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Socializacao de Campo

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20
	
Almerante Augusto Maquela
Antonio Amisse
Articinta Daniel Consolo
Safia Atumane
Sábado Gabriel
Victorino Gonçalves
Tema: Socialização do Campo
Universidade Rovuma
Novembro
2021
Almerante Augusto Maquela
Antonio Amisse
Articinta Daniel Consolo
Safia Atumane
Sábado Gabriel
Victorino Gonçalves
Tema: Socialização do Campo
	Trabalho de carácter avaliativo a ser apresentado na cadeira de Sociologia Ambiental Do curso de GADC
dr: Nércio Janeiro
	
Universidade Rovuma
Novembro
2021
Índice
Introdução	4
SOCIALIZA ÇÃO	5
Socialização primária	6
DURKHEIM E A EDUCAÇÃO	7
A SOCIALIZAÇÃO DO CAMPO	8
Perspectivas educacionais em Moçambique após independência	11
Os primeiros anos (1975-1981)	14
A implementação do Sistema Nacional da Educação (SNE) num contexto de conflito (1981-1992	15
Educação após os Acordos da Paz (1992	16
Educação e género	17
Desafios actuais	18
Conclusão	20
Bibliografias:	21
Introdução
O rural moçambicano passou por transformações na forma de organização do espaço residencial e produtivo em função dos interesses do Estado, quer seja ele colonial como o que surgiu da luta de libertação nacional. Com este artigo pretendemos analisar como o domínio dos sistemas de objectos e de acções no espaço foi fundamental para a materialização dos interesses dos atores hegemónicos em cada fase da história moçambicana. Para sustentar as análises efectuadas ao longo do texto, recorremos à pesquisa bibliográfica sobre o assunto, tanto de autores moçambicanos como de estrangeiros. Foram consultados livros, artigos, teses e relatórios que abordaram a realidade do país durante a última fase da presença colonial portuguesa em Moçambique. Analisou-se os primeiros dez anos de independência de Moçambique, ou seja, quando foi implantada a socialização do campo como estratégia de desenvolvimento do espaço rural.
Objectivo geral
Falar da Socialização do campo
Objectivo específico
Debruçar sobre a Socialização do campo, antes e depois da independência, e a educação do campo…
Metodologia
A metodologia usada foi descritiva e consulta de varias obras bibliográficas e a consulta da internet, tendo em conta que um trabalho cientifico e muito vasto aqui contem informações básicas e essenciais e como a opinião conta aceitamos as criticas para melhorar mais..
SOCIALIZAÇÃO
Segundo LEVY JR(1973), a socialização é um processo contínuo no qual o indivíduo ao longo da vida aprende, identifica hábitos e valores característicos que o ajudam no desenvolvimento de sua personalidade e na integração de seu grupo, tornando-o sociável, hábitos estes que não são inatos. Para LEVY JR. (1973, p. 60), “em estado de isolamento social, o indivíduo não é capaz de desenvolver um comportamento humano, pois este deve ser aprendido ao longo de suas interacções com os grupos sociais”.
Importância da socialização
DURKHEIM (1987) ressalta a importância da socialização ao mostrar que a sociedade só pode existir porque penetra no interior do ser humano, moldando sua vida, criando sua consciência, suas ideias e valores.
Ao longo do processo de desenvolvimento humano, o indivíduo participa de inúmeros grupos sociais. A socialização faz com que a pessoa adquira as normas definidoras dos critérios morais e éticos, conforme os padrões da sociedade em que está inserido. Nessa constante interacção com o meio, o indivíduo vai internalizando crenças e valores, construindo padrões de comportamento próprios para interacção em cada grupo. Tais valores vão se consolidando e determinando suas escolhas, dentre elas, as escolhas profissionais. Este mesmo processo revela-se crucial no contexto de uma organização. Ao ingressarem em um novo grupo, os funcionários precisam ser apresentados aos valores, crenças, normas e práticas da organização, passando por um processo de socialização, que lhes permitirá articular-se com os processos de comunicação e de integração que permeiam o fazer colectivo.
O conceito de socialização e seus usos
Segundo os autores, a socialização acontece em duas etapas: 
a) Socialização primária, que é a introdução do indivíduo no mundo objectivo de uma sociedade ou sector dela; 
b) Socialização secundária, acontece quando um indivíduo já socializado que participa de outros sectores do mundo objectivo dessa sociedade. 
