um que trabalha com energia, 
outro com informação, pressupõem entradas e saídas e um fluxo interno de informação ao longo de 
receptores, canais e efetores." 1
É nessa corrente da ciência atual que vamos incorporar a Quiropraxia. Podemos pre­
ver que a partir dessa nova perspectiva, o potencial terapêutico da Quiropraxia será melhor 
utilizado.
Aplicar os procedimentos da Quiropraxia significa liberar entradas e saídas do fluxo 
interno de informação no organismo, a fim de reduzir a entropia e incrementar as capacida­
des homeostáticas de manutenção do equilíbrio orgânico, resultando na recuperação ou 
manutenção da saúde, que equivale a um nível adequado de informação, Repetindo, saúde 
equivale a um nível adequado de informação, entropia mínima.
Quando a seguir passamos às conceituações básicas dessa ciência-arte, que é a 
Quiropraxia, embora usemos como recurso didático uma linguagem mais compatível à sua 
assimilação, não estaremos de modo algum fugindo ao objetivo que acima propusemos, o 
de integrá-la à ciência contemporânea.
1. O texto grifado foi adaptado, com pequenas modificações, de parte da conferência do Dr. 
Norton Moritz Carneiro, MD. proferida no II Simpósio Brasileiro de Acupuntura Científica, na 
cidade de São Paulo, em 29 de setembro de 1994.
M a n u a l , d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o !
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F u n d a m e n t o s
"A Ciência é o conhecimento condensado para ser processado e reunido em um 
sistema. A arte está relacionada algo a ser realizado. A ciência ensina-nos a 
conhecer e a arte ensinanos afazer."
D.D.Palmer
D e f i n i ç õ e s
O corpo humano é dotado de certas qualidades inerentes, naturais. Que visam propiciar a 
proteção, manutenção e recuperação da saúde individual, de conformidade com o modelo 
genético impresso no seu DNA, desde o momento da íecundação.destas qualidades, a 
função normal do sistema nervoso, transmissor e receptor desta ressonância genéti-ca, é a
principal força integrante. A partir disso, conclui-se que, quando a transmissão eexpressão 
normal da energia nervosa recebem, qualquer tipo de interferência, em especialnas 
articulações, seja no esqueleto axial(coluna vertebral) ou no apendicular (demais arti­
culações), podem se desenvolver processos patofisiológicos. O sistema nervoso, portanto,é o 
agente que libera entradas e saídas do fluxo de informação no organismo, para a
manutenção do equilíbrio orgânico.
A ciência quiropráxica preocupa-se com o relacionamento no corpo entre a
estrutura(sistema músculo-esqueletal, incluindo a coluna vertebral e demais articulações) e
a função (ou fluxo de informação), comandada principalmente pelo sistema nervoso, visto
que esse relacionamento pode afetar a comunicação necessária para a manifestação,
preservação e recuperação da saúde.
A Quiropraxia é a disciplina, dentro das artes naturais ligadas à saúde, que se preocupa com 
etiologia, patogênese, terapêutica e profilaxia dos distúrbios funcionais, estados 
patomecânicos, síndromes de dor e outros neurofisiológicos relacionados com a estática e a 
dinâmica do sistema neuro-músculo-esqueletal, relacionados a todas as articulações axiais, 
apendiculares e crânio-faciais.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s M ã o s
18 M . M a t h e u s d e S o u z a
A aplicação desta ciência e arte quiropráxica refere-se a qualquer serviço prestado por um 
quiropraxista, para. exercer a profissão, cujo objeti vo é recu perar e manter a saúde.
Para definir esta atividade julgamos útil transcrever o que está impresso na CBO/94 
(Classificação Brasileira de Ocupações) editado em outubro de 1994.
"MINISTÉRIODO TRABALHO 
Secretaria de políticas de emprego e salário 
Classificação Brasileira de Ocupações 
CBO-94
Grande grupo 0/1 pg. 114.
0-79-45 Quiropata
Realizada através do emprego das mãos, exames de palpação dinâmica ou estática, identificando 
desalinhamentos, restrições de movimentos e sinais de alterações estruturais, realizando tratamento 
terapêutico, para aliviar ou devolver ao paciente melhores condições de conforto e alívio dos sintomas 
reclamados.
Identifica as subluxações (desalinhamentos e restrições de movimentos) nas articulações do corpo 
humano, localizando sinais de alterações térmicas, edemas, massas, espasmo muscular, atrofia, textura 
dos tecidos e estruturas ósseas assimétricas, para avaliar a possibilidade dos sintomas referidos 
poderem ser solucionados ou aliviados pelos métodos naturais que emprega; realiza tratamento 
terapêutico através de manipulações e ajustes específicos, afim. de integrar a estrutura a um pleno fluxo 
nervoso e permitir ao organismo expressar o máximo de saúde possível.
Pode requerer exames complementares radiológicos ou laboratoriais, para determinar se o paciente 
deve ser encaminhado a outro especialista.
