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Victoria Chagas 1 TRANSTORNOS PSICÓTICOS As síndromes psicóticas caracterizam-se por mudanças de comportamento, distorções da apreensão da realidade e inapropriação do afeto ➢ PSICOSE PRIMÁRIA (a própria psicose é o problema principal) • Esquizofrenia • T. Delirante persistente → Duração de 1 mês ou mais. Presença de delírios (sem alucinação). Vários tipos, como ciumento, persecutório, grandioso, somático ou misto. Mais comum em mulheres de meia idade e o tratamento é terapia e antipsicóticos. • T. psicótico breve → Dura mais de um dia e menos de um mês. Pelo menos 1 de: delírio, alucinação, discurso desorganizado, comportamento esquisito. Recuperação TOTAL. Muitas vezes relacionado a estressores (psicose reativa breve), podendo ocorrer no pós parto. • T. Esquizofreniforme → Dura mais de um mês e menos de 6 meses. Dois ou mais de: delírio, alucinação, discurso desorganizado, comp. Esquisito, sintomas negativos. Recuperação TOTAL. Geralmente é um diagnóstico provisório (depois de um tempo, com um segundo episódio, muda para esquizofrenia). • T. Esquizoafetivo → Delírio e alucinação na ausência de quadro de humor + episódio de alteração de humor (separado) com ou sem sintomas psicóticos → ‘’tipo uma mistura de esquizofrenia + TAB’’ ➢ PSICOSE SECUNDÁRIA • Psiquiátricos → depressão/mania com sintomas psicóticos (vozes de se matar/ de grandeza) • Clínicos → delirium, demência, epilepsia, TCE e AVC, hipo/hipertireoidismo, hipoglicemia, encefalopatia renal e hepática, Parkinson, infecções, distúrbios eletrolíticos, deficiência de vit. b12... • Drogas → psicoestimulantes e maconha • Álcool (uso e abstinência) • Medicações →corticoides, anticolinérgicos por exemplo * Os quadros psicóticos relacionados a causas externas/secundárias, álcool são mais agudos e sua duração depende do tratamento adequado e da retirada da causa de base. DELÍRIOS ALUCINAÇÕES - Alterações de PENSAMENTO/INTERPRETAÇÃO, como ideia irremovível, impossível e não passível de argumentação. - Ex.: tem um carro estacionado, mas o paciente interpreta como se quisessem sequestrá-lo. - Alterações De SENTIDOS como tato, audição e visão. - Ex.: Ouvir vozes e ver pessoas inexistentes Victoria Chagas 2 ESQUIZOFRENIA OQUE É? - Quadro psiquiátrico grave com deterioração progressiva das funções mentais (neurodegenerativa) → alterações de afetos, perda cognitiva, diminuição de subs. Cinzenta, menor fluxo cerebral em algumas áreas... EPIDEMIO - Pico de idade: adultos jovens de 16-24 anos - Segundo pico: aos 40 anos (se depois de 40 é considerado quadro tardio) - Atinge cerca de 1% da população - Homens > mulheres (1,4:1) - Em mulheres, geralmente é um quadro mais tardio (estrógeno seria um fator protetor) - Muito rara <12 anos e >60 anos - Alta taxa de mortalidade (fumam e se cuidam menos, mais negligenciados, medicações que engordam e possui outros efeitos) - Fator genético importante FISIO PATO GENIA - O modelo etiológico usado com maior frequência é o de ESTRESSE-DIÁTESE, segundo o qual o indivíduo que desenvolve esquizofrenia teria uma vulnerabilidade biológica específica (diátese), que, ativada pelo estresse, permitiria o aparecimento dos sintomas. **Os fatores estressores podem ser genéticos, biológicos, psicossociais ou ambientais. ➢ FATOR GENÉTICO - Vários genes envolvidos na fisiopatologia da doença - 10% de chance pra que tem um irmão esquizofrênico, entretanto 85% das pessoas esquizofrênicas não possuem parentes próximos com a doença. ➢ FATORES AMBIENTAIS/DE RISCO - Complicações de gestação/parto; - Problemas do desenvolvimento neuropsicomotor; - Abuso físico ou sexual na infância; - TCE; - Uso de drogas (como a maconha); - Entre outros ➢ HIPÓTESE DOPAMINÉRGICA DA PSICOSE - Sintomas psicóticos → excesso de dopamina, principalmente na via mesolímbica - Não é a causa da psicose, mas a via final comum (vários estressores e outros fatores em pessoas com vulnerabilidade para a doença levam ao excesso de dopamina). • VIA MESOLÍMBICA (b) → relacionada o prazer e ao estímulo - ↑↑Dopamina em excesso nessa via na esquizofrenia → alvo dos tratamentos - Excesso causa Saliência aberrante → interpreta coincidência erroneamente - Relacionada a sintomas positivos, agressivos e afetivos. • VIA MESOCORTICAL (c) → relacionado a comportamentos - ↓↓ Diminuição da dopamina → relacionado aos sintomas negativos, cognitivos e afetivos Victoria Chagas 3 FISIO PATO GENIA • VIA NIGROESTRIATAL (a) → relacionado aos movimentos (vias extrapiramidais) - Geralmente a dopamina está normal nessa via, mas os medicamentos inibem a DA e gera efeitos colaterais → sintomas extrapiramidais como parkinsonismo secundário. • VIA TUBEROINFUNDIBULAR (d) → relacionado a liberação de prolactina - Geralmente a dopamina está normal nessa via, mas os medicamentos inibem a DA e gera efeitos colaterais → ↑ da prolactina (hiperprolactinemia) CLÍNICA - Crises de sintomas psicóticos + evolução crônica de sintomas negativos • Os sintomas positivos incluem a presença de processos mentais anormais, • Os sintomas negativos envolvem a ausência de função mental normal. • A categoria desorganizada refere-se às anormalidades linguísticas e comportamentais • Além desses três tipos de sintomas, há os déficits cognitivos e os sinais neurológicos sutis → déficit na atenção, memória, velocidade de processamento, funções executivas, dificuldade em perceber emoções e percepção social. * Sintomas negativos possíveis de serem identificados pela observação → redução de fala, aparência descuidada e contato visual limitado. ** Sintomas negativos possíveis de serem identificados por algumas perguntas → redução de capacidade da resposta emocional, redução de interesse em passatempos ou social. *** Os pacientes cursam com falta de insight (não reconhece sintomas como doença) Victoria Chagas 4 CLÍNICA o EVOLUÇÃO: - Geralmente inicia com criança apresentando problemas de interação na escola e em casa → Depois apresenta um padrão de desinteresse (sintomas negativos) → quadro agudo de surto → a partir daí começa a ter flutuações de sintomas. - O curso consiste nas exacerbações e remissões. - A cada recaída segue-se uma deterioração adicional dos funcionamentos básicos do paciente. Tornar DIAGNÓS TICO Victoria Chagas 5 DIAGNÓS TICO * Deve-se fazer exames complementares para exclusão de causas secundárias da psicose TRATA MENTO - O tratamento de é o uso de antipsicóticos associado a estratégias psicossociais - Antipsicóticos atípicos são de 1ª escolha pelos efeitos adversos reduzidos, porém deve-se avaliar custo, disponibilidade e efeitos colaterais. - Habitualmente, o efeito terapêutico dos antipsicóticos manifesta-se de forma gradual, em média em 4 a 6 semanas - Se não houver resposta satisfatória após este período, deve-se trocar por um neuroléptico de outra classe. - A medicação deve ser mantida por um mínimo de 6 a 12 meses após a remissão dos sintomas - Após o 1º surto, o tratamento de manutenção deveser de pelo menos 1 a 2 anos - Para pacientes com mais de um surto, ele deve ser de pelo menos 5 anos - Nos episódios psicóticos agudos, em que há extrema agitação e agressividade, podem ser utilizados neurolépticos injetáveis (intramuscular), até que a medicação oral atue eficazmente. - A internação deve ser vista como uma medida extrema, de curta duração. É uma opção para aqueles que tem alteração de comportamento que gera risco para ele ou para outras pessoas, Victoria Chagas 6 TRATA MENTO ➢ ALGUNS EFEITOS COLATERAIS E MANEJO - EXTRAPIRAMIDAIS: • Acatisia aguda → transtorno de movimento com sensação de inquietude interna - Quando reconhecida, deve-se reduzir a dose do antipsicótico ao mínimo eficaz. - Pode usar betabloqueadores (propranolol de 40-120 mg/dia VO) ou benzodiazepínicos (clonazepam 2-6 mg/dia) ou mudar a classe do antipsicótico. • Distonia aguda → movimentos involuntários provocados por contrações ou espasmos musculares lentos e contidos. Pode acometer o pescoço (torcicolo espasmódico), mandíbula (abertura vigorosa da boca), a língua (protusão) e o corpo todo (opistótono). - Tratamento imediato → agentes anticolinérgicos (biperideno 4 mg, 1 ampola IM). • Discinesia tardia → movimentos anormais, irregulares, involuntários e repetitivos. - Sua evolução tende a ser crônica, de início insidioso, geralmente após, 6 meses - Até o presente momento, não há tratamento eficaz → considerar a redução ou suspensão • Síndrome parkinsoniana → tremor, rigidez muscular e bradicinesia. - Geralmente inicia em 2-4 semanas de uso ou aumento de dose dos APS - Redução da dose ou mudança de AP e antiparkinsonianos (biperideno 2-6 mg/dia) • Síndrome neuroléptica maligna → grave, com sintomas motores (rigidez, acinesia, mutismo, agitação, distonia e alteração nível de consciência) e autonômicos (febre, ↑ PA, taquicardia) - Fatores de risco → rápido aumento da dose, associação de AP de alta potência e uso repetido de AP por via IM. Pode apresentar aumento de CPK e leucocitose em exames. - Tratamento feito com agonistas dopaminérgicos (bromocriptina 2,5-10 mg, VO 3x/dia), associado a relaxantes musculares (dantrolene 1-3 mg VO até 4x/dia) continuado por 5-10 dias e, com a melhora clínica considerar a reintrodução cuidadosa do AP de baixa potência. - ENDOCRINOLÓGICAS: • Hiperprolactinemia → Pode ter galactorreia, aumento de mama, amenorreia. - O manejo seria redução de dose ou troca de antipsicótico principalmente • Ganho de peso → aumento da glicemia e colesterol (diabetes e hipercolesterolemia) - Antagonismo central dos receptores H1 (sedativo e ↑ de peso) - Estimular estilo de vida saudável ou mudar AP para um q age menos nesses receptores
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