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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA DE TRONCO COMUM 1º Ano Disciplina/Módulo: TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Código: ISCED11-LIECFC002 Total Horas/1o Semestre: 100 Créditos (CFG): 4 Número de Temas: 24 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (ISCED) Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa da entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância). O não cumprimento desta advertência é passível a processos judiciais. Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) Rua Dr. Almeida Lacerda nº 211 – Ponta-Gêa Beira – Sofala Telefone / Fax: 23323501 Moçambique Fax: 23 32 64 06 E-mail: info@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela coordenação Direcção Acadêmica do ISCED Pelo design Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e logística Instituto Africano de Promoção da Educação à Distância (IAPED) Pela revisão final Dr. Marcelino Cumbane Elaborado por: Dr. Fernando Manuel Samuel Safo Chicumule - Mestrando em Línguas, Literaturas e Culturas e Especializado em Língua Portuguesa e Literaturas de Expressão Portuguesa e Licenciado em Língua e Cultura Portuguesa ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Índice Visão geral 1 Bem vindo ao Módulo de Técnica de Expressão .............................................................. 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 2 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de actividade ......................................................................................................... 3 Acerca dos ícones ........................................................................................... 3 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 3 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 4 Tarefas(avaliação e auto-avaliação) ................................................................................. 4 Avaliação ........................................................................................................................... 4 Unidade 1. O processo de comunicação 5 Introdução ............................................................................................................... 5 Sumário ........................................................................................................................... 10 Exercícios ........................................................................................................................ 11 Unidade 2. As Técnicas e os Métodos de Estudo 13 Introdução ............................................................................................................. 13 Sumário ........................................................................................................................... 16 Exercícios ........................................................................................................................ 17 Unidade 3. A Leitura 17 Introdução ............................................................................................................. 17 Sumário ........................................................................................................................... 20 Exercícios ........................................................................................................................ 20 Unidade 4. A Tomada de Notas 21 Introdução ............................................................................................................. 21 Sumário ........................................................................................................................... 24 Exercícios ........................................................................................................................ 24 Unidade 5. O Resumo 25 Introdução ............................................................................................................. 25 Sumário ........................................................................................................................... 27 Exercícios ........................................................................................................................ 27 Unidade 6. A Síntese 30 Introdução ............................................................................................................. 30 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Sumário ........................................................................................................................... 32 Exercícios ........................................................................................................................ 32 Unidade 7. A Ortografia 33 Introdução ............................................................................................................. 33 Sumário ........................................................................................................................... 38 Exercícios ........................................................................................................................ 39 Unidade 8. A Pontuação 40 Introdução ............................................................................................................. 40 Sumário ........................................................................................................................... 47 Exercícios ........................................................................................................................ 48 Unidade 9. A análise de um texto escrito 48 Introdução ............................................................................................................. 48 Sumário ........................................................................................................................... 51 Exercícios ........................................................................................................................ 51 Unidade 10. A Frase 51 Introdução ............................................................................................................. 51 Sumário ........................................................................................................................... 54 Exercícios ........................................................................................................................ 54 Unidade 11. A Frase Simples e Complexas 55 Introdução ............................................................................................................. 55 Sumário ........................................................................................................................... 58 Exercícios ........................................................................................................................58 Unidade 12. Estudo do Verbo 59 Introdução ............................................................................................................. 59 Sumário ........................................................................................................................... 62 Exercícios ........................................................................................................................ 62 Unidade 13. Conjugação Pronominal 63 Introdução ............................................................................................................. 63 Sumário ........................................................................................................................... 65 Exercícios ........................................................................................................................ 65 Unidade 14. O Discurso directo e Indirecto 65 Introdução ............................................................................................................. 65 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Sumário ........................................................................................................................... 67 Exercícios ........................................................................................................................ 68 Unidade 15. A Ficha Bibliográfica 68 Introdução ............................................................................................................. 68 Sumário ........................................................................................................................... 70 Exercícios ........................................................................................................................ 70 Unidade 16. A Ficha de Leitura 70 Introdução ............................................................................................................. 70 Sumário ........................................................................................................................... 73 Exercícios ........................................................................................................................ 