Pode indicar aparelhos, sapatos, calços, ou o que for necessário para casos especiais, bem como 
orientar o paciente com relação a atividades físicas tais como: esportes, exercícios, posturas 
profissionais etc., para corrigir ou prevenir recorrências de disfunções biomecânicas.
pg.591 CBO Estrutura Agregada 
0-79-45 Quiropata
pg. 635 Tábua de Compatibilização
CIUO-88 Classificação Internacional Uniforme de Ocupações-1988 
Código-3225 Quiropata
CBO-94 Classificação Brasileira deOcu pações-1994
Código00-79-45 Quiropata
pg. 871 índice Ampliado
Qu iropata 0-79-45
Quiroprático 0-79-45
Quiropraxista 0-79-45
Edição e distribuição:
Secretaria de Políticas de Emprego e Salário
Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 2aandar Brasília DF"
A CBO fo i atualizada em 2002.
A Quiropraxia está sob o código 3221-15.
Aprovada pela portaria do MT na 397 e publicada no DOU em 10/10/2002, assinada pelo 
Ministro Paulo Jobim Filho
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o I - F u n d a m e n t o s 19
Técnica e Ajuste
Os termos “técnica quiropráxica" e "ajuste quiropráxico" são geralmente considera­
dos sinônimos fora da profissão. Na Quiropraxia, entretanto, o termo "ajuste" fica restrito à 
aplicação manual de uma força de ajuste, enquanto o termo "técnica" é utilizado referindo- 
se a qualquer outro procedimento (terapêutico ou diagnóstico).
O "tratamento" quiropráxico global deve ser diferenciado do "ajuste" quiropráxico 
específico, que também é uma forma de tratamento. O global inclui a aplicação de um 
método primário (ajustes), mais todos os procedimentos auxiliares incorporados para atin­
gir o objetivo clínico. Estes frequentemente incluem modalidades fisioterapêuticas, calor, 
frio, complementação nutricional, controle de dieta, exercício terapêutico, terapia meridiana 
ou acupuntura, bio-regeneração ou magnetoterapia, psicoterapia ou outra recomendação e 
ainda outras formas de terapia.
A mais importante e especializada terapia empregada pelo quiropraxista compreen­
de o ajuste das articulações do corpo humano, manualmente ou mecanicamente, ativa ou 
passivamente, com o objetivo de restaurar a relação e função articulares normais, restabele­
cendo a integridade neurológica e influenciando os processos fisiológicos.
Compreendendo o Ajuste
Alguns profissionais têm tentado uma definição simples para "ajuste":
Sandoz (1971) afirma que um "ajuste" é uma manobra manual passiva à qual o com­
plexo de três juntas (IVD e juntas apofisárias) é repentinamente levado para além da faixa 
fisiológica normal de movimento, sem ultrapassar as fronteiras da integridade anatômica.
Swezey, (1983) um alopata, refere-se ao ajuste quiropráxico dinâmico como um movi­
mento passivo, de alta velocidade e pequeno arco de indução, de uma superfície articulan­
do sobre outra.
E difícil conseguir argumentos razoáveis para refutar qualquer uma dessas tentativas 
de definir o efeito induzido puramente estrutural; isto, se o objetivo é unicamente mobilizar 
uma fixação ou "realinhar" uma subluxação.Infelizmente, tais conceitos puramente mecâ­
nicos são limitados; pois falham ao não considerar o estímulo neurológico induzido sobre a 
medula espinhal, nervos raquidianos, fluxo axoplásmico e mecanorreceptores da área e os 
efeitos "spillover" local e remoto de tais estímulos.
Existe uma tendência, muito normal, de considerar que o que se faz durante um 
"ajuste" pode ser classificado sob a categoria geral de Terapia Manipulativa ou apenas 
Manipulação. Generalizar, no entanto é incorreto, pois o que um quiropraxista tenta fazer 
está muito longe dos procedimentos de "mobilização" geral e "manipulação", via de regra 
adotados por fisioterapeutas e muitos massoterapeutas que são, tipicamente, tentativas 
passivas de aumentar uma faixa totalmente restrita de movimento de uma junta através do 
estiramento das contraturas. Enquanto o termo Terapia Manipulativa pode ser apropriado 
para uma grande variedade de técnicas de ajuste extra-espinhal de baixa velocidade ou 
para a aplicação de uma manobra de estiramento, para melhorar a faixa de movimento total 
de uma junta, o seu uso, passa a ser claramente incorreto na maioria dos casos em que é 
empregado para a aplicação da quiropraxia científica, em que se aplica ajustes dinâmicos 
específicos.
Na apresentação das técnicas quiropráxicas, o principal fator a ser relevado é que a 
quiropraxia não detém o monopólio da manipulação. Esta, com o objetivo de ajustar e 
"recolocar" ossos e juntas "deslocados", é um dos mais antigos métodos terapêuticos que 
se tem conhecimento. Foi e continua sendo, parte integrante do armamento dos clínicos de 
todos os tempos e culturas.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
20 M . M A T H E U S D E S O U Z A
Grécia China 
940 d.C.
Método Moderno
Ilustração 1.1
Métodos de Ajustes.
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o I — F u n d a m e n t o s 21
O que diferencia o ajuste quiropráxico das manipulações ortopédicas, fisioterápicas, 
massagem, reflexoterapia, etc. em uma só frase, é o impulso dinâmico. Seu uso é especifica­
mente quiropráxico; é também, a principal ação ou característica que identifica as técnicas 
quiropráxicas.
