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Síndromes Hipertensivas na Gestação Complicações mais frequentes na gestação 1ª causa de morte materna 10 a 15% das mortes maternas diretas Grande potencial de morte perinatal Grande número de recém-nascidos com sequelas e danos devidos à hipóxia perinatal 4 formas clínicas de síndromes hipertensivas na gestação Hipertensão crônica: paciente já era hipertensão previamente à gestação Hipertensão gestacional: aparece na gravidez Hipertensão crônica com pré-eclâmpsia superajuntada Pré-eclâmpsia Eclâmpsia: hipertensão na gestação + convulsão Hipertensão crônica Presente antes de 20 semanas de gravidez Persiste após 6 semanas de puerpério Ausência de proteinúria Hipertensão Gestacional Ocorre quando a PA ≥ 140 x 90mmHg Gravidez acima de 20 semanas Previamente normotensas Normalização após 6 semanas de puerpério Ausência de proteinúria HAS crônica com Pré-eclâmpsia superajuntada Presente antes de 20 semanas de gestação Persiste após 6 semanas de puerpério Ocorre piora dos níveis pressóricos (30mmHg sistólica e 15mmHg na diastólica) Aparece proteinúria depois de 20 semanas Pode haver piora do edema (não é critério essencial) Pré-eclâmpsia Desenvolvimento hipertensão, edema e proteinúria Após a 20ª de gestação com exceção na moléstia trofoblástica gestacional Hipertensão: PA 140 x 90 mmHg (2 medidas com intervalo de 4 horas entre elas) Proteinúria: 300mg/dia Edema: mão e face - pode ou não estar presente Anasarca pode estar presente Quando a pré-eclâmpsia surge antes de 20 semanas é grave Se a gestante apresentar uma pressão maior ou igual a 160x110, não espera-se 4 horas → esperar no máximo 20 minutos para aferir novamente Se estiver acompanhada de sinais e sintomas pode-se estar diante de uma emergência hipertensiva Ao invés de fazer a urina 24 horas, pode-se fazer uma relação de proteína/creatinina na urina que se for maior ou igual a 0,3 também fecha diagnóstico Uma das principais alterações da pré-eclâmpsia é a lesão renal A perda de proteína na urina e do líquido vascular do terceiro espaço pode ocasionar edema, líquido abdominal (ascite), edema de pulmão (situação de gravidade) Em situações de extrema gravidade, não é necessário ter proteinúria para confirmar diagnóstico. Ex: plaquetopenia, insuficiência renal ou creatinina maior que 1,1, elevação das enzimas hepáticas (pelo menos em 2x), edema pulmonar, aparecimento de sintomas visuais (cefaleia, escotomas cintilantes, perda da visão), sintomas importantes de comprometimento vascular cerebral. FATORES DE RISCO Primigesta Hipertensão arterial crônica Nefropatias Diabetes mellitus Obesidade ou IMC > 30 Gemelaridade Moléstia trofoblástica gestacional Nova paternidade Trombofilia Lúpus eritematoso sistêmico Síndrome do anticorpo antifosfolípide Doença renal Apneia obstrutiva do sono Reprodução assistida ETIOLOGIA Existem várias teorias porém nenhuma satisfatória Genética Imunológica Disfunção endotelial Falha na placentação FISIOPATOLOGIA Atualmente, a patogênese mais importante da pré-eclâmpsia envolve placentação deficiente, predisposição genética, tolerância imunológica diminuída, resposta inflamatória sistêmica, desequilíbrio angiogênico e deficiência no estado nutricional Causas fundamentais da pré-eclâmpsia: Vaso-espasmo arteriolar Aumento da reatividade vascular É uma doença do endotélio Endotélio lesado aumenta os fatores de coagulação e consequentemente aumenta a sensibilidade aos vasopressores PGI-2 diminuído, TXA-2 elevado = vasoconstrição e agregação plaquetária As prostaglandinas estão diminuídas, principalmente as prostaciclinas que são vasodilatadoras Sensibilização dos vasos a ação da angiotensina II e noradrenalina Espasmo arteriolar placentário e sistêmico O aumento da resistência vascular causa redução do fluxo útero-placentário que somado a alteração na