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MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME Transtorno de sintomas somáticos (CID 10: F45.1) Introdução O transtorno de sintomas somáticos, também conhecido como hipocondria, é caracterizado por seis meses ou mais de uma preocupação geral e não delirante com temores de ter, ou a ideia de que tem, uma doença grave com base na falsa interpretação de sintomas corporais; Essa preocupação causa sofrimento significativo e prejuízo na vida do indivíduo e não é justificada por outro transtorno psiquiátrico ou clínico; Epidemiologia Homens e mulheres são igualmente afetados; Embora o início dos sintomas possa ocorrer em qualquer idade, o transtorno aparece com mais frequência em pessoas entre 20 e 30 anos; Algumas evidências indicam que esse diagnóstico é mais comum entre negros do que entre brancos, mas posição social, grau de instrução, gênero e estado civil parecem não afetar o diagnóstico; Queixas relacionadas a esse transtorno ocorrem em cerca de 3% dos estudantes de medicina, em geral nos primeiros dois anos, mas costumam ser transitórias; Diagnóstico De acordo com o DSM-5, os critérios diagnósticos para transtorno de sintomas somáticos requerem que os pacientes estejam preocupados com a falsa crença de que têm uma doença grave, com base em sua falsa interpretação de sinais ou sensações físicos (geralmente fisiológicos); • A crença deve durar pelo menos 6 meses, apesar da ausência de achados patológicos em exames médicos; Os critérios também requerem que a crença não tenha a intensidade de um delírio (transtorno delirante) e não seja um sofrimento em relação à aparência (transtorno dismórfico corporal); Os sintomas do transtorno devem ser suficientemente intensos para causar sofrimento emocional ou prejuízo na capacidade do indivíduo em áreas importantes da vida; Os clínicos podem especificar a presença de insight deficiente (os pacientes não reconhecem que suas preocupações com doenças sejam excessivas); Manifestações clínicas Indivíduos com transtorno de sintomas somáticos acreditam que têm uma doença grave ainda não detectada, e não é possível serem persuadidos do contrário (essas pessoas realmente acham que estão doentes e não inventam os sintomas, elas realmente acreditam que os tem); MÓDULO XVIII – PROBLEMAS MENTAIS E DO COMPORTAMENTO PROBLEMA 1 MEDICINA - UNIME • Eles mantêm uma crença de que têm uma doença em particular ou, à medida que o tempo avança, podem transferir sua crença para outra doença; As convicções persistem apesar dos resultados laboratoriais negativos, do curso benigno da doença alegada ao longo do tempo e das devidas garantias por parte dos médicos; O transtorno de sintomas somáticos pode ser acompanhado de sintomas de depressão e ansiedade e costuma coexistir com um transtorno depressivo ou de ansiedade; Embora o DSM-5 especifique que os sintomas devem estar presentes por pelo menos seis meses, podem ocorrer manifestações transitórias após estresses importantes; • Esse estresse pode ser morte ou doença grave de alguém importante para o paciente ou doença grave nele mesmo, talvez com risco de morte, que foi resolvida, mas que o deixa assustado; Estados que duram menos de seis meses são diagnosticados no DSM-5 como “Outros transtornos de sintomas somáticos especificados e relacionados”; Curso e prognóstico O curso do transtorno é, em geral, episódico; • Os episódios duram de meses a anos e são separados por períodos de repouso também longos; Pode haver uma associação óbvia entre exacerbações dos sintomas somáticos e os estressores psicossociais; Um bom prognóstico está associado a status socioeconômico alto, ansiedade ou depressão responsivas ao tratamento, início repentino dos sintomas, ausência de um transtorno da personalidade e ausência de uma condição médica não psiquiátrica relacionada; Tratamento Pacientes com transtorno de sintomas somáticos costumam resistir ao tratamento psiquiátrico, embora alguns o aceitem se ocorrer em um contexto médico e focar na redução do estresse e na educação para enfrentamento de doença crônica; Psicoterapia em grupo frequentemente os beneficia, em parte porque oferece suporte e interação sociais que parecem reduzir sua ansiedade; Exames físicos frequentes, agendados com regularidade, ajudam a tranquilizar os pacientes em relação ao fato de seus médicos não os estarem abandonando e de suas queixas estarem sendo levadas a sério; • Sempre que possível, o clínico deve evitar tratar achados ambíguos ou incidentais ao exame físico; A farmacoterapia alivia um transtorno de sintomas somáticos somente quando o paciente apresenta uma condição subjacente responsiva a drogas, como ansiedade ou depressão; • Quando o transtorno de sintomas somáticos é secundário a outro transtorno mental primário, este deve ser tratado por si só; Quando o transtorno é uma reação situacional transitória, os clínicos devem ajudar os pacientes a enfrentar o estresse sem reforçar seu comportamento doentio e o uso que fazem do papel de doente como uma solução para seus problemas;
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