No entanto, dificilmente poderíamos afirmar que a quiropraxia é baseada em técnicas 
de ajuste aplicadas com um impulso repentino de força. É pela maneira com que são aplica­
das que se distingue de outras disciplinas clínicas, manipulativas ou não. Algumas técnicas 
recentes, de fato, não são caracterizadas pela aplicação repentina de força. Fazemos referên­
cia a algumas técnicas que chamamos "sem força", apesar de, no sentido absoluto, o termo 
ser incorreto — o que faz com que também sejam parte da quiropraxia é o fato de que foram 
criadas para servir ao mesmo propósito que o impulso dinâmico.
O rompimento do selo sinovial 
(O som que acompanha o ajuste)
Toda articulação sinovial tem este nome exatamente por possuir pequenas vesículas 
que, estimuladas pelo movimento normal articular, secretam a sinóvia, uma gordura lubri­
ficante e nutritiva que deixa de ser produzida apenas em patologias raras e pós-morte. É 
um humor viscoso com alto grau de tensão superficial, formando uma película ou um selo 
que o caracteriza (como óleo ou mesmo como leite, nesse caso, a película seria a nata). 
Quando se movimenta rapidamente uma articulação seja ativamente em ações normais, 
seja passivamente por ação externa, esta película é rompida — por estar num ambiente com 
espaço livre e anaeróbico, caraterístico de uma articulação — produz vibrações que caracte­
rizam a formação de pequena bolsa de gás temporário, pois em alguns minutos, voltarão a 
incorporar-se no líquido, formando nova película. E esta vibração percebida como som e 
não, como muitos pensam, atrito ósseo. E evidente que quando esta película ainda não se 
encontra formada a movimentação objetivada por um ajuste não será audível.
Ajustes articulares habilidosos, freqüentemente, envolvem a ruptura do selo sinovial 
das juntas apofisárias, o que pode resultar em uma "ruptura" audível ou não. A ruptura 
permite um aumento da mobilidade (particularmente não sendo sob controle voluntário) 
de 15 a 20 minutos após sua ocorrência, permitindo que o segmento normalize a sua posi­
ção e relações funcionais. Manipulações mal sucedidas que resultam em aumento da dor, 
raramente, produzem uma liberação audível da junta, enquanto os ajustes bem sucedidos, 
mesmo sem ruptura audível, causam imediata sensação de alívio (ainda que alguma dor e 
espasmo permaneçam), redução na hipertonicidade palpável, melhora no movimento da 
junta e é tipicamente seguida por uma gradual redução dos sintomas.
U m a A b o r d a g e m D i n â m i c a
A subluxação
Na Bélgica, a partir de 1936, um grupo de profissionais, iniciou um projeto de pesqui­
sa bastante profundo para estudar o fenômeno clínico que os quiropraxistas americanos 
chamavam de subluxação e que era definido como um deslocamento articular incompleto 
ou parcial, no qual as superfícies articulares não perdiam o contato.
Logo perceberam que a subluxação era um fenômeno clínico muito mais complicado 
do que se imaginava e que não poderia ser percebido por uma radiografia simplificada 
como "um osso fora do lugar", como vinha sendo feito desde os primórdios da profissão,
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
22 M . M a t h e u s d e S o u z a
no começo do século. Havia necessidade de profundas alterações nos conceitos para enqua­
drar esta técnica como ciência estabelecida, apesar de a teoria da "vértebra parcialmente 
deslocada" possuir um certo grau de "verdade" que possibilitou o início de uma terapêuti­
ca básica, mais do que justificada, dado um grande número de benefícios testemunhados 
empiricamente, porém não o bastante para sustentar uma hipótese científica.
Decidiu-se, então, que as pesquisas seriam direcionadas à mobilidade normal e anor­
mal dos segmentos da coluna vertebral e da pelve. Na medida que os estudos eram relata­
dos, algumas hipóteses se confirmavam e outras tiveram que ser reformuladas, ou mesmo 
abandonadas, em função dos novos conhecimentos obtidos. Foi observado que dois concei­
tos básicos envolvendo posição e movimento articular opunham-se violentamente.
Primeiro deveriam eliminar a idéia de "osso fora do lugar", isto é, luxação. O formato 
dos processos ósseos da coluna vertebral e de seus ligamentos tendem a não permitir que a 
zigapófise exceda à sua faixa inerente de movimento. Quando esta é excedida (ex.: trauma 
grave ou predisposição totalmente patológica), as superfícies articulares perdem contato e 
ficam em estado de deslocamento ou luxadas, isto é, "osso fora do lugar". Agora, já pode­
riam voltar aos conceitos citados.
A Posição
Foi verificado que uma articulação vertebral subluxada não está "fora do lugar"; não 
houve deslocamento para fora de sua posição nem excedeu os limites normais de movi­
mento. Assim, quando uma subluxação é corrigida não é reposicionada, reduzida ou 
recolocada, como seria num deslocamento completo ou mesmo parcial, uma vez que isso 
seria alterar sua posição. Os estudos radiográficos, no entanto, não forneciam essa indica­
ção, embora as alterações clínicas fossem importantes, sinalizando uma substancial melhoria 
do paciente em seu quadro geral.