Para ficar mais claro, iremos tratar de cada etapa separadamente. Comecemos com a socialização primária.
O mundo social objectivo é, portanto, apresentado a partir de dois filtros: a) a classe social que os pais ocupam na sociedade; b) as particularidades que cada família tem. São estes 2 filtros que moldam/controlam nossa experiência nesse mundo social.
Socialização primária 
Família 
Escola 
Grupo de pares 
Media
Mas a socialização primária não é só um processo cognitivo, é também emocional.
A socialização secundária é diferente da primária, pois desperta processos diferentes. A começar pela consciência que de o mundo que foi apresentado na socialização primária não é o único existente. Pode ocorrer uma crise, vergonha ou medo do conhecimento da amplitude do mundo social, muito maior do que aquela primeira apresentação. Para que o mundo da socialização secundária seja absorvido, por vezes, é necessário um grande choque para que o mundo da socialização primária seja destruído.
Socialização secundária 
Integração em “submundos” especializados.
Ressocialização 
O indivíduo é separado da sua vida social anterior e despojado da sua identidade social. (Goffman).
A Educação do Campo é uma concepção político pedagógico voltada para dinamizar a ligação dos seres humanos com a produção das condições de existência social, na relação com a terra e o meio ambiente, incorporando os povos e o espaço da floresta, da pecuária, das minas, da agricultura, os pesqueiros, caiçaras, ribeirinhos e extractivistas (BRASIL, 2002).
De acordo com a concepção de educação rural, a educação deve ser dada aos indivíduos para suprir suas carências mais elementares, deve funcionar como uma educação supletiva em que transmite-se a cada indivíduo somente os conhecimentos básicos, pois se acredita não ser necessário aos sujeitos do campo, que lidam com a roça, aprender conhecimentos complexos, que desenvolvam sua capacidade intelectual. Assim a educação passa a ser vista Como um favor e não como um direito. 
DURKHEIM E A EDUCAÇÃO 
A educação é um assunto eminentemente social, tanto pelas suas origens como pelas suas funções.” 
Definição da educação 
“A educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não se encontram amadurecidas para a vida social. Ela tem por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de condições físicas, intelectuais e morais que dela reclamam, seja o meio específico a que ela se destina particularmente.” “
DURKHEIM E A EDUCAÇÃO 
A educação é um assunto eminentemente social, tanto pelas suas origens como pelas suas funções.” 
Definição da educação 
“A educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre as que ainda não se encontram amadurecidas para a vida social. Ela tem por objectivo suscitar e desenvolver na criança um certo número de condições físicas, intelectuais e morais que dela reclamam, seja o meio específico a que ela se destina particularmente.” “Muito longe de a educação ter por objectivo único (…) o indivíduo e os seus interesses, a educação é antes de mais, o meio pelo qual a sociedade renova perpetuamente as condições da sua própria existência.
Explicação causal e funcional da educação A educação cria as condições para que a sociedade se perpetue; é uma força conservadora.
Acto pedagógico Deve adequar o novo membro da sociedade àquilo que essa sociedade quer. Isto passa pelo controlo social (sanções e recompensas). “O homem que a educação deve realizar (…) é como a sociedade quer que seja.
Papel do professor Integrar novos membros na sociedade, tornando-os conscientes das normas pelas quais devem reger a sua conduta. Incutir ideias e sentimentos para harmonizar a criança com o meio em que a mesma deverá viver.
A SOCIALIZAÇÃO DO CAMPO
Após oalcance da independência, o governo da FRELIMO adoptou uma política económica, social e cultural que quebrava com os cerca de cinco séculos de dominação portuguesa, como também dos períodos anteriores à colonização, materializados numa estrutura feudal. Essas formas de gestão do espaço nacional deveriam ser alteradas, radicalmente, para uma nova que produzisse à formação do homem novo, numa sociedade nova, libertada sociedade feudal e colonial, produtora do homem comunista.
Para a materialização desse objectivo, que reassentava na socialização do campo, visto que o grosso da população residia no campo (perto de 90%) e dependia da agricultura de subsistência (quase 87%) para a sua reprodução social, era, fundamental, que se alterassem as formas de povoamento. A família rural moçambicana estava organizada em povo·amentos disperso de fraca densidade, intercalado, por pequenas aglomerações em volta das áreas de cultivo dominadas pela agricultura de comercialização. Esta forma de organização do assentamento rural não oferecia óptimas condições para a socialização do campo.