74 Unidade 17. O Sumário 74 Introdução ............................................................................................................. 74 Sumário ........................................................................................................................... 78 Exercícios ........................................................................................................................ 78 Unidade 18. Textos Administrativos 79 Introdução ............................................................................................................. 79 Sumário ........................................................................................................................... 80 Exercícios ........................................................................................................................ 80 Unidade 19. Formas de Tratamento 81 Introdução ............................................................................................................. 81 Sumário ........................................................................................................................... 83 Exercícios ........................................................................................................................ 83 Unidade 20. A Carta 84 Introdução ............................................................................................................. 84 Sumário ........................................................................................................................... 87 Exercícios ........................................................................................................................ 87 Unidade 21. A convocatória 88 Introdução ............................................................................................................. 88 Sumário ........................................................................................................................... 90 Exercícios ........................................................................................................................ 90 Unidade 22. A Acta 91 Introdução ............................................................................................................. 91 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Sumário ........................................................................................................................... 94 Exercícios ........................................................................................................................ 94 Unidade 23. Texto Expositivo-Explicativo 95 Introdução ............................................................................................................. 95 Sumário ........................................................................................................................... 98 Exercícios ........................................................................................................................ 99 Unidade 24. Texto Expositivo-Argumentativo 99 Introdução ............................................................................................................. 99 Estrutura do Texto Argumentativo 105 Sumário ......................................................................................................................... 107 Exercícios ...................................................................................................................... 108 Unidade 25. O Relatório 108 Introdução ........................................................................................................... 108 Sumário ......................................................................................................................... 110 Exercícios ...................................................................................................................... 111 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA VISÃO GERAL Bem-vindo ao Módulo de Técnicas de Expressão Oral e Escrita em Língua Portuguesa A Competência na comunicação e expressão em língua portuguesa é uma das habilidades indispensáveis, quer na comunidade em geral, quer em todos os processos de gestão do capital humano, nas organizações. Assim, por meio deste manual pretendemos que o futuro técnico ou gestor de recursos humanos seja capaz de se exprimir correctamente e de produzir documentos de carácter administrativo com uma boa expressividade e correcção linguísticas. Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo do módulo de Técnica de Expressão Oral e Escrita em Língua Portuguesa, o formando será capaz de: Objectivos Adquirir e aperfeiçoar as técnicas de expressão consideradas como fundamentais para a prossecução dos estudos superiores e para futura vida profissional. Conjugar destrezas e conhecimentos linguísticos com literacia e competências comunicativas. Analisar aspectos gramaticais e funcionais da língua portuguesa Reflectir sobre a estética e a cultura da linguagem. Produzir correctamente textos de carácter administrativo; Aplicar eficazmente as diferentes formas de tomada de nota ou de estudo. Reconhecer as estratégias discursivas que norteiam a produção e organização de textos. Usar correctamente as regras de pesquisa e elaboração de trabalhos científicos. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para todos os estudantes dos Cursos de Licenciatura no Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED), que têm, no seu plano curricular, a disciplina de Técnicasde Expressão Oral e Escrita. O módulo reserva-se ainda para todo o Público que o considere interessante. Como está estruturado este módulo Todos os módulos dos cursos produzidos pelo Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) encontram-se estruturados da seguinte maneira: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-chave necessários para completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo. Conteúdo do curso / módulo O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-avaliação. Outros recursos Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo. Comentários e sugestões Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para nos ajudar a [re] avaliar e melhorar este curso / módulo. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Acerca dos ícones Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao longo deste curso / módulo. Ao longo do módulo encontrarás uma série de imagens que sintetizam as teorias apresentadas. Estes ícones foram retirados de obras consultadas ou então criadas para facilitar o processo de compreensão dos conteúdos patentes no módulo. Habilidades de estudo Caro formando, o ensino à distância requer de si um grande interesse pelo estudo, porque é um “Auto didacta”. Neste sentido, terá de criar um horário de estudo que lhe dará a possibilidade de estudar o módulo pelo menos quatro horas por semana. No fim de cada unidade, será necessário que se elabore uma síntese das teorias lidas para a compreensão dos conteúdos. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Precisa de apoio? A base do estudo é este módulo, mas pode completar as suas investigações na biblioteca do Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância (ISCED) ou até com os materiais que poderá encontrar noutras bibliotecas. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) As Tarefas de exercícios estão em função dos objectivos, fichas informativas, recursos existentes e de todo um leque de condições concretas. Os trabalhos serão entregues obedecendo aos critérios estabelecidos pelo ISCED. Avaliação A avaliação da cadeira será controlada da seguinte maneira: Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes, sendo divididos em três sessões presenciais de acordo com a programação do ISCED. Dois (2) Testes escritos em presença e um Exame no fim do semestre. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA UNIDADE 1 O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Introdução Nesta primeira unidade, abordamos o processo de comunicação porque constitui a base da nossa comunicação no quotidiano. Neste processo, são estudados os elementos que garantem uma comunicação perfeita. Focalizamos também as funções de comunicação que se relacionam intrinsecamente com os factores da comunicação para o processo comunicacional. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Conhecer os elementos de comunicação; Relacionar os factores da comunicação com as funções de linguagem; Comunicar, de forma desbloqueada, sem ruído. O Processo de comunicação No processo de comunicação, o emissor (ou codificador) emite uma mensagem (ou sinal) ao receptor (ou descodificador), através de uma chamada, por exemplo um telefonema. O receptor interpretará a mensagem que pode ter chegado até ele com algum tipo de barreira (ruído) e, a partir daí, dará o feedback ou resposta, completando o processo de comunicação. Ciclo comunicacional: - Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção da comunicação ou elaborar um sistema de signo ou um significado que aparenta objectivos comuns; - Descodificar: decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa; - Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo http://pt.wikipedia.org/wiki/Emissor http://pt.wikipedia.org/wiki/Mensagem http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal http://pt.wikipedia.org/wiki/Receptor http://pt.wikipedia.org/wiki/Ru%C3%ADdo http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%B3digo http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema http://pt.wikipedia.org/wiki/Signo ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA receptor. Tipos de Linguagem -Linguagem verbal: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos de abstracção e variedade de sentido. O significado das palavras está nas pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras); -Linguagem não-verbal: as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais e corporais, os gestos, os olhares, as entoações são também importantes: são os elementos não verbais da comunicação. Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma cultura para outra e de época para época. A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser uma reacção involuntária ou um acto comunicativo propositado. Alguns psicólogos (e.g. Armindo Freitas-Magalhães, 2007) afirmam que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e encadear as interacções sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais: a) Expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas a partir da sua expressão fisionómica. Por vezes os rostos transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas tentam inibir a expressão emocional. b) Movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de interesse, mas noutro contexto pode significar ameaça, provocação. Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto pode transmitir a ideia de submissão como a de desinteresse. c) Movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão de mensagens. d) Postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para se detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores hierárquicos adoptam posturas atenciosas e mais rígidas do que os http://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_verbal http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89poca http://pt.wikipedia.org/wiki/Psic%C3%B3logo http://pt.wikipedia.org/wiki/Armindo_Freitas-Magalh%C3%A3es http://pt.wikipedia.org/wiki/2007 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sociais&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Olho http://pt.wikipedia.org/wiki/Cabe%C3%A7a ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA seus superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos. e) Comportamentosnão-verbais da voz: a entoação (qualidade, velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens mais claras do que uma voz agitada. f) Aparência: a aparência de uma pessoa reflecte normalmente o tipo de imagem que ela gostaria de passar. Através da indumentária, arrumo, maquilhagem, apetrechos pessoais, postura, gestos, modo de falar, etc, as pessoas criam uma projecção de como são e de como gostariam de ser tratadas. As relações interpessoais serão menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua projecção particular e se os outros respeitarem essa projecção. Relação Interpessoal - construção da identidade (ERIKSON, 1872): - implica definir quem a pessoa é, quais sãos seus valores e qual direcção deseja seguir pela vida. Elementos da comunicação A comunicação acompanha o ser humano desde seu nascimento, sendo processada em todo tempo, independentemente da forma ou da localização. O sucesso de toda a actividade profissional é uma comunicação eficaz. Comunicar significa transmitir e receber mensagens e pode ser realizada por meio de: -Linguagem falada ou escrita, -Linguagem de sinais, -Ideias, -Comportamentos e atitudes. No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida como um fenómeno isolado, pois ela somente será efectiva, se outros elementos estiverem presentes nessa dinâmica. Os elementos da comunicação são: 1- Emissor (locutor) = É aquele que dá início ao processo comunicativo, pois transmite a mensagem. 2- Receptor (alocutário) = É o alvo do emissor, sendo quem recebe a mensagem. 3- Mensagem = Pode ser um facto, ideias ou até mesmo, emoções, ou seja, é o conteúdo contido na comunicação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Voz http://pt.wikipedia.org/wiki/Postura ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA 4- Canal = É o meio pelo qual a mensagem é enviada do emissor para o receptor. 5- Referente ou Contexto: É o objecto ou a situação a que a mensagem se refere. 6- Código: É o conjunto de regras de combinação de signos utilizado para elaborar uma mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá descodificar. Entende-se que a organização deve estar atenta ao que vai além das palavras no processo de comunicação. É preciso focalizar também os gestos, as expressões e atitudes. Ao mesmo tempo, ressalta-se que o mais importante é ter capacidade de uma escuta atenta ao que diz o cliente, pois ele repassará para a empresa o feedback de todo o investimento realizado na sua direcção. O maior cuidado deve estar em não produzir “ruídos” ao realizar a comunicação. Isso quer dizer ter certeza de que a mensagem emitida foi correctamente recebida e interpretada pelo público- alvo. É preciso ter o conhecimento das técnicas e dos conceitos para colocar as palavras certas em função da comunicação certa. Funções da linguagem 1. Função Emotiva ou Expressiva Esta função ocorre quando se destaca o emissor. A mensagem centra-se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo um texto completamente subjectivo e pessoal. A ideia de destaque do locutor dá-se pelo emprego da 1ª pessoa do singular, tanto das formas verbais, quanto dos pronomes. A presença de interjeições, pontuação com reticências e pontos de exclamação também evidenciam a função emotiva ou expressiva da linguagem. Os textos que expressam o estado de alma do locutor, ou seja, que exemplificam melhor essa função, são os textos líricos, as autobiografias, as memórias, a poesia lírica e as cartas de amor. Exemplo: Pelo amor de Deus, preciso encontrar algo, nem que sejam cinco meticais! ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA 2. Função Informativa ou Referencial ou Denotativa Referente é o objecto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, procurando transmitir informações objectivas sobre ele. Centra-se no contexto da mensagem. Exemplo: "Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas colectivamente denominadas inflamação." (Descrição da inflamação num artigo científico). 3. Função Apelativa ou Conativa ou Injuntiva É voltada para o leitor, tom imperativo, e muito encontrada em propagandas. A mensagem é centrada no receptor e organiza-se de forma a influenciá-lo, ou chamar sua atenção, o contexto torna- se a parte mais importante da mensagem. Geralmente, usa-se a 2ª pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e formas verbais ou expressões no imperativo. Como essa função é a mais persuasiva de todas, aparece comummente nos textos publicitários, nos discursos políticos, horóscopos e textos de auto- ajuda. Como a mensagem centra-se no outro, ou seja, no interlocutor, há um uso explícito de argumentos que fazem parte de seu universo. Exemplo: "Beba Coca-Cola" / "Venha à caixa Senhor, venha!" 4. Função Fáctica O canal é posto em destaque, ou seja, o canal que dá suporte à mensagem. Ocorre quando o emissor tem a intenção de testar o canal. A Função Fáctica seria basicamente o diálogo. Exemplo: "Alô ?!", "Entenderam?", “Quem fala...?” 5. Função Poética É aquela que se centra sobre a própria mensagem. Tudo o que, numa mensagem, suplementa o sentimento da mensagem através do jogo de sua estrutura, de sua tonalidade, de seu ritmo, de sua ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA sonoridade. Essa função é capaz de despertar no leitor o prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários. Exemplo: “Aquela cativa que me tem cativo” (Camões) 6. Função Metalinguística Caracterizada pela preocupação com o código. Pode ser definida como a linguagem que fala da própria linguagem, ou seja, descreve o acto de falar ou escrever. Programas de TV que abordam sobre a própria TV ou programas de TV que abordam sobre os media. Peças de teatro que tratam sobre o teatro. Exemplos: A linguagem (o código) torna-se objecto de análise do próprio texto. Os dicionários e as gramáticas são repositórios de metalinguagem. “Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça.” Carlos Drummond de Andrade Nesse poema, Drummond escreve um poema sobre como escrever poemas... Ou seja, a criação literária fala sobre si mesma. Um outro exemplo é quando um cartunista descreve o modo como ele faz seus desenhos num próprio cartoon; ele demonstra o acto de fazer cartoons e como são feitos. nções da Sumário Em síntese: O processo da comunicação mobiliza todos os factores da comunicação, partindo do emissor que codifica uma mensagem ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA que aborda um assunto