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Enxaqueca / Migr neaâ Introdu o çã A enxaqueca trata-se de um a cefaléia primária comum e incapacitante. Classifica o da migr neaçã â Migrânea sem aura É um a cefaleia hemicraniana ou bilateral, de caráter pulsátil, de intensidade moderada a forte, incapacitante, que piora com as atividades da vida diária, muitas vezes levando o paciente ao leito. Costuma vir acompanhada de fotofobia e de fonofobia concomitante. Acompanha-se de náuseas e eventualmente de vômitos, e, quando estes ocorrem geralmente promovem alívio da dor. A dor pode durar de 4 a 72 horas mesmo – após o uso de medicação analgésica. #Bônus Enxaqueca sem aura em crianças– As crises em crianças podem durar de 1 a 72 horas, são geralmente bilaterais e frontotemporais. A migrânea na região occipital em crianças, seja unilateral ou bilateral, é rara e deve ser investigada, pois muitos casos são atribuíveis a lesões estruturais. A fotofobia e a fonofobia nas crianças devem ser avaliadas com a análise do comportamento. Migrânea com aura Enxaqueca ocular/oftálmica/aura é o conjunto de alterações visuais mono ou binoculares, de causa neurológica, usualmente seguido de forte dor de cabeça, enjoos, mal-estar, além de sensibilidade à claridade e ao som OBS.: Logo, a aura é um distúrbio neurológico focal. Apresenta crises de sintomas focais (aura) reversíveis que geralmente se desenvolvem em 5 a 20 minutos e duram menos do que 60 minutos. A maioria das auras de migrânea está associada à cefaleia que preenche os critérios para migrânea sem aura, geralmente sucedendo ao fenômeno da aura. Muitos pacientes apresentam migrâneas com e sem aura, e alguns podem apresentar a aura sem ser seguida pela migrânea. Fisiopatologia da enxaqueca Recentes descobertas têm apontado para os eventos neuronais mediando a aura e a migrânea, identificando uma origem cortical para a aura migranosa (depressão alastrante de Leão vasoconstrição inicial e depois – liberam-se vasodilatadores). A suscetibilidade das crises está relacionada com uma hiperexcitabilidade cortical nos pacientes, especialmente na região occipital, de m odo que tornaria esses neurônios suscetíveis às crises de migrânea. Além disso, fatores que aumentassem ou diminuíssem a excitabilidade neuronal poderiam modular o limiar para o disparo da crise. É possível que isso dispare o sistema trigeminovascular e suas projeções centrais, iniciando a crise. => vasodilatação e sensação dolorosa pelas vias antidrômicas e ortodrômicas A excitação do sistema trigeminal caminha antidromicamente pelas redes perivasculares, difundindo o processo de inflamação neurogênica. Ortodromicamente, os estímulos trigeminais atingem o tálamo e posteriormente o córtex cerebral, contribuindo para a dor. OBS.: A modulação anormal dos sistemas nociceptivos cerebrais, inicialmente transitórios e tornando-se permanentes com a continuação da doença, predisporia à sensibilização central. OBS.: Isso poderia explicar o aumento de duração da crise de migrânea e a troca do fenótipo de cefaleia episódica para cefaleia crônica. As crises de migrânea poderiam também originar-se em centros anormais moduladores nociceptivos do tronco cerebral Atualmente, a grande dúvida está em se a cefaleia se inicia no cérebro ou no tronco cerebral.. #Bônus Inflamação neurogênica pela via – antidrômica A estimulação antidrômica refere-se à condução dos potenciais de ação em sentido oposto ao normal nas fibras aferentes sensoriais por – ativação periférica à lesão , o que resulta em – inflamação neurogênica Os potenciais de ação invadem retrogradamente os processos de ramificações terminais arborização do nociceptor. E a – – despolarização resultante no terminal causa a liberação dos neuropeptídios substância P– (SP) e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP) que, por