O Movimento
Foi observado que os movimentos articulares, principalmente os da coluna vertebral, 
descrevem um arco em torno de um centro de movimento, que é o mesmo de um extremo 
ao outro. Os movimentos básicos dos segmentos vertebrais foram, então, assim definidos:
• rotação em torno do eixo longitudinal;
• flexão lateral (ou inclinação) para direita ou para esquerda;
• flexão de posterior para anterior;
• extensão de anterior para posterior; e
• extensão longitudinal, ou distensão axial ou ainda alongamento do eixo longitu­
dinal.
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o I — F u n d a m e n t o s23
Ilustração 1.2a 
rotação em torno do eixo longitudinal
Ilustração 1.2b 
Flexão Lateral
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
24 M . M a t h e u s d e S o u z a
Ilustração 1.2c 
Flexão
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o i - F u n d a m e n t o s 25
Ilustração 1.2e 
Extensão Longitudinal
Podem ocorrer fatores que, de alguma forma, inibam o movimento em uma ou mais 
dessas direções. Assim, será estabelecido um estado de translação ou rotação anormal nes­
se segmento que, a princípio, conduzirá a uma disfunção biomecânica e a seguir, fisiológi­
ca.
Ora, para que ocorra essa "anormalidade articular" ou subluxação, algo deve estar 
inibindo sua mobilidade; de outra maneira, haveria uma redução espontânea e nenhuma 
preocupação clínica. A esse mecanismo de "aprisionamento" ou dificuldade de movimento 
nominou-se "fixação". Agora, algumas respostas já poderiam ser dadas:
• se uma subluxação (um desarranjo menor que uma luxação) existe;
• uma fixação também existe; e
• uma fixação pode existir mesmo quando as superfícies articulares estão perfeita­
mente entrosadas durante uma postura estática de repouso.
A Fixação
No entanto, apesar desse mecanismo restritor ser chamado de fixação, pode causar 
certa confusão, se for entendido como um estado de completa imobilidade, o que não é real. 
O termo é usado para referir qualquer mecanismo físico, funcional ou psíquico que restrinja 
a mobilidade de um segmento dentro de sua faixa fisiológica motora normal. Assim, a 
ancilose seria uma fixação 100% no sentido lato da palavra. Porém, as fixações relatadas 
clinicamente são menores, entre 20% a 80% da mobilidade normal.
Como vimos até aqui, um estado de subluxação, no sentido cirúrgico da palavra, 
dificilmente poderá ser atingido em juntas deslizantes. E portanto, paradóxico que o termo 
subluxação, tenha se imposto de modo geral nas profissões de cuidados da saúde e seja 
largamente usado, ao mesmo tempo que os quiropraxistas começaram a perceber que o 
termo não é correto, quando todos os seus componentes patofisiológicos são considerados.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
26 M. M a t h e u s d e S o u z a
Para melhor definição e entendimento da fixação, foi avaliado o estado de tecidos 
flexíveis periarticular e intra-articular (ex.: músculos, ligamentos, membranas, sinóvia, car­
tilagens articulares) envolvidos em uma fixação articular. Descobriu-se que é algum estado 
anormal desses tecidos flexíveis que está impedindo as superfícies articulares de se move­
rem em um plano particular. Os exemplos mais comuns são:
• espasmos musculares e fibrose;
• diminuição do ligamento;
• coalescência intra-articular;
• desenvolvimento de escoriação;
• endurecimento e má formação de cartilagem;
• cartilagens fragmentadas que perdem a consistência;
• erosão da cartilagem que restringe o movimento; e
• erosão óssea e exostose.
Os tecidos flexíveis envolvidos em uma "subluxação articular" podem variar desde a 
mais simples contração muscular até a fibrose degenerativa dos músculos, ou ainda até a 
completa ossificação.
Estudos concluíram que o tônus muscular anormal e as alterações em ligamentos 
periarticulares e em tecidos flexíveis intra-articulares são os principais fatores que determi­
nam o complexo de subluxação, que também são os mais influenciados pelo "ajuste 
quiropráxico". Esse "ajuste" não reposiciona a articulação nem realinha os ossos e muito 
menos "coloca no lugar" o que estava "fora do lugar". A ação é no sentido de eliminar a 
causa. Uma vez ajustada (mobilizada), a unidade de movimento readapta-se, rapidamente 
ou vagarosamente, dependendo do seu estado de adaptabilidade à sua faixa motora total.
Pelo fato de os segmentos ósseos não estarem realmente fora do lugar, fica esclareci­
do porque a radiografia estática pós-ajuste normalmente falha em mostrar alterações 
anatômicas, embora o paciente tenha ficado livre dos sintomas. Uma articulação que se 
move livremente irá repousar no mais ideal possível de sua faixa motora. Se ocorrerem 
alterações estruturais que prejudiquem seu movimento dinâmico ou sua posição estática, 
essa compensação pode continuar aparecendo como um desalinJhamento durante a análise 
radiográfica.
