Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NEOPLASIA -parte 2- CARCINOGÊNESE O câncer não é um evento que ocorre da noite para o dia ≫ Seu fator primordial é o dano genético não letal. E a maior parte do câncer é de mutações que sofremos durante a vida (acúmulo de alterações), pois uma alteração apenas não tem potencial de gerar uma célula com fenótipo transformado. A célula cancerígena evolui ao longo do tempo e acumula novas alterações genéticas. Heterogeneidade tumoral ≫ uma determinada célula normal sofre uma mutação no gene “A”, dando uma característica diferencial a ela. Essa mutação vai sendo transmitida de célula para célula. Só que 2 anos depois, teve uma mutação no gene “B” e outra no “C” e depois no gene “E”, “F” e “G”, encontrando assim uma heterogeneidade tumoral. Gene RAS é um gene que a maioria dos pacientes oncológicos tem alteração nele. (30%) (oncogene) P53 também é alterado em cerca de 50% dos pacientes (gene sup de tumor) Além do início do tumor a partir de uma única célula fundadora, é importante reconhecer que os cânceres continuam a sofrer uma seleção darwiniana e, portanto, continuam a evoluir. As alterações que são passadas para as outras células ou não interferem na reprodução celular (não mata) ou favorece essa reprodução (se espalha mais rapidamente). A radioterapia ela aumenta a reprodução celular para induzir a apoptose a partir de outras vias. Mesmo que os tumores malignos apresentem origem monoclonal, eles, de forma geral, são geneticamente heterogêneos no momento da apresentação clínica. Duas propriedades mais perigosas dos cânceres: 1) A tendência ao longo do tempo para que os cânceres se tornem mais agressivos e 2) menos sensíveis à terapia antineoplásica. CARACTERÍSTICAS DO CÂNCER 1) Evasão de supressores de crescimento ≫ as células normais possuem limite de crescimento e só se reproduz quando necessário, sendo controlada pelos inibidores de crescimento. Quando a célula escapa desse controle, ocorre desenvolvimento neoplásico. 2) Capacitação de imortalidade replicativa ≫ se não houver intervenção, a célula não tem limite de replicação. 3) Inflamação promotora tumoral ≫ processo inflamatório pode aumentar a progressividade de tumor. A reação pode atrair e estimular ainda mais a proliferação do tumor. 4) Ativação de invasão e metástase 5) Instabilidade genômica 6) Indução de angiogênese 7) Resistência à morte celular 8) Desregulação do metabolismo celular energético 9) Manutenção da sinalização proliferativa ≫ a célula continua se multiplicando mesmo sem estímulo. 10)\Escape do sistema imune Corpo humano = 70% água, 24% proteínas, 6% resto. Basicamente tudo é feito por proteínas, não tem nenhuma função fisio ou morfológica que não dependa direta ou indiretamente de proteína. O DNA é tipo um livro de receita de proteína. As proteínas são formadas por aminoácidos, que se relaciona com a formação do DNA através dos códons (a cada 3 nucleotídeos – 1 aminoácido) (2,5% dos DNA são códons e o resto é fazendo com que os 2,5 funcione kk). O gene da P53 possui três partes: uma codifica uma parte da proteína, que se liga ao DNA; a segunda parte codifica uma parte da P53 que faz com ela se ligue a outra P53; outra parte executa a função específica da P53. A mutação geralmente ocorre na parte que executa a função GENES DO CÂNCER Oncogenes Supressores de tumor Reguladores da apoptose Genes que regulam as interações entre células tumorais e normais ≫ Os 2 últimos são subtipos dos dois primeiros. LESÕES GÊNICAS NO CÂNCER As células tumorais podem adquirir mutações significativas através de vários meios, incluindo mutações pontuais (pequenas trocas nucleotídeas) e anormalidades cromossômicas não aleatórias (algumas mutações acontecem em detrimento de outras) que contribuem para a malignidade; estes incluem rearranjos de genes, deleções e amplificações (cópia do gene). Alguns fatores aumentam a frequência de mutações no DNA: Agentes químicos Agentes físicos Agentes biológicos ONCOGENES Genes associados à proliferação celular. São genes que induzem um fenótipo transformado quando expressos nas células, promovendo o aumento do crescimento celular. Os oncogenes são versões mutadas ou superexpressas de genes celulares normais, que são chamados proto-oncogenes. A maioria dos oncogenes codifica