A transformação do assentamento rural disperso para o assentamento agrupado, materializado na criação das aldeias comunais era a característica da nova forma de organização do espaço residencial. Ao se transformar o espaço residencial era, também, fundamental que com ele se alterasse o espaço produtivo. Para que isso fosse possível, desvinculou-se o espaço residencial do espaço produtivo. Com ele, foram introduzidas novas formas de organização da produção, assumiu-se a necessidade de se passar para formas de produção mais avançadas, como as cooperativas de produção e as empresas agrícolas estatais (HERMELE, 1987; CENTRE FOR DEVELOPMENT RESEARCH, 1978; MACKINTOSH; WUYTS, 1987; ARAÚJO, 1989).
A socialização do campo, materializada nas aldeias comunais e nas formas colectivas de produção, foi a forma encontrada pelo governo da FRELIMO para a organização do espaço residencial e produtivo que respondesse aos interesses do partido e do governo. 
No terceiro ano da independência já existiam em Moçambique 857 aldeias comunais, albergando 12% da população rural. Perto de 70% das aldeias comunais encontravam-se concentradas na província de Cabo Delgado, seguida das províncias de Nampula e Gaza, com 9% para cada uma (tabela 1).
Os dados da tabela 1 demonstram que apenas três províncias concentravam perto de 90% das aldeias comunais registradas no país em 1978. A maior concentração de aldeias comunais na província de Cabo Delgado pode ser explicada por ser lá onde começaram a surgir as primeiras zonas libertadas. Niassa e Tete são também outras províncias em que se encontra com exclusividade esse tipo de aldeia comunal (tabela 2). 
Para os casos de Nampula e Gaza, a maior concentração de aldeias comunais encontra explicações diferentes. Para a primeira, o surgimento está fortemente ligado à corrida para a concentração da população em aldeias comunais resultante do encontro de Marrupa, que criou ambiente para os responsáveis provinciais e distritais entrarem em competição para a sua implementação (ARAÚJO, 1989; ALMEIDA SERRA, 1991). Enquanto para Gaza, constata-se que as inundações do rio Limpopo e Incomati aceleraram a criação de novas aldeias comunais, localizadas em áreas consideradas seguras em face de prováveis inundações (HERMELE, 1986; ARAÚJO, 1989).
Para o ano de 1982/83 as três províncias passaram a albergar perto de 70% das aldeias comunais. Apenas a província de Nampula aumentou significativamente o seu peso relativo. A província de Gaza manteve o seu percentual e a província de Cabo Delgado foi a que perdeu. Em termos absolutos constata-se que todas as províncias do país ganharam mais aldeias comunais, com excepção da de Cabo Delgado (tabela 1). Esse aumento proporcionou o aparecimento de mais de 500 aldeias, passando a concentrar cerca de 20% da população rural do país
Fonte: Araújo (1989) 
Legenda 
Tipo 1: Aldeia formada durante a luta de libertação nacional 
Tipo 2: Aldeias formadas a partir da mobilização produção colectiva 
Tipo 3: Aldeias resultantes de calamidades naturais 
Tipo 4: Aldeias edificadas em antigos “aldeamentos” 
Tipo 5: Aldeias formado pelos regressados da guerra de libertação nacional
A socialização do campo, que era a estratégia de desenvolvimento rural traçada para o país, requeria que as famílias rurais se concentrassem e desenvolvessem formas de produção mais avançadas. Apesar de que um dos princípios da criação das aldeias comunais era não ir contra a presença de áreas de cultivo familiar nas aldeias, constata-se que na prática tudo fazia crer que a luta contra a agricultura familiar estava declarada, tanto ao nível dos discursos, da legislação10, assim como das directrizes saídas dos congressos11 realizados.
A ratificação da importância do sector estatal na estratégia de socialização do campo veio com a realização do III Congresso da FRELIMO, realizado em Fevereiro de 1977, onde se definiu este sector como o dominante e determinante para o desenvolvimento agrícola e rural. Também, é nesse congresso que se tomam medidas importantes para a socialização do campo, assentada nas aldeias comunais e nas formas colectivas de produção (HERMELE, 1987; MACKINTOSH; WUYTS, 1987; ALMEIDA SERRA, 1991).