do mesmo contexto, por meio de um canal que respeita um determinado código, para um receptor capaz de descodificar a informação veiculada da mensagem. Todos os elementos comunicacionais referidos centram-se, respectivamente, nas funções expressiva, poética, referencial, fáctica, metalinguística e apelativa. Exercícios Leia atentamente os textos e responda às questões levantadas em torno deles. TEXTO -1 Lição sobre a água Como substância, a água é incolor, insípida e inodora. Desempenha, portanto, um papel invulgar em todos os campos de actividade do mundo. Quimicamente, nada se lhe compara. Trata- se de um composto de grande estabilidade, notável solvente e poderosa fonte de energia química. Quando congelada, portanto na forma sólida, a água se expande ao invés de retrair, conforme acontece com a maioria das demais substâncias,e o sólido mais leve flutua sobre o líquido mais pesado, com consequências surpreendentes. Ela é capaz de absorver e liberar mais calor que todas as demais substâncias comuns. No que diz respeito a uma série de propriedades físicas e químicas, tais como seu ponto de congelamento e ebulição, a água é singular, verdadeira excepção à regra. E quase todas as propriedades participam dos mecanismos da vida humana, quer naturalmente, como no processo digestivo, ou artificialmente, como uma máquina a vapor. Todas essas peculiaridades da água podem ser explicadas à luz da sua estrutura molecular. A combinação de dois átomos de hidrogénio com um de oxigénio formando a água (H2O) resulta numa molécula espantosamente resistente, sendo necessária uma energia extraordinária para cindi-la. De facto, até há uns 180 anos passados acreditava-se que a água fosse um elemento indivisível, e não um composto químico. MATTOS e MEGALE: 13:1990 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Texto 2 1. Identifique os elementos da comunicação presentes nos dois textos por meio de um quadro comparativo. 2. Encontre funções da linguagem nos dois textos e exemplifique com passagens textuais. 3. Descreve situações de ruído de comunicação em todos factores de comunicação 4. Elabore um texto onde ocorram todas as funções da linguagem. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA UNIDADE 2 AS TÉCNICAS E OS MÉTODOS DE ESTUDO Introdução A unidade aborda essencialmente as técnicas de estudo para os estudantes do ensino superior e, no geral, para os estudantes de qualquer nível que queiram ver o seu trabalho repleto de sucessos. O ISCED usa o método PBL, que centraliza o processo de ensino e aprendizagem no aluno e a aplicação do estudante nos estudos constitui a base. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Diferenciar os métodos de estudo no ensino superior dos métodos de estudo no ensino secundário; Organizar, planificar e implementar as tarefas, ou seja, as actividades de estudo; O método de estudo Ao ingressarmos numa instituição temos de prestar atenção a algumas mudanças relacionadas aos métodos de estudo. Aqui e em particular neste ISCED usa-se o método PBL que centraliza o processo de ensino e aprendizagem no aluno. Neste método, o aluno é o centro da aprendizagem e todas as atenções estão viradas para o seu desenvolvimento, com tendência à resolução de problemas específicos da vida quotidiana. Como veremos nos tópicos que se seguem nesta unidade não pretendemos ilustrar a aplicabilidade do método, mas sim o uso de determinadas técnicas que contribuirão para o maior rendimento do estudante no método. A Aprendizagem no ISCED Como já dissemos acima, os métodos de aprendizagem no ISCED são diferentes dos usados no ensino secundário geral, pois, para além do nível de abordagem dos conteúdos que é mais profundo, os estudantes devem possuir a seguinte postura (+) ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA pesquisadores, (–) dependentes do Docente e de maior autonomia na aprendizagem. A título de exemplo de algumas diferenças dos estudantes das duas escolas temos, de acordo com Ruiz, (1991:19)1 “ no curso médio, o estudante leva para casa as tarefas diárias; não acontece o mesmo na faculdade. No curso médio, os alunos andam uniformizados, não podem fumar no recinto escolar e as classes são bastante homogéneas; no curso superior nada disso acontece”. Como se pode notar, a caracterização do ambiente de estudo no ensino universitário é diferente do ensino secundário. Assim, o estudante do ensino universitário deve ser pontual, responsável e assíduo às aulas. A responsabilidade referida parte da programação das actividades diárias. O plano de actividades No quotidiano, notamos constantemente que todo o homem planifica, pois, a planificação é guia das suas actividades. Com base nela, os homens praticam e controlam o cumprimento dos objectivos previamente estabelecidos. Assim, tendo o estudante um conjunto de actividades a efectuar, é pertinente que essas sejam devidamente planificadas para que o objectivo de assimilação dos conteúdos seja consumado. Segundo Estanqueiro (2002: 13)2 “Se compararmos o rendimento de duas pessoas com capacidades intelectuais semelhantes, veremos que vai mais longe aquele que dedica mais horas ao estudo. Acontece até que muitos estudantes de ritmo lento (tipo tartaruga) chegam a superar colegas rápidos (tipo lebre), só porque começam mais cedo e são mais regulares.” Da citação, pode compreender-se até que ponto vai a responsabilidade do estudante na universidade, pois, antes de tudo, o estudante deve ser capaz de dispor de tempo para estudar ou mesmo para frequentar todas as aulas do curso. Assim, torna- se indispensável que o estudante descubra o tempo para o desenvolvimento desta e das outras actividades. 1 RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos, São Paulo: ATLAS 1991 2 ESTANQUEIRO, A. G. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA De acordo com Ruiz, (1991: 22)3 “ A maneira mais prática de descobrir ou fazer aparecer o tempo consiste em tomar uma folha de papel, anotar os diversos dias da semana em linha horizontal e os diversos afazeres em linha vertical; registar depois, na coluna de cada dia da semana, as horas plenas e os diversos espaços” É evidente que nem sempre acordaremos a hora indicada no nosso horário mas o grande esforço do estudante deve cingir-se no cumprimento do horário estabelecido. Neste horário devem constar todas as actividades inclusive as actividades de estudo individual: preparação para a aula, revisão de aula, revisões gerais para as provas e exames e até os tempos de lazer. Não importa se o tempo de estudo de cada cadeira ou disciplina é pouco ou não, porque se usarmos correctamente as técnicas de leitura, revisão, fichamento teremos um bom aproveitamento. Nisto, é necessário desenvolver técnicas para tornar qualquer tempo produtivo. Do ponto de vista de Ruiz, (1991: 22)4 “A perseverança no cumprimento do programa é o maior problema; geralmente, o nosso tempo é pequeno, mas o pior é que o pequeno espaço de tempo se converte em nada pela falta de perseverança.” O autor acima referido apela-nos para maior perseverança nas actividades programadas no horário individual mas, para além da 3 RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos, São Paulo: ATLAS 1991 4 RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos, São Paulo: ATLAS 1991 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA perseverança, Estanqueiro cita também a necessidade de ocupar as melhores horas do dia para o estudo individual. Segundo Estanqueiro (2002:14)5 “ o estudo é uma actividade ciumenta que exige as melhores horas do dia. Quais são? Várias experiências provam que o rendimento intelectual da manhã é superior ao da tarde e ao da noite. Ao princípio da tarde, ocorre sempre uma quebra de vivacidade mental, fruto de uma certa sonolência que ataca a gente e não apenas os que fizeram um grande almoço. Quanto à noite, é natural que o cansaço acumulado de um dia prejudique o rendimento, apesar de haver pessoas que se dão bem a estudar na calma da noite.” Pode-se depreender da citação que, cada estudante tem um determinado tempo que lhe é rentável nas suas actividades, pois, enquanto uns obtém uma boa atenção mental na assimilação dos conteúdos nas manhãs; outros, obtém o mesmo estado nas tardes ou à meia-noite. Por isso, convém deixarmos bem claro nesta unidade quecada estudante deve ser capaz de descobrir o seu tempo mais rentável. Além do tempo, as condições do ambiente de estudo “calmo, barulhento, no quarto, na praia”, estado emocional do estudante entre outros, constituem os principais factores a ter em conta na planificação do tempo de estudo. Sumário Em síntese: A adopção de um ou do outro método de estudo nos estabelecimentos educacionais tem como objecto alcançar os objectivos preconizados nos programas. Assim, com a adopção do método PBL esperamos que o processo seja eficaz e que o aluno sinta que tem todas as ferramentas necessárias para o seu progresso. A programação, a perseverança e a responsabilidade nas actividades será como sempre a base do êxito educacional do estudante. 5 ESTANQUEIRO, A. G. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Exercícios 1. Elabore um horário das suas actividades tendo em conta as cadeiras que tem e as exigências do curso. 2. Indique duas vantagens da programação das actividades. 3. Por que razão Ruiz afirma que “A perseverança no cumprimento do programa é o maior problema…” UNIDADE 3 - A LEITURA Introdução No processo de ensino e aprendizagem é preciso compreender que o êxito nos estudos provém da adopção de técnicas de estudo e de leitura. Fazer uma boa leitura significa criar condições para que a leitura termine na compreensão dos conteúdos. Assim, nesta unidade, pretendemos apresentar algumas técnicas que lhe poderão ajudar nos seus estudos. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Indicar o propósito da leitura; Praticar a leitura de acordo com as etapas; Verificar a compressão dos conteúdos. Para se alcançar o pleno êxito na sua carreira estudantil, não basta apenas o facto de participar às aulas e receber as orientações com relação aos objectivos da aprendizagem, mas é também necessário que se façam leituras. De acordo com Gomes (2002:57)6, o acto de ler consiste em “decifrar símbolos de linguagem escrita para lhes conferir a correspondência com os sons que representam”. Do conceito de leitura acima apresentado, é possível notar que toda actividade da aprendizagem terá o seu fulcro na leitura porque com base nela o estudante será capaz de assimilar conteúdos a partir da atitude de clarificar os conteúdos 6 Gomes A. Didáctica de Ensino da Língua Portuguesa, Vol. II, 2002 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA subjectivos. Segundo Potts (1989:56)7 “No sentido genérico, a qualidade de uma leitura é a soma de todos os elementos que estão presentes numa peça impressa, que influencia o êxito que um grupo de leitores consegue com ela. O êxito é medido pela extensão em que o texto é compreendido, a velocidade óptima é tida como interessante.” Como se afirma na citação, o êxito da leitura é avaliado pelo grau da compreensão do texto no processo de ensino e aprendizagem. Se os estudantes não forem capazes de transmitir o conteúdo patente no texto, ou seja, de mostrar que conhecimentos adquiriram ou, ainda, de usar os conhecimentos para responder a determinadas necessidades, então, eles não entenderam o texto. Porém, a leitura é antecedida por uma selecção de obras que normalmente nos é apresentada pelo docente mas se assim não suceder siga as instruções que se seguem. Como seleccionar o que ler É evidente que ao nos dirigirmos à biblioteca já teremos em mão um tema relacionado com uma determinada área da aprendizagem. No entanto, será fundamental que conheçamos a organização dos livros de estudo na biblioteca e depois que conheçamos a organização dos próprios livros em si. Assim, é interessante trazermos a teoria de Estanqueiro (2001:69)8 que se refere que há três técnicas entre outras possíveis de ajudar a conhecer um livro, a descobrir o seu interesse e a tornar mais rentável a sua utilização. As técnicas destacadas pelo autor são: Percorrer o Índice, ler a Introdução e folhear as páginas. Para o autor “pelo índice é possível ver o essencial da matéria tratada. (...) Na Introdução, o autor explica as intenções do livro, (...) Folheando o livro pode observar-se a forma como é apresentada a matéria.”9 7 In Didáctica de ensino da língua portuguesa. 8 ESTANQUEIRO, A. Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001 9 ESTANQUEIRO, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Na mesma perspectiva de abordagem, Ruiz (1991: 35)10, para além dos elementos citados, acrescenta que “devemos ver o nome do autor, o seu Curriculum, a orelha do livro, a documentação ou as citações ao pé das páginas, a bibliografia, assim como verificar a editora, a data, a edição e ler rapidamente o prefácio” No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta dois passos que são considerados fundamentais para que se efectue uma leitura efectivamente produtiva. Na primeira leitura, procura-se ter um conhecimento global do texto e, na segunda, faz-se uma leitura mais aprofundada procurando compreender e assimilar o essencial. A primeira etapa da leitura, de acordo com Estanqueiro, pode ser designada Ler “por Alto” e a segunda Ler “em Profundidade”. A primeira consiste em dar uma passagem de olhos pelo seu conteúdo, procurando ter uma visão panorâmica do terreno a explorar ou seja uma visão geral do assunto “a Ideia Principal”. Nesta primeira leitura, pode-se fazer a leitura de alguns parágrafos (os iniciais e os do meio e o último parágrafo). As questões tais como: “O Que diz o texto? Que pretende transmitir o autor? Que explicações são fundamentadas? Os factos e os argumentos são esclarecidos? Concordo com a opinião do autor? Que novidades surgem no texto? Encontro informações úteis? Posso aplicá-las na prática? Que ligações tem o assunto com aquilo que já sei?” É bom notar que um bom leitor não regista passivamente tudo aquilo o que lê nos livros, mesmo se os autores lhe merecem toda a confiança. O bom leitor tem de manifestar o seu espírito crítico perante todo o conteúdo que lê, ele analisa, compreende, interpreta, compara e avalia. Esta prática torna-se eficaz a partir do momento em que sabemos sublinhar o essencial do texto. O acto de sublinhar as ideias-chave do texto desperta a atenção, ajuda a captação e facilita as revisões. Assim para sublinhar e fazer 10 RUIZ, J. Álvaro, Metodologia Científica: Guia para eficiência nos estudos, São Paulo: ATLAS 1991 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA anotações na margem do texto, o metodólogo Estanqueiro diz que é necessário: “Dar prioridade as definições, fórmulas, esquemas, termos técnicos, e outras palavras ou expressões que sejam a chave da ideia principal. Destacar uma ou duas frases por parágrafo. Sublinhar apenas os livros pessoais” Por sua vez, Ruiz reforça que temos de seleccionar apenas as ideias principais e os detalhes importantes; não devemos sublinhar por ocasião da primeira linha, reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas, ler o parágrafo sublinhado com a continuidade e plenitude de sentido de um telegrama; sublinhar com dois traços as palavras-chave da ideia principal, e com um único traço os pormenores importantes; assinalar com linha vertical, as margens mais significativas e finalmente assinalar com um ponto de interrogação as margens dos pontos a discordar. Sumário Em síntese: A qualidade de uma leitura é a soma de todos os elementos que estão presentes nele, que influenciam no êxito que um grupo de leitoresconsegue com ela. O resultado da leitura é medido pela extensão em que o texto é compreendido, a velocidade óptima é tida como interessante.” Exercícios “No processo de desenvolvimento da leitura é preciso ter em conta dois passos fundamentais para que se efectue uma leitura efectivamente produtiva.” 1. Quais são as etapas a seguir no acto da leitura? 2. Que questões podem ser colocadas depois de ter feito uma leitura? ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA UNIDADE 4 A TOMADA DE NOTAS Introdução A tomada de notas constitui uma síntese dos conteúdos lidos e todo o estudante deverá conhecer e usar correctamente estas regras. Assim, nesta unidade apresentamos as diferentes formas de tirar apontamentos e as orientações recomendadas para cada método. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Conhecer as regras de tomada de notas; Tomar notas. A Tomada de Notas Um bom leitor, para além de sublinhar, também faz anotações quer no papel quer no próprio texto de apoio. Estas anotações, principalmente, as feitas no texto são a prova do seu espírito crítico. Enfim, as anotações são reacções ou comentários pessoais e podem expressar-se através de formas diversificadas: Ponto de interrogação (?) como sinal de dúvida; Ponto de exclamação (!) como sinal de surpresa ou entusiasmo; Letras diversas para fazer uma observação simples como por ex: B - bom, I - importante ou interessante, N – não, R- rever e outras; Palavras que resumam o núcleo central de um parágrafo; Uma nota de referência sobre os assuntos defendidos pelo mesmo autor ou por autores diferentes (ESTANQUEIRO, 2001). Nota: ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Fazer anotações é enriquecer o livro e elas (as anotações) devem ser claras e breves. A actividade de tirar apontamento é complexa e constitui um dos processos fundamentais para a captação e retenção da matéria, pois, por meio dos apontamentos aprendemos melhor e as nossas informações ficam guardadas para sempre. De acordo com Estanqueiro, os apontamentos podem ser de três tipos: Transcrição, esquemas e resumos. O primeiro tipo de apontamento “A Transcrição” consiste em transcrever e copiar uma informação de forma totalmente igual ao texto original. Porém, é importante referir que esse não é o processo mais eficaz para estudar um assunto, embora seja útil, pois enquanto se escreve pensa-se sobre aquilo que se lê. Mais eficaz será fazer esquemas e resumos. Regras: De acordo com o mesmo autor11 as regras a serem seguidas nos apontamentos de transcrição são: Não copiar longos textos, integralmente. Basta seleccionar