quantidade de PGI2 e TXA2 gera vasoespasmo, agregação plaquetária e lesões sistêmicas A pré-eclâmpsia é uma síndrome de redução da perfusão de órgãos devido ao vasoespasmo e à ativação do sistema de coagulação A etiologia é desconhecida e motivo de investigação - muitas teorias têm sido propostas para explicar o seu desenvolvimento Atualmente existem 4 teorias mais aceitas que atuam de forma conjunta Teoria da Placentação Anormal: na pré-eclâmpsia, ocorre implantação anormal da placenta no leito uterino devido a ausência ou invasão incompleta do trofoblasto nas artérias espiraladas, por volta da 20ª semana, com isso não ocorre vasodilatação, que ocasiona isquemia placentária Este evento leva à injúria do endotélio vascular, promove a coagulação, permeabilidade vascular aumentada Na gravidez normal, o trofoblasto invade as artérias esperiladas destruindo sua camada muscular e gerando aumento do diâmetro desses vasos. Na pré-eclâmpsia acontece uma falha nessa segunda onda de invasão que faz com que os vasos permaneçam com sua camada muscular e não tenha a vasodilatação desejada para manter um fluxo sanguíneo adequado durante a gestação Teoria da Má Adaptação: a resposta imune materna está deficiente em relação aos antígenos paternos Teoria do Estresse Oxidativo: a hipoxemia placentária é responsável pela liberação de radicais livres, que também levam a danos endoteliais Teoria da Suscetibilidade Genética: vários genes estão envolvidos determinando esse processo PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE PA 160 x 110 (duas medidas) Proteinúria 5g/vol 24 horas Insuficiência renal Insuficiência pulmonar Sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia (cefaleia, dor epigástrica, transtornos visuais) PRÉ-ECLÂMPSIA PRECOCE OU TARDIA Diferem quanto às suas etiologias Precoce: abaixo de 34 semanas Associada ao desenvolvimento placentário e da circulação uteroplacentária, RCIU e piores desfechos materno e perinatais Tardia: acima de 34 semanas Associada a síndromes metabólicas, inflamação e comprometimento endotelial crônicos - obesidade e doenças crônicas CONDUTA CLÍNICA Monitoração das complicações maternas Vigilância do bem estar fetal Controle dos níveis pressóricos Medidas anti-hipertensivas Terapêutica medicamentosa hipotensora Fundamental: Diagnóstico Avaliação do ganho de peso → se a paciente estiver ganhando mais de 1kg por semana isso pode indicar edema Níveis pressóricos Queixas relacionadas a sinais e sintomas→ cefaléia, distúrbios visuais, escotomas cintilantes, dor epigástrica, pirose, náuseas e vômitos Controle clínico Avaliação do bem estar fetal Tratamento Não-farmacológico Dieta: normal, sem restrição de sal Repouso hospitalar ou domiciliar: sugere-se que a redução da atividade física possa contribuir para a melhora do fluxo uteroplacentário e prevenir a piora da hipertensão Acompanhamento laboratorial: depende da avolução e da gravidade de cada caso Acompanhamento hospitalar ou ambulatorial EXAMES Hemograma DHL Bilirrubinas totais Creatinina TGO (AST) Ácido úrico relaciona-se com o prognóstico → quanto maior o nível de ácido úrico, pior a evolução mas não é um preditivo de gravidade no momento Quando se fala de gravidade, pensar em sinais de hemólise como: anemia, plaquetopenia, DHL > 600, bilirrubina acima de 1,2 principalmente com predomínio da direta, TGO > 70 ou 2x acima do valor normal Tratamento farmacológico CLASSIFICAÇÃO Hipertensão arterial leve: PA sistólica ≥ 140 e < 150 e/ou PA diastólica ≥ 90 e < 100mmHg Hipertensão arterial moderada: PA sistólica ≥ 150 e < 160 e/ou PA diastólica ≥ 100 e < 110mmHg Hipertensão arterial grave: PA sistólica ≥ 160 e/ou PA diastólica ≥ 110mmHg QUANDO INICIAR O TRATAMENTO PA ≥ 150x100mmHg Nivéis ≥ 140x90mmHg persistentes Sintomática Manter PA diastólica em torno de 85mmHg HIPERTENSIVOS CONTRA-INDICADOS