O III Congresso também definiu que, no processo de distribuição e/ou repartição das áreas de cultivo abandonadas pelos colonos, deveriam privilegiar-se as cooperativas, deveriam ser construídas nas aldeias comunais. Aos camponeses, o tamanho da terra foi limitado a não mais que um hectare, principalmente nas áreas de irrigação (CEA, 1979; ALBERTS, 1983). Para além da limitação da área para a agricultura familiar, Araújo (1989) mostra que em várias situações eram atribuídas terras menos férteis à agricultura familiar, ou mesmo reduziam-se as suas parcelas em função da expansão da área das aldeias comunais ou das áreas de cultivo comum.
Perspectivas educacionais em Moçambique após independência
Segundo Uaciquete (2010), com a obtenção da independência do país em 1975, Moçambique se deparou com uma estrutura patrimonial do sistema colonial, tanto material como humana, assim como, também, com uma educação que foi implementada nas zonas libertadas. 
Na área da educação, o país deparava com a insuficiência das instituições escolares e com a falta dos professores e técnicos para actuarem nesta referida área. O autor citado afirma que durante muitos anos, vários moçambicanos não frequentaram a escola por razões decorrentes do sistema colonial, baseado na descriminação, por este motivo, depois da independência, houve a expansão das escolas que se deu através das iniciativas das populações e através das campanhas de alfabetização feitas no país.
Segundo Uaciquete (2010), no sector educacional, por meio do Governo de transição, muitas acções foram levadas a cabo para discutir o sistema educacional, tais como:
· Seminário de Beira (Dezembro de 1974 a 1975);
· Reunião de Macuba (Abril de 1975);
· Seminário Nacional de Alfabetização (Abril de 1975);
· IIIª Reunião do MEC (Julho de 1979);
· Seminário Nacional da Língua Portuguesa (Outubro de 1979);
· Seminário Nacional de Ensino de Matemática (Maio de 1980).
Estes momentos foram considerados como momentos de esforço por parte da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), nos quais o povo foi mobilizado para a construção das escolas e onde a FRELIMO retirou todas as matérias de ensino que não estavam ligadas às ideologias da Frente e introduziu outras matérias de ensino, destacando-se a história e a geografia de Moçambique.
Outras mudanças que foram vistas na área da educação foram às mudanças dos mecanismos de gestão e administração de funcionamento das escolas, alterações dos currículos escolares e uma participação activa da população na escola. Muito embora, apesar de todos os esforços feitos para garantir uma boa educação que o país necessitava tanto, o país se deparava com vários problemas no que refere à cobertura da rede escolar, falta de materiais didácticos, péssima condiçãoda educação e outros problemas que afectavam o sector.
De acordo com o Relatório publicado pela AfriMAP (2012), após a independência em Junho de 1975, na área da educação, o padrão que a FRELIMO adoptou se baseava no padrão utilizado nas zonas libertadas na época da guerra da libertação. O referido padrão de ensino se coloca nos seguintes parâmetros:
· O ensino tem que funcionar com os seus próprios recursos; 
· Todas as pessoas devem aprender e ensinar; 
· Fazer uma conexão entre a teoria e a prática; 
· Lutar contra o tribalismo, racismo e nepotismo; 
· Fazer uma ligação entre a educação, produção e a comunidade; 
· Tornar a escola um meio democrático.
De fato, depois de o país conquistar a sua independência, o governo de Moçambique escolheu a área da educação como um meio possível para o desenvolvimento do país, muito embora muitas políticas estabelecidas pelo governo da FRELIMO não tivessem êxito, porque se verificava a falta das infra-estruturas, muitas reformas foram feitas, mas nem assim o governo era centralizado e este momento foi marcado pelo conflito armado, na qual houve a destruição das infra-estruturas escolares, o que originou o impedimento do desenvolvimento da qualidade educacional de Moçambique.
Num discurso proferido na 2ª Conferência do Departamento de Educação e Cultura (DEC), em 1973, Samora Machel afirma que a educação deveria preparar os moçambicanos para assumirem a nova sociedade e as suas exigências.
“A educação deve dar-nos uma personalidade moçambicana, que sem subserviência alguma, assumindo a nossa realidade, saiba em contacto com o mundo exterior, assimilar criticamente as ideias e experiências de outros povos, transmitindo-lhes também o fruto da nossa reflexão e prática.” (MACHEL, 1973).