sua vez, atuam em células-alvo na – periferia, como os mastócitos e o músculo liso vascular produzindo a inflamação, a, qual é caracterizada pela vermelhidão, calor e inchaço Na enxaqueca, ocorre uma redução da serotonina plasmática. O sistema dopaminérgico está envolvido na enxaqueca, tanto que ocorrem vômitos e bocejos, por exemplo. Além disso, a excitação do núcleo do trato solitário (bulbo) provoca náuseas e vômitos também – tanto que os triptanos atuam nesses núcleos e, por isso, têm um efeito antiemético. A abertura dos canais de cálcio presente na enxaqueca provoca hipersensibilidade. #Bônus Mecanismos fisiopatológicos da enxaqueca – em crianças Na migrânea em crianças, o córtex somatossensorial primário realmente parece ser hiperexcitável, e a migrânea pode também envolver a região cervical alta, o que pode ser gerado pelas células WDR no corno dorsal da substância cinzenta cervical. OBS.: Essa região também é chamada de complexo trigeminal. Essa região pode ser ativada por fibras colaterais da coluna dorsal ascendente. É provável que a sensibilização central possa ser facilitada pela hiperexcitabilidade neuronal trigeminal e medular. OBS.: Essa hiperexcitabilidade medular e cortical favoreceria a transmissão de dor e provavelmente sua persistência A fisiopatologia raiz da enxaqueca O sistema nervoso central é onde origina a enxaqueca, ocorre quando o cérebro ativa o sistema trigeminovascular, já que o nervo trigêmeo é o quinto par de nervos cranianos e é responsável pela sensação geral da cabeça e da face. Assim, com a consequente ativação, os medidores inflamatórios interferem em algumas funções do hipocampo, e, dessa forma, são capazes de promover a liberação excessiva de substâncias e de neurotransmissores, gerando a inflamação na geração da dor. Os vasos dilatados do sistema nervoso central (SNC) reagem com outras substâncias liberadas pelas fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas. E, nesse momento, os estímulos trigeminais atingem o tálamo e posteriormente o córtex cerebral ocasionando tensamente a dor. A ação da enxaqueca sobre o sistema nervoso também ocorre em estímulos de certas terminações nervosas, como as estruturas extracranianas: pele, tecido, músculos, dentes e outros. No sistema nervoso central, encontra-se o tronco encefálico, que também recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e assim consegue controlar os músculos envolventes da cabeça. Na região temporal, mostram-se as primeiras manifestações da migrânea com várias manifestações antes do início da dor. Assim na parte temporal, ocorrerá um aumento das estruturas linfáticas, exaustão psicológica que é manifestada, como depressão, e física, quando as células nervosas estão agitadas e reagem a fatores externos, enviando impulsos para os vasos sanguíneos, causa sua constrição (relacionado a aura) seguida de uma dilatação (expansão) e a libertação de substâncias inflamatórias dando início à cefaleia A enxaqueca são dores na superfície da cabeça, que geralmente ocorrem em consequência da dilatação dos vasos sanguíneos, a qual é acionada por estímulos internos ou externos; pode também, ocorrer em decorrência de vários distúrbios fisiológicos ou psicológicos Existem várias hipóteses e causas que podem estar relacionadas às enxaquecas como:alimentos, alergias, fome, estresse, hereditariedade e origem psicogênica O caráter da dor, pode se apresentar de forma pulsátil, como pressão, sensação de peso, “em facada”, entre outras. Tratamento da enxaqueca O tratamento da migrânea deve ser precedido da identificação de morbidades associadas, fatores desencadeantes e agravantes. Com esses elementos, poderem os educar o paciente no manejo de desencadeantes possíveis de serem evitados e também poderemos avaliar