fatores de transcrição, fatores que participam de vias de sinalização pró-crescimento ou fatores que aumentam a sobrevivência celular. Atualmente, eles são considerados genes dominantes porque uma mutação envolvendo um único alelo é suficiente para produzir um efeito pró-oncogênico. Toda proteína que estimula a mitose (direta ou indiretamente) é um proto-oncogene. Oncogene Ras É o oncogene mutado mais comum em tumores humanos. Aproximadamente 30% de todos os tumores humanos contêm o gene RAS mutado, e a frequência é ainda maior em alguns cânceres específicos (p. ex., adenocarcinoma pancreático). RAS é membro de uma família de pequenas proteínas G que se liga a nucleotídeos de guanosina (trifosfato de guanosina [GTP] e difosfato de guanosina [GDP]). É um dos mais comuns. Nossas células tem o receptor de fator de crescimento, que se modificam e ativam o RAS e ai no final acaba levando a progressão do ciclo celular. Oncogene Her-2 Ele está em todas as células e nas células epiteliais ele é responsável por um receptor. Esse receptor recebe o estímulo para que a célula se multiplique, induzindo a mitose. É normal termos esse gene ativado em pequena quantidade. Mas ai ocorre uma amplificação (quantidade excessiva de genes ativados -por causa das cópias-) Está amplificado em aproximadamente 20% dos cânceres de mama e em uma fração menor de adenocarcinomas do pulmão, ovário, estômago e glândulas salivares. Esses tumores são extremamente sensíveis aos efeitos mitogênicos de pequenas quantidades de fatores de crescimento. Paciente que tem esse perfil tem uma maior resistência á quimioterapia (faz quimio + adjuvante). SUPRESSORES DE TUMOR Inibidores da mitose. (os alelos bloqueiam a mitose) Normalmente impedem o crescimento descontrolado e, quando mutados ou perdidos de uma célula, permitem desenvolver o fenótipo transformado. Frequentemente, ambos os alelos normais dos genes supressores de tumor devem estar danificados para que a transformação ocorra. Os genes supressores de tumor normalmente são colocados em dois grupos gerais, “governantes”, que agem como importantes freios à proliferação celular, e os “guardiões”, que são responsáveis pelo reconhecimento de danos genômicos. Alguns genes guardiões iniciam e orquestram uma complexa “resposta ao controle de dano” que leva à cessação da proliferação ou, se o dano for muito grande para ser reparado, indução da apoptose. Proteína RB (retinoblastoma) O gene do retinoblastoma (RB) foi o primeiro gene supressor de tumor a ser descoberto e atualmente é considerado o protótipo desta família de genes associados ao câncer. Assim como acontece com muitos avanços na medicina, a descoberta de genes supressores de tumor foi realizada pelo estudo de uma doença rara – neste caso, o retinoblastoma, um tumor incomum na infância. Aproximadamente 60% dos retinoblastomas são esporádicos e o restante é familiar, sendo a predisposição ao desenvolvimento do tumor transmitida como característica autossômica dominante. A funçao normal da proteína retinoblastoma é ficar associada a E2F (fator de transcrição que quando está livre, ativa o gene da fase S). Quando a célula recebe algum estímulo de fator de crescimento, mitoses e quinases são ativadas fosforilando a retinoblastoma, fazendo com que ela solte a E2F, que vai para o núcleo e sai de G1 para S. Se acontece uma mutação no gene que façacom que ela não seja produzida ou ela não consiga se ligar, Mesmo na presença de estímulo inibitório, ela não consegue controlar a E2F, ativando o gene da fase S sempre. Para explicar a ocorrência esporádica e familiar de um tumor idêntico, Knudson, em 1974, propôs sua famosa hipótese de dois eventos (two hits). O segundo vai ter mutação mais cedo e bilateral (provavelmente), porque ele já nasceu com a predisposição. Gene RB Assim como outros genes supressores de tumor, ambas as cópias de RB devem estar disfuncionais para que o desenvolvimento do tumor ocorra. Nos casos do retinoblastoma familiar, uma cópia defeituosa do gene RB está presente na linhagem germinativa, de modo que apenas uma mutação somática adicional é necessária para eliminar completamente a função de RB. RB exerce efeitos antiproliferativos ao controlar a transição G1-para-S do ciclo celular. Na sua forma ativa, a pRB está hipofosforilada