Ainda segundo Samora Machel (1973), os moçambicanos deveriam adquirir uma atitude científica, aberta, livre de todos os pesos da superstição e tradições dogmáticas. Deveria ser criada uma nova atitude na mulher, emancipá-la na sua consciência e comportamento e ao mesmo tempo inculcar no homem um novo comportamento e mentalidade em relação à mulher. O desenvolvimento deste processo dependeria das novas gerações.
“Pela primeira vez na nossa história há crianças, há jovens, que crescem fora do colonialismo, fora das tradições dogmáticas. Há uma geração, a primeira, que se forma ao calor da revolução. É esta geração que nos próximos anos será chamada a prosseguir a tarefa que iniciamos. Eles são o viveiro donde sairá a planta selecionada, que fará triunfar definitivamente a revolução. A este nível a missão dos professores e quadros da educação é extraordinariamente delicada. Porque eles, como nós, cresceram e formaram-se no mundo antigo, ainda trazem em si muitos vícios e defeitos, muito individualismo e ambição, muitos gostos corruptos e superstições, que são nefastos e podem contaminar as novas gerações. Os professores e quadros da educação devem comportar-se como o médico, que antes de se aproximar do doente na sala de operações se desinfecta, se esteriliza, a fim de não infectar o paciente.” (MACHEL, 1973).
Hoje em Moçambique, o sistema de ensino está estruturado da seguinte forma: a) escolas pré-primárias, que abarcam as crianças com menos ou igual a seis anos de idade. Essas escolas são jardins infantis e creches; b) a educação escolar, abrange o ensino geral, ensino técnico profissional e educação superior. A educação escolar inclui as formas especiais de ensino, que são: educação especial, educação vocacional, alfabetização e formação de professores. Os dois níveis da educação compõem o ensino geral, englobando o ensino geral e o ensino secundário.
Os primeiros anos (1975-1981)
O primeiro governo de Moçambique depois da independência, em meio a outros objectivos, almejou a construção de uma economia independente e também a promoção do avanço social e cultural de Moçambique. 
Desde o primeiro momento da independência, a área da educação foi considerada o fator principal para o desenvolvimento do país e a concretização da democracia popular. O aparelho judicial do novo Estado de Moçambique, a chamada Constituição da República de 1975, considerou o acesso à educação um dever e direito de toda a população, na qual o Estado assumiu o papel de promover as condições necessárias para que todos moçambicanos pudessem ter esse direito.
Nos anos de 1975 a 1981, houve avanços importantes na área da educação, em 1975 havia 600.000 crianças e jovens frequentando as escolas, em 1980, quando foi feito o recenciamento nacional pós-independência, esse número subiu para 2,3 milhões de crianças e jovens frequentando as escolas e o número percentual das meninas, que nos anos de 1975 era de 35%, nos anos de 1980 subiu para 43%. As campanhas para alfabetização da população ajudaram bastante na redução da taxa de analfabetismo, em 1970, de 90% se reduziu para 70 %, em 1980, 84% correspondia às mulheres e 55% aos homens. As mudanças na área da educação não aconteceram só através da expansão ou mudança dos conteúdos de ensino, mas também na maneira como sistema foi administrado, com a participação de um número significativo da comunidade.
Depois da independência, muitas dificuldades abalaram o país, muito embora com tantos esforços feitos pelo governo e funcionário públicos, com a obtenção da independência, o país foi abandonado por técnicos portugueses o que originou crises por falta de pessoas qualificadas. O governo tinha o objectivo de expandir em nível do país as experiências obtidas nas zonas libertadas, mas este objectivo sofreu impacto porque houve a mudança da conjuntura, o movimento da libertação passou a ser partido-Estado, o referido movimento não continuou resolvendo somente os problemas de um grupo restrito de pessoas que compartilhavam as mesmas ideias, mas sim passou a tratar das questões de milhares de pessoas com ideias diferentes e um território vasto.