a possibilidade ou não do tratamento não- farmacológico, OBS.: O tratamento não farmacológico inclui: técnicas de relaxamento (em casos selecionados), terapia cognitivo-comportamental (útil quando há nível elevado de estresse associado à motivação do paciente), dieta (indicada somente para desencadeantescomprovados naquele paciente específico), psicoterapia (em casos selecionados) e fisioterapia (recomendada em casos selecionados) O tratamento farmacológico engloba o tratamento da crise e o tratamento profilático. Para a crise, poderemos utilizar medicações inespecíficas ou específicas para a migrânea. Dentre os medicamentos inespecíficos, estão: paracetamol, anti-inflamatório não-hormonal (AINH) e combinações analgésicas (p. ex., associação com cafeína), antieméticos (metoclopramida, domperidona), corticosteróides (dexametasona) e antagonistas dopaminérgicos (clorpromazina). Já as medicações específicas para a migrânea incluem tartarato de ergotamina, di- idroergotamina (DHE) e os triptanos (sumatriptano, zolmitriptano e rizatriptano) O Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaléia (CSBC) para o tratamento da crise de migrânea o divide segundo a intensidade da crise: - fraca Primeiro, devem ser tomadas medidas gerais, como repousar em quarto escuro, evitar barulhos e, se possível, conciliar o sono. Também poderão ser úteis bolsas de gelo e/ou compressão da artéria das têmporas. Caso a dor não responda a essas medidas, as medicações que poderão ser utilizadas são os analgésicos comuns: paracetamol (1.000 mg VO, podendo ser • repetido 2 a 4 horas após, até o máximo de 3 g/dia); dipirona (500 mg VO, podendo ser repetida • 2 a 4 horas após, até o máximo de 2 g/dia). Os A IN H s indicados são: naproxeno sódico (750 a 1.250 mg VO, • podendo ser repetido 2 a 4 horas após e até o máximo de 1.650 mg/ dia; ibuprofeno (800 a 1.200 mg VO, podendo • ser repetido 2 a 4 horas após e até o máximo de 1.600 mg/dia); diclofenaco de sódio (50 a 100 mg VO, • podendo ser repetido 2 a 4 horas após e até o máximo de 200 mg/dia); ácido tolfenâmico (200 a 400 mg VO, • podendo ser repetido 2 a 4 horas após e até o máximo de 600 mg/dia); cloxinato de lisina (250 mg VO, podendo ser• repetido 2 a 4 horas após e até o máximo de 500 mg/dia). OBS.: Todos podem ser associados ou precedidos 30 minutos antes pelos antieméticos e gastrocinéticos metoclopramida (20 mg V O) ou domperidona (20 m g VO) respectivamente. - moderada Além dos analgésicos e dos AINHs, estão recomendados: tartarato de ergotamina (1 a 2 mg VO, • podendo ser repetido 1 a 2 horas até o máximo de 4 mg/dia); DHE (0,5 a 1 mg VO, podendo ser repetido • 1 a 2 horas após até o máximo de 2 mg/dia); sumatriptano (50 a 100 m g V O , 20 m g • intranasal, podendo ser repetido até o máximo de 200 m g VO/dia); zolmitriptano (2,5 a 5 mg VO ou SL, • podendo ser repetido até 5,5 mg/dia); rizatriptano (5 a 10 mg VO ou SL, podendo • ser utilizado até 20 mg/dia; a dose de 5 mg deverá ser utilizada caso o paciente esteja fazendo profilaxia com propranolol); naratriptano (2,5 m g VO, podendo ser • repetido até 5 m g/dia); OBS.: Em caso de recorrência da dor, os triptanos poderão ser associados aos AINHs. - forte Podem ser utilizados: os triptanos associados aos AINHs e • precedidos de antieméticos e gastrocinéticos; a indometacina (100 m g VR, podendo ser • repetida um a hora após e no máximo de 200 mg/dia); a dexametasona (4 m g EV, podendo ser • repetida 12 a 24 horas após); a clorpromazina (0,1 a 0,7 mg/kg IM);• o haloperidol (5 mg IM). • #Bônus Café contra a enxaqueca?