Compensação = Hipomobilidade + hipermobilidade
A partir do momento que uma articulação, por qualquer motivo, fica hipomóvel, 
quer dizer, impedida de executar sua função normal de movimento, pelo menos uma outra 
será forçada a executar um movimento excessivo compensatório, necessário à manutenção 
das atividades usuais que o organismo está habituado, isto incluirá movimento excêntrico 
ou fora de prumo. Esse movimento adicional pode ser na contraparte da junta ou numa 
articulação adjacente da cadeia cinemática, caracterizando-se como hipermobilidade, que 
levará a irritação ao grau de inflamação, uma vez que as suas reservas homeostáticas serão 
superadas. Esse fato nos leva a observar que, na maioria das vezes, o lugar da fixação 
(hipomobilidade), é assintomático, enquanto a junta hipermóvel, por compensação, é bas­
tante expressiva clinicamente.
Em função desse fator com pensatório, os desalinham entos vertebrais são 
freqüentemente só uma variedade dinâmica e estão presentes para compensar a pressão 
motora aplicada a uma junta adjacente. Se a pressão nesse segmento hipermóvel for pro­
longada, o grau de pressão neuromuscular será proporcional. Freqüentemente, temos re­
clamações neuromusculares feitas por pessoas que executaram alguma atividade forçada 
ou atípica, como: exercícios para os quais não fizeram o devido aquecimento, cuidar do 
jardim, pintar o teto, trocar um pneu do carro, levantar peso, cavar com uma pá, etc.
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p i t u l o I - F u n d a m e n t o s
CU=P
cy J 3
cy ja
3=u=pO
27
i j y 3cnrj]
hipermobilidade e quadro agudo = dor
5° hipomobilidade = quadro de cronicidade = desidratação
ia
Ilustração 1.3
Ilustração a — os movimentos normais numa inclinação lateral de 209;
Ilustração b — numa mesma inclinação de 20Q, uma fixação do primeiro segmento 
abaixo (hipomobilidade) irá induzir uma hipermobilidade no último 
segmento acima;
Ilustração c — na hipomobilidade, será desenvolvida toda uma seqüência de dege­
nerações com tendência à cronicidade: discopatia por desidratação, 
osteofitose, artrose, prolapso e hérnia discai;
Ilustração d — a hipermobilidade apresentará, por sua vez, o quadro agudo que, por 
excesso de esforços, determinará a chamada "fadiga de material", pro­
duzindo uma facilitação neurológica exuberante.
E importante lembrar que essa hipermobilidade compensatória pode ocorrer na mes­
ma unidade de movimento (articulação); o sintoma assim se expressará do lado contrário 
da fixação.
Estamos habituados a imaginar uma coluna vertebral sadia, em que cada vértebra 
está empilhada sobre sua vizinha com os processos espinhais descrevendo uma linha reta 
pontilhada em prumo, quando o paciente está sentado ou em pé. Embora isso seja no geral 
verdadeiro, sob o ponto de vista estático, não podemos deixar de imaginá-la também sob o 
ponto de vista dinâmico, quando os segmentos vertebrais (unidades de movimento), estão 
constantemente flexionando, estendendo, rotacionando e inclinando-se. Com possíveis al­
guns segundos por vez, a coluna vertebral e seus tecidos associados nunca estão em repou­
so.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
M . M a t h e u s d e S o u z a
Ilustração 1.4 
Os movimentos constantes da coluna vertebral.
Em qualquer dado momento, uma junta pode assumir a posição requerida pelo seu 
plano anatômico e pelas forças gravitacional e muscular a ela dirigidas. Esse mecanismo é 
evidente durante todos os movimentos normais do corpo, pois o movimento de qualquer 
parte dele requer uma ação recíproca compensatória para manter o equilíbrio.O mesmo 
processo biomecânico é verdadeiro em todos os casos nos quais uma vértebra é fixada em 
sua faixa extrema de movimento normal ou perto dela, fazendo com que outras articula­
ções "desloquem-se" para se adaptarem ã fixação durante alguns ou todos os movimentos, 
dependendo do local e da extensão dessa. Consequentemente, uma "posição segmentai 
anormal", por si só, não é patognomônico de subluxação.
O C o m p l e x o d e S u b l u x a ç ã o
Podemos agora entender que a subluxação não é uma entidade clínica isolada. Como 
existem vários componentes envolvendo o fenômeno, temos na realidade um COMPLEXO 
DE SUBLUXAÇÃO.
Essa entidade clínica complexa compreende um ou mais dos seguintes componentes:
• cinesiopatológicos;
• neuropatofisiológicos;
• miopatológicos;
• bioquímicos;
• histopatológicos.
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o I - F u n d a m e n t o s 29
1. Cinesiopatológicos — podem apresentar:
• hipomobilidade;
• hipermobilidade;
• compensação (quando hipo + hiper apresentam aparente normalidade — fase 
subclínica podem estar na mesma unidade de movimento), produzindo:
• perda do jogo articular; e
• mudança do movimento axial (início da inflamação).
O componente cinesiopatològico pode ser observado no deambular inadequado, na 
dificuldade de manter posturas corretas, mesmo por períodos curtos, etc.