A implementação do Sistema Nacional da Educação (SNE) num contexto de conflito (1981-1992
De acordo com AfriMAP (2012), na área da educação, em 1981 ocorreram às primeiras iniciativas tomadas para uma planificação a nível nacional, isto aconteceu devido à aprovação dos princípios e objectivos gerais de sistema nacional de educação. As normas da política da educação concentravam-se na democratização do ensino e na sua articulação com as políticas do desenvolvimento nacional e foi reafirmada a importância da educação para o progresso económico e social, onde alguns objectivos foram estabelecidos, tais como:
· Acabar com o analfabetismo e oferecer acesso ao conhecimento científico à toda a população; 
· Inserir a obrigatoriedade da escola consoante o desenvolvimento do país, como sendo o factor de garantir a educação básica para os jovens de Moçambique; 
· Formar os professores profissionalmente conscientes e educadores, com uma nova e vasta organização política, ideológica, pedagógica e científica com capacidade de educar outras pessoas através dos conceitos socialistas; 
· Formar cientistas e especialistas bem qualificados para possibilitar o desenvolvimento da pesquisa científica consoante o que o país necessita.
As normas pedagógicas estabelecidas tinham como objectivo o desenvolvimento dos alunos através da educação, incluindo a modificação do país, estas normas eram para orientar a futura organização do Sistema Nacional da Educação em nível do país, que foi aprovado pela Assembleia Nacional Popular (ANP) através da lei-quadro em 1983.
A área da educação teria uma estrutura de cinco subsistemas de acordo com as normas do Sistema Nacional da Educação, que são:
· Educação geral;
· Educação de adultos;
· Educação técnico-profissional;
· Formação de professores;
· Educação superior.
Existiam quatro níveis, que são:
· Primário
· Secundário
· Médio
· Superior
O subsistema da educação geral foi estruturado em Ensino Primário (EP) que tem duração de sete classes, ou com a duração mínima de sete anos, cinco anos para 1º grau (EP1) e dois anos para 2º grau (EP2), e Ensino Secundário Geral (ESG) com a duração de cinco anos e com subdivisãode dois períodos, o primeiro período que vai da 8ª à 10ª classe (ESG1), o segundo período que vai da 11ª à 12ª classe (ESG2). Muitas normas administrativas e regulamentares foram adoptadas com o estabelecimento do Sistema Nacional da Educação, no qual a escola passou a ser obrigatória até 7ª classe.
Educação após os Acordos da Paz (1992)
No ano de 1990 com o fim da guerra civil, uma nova constituição foi anunciada, a Constituição da República de Moçambique, onde o mono partidarismo deu o espaço ao multipartidarismo, no qual os valores do socialismo democrático foram trocados e o país adoptou os valores da democracia liberal. 
Os acordos da paz foram assinados em Roma, capital da Itália em 1992 e em 1994 foram organizadas as primeiras eleições multipartidárias. A mudança do sistema foi seguida do processo de modernização e reforma das áreas públicas e subsequentemente de mudanças na área da educação. O Ministério da Educação em diálogo com os seus parceiros internacionais, que estavam ajudando bastante o país, lançou um plano-diretor para o ensino técnico e geral em 1994 e apropriar os métodos do ensino com a realidade dos professores;
· Descentralizar as escolas e suas gestões, os governos das províncias devem passar a tomar decisões em gestão e controle das escolas; 
· Inserir as línguas locais ou línguas maternas nos materiais escolares;
· Apropriar os métodos do ensino com a realidade dos professores; 
· Dar incentivo ao sector privado da área da educação.
Foi publicada pelo governo a sua Política de Educação em 1995, que estabelecia os objectivos da área da educação, suas prioridades, a sua organização e seu modo de funcionar. Em seguida o governo estabeleceu um plano estratégico para a área da educação focado na prioridade, constituindo então a Política Nacional da Educação (PNE).
Educação e género
Desde muito tempo o governo de Moçambique colocou na sua agenda a igualdade de género, o governo rectificou vários acordos internacionais e africanos de direitos humanos enfatizando o género, o governo também unificou a questão do género e da promoção da igualdade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres nas principais acções de planejamento da política e planos estratégicos.