e se liga aos fatores de transcrição E2F. Esta interação evita a transcrição de genes como a ciclina E que são necessários para a replicação do DNA e, portanto, as células permanecem aprisionadas em G1. A sinalização do fator de crescimento leva à expressão de ciclina D, ativação de complexos de ciclina D-CDK4/6, inativação de RB por fosforilação e, portanto, liberação de E2F. A perda de controle do ciclo celular é fundamental para a transformação maligna. Quase todos os cânceres apresentam o ponto de controle G1 desativado devido à mutação do gene RB ou genes que afetam a função da pRB, como ciclina D, CDK4 e CDKIs. Muitos vírus de DNA oncogênicos, como o HPV, codificam proteínas (p. ex., E7) que se ligam à pRB e tornam-na não funcional. Proteína P53 (guardiã do genoma) ela não faz essas funções diretamente, pois ela é um fator de transcrição, que ativa a transcrição de outros genes. Mutação > ativa P53 > ativa outro gene > tentar fazer a correção = se não resolveu > ativa P53 > ativa outro gene > induz a apoptose. O gene TP53 codifica a proteína p53, o monitor central do estresse na célula, que pode ser ativada por anóxia, sinalização inadequada por oncogene ou dano ao DNA. A p53 ativada controla a expressão e a atividade dos genes envolvidos na parada do ciclo celular, reparo do DNA, senescência e apoptose. O dano ao DNA leva à ativação de p53 por fosforilação. A p53 ativada impulsiona a transcrição de CDKN1A (p21), que impede a fosforilação de RB, causando, portanto, um bloqueio de G1-S no ciclo celular. Essa pausa permite que as células reparem o dano ao DNA. Se o reparo do DNA não for possível, p53 induz senescência ou apoptose celular. Dos tumores humanos, 70% demonstram perda bialélica de TP53. Os pacientes com a rara síndrome de Li-Fraumeni herdam uma cópia defeituosa de TP53 na linhagem germinativa, de forma que somente uma mutação é necessária para a perda da função normal de p53. Na síndrome de Li-Fraumeni, os pacientes são propensos a desenvolver uma ampla variedade de tumores. Como ocorre com a proteína RB, a p53 pode ser incapacitada pela ligação a proteínas codificadas por vírus de DNA oncogênicos, como o HPV. LESÕES GÊNICAS DO CÃNCER Os rearranjos de genes (geralmente causados por translocações, mas às vezes por inversões ou por outros eventos mais complexos) contribuem para a carcinogênese devido à superexpressão de oncogenes ou geração de novas proteínas de fusão com capacidade de sinalização alterada. As deleções frequentemente afetam os genes supressores de tumores, enquanto a amplificação de genes aumenta a expressão de oncogenes. A superexpressão de miRNAs pode contribuir para a carcinogênese, reduzindo a expressão de supressores de tumor, enquanto a exclusão ou a perda de expressão de miRNA podem levar à superexpressão de um proto-oncogene. Os genes supressores de tumor e os genes de reparo de DNA também podem ser silenciados por alterações epigenéticas, que envolvem alterações reversíveis e hereditárias na expressão gênica que ocorrem não por mutação, mas pela metilação do promotor. EVASÃO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO As células tumorais podem ser reconhecidas pelo sistema imune como não próprias e serem destruídas. A atividade antitumoral é mediada por mecanismos predominantemente mediados por células. Os antígenos tumorais são apresentados na superfície celular por moléculas MHC de classe I e são reconhecidos por CTLs CD8 + . As diferentes classes de antígenos tumorais incluem produtos de genes mutados, proteínas superexpressas ou expressas de forma aberrante e antígenos tumorais produzidos por vírus oncogênicos. Os pacientes com imunossupressão apresentam um risco aumentado de desenvolver câncer, particularmente os tipos causados por vírus de DNA oncogênicos. Em pacientes imunocompetentes, os tumores podem evitar o sistema imune por meio de vários mecanismos, incluindo: Crescimento seletivo das variantes antígeno-negativas; Perda ou a redução da expressão de moléculas de histocompatibilidade; Imunossupressão mediada pela expressão de certos fatores (p. ex., TGFβ, ligantes PD-1) pelas células tumorais. Os anticorpos que superam alguns desses mecanismos de evasão imune são agora aprovados para o tratamento de pacientes com formas avançadas de câncer
Compartilhar