– A cafeína potencializa o efeito do analgésico. Café em grande quantidade causa vasodilatação; pouco café e no início da crise de cefaleia funciona como vasoconstritor no início e vasodilatador geral depois Profilaxia da migr neaâ Segundo o consenso da SBC, são indicações de profilaxia: - a ocorrência de três ou mais crises por mês, - grau de incapacidade importante (mesmo que a freqüencia seja menor, isto é, uma crise ao mês ou menos), - falência da medicação analgésica (ineficácia, uso excessivo de medicação ou intolerância); - ineficácia da profilaxia não-farmacológica quando esta tiver sido a preferência inicial do paciente. As drogas profiláticas dividem-se em cinco grupos: - Beta bloqueadores causam vasodilatação – são: propranolol (40 a 240 mg/dia em 2 a 3 • tomadas); atenolol (25 a 150 mg/dia em 1 a 2 • tomadas); nadolol (40 a 120 mg/dia em 1 a 2 • tomadas); metoprolol (100 a 200 mg/dia em 1 a 2 • tomadas). OBS.: Os efeitos adversos são hipotensão arterial, bradicardia, sonhos vividos, pavor noturno, insônia, astenia, impotência sexual, broncoespasmo e depressão. OBS.: Os betabloqueadores inibem a vasoconstrição. - Antidepressivos são: amitriptilina (12,5 a 75 mg/dia em 1 a 3 • tomadas); nortriptilina (10 a 75 m g/dia em 1 a 3 • tomadas); venlafaxina (75 a 275 m g/dia em duas • tomadas ou na preparação de longa ação); duloxetina (60 mg/dia em dose única);• outros antidepressivos em casos resistentes,• particularm ente naqueles associados à depressão; OBS.: Os efeitos colaterais dos tricíclicos são sonolência, ganho de peso, constipação intestinal, secura de mucosas e retenção urinária. OBS.: A venlafaxina pode elevar a pressão arterial, a duloxetina pode aumentar a pressão intraocular e ambas poderão causar náuseas. - Bloqueador de canal de cálcio O bloqueador de canal de cálcio realm ente eficaz na migrânea é a flunarizina (5 a 10 m g/dia em um a tom ada). OBS.: Seus efeitos colaterais são sonolência, ganho de peso, depressão, síndromes extrapiramidais, astenia, dores musculares e parestesias. - Antagonista serotoninérgico, o qual foi o primeiro grupo de medicação eficaz para a profilaxia da migrânea. O pizotifeno (1,5 a 3 mg/dia em 2 a 3 tomadas) é utilizado especialmente em crianças. OBS.: Seus efeitos colaterais são sonolência, ganho de peso, boca seca, náuseas, vertigens e constipação intestinal. A etisergida deve ser utillizada com cautela (2 a 6 mg/dia em três tomadas). OBS.: Seus efeitos colaterais são náuseas, vômitos, desconforto abdominal, epigastralgia, diarreia ou constipação, cãibras, insônia, sensação de irrealidade, confusão mental, alucinações, ansiedade, depressão, astenia, artralgia, ganho de peso, vasoconstrição periférica, claudicação arterial intermitente dos membros inferiores, angina de peito e fibrose de serosas e valvares. Interrupções por quatro semanas a cada 4 a 6 meses evitam essa fibrose. - Anticonvulsivantes eficazes na profilaxia da migrânea são: topiramato (25 a 200 mg/dia em 1 a 3 • tomadas), ácido valpróico (500 a 1.500 mg/dia em 2 • a 3 tomadas) divalproato de sódio (500 a 1.500 m g/dia • em 1 a 2 tomadas ou em dose única na formulação de liberação contínua). OBS1.: O s efeitos colaterais do topiramato são sonolência, parestesias, perda de peso, alterações cognitivas, alterações no paladar, anorexia e predisposição à nefrocalcinose. Esses efeitos podem ser diminuídos se as doses forem aumentadas lentamente em 25 mg por semana ou até de 15 em 15 dias. OBS2.: Já os efeitos colaterais do ácido valpróico e do divalproato são sonolência, ganho de peso, tremor, alopecia, epigastralgia, náuseas, hepatopatia (monitorar a função hepática). O divalproato tem efeitos adversos gastrintestinais de menor frequência e intensidade. Referências bibliográficas: Dor: princípios e prática / Onofre Alves Neto (org.). [et. al]; Adriana Machado Issy. [et. al]. Porto Alegre: Artmed, 2009. https://health.uconn.edu/cell-biology/wp-content/uploads/ sites/115/2017/10/nociceptores_tradutpo_2012_fein.pdf
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