as partes mais significativas. Pôr entre aspas os textos copiados; Indicar com precisão a fonte, ou seja, registar o nome do autor, o título do livro ou da revista; o número da edição, o local da edição, o editor, a data e a página. Se assim estiverem organizados, os apontamentos poderão servir em qualquer momento. Esquema Uma técnica importante é passar a esquema todas as informações tidas como ideias-chave, durante a leitura. Pois eles (os esquemas) são simples enunciados das palavras-chave, em torno dos quais é possível arrumar grandes quantidades de conhecimentos. De acordo com Estanqueiro “eles também representam uma enorme economia de palavras e oferecem a vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto em análise, podendo ainda ser 11 Estanqueiro, A, Aprender a Estudar, Lisboa: Texto ed. 2001 ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA facilmente reformulados.” Tipos de esquemas: Ainda na mesma abordagem, refere-se que existem os seguintes tipos de esquema: Índices, quadros, gráficos, desenhos ou mapas e todos estes tipos de esquema podem ser encontrados nos manuais. De acordo com Ruiz, as regras do resumo são: Ser fiel ao texto; Apanhar o tema do autor; Ser simples, claro e destacar os títulos e subtítulos; Subordinar as ideias aos factos; Manter um sistema uniforme de observação. Nota: Os esquemas não são aconselháveis pela insuficiência de informações. O resumo Segundo Estanqueiro (2001: 52, 53), Resumir é abreviar, tornar mais curto um texto. Isto exige capacidade para seleccionar e reformular as ideias essenciais, usando frases bem articuladas. Às pessoas pouco treinadas na técnica do resumo, propomos a seguinte metodologia: 1.º Compreender o texto, na sua globalidade; 2.º Descobrir a ideia-chave ou tópico de cada parágrafo; 3.º Registar numa folha de rascunho o conjunto dos vários tópicos, recolhidos parágrafo a parágrafo; 4.º Reconstruir o texto, de um modo pessoal, respeitando sempre o plano e o pensamento do autor. Um bom resumo, tal como um bom esquema, tem quatro características fundamentais: Brevidade - os pontos principais da matéria são registados de forma abreviada. Um bom resumo não ultrapassa um quarto do texto inicial. Clareza - os factos ou as ideias são apresentados sem ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA qualquer tipo de confusão ou ambiguidade. Rigor - o essencial do assunto é reproduzido fielmente, sem erros nem deformações. Originalidade - a matéria é traduzida numa linguagem original, própria de cada leitor, embora transmita apenas o ponto de vista do autor. Resumir não é comentar! Fazer resumos é um processo eficaz para compreender e assimilar a matéria. É também um treino fundamental para a transmissão das nossas ideias, de forma breve, clara, rigorosa e original. Nas provas de avaliação, escritas ou orais, e pela vida fora, exige- se capacidade para comunicar, com rapidez e eficiência, o essencial das coisas que sabemos. Aprender a resumir é aumentar as hipóteses de sucesso: Nota: quando for convidado a fazer um resumo, não hesite em perguntar qual a extensão desejada, para não haver defeito nem excesso. Sumário Em síntese: A actividade de tirar apontamento constitui um dos processos fundamentais para a captação e retenção da matéria, pois, por meio dos apontamentos aprendemos melhor e as nossas informações ficam guardadas para sempre. Os apontamentos podem ser de três tipos: Transcrição, esquemas e resumos Exercícios 1. Indique as diferentes formas de tirar apontamentos. 2. Diferencie-as. 3. Faça a tomada de notas do Texto 1, da Unidade 1. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA UNIDADE 5 O RESUMO Introdução Qualquer estudante do ensino superior deve ser capaz de resumir textos de carácter científico ou didáctico, pois, por meio dos resumos, os resultados adquiridos nos estudos são mais eficazes e mais amplos. Nesta unidade, veremos as estratégias usadas para a redução de um texto – a técnica de resumo - especificamente o método RASERO. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Ao completar esta unidade /lição, será capaz de: Objectivos Detectar o essencial num texto para resumi-lo; Discernir sobre o que é indispensável, o principal, o importante, o secundário, o acessório e o inútil; Resumir um texto de qualquer natureza (científico / literário); A actividade de resumir um texto destaca-se pelo facto de tornar o texto mais curto, contraído, condensado ou de abreviá-lo. Porém, não se deve confundir um plano com um resumo, pois, este é correctamente redigido, claro e construído. Deve pôr em realce o essencial, sem ser nem uma análise nem um comentário. De acordo com Lemitre (1986: 158), o resumo dá uma visão de conjunto do conteúdo e acentua a progressão dos pontos principais. Ele respeita a linearidade do discurso inicial. Não pode retomar todas as ideias expostas,mas não deverá tão-pouco limitar-se a um sobrevoo abstracto não conservando senão os conceitos sem explicações. Em suma, resumir é apresentar, de forma contraída, reduzida ou abreviada, as ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que é fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em palavras e rico em significado. São alguns dos exemplos de resumo: as manchetes, os títulos, as legendas. Assim, dar títulos, fazer manchetes ou construir legendas é uma actividade que muitas vezes nos ajuda no domínio do significativo de um texto. Para detectar, referenciar, descobrir, apreender e apontar as ideias de fundo, directrizes, mestras, essenciais ou centrais é necessário seguir o método RASERO. Rapidez da leitura do texto; Atenção da leitura do texto; Sublinhado das ideias-chave; Esquema do essencial; Resumo das unidades de significação; Operatividade. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Nestas actividades, a grande dificuldade é de identificar qual é o conteúdo mais importante, mas é preciso ter em atenção que as ideias principais encontram-se em constelações de ideias. Ver em Ruiz p. 38-39 como se pode notar a partir do Plano (esquema) traçado se o leitor é capaz de produzir o resumo considerando os seguintes aspectos: Eliminar as repetições, as interjeições; Suprimir pormenores, exemplos isolados, citações, mas sem cair na generalização esquemática; Manter os valores mais significativos em abordagens que apresentam números; Distinguir as ideias principais das secundárias; Respeitar a ordem, a estrutura e a proporção do texto, bem como as articulações lógicas. Defeitos a evitar: A utilização de frases ou expressões inteiras do texto que se quer resumir; Acrescentamento de comentários pessoais; A ausência de elos de ligação entre as frases e os parágrafos. Sumário Em síntese: Resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou abreviada, as ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que fazer uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que é fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em palavras e rico em significado. Exercícios 1. “O resumo dá uma visão de conjunto do conteúdo e acentua a progressão dos pontos principais. Ele respeita a linearidade do discurso inicial.” ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA 1. Clarifique a ideia expressa na afirmação. 2. Explicite detalhadamente o método RASERO, resumindo o texto que se segue: A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO TRABALHO COM O TEXTO LITERÁRIO O trabalho com a literatura infantil e juvenil no contexto escolar e a formação do hábito/necessidade de leitura tem motivado várias discussões e busca constante de inovações por parte dos profissionais da educação. Porém, na prática, percebe-se que as aulas de Língua Portuguesa não têm dado conta de abarcar toda essa carga de responsabilidades, principalmente no que se refere à formação do hábito de leitura de textos literários. Como em qualquer outro conteúdo, o ensino da leitura na escola necessita de metodologia. Segundo Ezequiel Theodoro da Silva e Regina Zilberman (2005, p.115), uma pedagogia da leitura que objectiva a transformação do leitor e, através deste, da sociedade, dificilmente se funda na descrição da estrutura do(s) texto(s). Mais do que isso, uma pedagogia da leitura de cunho transformador propõe, ensina e encaminha a descoberta da função exercida pelo(s) texto(s) num sistema comunicacional, social e político. A história mostra que a criança só passou a ser vista como criança a partir do final do século XVII. Por isso, até então não se escrevia especificamente para elas, porque não existia o conceito de “infância” como um período particular na vida do ser humano. Foram as modificações acontecidas no início da Idade Moderna e solidificadas no século XVIII que propiciaram a ascensão de modalidades culturais como a escola com sua organização actual e o género literário dirigido ao jovem. A valorização da infância (enquanto faixa etária distinta do adulto) é o que chama a atenção nesse novo modelo, no qual a criança merece uma consideração especial e é-lhe dado o direito de tornar-se num adulto saudável, providenciando-lhe uma formação intelectual. (ZILBERMAN, 2005) A escola tem, nesse