Obs. O exercício como fator de terapia sintomática apenas tonifica os músculos afeta­
dos, proporcionando uma compensação das áreas hipermóveis, permitindo a degeneração 
nas áreas hipomóveis ou protelando a sintomatologia para os estágios da degeneração onde 
pouco, ou quase nada, se pode fazer para o auxílio do paciente.
2. Neuropatofisiológicos — manifestações
Cornu anterior — Hipertonia
Irritação facilitação Cornu lateral — Vaso Motor Simpático 
Cornu posterior — Sensitivos
Pressão degeneração
Cornu anterior — Atrofia 
Cornu anterior — Atonia 
Cornu anterior — Anestesia
Diminuição do Fluxo Axoplasmático
O componente neuropatofisiológico pode ser expresso em qualquer uma das duas 
formas abaixo, ou em ambas. Ex.:
(a) irritação, produzindo a facilitação de CNS no cornu frontal e manifestando-se como 
hipertonicidade ou espasmo; no cornu lateral, manifestando-se como alterações vasomotoras 
(vasoconstrição hipersimpaticotônica e palidez); e no corno posterior, manifestando-se como 
alterações sensoriais;
(b) pressão (compressão), produzindo degeneração do CNS e manifestando-se como 
atrofia muscular, atonia simpática (vasodilatação hipossimpaticotônia e estase) e anestesia.
invasão 
osteofílica
Ilustração 1.5
Esquerda, subluxação de extensão estimulando a colisão de IVF como resultado de um segmento sendo 
fixado em extensão ou de fibras frontais frouxas do anel. Direita, invasão osteofílica de IVF no segmento 
superior, comparada com um orifício normal no segmento inferior
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
30 M . M a t h e u s d e S o u z a
Neste ponto, é bom lembrar a lei de Wallerian: após secionar a origem do nervo 
posterior de um nervo espinhal entre a origem do centro de força e a corda espinhal, a parte 
central degenera. Após a divisão da origem anterior, a parte periférica degenera. 
Consequentemente, o centro trófico da origem posterior está no gânglio e o centro trófico 
da origem anterior está na corda espinhal.
3. Miopatológicos
Lei de Hilton — O tronco de um nervo envia ramificações para:
• um músculo em particular;
• a junta movida por aquele músculo; e
• a pele que reveste a inserção daquele músculo.
Na
hipermobilidade
irritação
(facilitação)
espasmo
Compensações 
Reflexos somáticos 
Viscerais 
Mialgias
Na
hipomobilidade
pressão
(degeneração)
Anterior — atrofia 
Lateral — atonia 
Posterior — anestesia
O componente miopático manifesta-se na hipertonicidade ou no espasmo (como re­
sultado de compensação ou facilitação) ou atonia e fraqueza (como resultado de pressão ou 
degeneração).
4. Bioquímicos
As alterações bioquímicas são desencadeadas durante e após as Síndromes de Adap­
tação tão bem descritas por H. Selye (1959).
Loco Adaptative Syndrome (LAS) = Síndrome de Adaptação Local; e 
General Adaptative Syndrome (GAS) = Síndrome de Adaptação Geral.
LAS + GAS síndrome de stress
I * condição pró-inflamatória
produzem um fluxo de:
• Histamina (amina que dilata os capilares e estimula diversas secreções — ex.: sa­
liva, gástrica, pancreática, etc.);
• Prostaglandina (composto que estimula o SN e a circulação); e
• Cininas (hipotensores).
Um componente bioquímico nocivo — ex.: desequilíbrio hormonal e químico per­
tencendo à síndrome de tensão pró-inflamatória, produção de histamina, produção de 
prostaglandina e produção de bradicinina.
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o I - F u n d a m e n t o s 31
5. Histopatológicos
Fluxo celular do processo inflamatório = edema dentro do orifício intervertebral, im­
pedindo o fluxo dos líquidos circulantes.
hipermobilidade = irritação = inflamação = (dor, calor, inchaço) 
hipomobilidade (sem estímulo fisiológico) = degeneração = (dormência, frio, estase 
circulatório, atrofia) podemos também esperar certas alterações ósseas, conforme o enunci­
ado na Lei de Wolff: Toda alteração no formato e nas funções de um osso, ou em sua 
função somente, é seguida de certas alterações definitivas em sua arquitetura interna e de 
alterações secundárias em sua conformação externa.
Assim:
Ilustração 1.6a 
hipermobilidade 
osteofitose, tipo esporão de tração
Ilustração 1.6b 
hipomobilidade 
osteofitose, tipo "bico de papagaio"
Lei de Weigert (teoria da superprodução) — a perda ou a destruição de uma parte ou 
elemento do mundo orgânico resultará provavelmente em substituição compensatória e 
superprodução do tecido durante o processo de regeneração ou reparo (ou ambos). Exem­
plos típicos são vistos na formação de calo ósseo, quando um osso fraturado cicatriza ou 
exostose marginal e outras excrescências, como o resultado de inflamação crônica e proces­
sos degenerativos.
O COMPLEXO DE SUBLUXAÇÃO pode ser demonstrado sinteticamente no seguin­
te quadro:
— Cinesiopatológicos
— Miopatológicos
Disfunção
Biomecânica
~MM ■ iiir « " w m i m w
--------------------------------------- Neuropatofisiológicos
— p Bioquímicos 
— Histopatológicos..