IECA BRA Inibidores diretos da renina (alisquireno) Podem casar anormalidades no desenvolvimento dos rins fetais São fetotóxicos e não teratogênicosHIPERTENSIVOS Metildopa - 750mg a 2g/dia Nifedipina - 20 a 120mg/dia Propanolol - 40 a 120mg/dia Pindolol - 5 a 30mg/dia Metoprolol - 50 a 200mg/dia Hidralazina - 5mg EV a cada 20 min até 40mg HIPERTENSÃO ARTERIAL GRAVE Reduzir a PA em 15 a 25% PA sistólica entre 140 e 150mmHg e PA diastólica entre 90 e 100mmHg Evitar quedas bruscas da PA HIDRALAZINA Vasodilatador periférico Tratamento agudo da hipertensão grave Ação máxima ocorre em 20 minutos Monitoramento rigoroso (risco de hipotensão) Usada quando a paciente chega no PS com pressão > 160x110 ou com sinais e sintomas de iminência de eclâmpsia ou na que chega convulsionando com a pressão elevada NIFEDIPINO Bloqueador de canais de cálcio Ação máxima ocorre entre 30 e 40 minutos NITROPRUSSIATO DE SÓDIO Vasodilatador arterial e venoso Recomendado em gestantes com edema agudo de pulmão associado a comprometimento funcional cardíaco SULFATO DE MAGNÉSIO Iminência de eclâmpsia e eclâmpsia, síndrome HELLP (15% evoluem para eclâmpsia), e pré-eclâmpsia com deterioração clínica e/ou laboratorial Redução dos casos de paralisia cerebral e disfunção motora grave em recém-nascidos prematuros (menos de 32 semanas) Concentração de magnésio: MgSO4 a 50%: ampola com 10ml contém 5g de magnésio MgSO4 a 20%: ampola com 10ml contém 2g de magnésio MgSO4 a 10%: ampola com 10ml contém 1g de magnésio Intoxicação por sulfato de magnésio pode levar à parada cardiorrespiratória TRATAMENTO DA PRÉ-ECLÂMPSIA O tratamento definitivo é a indução do parto Nem sempre a pré-eclâmpsia ocorre em idades gestacionais que permitam a indução do parto sem prejuízos para o feto. Por outro lado, a não finalização da gravidez pode trazer consequências sérias para a mãe A hipertensão deve ser controlada, porém isso não interfere no curso da doença nem na mortalidade materna/fetal IG entre 24 semanas e 33 semanas e 6 dias Monitorização materno-fetal rigorosa (CTG e dopplervelocimetria) Uso de sulfato de magnésio e hipotensores Gestantes devem ser admitidas e observadas por 24 horas Primeiras 24 horas: Administração de sulfato de magnésio Corticoterapia - betametasona IM (12mg/dia por dois dias) Infusão de solução de Ringer lactato a 100-125ml/l IG entre 34 semanas e 37 semanas Seguir recomendações Postergar resolução até próximo ao termo INDICAÇÕES PARA O PARTO Se maior que 34 semanas: resolução imediata (pré-eclâmpsia grave) Se 24 a 34 semanas: usar corticóide e resolução em 48 horas Se menor que 24 semanas: indicação de acordo com condições maternas PRÉ-ECLÂMPSIA COM SINAIS OU SINTOMAS DE DETERIORAÇÃO CLÍNICA OU LABORATORIAL Síndrome HELLP Eclâmpsia Descolamento prematuro de placenta Hipertensão refratária ao tratamento (3 fármacos anti-hipertensivos) Edema agudo de pulmão/comprometimento cardíaco Alterações laboratoriais progressivas (trombocitopenia, elevação de enzimas hepáticas) Insuficiência renal (elevação da creatinina, oligúria, anasarca) Alteração da vitalidade fetal PROGNÓSTICO Fatores de risco para hipertensão crônica Formas leves de recuperação total em 1 ano Formas graves 10 a15% de mortalidade (60% hemorragia cerebral) No tratamento da pré-eclâmpsia repetir os exames laboratoriais: hemograma completa com plaquetas, creatinina sérica, ácido úrico, TGO/TGP, DHL, bilirruibina total e frações, proteinúria de 24 horas TRATAMENTO DA CRISE HIPERTENSIVA Posicionar a paciente em DLE melhora a oxigenação fetal porque o útero passa sobre a veia cava inferior (esse vaso fica localizado à direita do útero - logo ao se deitar sobre o lado esquerdo, evita compressão do retorno venoso materno) Instalar soro glicosado a 5% Administrar nifedipina 10mg VO e repetir 10mg a cada 30min, se necessário, se não houver resposta