processo, uma actuação fundamental. Ela deve propiciar um encontro adequado entre criança e livro. O convívio com o texto alarga horizontes; não se trata, portanto, de oferecer ao leitor-jovem obras que justifiquem sua condição de marginalidade ou inferioridade social, mas sim, de dar-lhe a oportunidade de intercâmbio com o texto, vivenciando particularmente o mundo criado pelo imaginário. Dessa forma, a leitura adquire um carácter formativo, o que difere de uma função estritamente didáctica, propiciando elementos para a emancipação pessoal, fazendo com que o ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA leitor tenha um maior conhecimento do mundo e do seu próprio ser através da fantasia criada pelo escritor. Nessa interacção entre o texto e o leitor, é fundamental o papel do professor, pois ele é o principal responsável pelo ensino da leitura na escola. Para tanto, precisa estar fundamentado em teorias que o ajudem a pensar práticas pedagógicas para o ensino da literatura na escola. E o primeiro passo para que isso ocorra é a conscientização, tanto por parte do aluno quanto do professor – principalmente deste – de que a leitura, neste caso particularmente a leitura de textos literários, é uma das formas de aquisição de conhecimento e gostar de ler é um processo: não se nasce gostando e pode-se aprender. Por isso, tal processo requer procedimentos didáctico- pedagógicos que levem o leitor a perceber que há um percurso até chegar ao objectivo, e que o prazer de ler é construído na medida em que ele vai superando as dificuldades, avançando e constituindo-se como sujeito, criando novas relações entre situações reais e situações de pensamento. Os alunos precisam ter contacto com textos literários em sala de aula, mas isso não pode ser feito de forma aleatória e desvinculada de um objectivo. É necessário planificar as aulas e usar estratégias que sirvam para despertar o interesse de crianças e adolescentes, permitindo-lhes superar as limitações e avançar, constantemente, no processo de amadurecimento como leitores e como pessoas. A esse respeito, Magnani afirma que: se o gosto se aprende, pode ser ensinado. A aprendizagem comporta uma face não espontânea e pressupõe intervenção intencional e construtiva. Assim, o professor tem um importante papel a desempenhar no desenvolvimento de seus alunos/leitores. (MAGNANI, 1991, p.104) Se o gosto se forma na aprendizagem escolar, o professor tem papel imprescindível neste processo. É necessário, além da planificação, uma intimidade com as obras literárias, adquiridas a partir do gosto de ler, primeiramente do professor, que será o principal mediador entre leitor e obra. Esta intimidade fará com que o professor tenha prazer em ler para seus alunos, comentar sobre as obras que está a ler e apresentar a eles tudo que a literatura é capaz de nos proporcionar. A partir daí os alunos naturalmente terão curiosidade em buscar sozinhos tudo aquilo que lhe é proporcionado quando o professor lê para eles. Ao fazer com que a obra literária chegue até ao aluno e ao planificar estratégias para este trabalho, o professor contribui ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA para que os conteúdos básicos de leitura, escrita, oralidade e análise linguística estejam interligados e não isolados. Além de facilitaraos alunos o acesso a diversos géneros textuais. Dessa forma, serão capazes de perceber o percurso que há até se chegar ao objectivo, e que o prazer de ler está na superação, na responsabilidade e na consciência de que leitura demanda esforço. Entendida desta forma a leitura da obra literária, propõe- se que se pense no ensino de literatura a partir dos pressupostos teóricos da Estética da Recepção (JAUSS, 1971) que tem como fundamento central a ideia de que nenhuma obra está incólume às determinações históricas, às condições de recepção a que é exposta no passar do tempo. In: SANTOS NUNES, Isabel Cordeiro dos (2008). O texto literário no ensino fundamental. Porto Alegre (www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br) UNIDADE 6 A SÍNTESE Introdução Para a elaboração de qualquer texto, seja de que natureza for, é necessário seguir um determinado percurso de forma a atingir uma hiperestrutura textual coerente e coeso. Portanto, nesta unidade apresentamos o percurso metodológico que deve ser seguido na produção ou elaboração de uma síntese. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Elaborar uma síntese de texto de qualquer natureza (científico / literário); ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Segundo Esteves (2002:82)12, a síntese é “um género de texto elaborado, de dimensão reduzida, mas redigida de forma simples, clara e consistente”. A elaboração de uma síntese implica um bom domínio das técnicas de leitura e de escrita. Deste modo, é possível trabalhar-se vários tipos de texto em simultâneo. O apelo à escrita sintética do mundo actual é devido a dois aspectos. Por um lado, aos vários suportes de informação existentes e, por outro, às exigências do próprio leitor que se interessa por escritos recheados de “paginação, cor, abundância de títulos, subtítulos e cabeçalhos, quadros, gráficos, resumos e sínteses, estrutura e plano em destaque, frases curtas (20 a 30), estilo concreto e vivo, próximo da oralidade, usando a forma activa e o infinitivo.”13 Percurso de elaboração Os passos a seguir para a elaboração de uma síntese assentam na compreensão do texto, na elaboração de um plano ou no reagrupamento das ideias e na redacção. I. Compreensão do texto Deve-se fazer uma leitura activa, tal como no resumo mas em menor profundidade. Implica destacar as palavras-chave, ideias- chave e fazer anotações numa folha, usando frases soltas. II. Plano ou reagrupamento de Ideias Engloba os seguintes pontos: 1. Apresentação – “Identifica o texto, o tema tratado, o nome do autor e eventualmente a tese”; 2. Ilustração – “expõe os factos respeitantes ao tema; noutros casos, historia o problema”; 3. Causas – “diagnostica o estado da questão, indo até às suas origens”; 4. Efeitos – “reúne as consequências”; 5. Remédios – “indica as soluções apresentadas pelos autores para alterar os efeitos ou resolver os problemas”; 6. Conclusão – “apresenta as considerações finais dos textos.” 12 Esteves Rei, Curso de Redacção II, Porto: Porto Editora, p.82 13 idem ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Plano ou Reagrupamento das Ideias 1. Apresentar no estilo indirecto as posições de cada autor; 2. Respeitar o pensamento de cada autor; 3. Ser conciso, claro e preciso; 4. Ter atenção à construção frásica. Aspectos a evitar 1. Não se deve utilizar frases e expressões inteiras do texto; 2. Não se deve fazer comentários ao texto. Sumário Em síntese: A elaboração de uma síntese implica um bom domínio das técnicas de leitura e de escrita. Na produção, há que evitar os seguintes aspectos: utilizar frases e expressões inteiras do texto; fazer comentários ao texto. Exercícios 1. Releia atentamente o texto da unidade anterior e faça a sua síntese. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA UNIDADE 7 A ORTOGRAFIA Introdução A Língua Portuguesa constitui, para além de elemento de Unidade Nacional em Moçambique, um meio de comunicação. Assim, ao futuro técnico/gestor, que usará esta língua como instrumento de comunicação, torna-lhe imperativo dominá-la. Portanto, é importante que se esteja atento à correcção linguística dos enunciados que ouvimos ou que lemos no dia-a-dia. O Desenvolvimento da capacidade de expressão escrita só será possível com a escrita constante. Escrever bem implica também dominar as regras, quer de ortografia quer da pontuação, por isso na unidade seguinte trataremos da Pontuação. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Aprofundar conhecimentos sobre o sistema verbal escrito da língua portuguesa; Escrever correctamente um enunciado sem cometer erros ortográficos; Conceito da ortografia A Ortografia é a parte da Gramática que ensina a maneira correcta de escrever as palavras. (Pinto; Lopes; Neves: 2001: 4) A habilidade de escrever é uma arma eficaz de sucesso, tanto na escola como na profissão. Na escola, a escrita é uma das formas de expressão mais valorizada na avaliação dos estudantes, em quase todas as disciplinas. Pela vida fora, as pessoas, mesmo seguindo profissões técnicas, ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA têm de escrever cartas, relatórios, actas, exposições, comunicados, projectos, etc. A escrita é um instrumento fundamental para informar, demonstrar, persuadir ou simplesmente para interessar os outros pelas nossas ideias. É possível ter sucesso sem saber escrever correctamente. Mas aqueles que sabem escrever estão sempre em vantagem. Na expressão escrita o mais importante é fazer-se entender, mas isto não significa que se deve desprezar a ortografia. As palavras têm de ser escritas com correcção. Os erros ortográficos podem ter como causas a deficiente aprendizagem no ensino básico, a falta de tempo e de motivação para a leitura ou ainda a desvalorização da escrita em relação a outras formas de expressão. A maioria dos erros é um