Disfunção
Fisiológica
"... ' ' ..... '................... ..... :
Assim, temos que, no complexo de subluxação, através de uma disfunção biomecânica 
(uma fixação — fator cinesiológico sempre presente), instalou-se uma patogênese que se 
expressará de forma complexa, com manifestações neurológicas, miológicas, alterações bi­
oquímicas e histológicas.
Obs. Qualquer um dos outros componentes também pode desencadear o processo.
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e C u r a r c o m a s M ã o s
32 M . M a t h e u s d e S o u z a
Propomos então o seguinte AXIOMA:
A CORREÇÃO DE UMA SUBLUXAÇÃO (Ação terapêutica que elimina a 
FIXAÇÃO ou componente C1NESIOLÓGICO sempre presente) RESTAURA OS 
PROCESSOS FISIOLÓGICOS NORMAIS E AS INVERSÕES 
PATOLÓGICAS REVERSÍVEIS.
Usando o estilo de linguagem semelhante ao do prefácio desta obra, poderíamos di­
zer que: quando, num sistema (corpo humano) a sua capacidade de auto-regulação (ten­
dência à entropia mínima para se autoperpetuar), exercida pelo sistema nervoso como um 
todo, apresenta pontos que dificultam o fluxo de informação, interferindo em sua organiza­
ção, devemos tentar eliminar essas interferências, devolvendo ao sistema a capacidade de 
auto-regulação, pois restabeleceremos o fluxo de informação, possibilitando uma melhor 
organização (entropia mínima).
Movimentos normais e anormais
Para a execução e o domínio dessa ação terapêutica ímpar, que é o objetivo principal 
das técnicas quiropráxicas, fica evidente que necessitamos de uma compreensão mais pro­
funda da biomecânica e de seus aspectos cinesiológicos.
Em primeira instância, devemosentender o movimento normal da coluna vertebral. 
Estudos radiográficos e cirúrgicos em animais têm mostrado que:
• As facetas articulares posteriores, superiores e inferiores deslizam constantemen­
te de uma para a outra, estabelecendo uma barragem de sinais proprioceptivos 
complexos para os mais altos centros do Sistema Nervoso Central;
• O orifício intervertebral se abre e se fecha continuamente, comprimindo e estiran­
do o seu conteúdo (nervos raquidianos, nervos meníngeos recorrentes, artérias e 
veias). Esse dinamismo em ação é para "ordenhar" o líquido encéfalo-raquidiano 
tanto em torno da medula espinhal quanto ao longo dos raquidianos. Mas, essa 
ação dinâmica de estiramento e compressão ocorre por poucos segundos a cada 
evento motor e dentro dos limites fisiológicos. São semelhantes a uma massagem 
suave e não devem ser confundidas com ações de estiramento e compressão vio­
lentas ou prolongadas.
Esses estímulos fisiológicos na forma de estiramento e compressão no conteúdo dos 
forames são necessários para a manutenção de um estado saudável de todas as estruturas 
envolvidas. Se isso não ocorrer (pela presença de uma fixação), serão produzidos nas vérte­
bras da coluna, ou em qualquer junta extravertebral, efeitos semelhantes àqueles observa­
dos após longa imobilização: atrofia por falta de uso, encurtamento dos ligamentos envol­
vidos, estase circulatório, alterações neurotróficas, etc.
A atrofia por falta de uso é um estado patológico que produz excitação mínima do 
nervo (irritação). Esse fato explica porque uma subluxação / fixação recente é sempre agu­
da, produzindo muito mais expressões clínicas e os seus efeitos tendem a refletir sinais de 
hiper-atividade (ex.: espasmo, calor, hiperestesia, hiperfunção visceral).
Por outro lado, uma subluxação/fixação crônica tende a expressar sinais de 
hipoatividade (ex.: fraqueza, frio, entorpecimento, hipofunção visceral, degeneração mús- 
culo-esqueletal).
Alguns estudos relatam essas alterações juntamente com os efeitos de facilidade neural, 
ou os efeitos de inibição neural dentro das colunas anterior, lateral e posterior da medula 
espinhal. Por exemplo, a facilitação seria manifestada respectivamente como:
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p í t u l o I - F u n d a m e n t o s 33
• excitação motora (ex.: hipertonicidade, espasmos);
• excitação do vasomotor simpático (ex.: calor); e
• excitação sensorial ( ex.: dor, hiperestesia).
Em contraste, a inibição poderia ser demonstrada como:
• depressão motora (ex.:hipotonicidade, fraqueza);
• depressão do vasomotor simpático (ex.: frio, alterações tróficas); e
• depressão sensorial (ex.: anestesia)
Como falamos anteriormente, o trabalho científico só tem inicio quando palavras e conceitos 
têm o seu significado descrito com precisão. Todos devem falar a mesma linguagem. Há que 
se compreender e concordar com o que significa normal em termos de movimento. Uma 
base comum de significado é necessária.