O Programa Quinquenal do Governo para 2010-2014 confere a prioridade à protecção da mulher e da família, em 2009, foi aprovada pelo governo a Estratégia do Género na Função Pública para 2009-2013 onde foram ressaltados alguns pontos principais:
· Princípio de integração de género, que estabelece a igualdade de género orientando todas as acções estratégicas e políticas do governo; 
· Princípio de igualdade, realçando a igualdade de direitos e mesma oportunidade;
· Princípio de não descriminação, que estabelece que nenhum funcionário deve ser prejudicado ou beneficiado de qualquer direito por causa do seu género; 
· Princípio da equidade de género, que trata da distribuição justa dos benefícios por funcionários e funcionárias; 
· Princípio de dignidade, onde o assédio de qualquer forma deve ser evitado no local de trabalho tendo em vista a garantia de um bom ambiente de trabalho; 
· Princípio da conciliação de trabalho-família, a ligação do direito humano ao trabalho e do direito humano à formação da família.
O Programa Quinquenal estabeleceu ainda que para o desenvolvimento da área da educação o governo procurará:
· priorizar o género no ensino primário;
· Promover o acesso das meninas na educação e formação técnico-profissional;
· Autorizar a Política de Acesso ao Ensino Superior levando em consideração a questão do género.
Desafios actuais
Muito embora se verifique o desenvolvimento no sector da educação nos últimos anos, pode-se reconhecer que o referido sector ainda enfrenta vários problemas, até então existe baixa taxas de escolaridade no ensino secundário e superior, o país enfrenta ainda as baixas taxas de conclusão, a desigualdade de género, as deficiências nas infra-estruturas, a baixa qualidade de educação, falta de recursos humanos, estes e outros pontos não citados aqui são os problemas que a área da educação enfrenta em Moçambique.
Entre outras dificuldades urgentes que a educação enfrenta podemos citar algumas mais urgentes, que são: a questão de qualidade de ensino primário e a questão da expansão do ensino pós-primário.
Os investimentos para a construção das infra-estruturas, contratação dos professores e de funcionários para actuarem nas escolas não têm êxito no sentido de atender as demandas do sector, principalmente com as novas exigências. Foram criticadas as medidas políticas tomadas para acelerar o avanço da área da educação por causa das suas condições precárias, ainda existe pouco acesso ao ensino pós-primário e não existe um acompanhamento básico para o ensino primário, onde vários estudantes, ao terminarem o ensino básico, não acham um meio ou condições necessárias para dar continuidade a seus estudos.
Entre muitas razões, que levaram à baixa qualidade do ensino em Moçambique, além das dificuldades existentes na educação, o que é assinalado pelos altos níveis de pobreza e de desnutrição das crianças, alguns problemas relacionados à educação foram destacados, tais como:
· Alto rácio entre alunos e professores na turma; 
· A pouca motivação e formação pedagógica dos professores;
· Falta de manual de orientação de professor organizado e com detalhes;
· Carência de material e equipamentos didácticos;
· A falta de muitas escolas pré-primárias; 
· Uma introdução tão lenta do ensino da língua materna o que ajudaria na facilidade de aprender os conteúdos escritos em língua portuguesa; 
· Curto período lectivo.
Para finalizar, os custos da educação directa ou indirectamente fazem surgir os efeitos no acesso e fixação das crianças nas escolas, na maioria das vezes, são os familiares que custeiam a fixação das crianças nas escolas, os custos directos correspondem às propinas pagas para o ensino secundário, gastos nas compras de materiais escolares e indirectamente estes custos incluem refeições, uniformes escolares, entre outros.
Conclusão
Depois de varias pesquisas e varias abordagens chegamos a conclusão de que O alcance da independência nacional colocou um fim ao sistema colonial implantado no território nacional. O mesmo não significou a concessão da independência dos territórios do território nacional, mas sim a sua consolidação. Para que o território uno se estabelecesse mais uma vez a organização do espaço teve que ser alterado, passando-se para o povoamento agrupado. Esta forma de povoamento que deslocou o espaço residencial do espaço produtivo estava associada às transformações nas relações sociais e de produção, marcadas pela introdução de formas colectivas de produção. Introduziu-se a socialização do campo como estratégia de desenvolvimento rural. 
Bibliografias: 
DURKHEIM, Émile. Educação e sociedade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.
HERMELE, Kenneth. War and stabilization: a mid-tern review of Mozambique’s Economic Rehabilitation Programme (PRE) with implications for Swedish development assistance. Country ReportMozambique, october 1988.
ARAÚJO, Manuel G. M. de. O sistema das aldeias comunais em Moçambique: transformações na organização do espaço residencial e produtivo. 1989. Tese de doutorado. Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa. Lisboa, 1989.
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