reflexo da oralidade. Espontaneamente, as pessoas escrevem as palavras como as pronunciam na linguagem oral. Falando mal, pioram na escrita. Observemos exemplos dos erros mais frequentes, encontrados nos trabalhos dos estudantes. Eliminação ou troca de letras Devido às confusões provocadas pela oralidade, acontece, por vezes, ao nível da grafia, a eliminação ou troca de algumas letras. É vulgar: __ A eliminação do e ou do i: adquado (errado) __adequado advinhar (errado ) __ adivinhar establecer ( errrado) __ estabelecer intlectual ( errado) __ intelectual __ A troca de e por i ou i por e: defenição (errado) __ definição destinção (errado) __ distinção indespensável (errado) __ indispensável ivitar ( errado ) __ evitar ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA menistro (errado) __ ministro previlégio (errado) __ privilégio __ A troca de o por u ou u por o: agrícula (errado ) __ agrícola mágua (errado) __ mágoa opurtuno (errado) __ oportuno suburdinado (errado) __ subordinado __A confusão entre os prefixos es e ex: esperiência (errado) __ experiência espectativa (errado) __ expectativa expectáculo (errado) __ espectáculo __ A confusão entre os prefixos per e pre: perconceito (errado) __ preconceito pregunta (errado) __ pergunta prefeição (errado) __ perfeição premissão (errado) __ permissão Troca de palavras homófonas Alguns erros provêm da troca de palavras homófonas, isto é, palavras que se pronunciam do mesmo modo. Diferentes na escrita e no significado, merecem distinção claras seguintes palavras: acento (modo de pronúncia) assento (lugar ) apreçar (avaliar) apressar (aceleraro passo) cem (numeral) sem ( preposição) concelho (município) conselho(opinião, parecer) concerto (sessão musical) conserto (reparação) consolar ( aliviar o sofrimento) consular (relativo ao cônsul) ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA coser ( costurar ) cozer ( cozinhar) estofar ( cobrir de estofo) estufar ( meter na estufa) espiar ( espreitar) expiar ( sofrer um castigo) morar ( residir) murar ( pôr muro) paço (palácio) passo ( modo de andar) peão ( pessoa que anda a pé) pião (brinquedo) roído (mordido) ruído ( som) ruço ( pardacento) russo ( da Rússia) soar ( produzir som) suar (transpirar) tacha (prego) taxa (imposto) Outras palavras são igualmente difíceis de distinguir ao nível da oralidade, mas têm grafia e significados diferentes. Exemplos: descrição ( narração) discrição (prudência) despensa ( compartimento) dispensa (desobrigação) Confusões nos verbos Para o escritor Mark Twain, a culpa principal dos erros ortográficos deve ser atribuída aos verbos: «o verbo não tem estabilidade nem dignidade nem opinião duradoira». Apesar do tom humorístico da frase, é um facto que o verbo tem pessoas, tempo, modo e vozes. Torna-se muito complexo conjugar tudo isso com a devida correcção. Por culpa dos verbos ou da ignorância de quem os usa, existem vários tipos de confusões: __ Confusão entre formas verbais e outras palavras: há ( verbo haver) e à (preposição) traz (verbo haver) e trás (preposição) asso (verbo assar) e aço (metal) vazo (verbo vazar) e vaso (recipiente) cede ( verbo ceder) e sede (lugar) ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA __ Confusão entre verbos diferentes vêm (verbo ir) e vêem(verbo ver). __ Confusão entre tempos diferentes do mesmo verbo: andaram ( pretérito) e andarão (futuro) __ Confusão entre conjugações diferentes do mesmo verbo: mudasse ( conjugação simples) e muda-se(conjugação pronominal) N.B.: Ler bons autores (em livros e revistas), de forma cuidadosa e com um dicionário sempre à mão, permite enriquecer o vocabulário essencial para a escrita (cerca de 2.200 palavras em Português, segundo os especialista). (...) A leitura activa e interessada permite ainda observar como os outros comunicam. Escritores e bons jornalistas podem ser para o estudante escolas vivas, exemplos a seguir, modelos a imitar. (...) (...) Conhecer as regras básicas da gramática é um meio para falar e escrever com correcção. Na arte da escrita ninguém nasce perfeito. Aprende-se a escrever, escrevendo. O segredo fundamental para aprender a escrever é praticar a escrita, com exercícios constantes. A qualidade só se consegue depois de muita quantidade, feita com intenção de melhorar. Entre várias formas de treinar, sugerimos: tirar apontamentos nas aulas; copiar textos interessantes (pensamentos, poemas...); resumir leituras de livros, revistas e jornais; fazer trabalhos escritos, por iniciativa própria; elaborar «escritos pessoais» ( por exemplo escrever um diário onde se registem ideias, experiências e sentimentos) Praticando a escrita, com treinos sistemáticos (recorrendo a dicionários e prontuários sempre que houver dúvidas), é possível escrever sem medo. Mais do que isso, é possível escrever com gosto. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Sumário Em síntese: A correcção na escrita é indispensável porque para se fazer entender é necessário que a linguagem usada e a ortografia das palavras sejam claras e correctas. Contudo, saber escrever é ter a ferramenta necessária para o sucesso no contacto em toda sociedade. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA Exercícios Depois destes parcos subsídios sobre a ortografia, e com de outras bibliografias responda as questões que lhe são levantadas. ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA UNIDADE 8 A PONTUAÇÃO Introdução Pontuar uma frase escrita corresponde ao estabelecimento das pausas na comunicação oral e é apresentar a ideia que se pretende transmitir com exactidão e precisão. A má utilização dos sinais de pontuação pode resultar na completa ambiguidade comunicativa. Assim, nesta unidade apresentamos os diferentes sinais de pontuação e as regras usadas para a sua aplicação ou utilização. Ao completar esta unidade / lição, será capaz de: Objectivos Aplicar correctamente os diferentes sinais de pontuação; Identificar erros de pontuação em textos produzidos. Enunciar as regras para a utilização de sinais de pontuação. Definição Designa-se por pontuação ao sistema de utilização de certos sinais gráficos convencionais (NOGUEIRA, 1989:67). Entretanto, FERREIRA e FIGUEREDO acrescentam que: “ a pontuação não é só importante para exprimirmos com clareza o que pretendemos dizer. É-o também para uma boa e expressiva leitura dos textos”. Os sinais de pontuação contribuem para nos dar a entoação de vida à leitura e fazer as pausas necessárias. Tipos de pontuação Os sinais de pontuação são: ponto final (.), ponto e vírgula (;), vírgula (,), ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!) as reticências (…), as aspas (« »), vírgulas altas (“ ”) o parêntese ( ), e o travessão (-). Dentre vários sinais de pontuação existentes podem ser agrupados em sinais que marcam a pausa e os que marcam a melodia (cf. FERREIRA, FIGUEREDO e CUNHA e CINTRA). Sinais que marcam a pausa No entender de CUNHA e CINTRA, os sinais de pontuação que ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA marcam a pausa são os que a seguir mencionamos. Vírgula (,) A vírgula, que marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para separar elementos de uma oração, mas também em orações de um só período. Quando a vírgula se encontra no interior da oração serve para: a) Separar elementos que exercem a mesma função sintáctica (sujeito composto, complementos, adjuntos), quando não vêm unidos pelas condições e, ou e nem. Ex: A sua frota, a sua boca, o seu sorriso, as suas lágrimas, enchem-lhe a voz de formas e de cores… b) Separar elementos que exercem funções sintácticas diversas, geralmente com a finalidade de realçá-los. Em particular, a vírgula é usada: i) Para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente explicativo: Ex: Alice, a menina, estava feliz. ii) para isolar vocativo: Ex: Dona Glória, a senhora persiste na ideia de manter o nosso Bentinho no seminário? iii) para isolar os elementos repetidos: Ex: Só minha, minha, minha, eu quero! iii) para isolar o adjunto adverbial antecipados: Ex: Lá fora, a chuvada despenhou-se por fim. c) Emprega-se ainda vírgula no interior da oração: i) Para separar, datação de um escrito, o nome do lugar: Ex: Beira, 22 de Setembro de 1983. ii) para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o verbo) ou de um grupo de palavra: Ex: No céu azul, dos fiapos de nuvens. Observação: Quando os adjuntos adverbiais são de pequeno corpo (um advérbio, por exemplo), costuma-se dispensar a vírgula. A vírgula ISCED – MANUAL DE TÉCNICAS DE EXPRESSÃO ORAL E ESCRITA é, porém, de regra quando se pretende realçá-los. Compara-se estes passos: Depois levaram o Ricardo para casa da mãe Avelina. Depois, o engraçado são as passagens de nível, os aparelhos de sinalização, os vagões – cisternas. Depois, tudo caiu em silêncio. • Entre orações, emprega-se a vírgula: i) Para separar as orações coordenada assindéticas Ex: Subiram ao sótão, desceram a cave, espreitaram no poço. ii) para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo as introduzidas pela conjunção e: Ex: Ou elas tocavam, ou jogavam
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