M o v i m e n t o s n o r m a i s d a s a r t i c u l a ç õ e s
DA C O L U N A V E R T E B R A L
Apesar de os movimentos gerais da coluna e da pelve terem sido objeto de numerosos 
estudos, as informações sobre os movimentos típicos entre segmentos individuais eram 
relativamente obscuras até que Kapanji, White e Pundjabi (1978) relataram as suas 
descobertas.
Para que possamos assimilar melhor os conceitos da palpação de movimento, devemos 
abandonar temporariamente o desenho mental da coluna vertebral como uma estrutura 
reta, vertical, estática (como mostrado em uma radiografia). Ela é, sem duvida, um órgão 
vivo, dinâmico e segmentado que está em constante movimento durante a locomoção, o 
trabalho e a cada vez que respiramos durante o repouso. Muitos órgãos do corpo, durante o 
dia ou a noite, trabalham e descansam, mas ela não, está em constante movimento, 
constantemente dinâmica.
Há uma lei da física que enuncia: "uma força pode agir ao longo de uma única linha em um único 
plano ou em qualquer direção no espaço". Isso, portanto, deve ser considerado em qualquer 
sistema de referência, se desejamos efetivamente nos comunicar uns com os outros sobre 
posição e movimento da articulação. Dessa forma, iremos rever os termos e princípios 
pertinentes, bem como, aprofundar nossos conhecimentos sobre dinâmica da coluna 
vertebral.
Os planos do corpo
Várias considerações em biomecânica envolvem tempo, massa, centro da massa, 
movimento, força e gravidade que operam de acordo com as leis da física. Entretanto, 
quando numerosos parâmetros de movimento estão relacionados, nenhum deles, por si 
mesmo, é capaz de descrever completamente o movimento.
A força da gravidade é sempre direcionada para o centro da terra. Consequentemente, a 
linha de ação e direção são constantes. Na postura ereta "rígida" do corpo, a força 
gravitacional em toda a massa pode ser considerada um único vetor através do centro da 
massa, que representa a soma de muitas coordenadas paralelas positivas e negativas. 
(Ilustração 1.7)
F i l o s o f i a , C i ê n c i a , A r t e e P r o f i s s ã o d e c u r a r c o m a s M ã o s
34 M . M a t h e u s d e S o u z a
superior
inferior
Sagital Frontal
Ilustração 1.7 
Descrevendo as Posições no Espaço 
Os planos do corpo e sua relação com a linha da gravidade. O eixo X (frontal) atravessa de lado a lado 
(horizontalmente) e perpendicularmente ao plano sagital. O eixo Y (vertical) passa perpendicularmente ao 
plano e ao solo. O eixo Z (sagital) é perpendicular ao plano frontal, passando horizontalmente da frente
para as costas.
Em um sistema de referência bi-dimensional, o plano é simplesmente dividido em 
quatro quadrantes por uma linha ordenada vertical perpendicular (eixo Y) e uma linha 
abscissa horizontal (eixo X). Um terceiro eixo (usualmente chamado Z) pode ser utilizado 
para localizar os pontos em três dimensões. O eixo Z cruza a origem e é perpendicular aos 
planos X e Y.
Existem diversos sistemas de referência. Esse, em particular, é o Sistema de Coorde­
nadas Cartesianas, no qual:
• rotação em flexão / extensão é a rotação em torno do eixo X;
• rotação axial é a rotação em torno do eixo Y; e
• rotação em flexão lateral é a rotação em torno do eixo Z.
Todos os pontos Z em frente ao Plano X-Y são positivos, enquanto os de trás são 
negativos (Ilustração 1-7). Utilizando as coordenadas X, Y e Z, qualquer ponto no espaço 
pode ser localizado e descrito. Entretanto, são necessárias 6 coordenadas, no mínimo, para 
especificar a posição de um corpo rígido (ex.: uma vértebra).
Na biomecânica, a origem de referência do corpo está localizada no centro da massa 
do corpo. Usualmente, essa precede ao segmento S2. Quando esse ponto é conhecido, o 
espaço total do corpo pode ser visualizado como estando no plano sagital (direita-esquer- 
da) Y-Z, no plano frontal ou coronal (anterior-posterior) X-Y ou no plano horizontal ou 
transverso (superior-inferior) X-Z.____________________________________________________
M a n u a l d e Q u i r o p r a x i a
C a p i t u l o I - F u n d a m e n t o s 35
Com tal sistema de referência, o movimento de qualquer segmento do corpo nesses 
planos pode ser descrito, colocando-se um sistema de coordenadas no eixo de uma junta e 
projetando-se as linhas de ação dos músculos envolvidos.
Eixos
Um eixo é uma linha reta em torno da qual um objeto rotaciona; uma linha servindo 
para orientar um espaço ou objeto (perto da qual um objeto é simétrico); ou uma linha de 
referência em um sistema de coordenadas. A maioria dos movimentos do corpo é de rota­
ção em torno dos eixos das juntas e, raramente, se resumem a um simples arco. Tais movi­
mentos variam para compensar as restrições de músculo-junta, ossos girando em torno de 
seus eixos e a transferência de força de um conjunto de músculos para outro, dentro da 
faixa de movimento. As superfícies das juntas espinhais geralmente são, em desenho, con- 
vexas-côncavas, isto é, a superfície convexa é maior que a côncava. Essa relação é extrema­
mente

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