adequada, administrar hidralazina 5mg IV. Se não controlar, repetir 5-10mg a cada 20 min Hidralazina 20mg/ml, diluir em 19ml de AD Eclâmpsia Desenvolvimento de convulsões generalizadas em gestantes com sinais s sintomas de pré-eclâmpsia IMINÊNCIA DE ECLÂMPSIA Raramente são precedidas de aura Pode ocorrer sem sinais prévios Pode ter alguns sinais como: Cefaléia occipital de forte intensidade e persistente Distúrbios visuais Epigastralgia DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Acidentes vasculares cerebrais Lesão expansiva do SNC (tumor, abscesso cerebral) Epilepsia Doença metabólica Doença infecciosa TRATAMENTO DA ECLÂMPSIA Sulfato de magnésio hepta-hidratado concentrações: MgSO4 a 50%: ampola com 10ml contém 5g de magnésio MgSO4 a 20%: ampola com 10ml contém 2g de magnésio MgSO4 a 10%: ampola com 10ml contém 1g de magnésio Esquema de Pritchard: sulfato de magnésio Dose de ataque: 4g EV lento (20min) - 20ml de MgSO4 (20%) Dose de manutenção: 10g IM profundo - 20ml de MgSO4 (50%) - 10ml em cada nádega Esquema de Zuspan: sulfato de magnésio Dose de ataque: 4g EV lento (20min) - 20ml de MgSO4 (20%) Dose de manutenção: 1g EV por hora - 24 horas após o parto O sulfato de magnésio somente deve ser administrado quando: Reflexo patelar presente Frequência respiratória igual ou maior que 16 movimentos/minuto Diurese de 25ml/hora Em caso de intoxicação com o sulfato de magnésio administrar gluconato de cálcio 10%, 10ml (1g) Doses de sulfato de magnésio: Terapêutica: entre 4 e 7 (4,8 a 8,4) Perda dos reflexos patelares: entre 8 e 10 Depressão e parada respiratória: entre 10 e 15 (a partir de 12) Parada cardíaca: maior que 30 Síndrome HELLP HELLP são as iniciais usadas para descrever a condição de paciente com pré-eclâmpsia grave que apresente: H: hemolysis (hemolíse) E: elevated (níveis elevados de enzimas hepáticas) L: liver enzimes L: low P: platelets (plaquetopenia) SINTOMAS Dor no quadrante superior direito ou epigástrica (40-90% dos casos) Aumento excessivo de peso e piora do edema (50 a 60%) Hipertensão (82-88%) Proteinúria (86-100%) Náusea e vômito (29-84%) Cefaleia (33-61%) Alterações visuais (10-20%) Icterícia (5%) DIAGNÓSTICO Hemólise: queda do hematócrito, aumento de bilirrubina total (>1,2mg/dL), aumento DHL (>600U/I), presença de esquisócito no esfregaço de sangue periférico TGO/TGP >70U/I Plaquetopenia: <100.000 plaquetas/mm3 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Esteatose hepática aguda da gestação Síndrome hemolítico-urêmica Trombocitopenia idiopática Doença da vesícula biliar LES Púrpura trombocitopênica trombótica TRATAMENTO Parto (viabilidade) Corticoterapia: benefício duvidoso Transfusão de plaquetas: < 20.000 < 50.000 quando cesárea Via de parto: indicação obstétrica AVALIAÇÃO DA VITALIDADE FETAL Cardiotocografia semanalmente a partir de 30-32 semanas USG com Doppler mensal, se normal Corticoterapia PREDIÇÃO DE DESFECHOS ADVERSOS NA PRÉ-ECLÂMPSIA Modelo matemático com valor preditivo para avaliar as chances de desfechos adversos em até 48j a partir da adminissão da paciente PIERS - Preeclampsia Integrated and Estimated Risks História clínica e fatores de risco Ultrassom com Doppler das artérias uterinas, em pacientes de risco para PE, mostando incisuras protodiastólicas persistentes além da 23ª semana de gestação - 1º e 2º trimestres Identifica uma circulação placentária de alta resistência PREVENÇÃO Condições clínicas: Antecedentes de pré-eclâmpsia (pessoal ou familiar) Hipertensão arterial crônica Obesidade Diabetes preexistente Doenças renais e autoimunes SAAF Gravidez múltipla Aspirina: em paciente de alto risco Iniciar até 16 semanas 100 a 150mg/dia até 36 semanas Cálcio: 1,5 a 2g de carbonato de cálcio a partir da 12ª semana da gestação Em pacientes com fatores de risco e baixa ingesta
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