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Gabriela Brito S5-GO SANGRAMENTOSANGRAMENTO UTERINO ANORMAL É coordenado pelo eixo hipotála- mo-hipófise-ovário, onde existe uma complexa interação entre esses compartimentos (SNC e sistema reprodutor) que acontece através das gonadotrofinas, hormônios esteróides sexuais, pelas alças de feedback positivo e negativo, levando ao ciclo menstrual. É dividido em ciclo ovariano e uterino, que ocorrem simultaneamente. CICLO OVARIANO Começa com o recrutamento folicular, que acontece no 1º dia do ciclo, quando o FSH está elevado. Ocorre o desenvolvimento desses folículos que foram recrutados, sendo selecionado um folículo dominante que vai passar pelo processo de ovulação. Após a ovu- lação se formará o corpo lúteo. Nesse ciclo ovariano, ocorre a síntese dos esteróides sexuais que vão atuar no eixo hipotálamo-hipó- fise-ovário, fazendo ser um processo cíclico. Os esteróides sexuais agem no endométrio causando as alterações endometriais para a menstruação. CICLO UTERINO Fase proliferativa: Fase secretora: Menstruação: Consiste nas alterações endome- triais, que tem como principal obje- tivo a preparação do endométrio para a implantação do embrião. O endométrio é como se fosse um espelho da ação do ovário através dos hormônios estradiol e proges- terona (produzidos no ovário). É dividido em 3 fases: Predominância do estradiol (estro- gênio). Responsável pela prolifera- ção do endométrio, predomina as mitoses das células endometriais. Predomínio da progesterona, o hormônio da gestação, causa a característica secretora do endo- métrio. Torna o endométrio pro- pício ao desenvolvimento de um embrião. Se dá pela ruptura do endométrio, que ocorre na ausência de uma gravidez. S5-GO Gabriela Brito ENDOMÉTRIO Camada basal: Camada funcional: Tem 3 camadas histologicas, basal, esponjosa e compacta. Funcional- mente existem 2 camadas a basal e a funcional. Responsável pela regeneração en- dometrial após descamação, não se modifica nem sofre o efeito dos esteróides sexuais. Dividida em esponjosa e compacta, é cíclica, reflete a ação do ovário pelo estrogênio e progesterona. No início ocorre a fase folicular junto com a fase proliferativa , com o pico de LH ocorre a ovulação e depois a formação do corpo lúteo, que fica responsável pela síntese de progesterona levando à fase secretora e se não ocorrer gestação, ocorre a menstruação. MENSTRUAÇÃO Ocorre na ausência da gravidez, que favorece a degeneração do corpo lúteo (dura 14 dias), levando à quedas de estrogênio e progeste- rona, ocorrendo reações vasomoto- ras (colabamento dos vasos e contrações miometriais) levando a ruptura endometrial= Menstruação. S5-GO Gabriela Brito Tem uma repercussão muito grande na qualidade de vida das mulheres. Principal causa de anemia ferropriva nas mulheres em idade reprodutiva, associado a dismenorreia (dor no período menstrual), limitação de atividades, pode precisar de intervenção cirúrgica, influência no psicológico e social. É considerado um sangramento uterino anormal quando ocorre al- teração no volume, frequência, regularidade ou duração (em excesso) ou quando ocorre entre 2 períodos menstruais (sangramento intermenstrual). CLASSIFICAÇÃO SUA agudo: SUA crônico: Necessita de intervenção imediata, medicamentosa ou procedimento cirúrgico. Quando as alterações persistem por pelo menos 6 meses. PALM-COEIN Facilita bastante o diagnóstico, dividindo o SUA em 2 grandes grupos, de causas estruturais (PALM) e não estruturais (COEIN). Acontece quando se tem uma hipertrofia focal do tecido glandular com um pedículo vascular. Podem PÓLIPOS DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Podem ser sangramentos relacio- nados à gestação e de origem cer- vical ou vaginal. S5-GO Gabriela Brito ser endometrial ou cervical (canal cervical). Apresentam baixo risco de melignidade, é avermelhado, geral- mente se exterioriza pelo orifício externo do colo (nem sempre). Causam sangramento intermens- trual, sinusiorragia (sangramento na relação), infertilidade, sangramento pós-menopausa. São feitos exames de imagem como USG transvaginal (espessamento focal) e histerosco- pia (diagnóstico e tratamento). ADENOMIOSE Consistem em uma invasão benig- na do endométrio no miométrio, são focos de endométrio no miométrio. SUA + dismenorreia. Também causa cólica. Ao toque vaginal percebe-se um útero aumentado. Exames de imagens mais utilizados são USG transvagi- nal e ressonância magnética. Diagnóstico histopatológico. LEIOMIOMA É uma neoplasia benigna do músculo liso, lesão neoplásica mais comum do trato genital feminino. Ao toque vaginal percebe-se um útero aumentado e irregular. Exames de imagem feitos são USG transvaginal, histeroscopia e histerossonografia. Submucoso: Intramural: Subseroso: Tem localização submucoso, intra- mural e subseroso, com quadro clínico variando dependendo da localização. Entra na cavidade uterina. Dentro do miométrio. Camada serosa que reveste o útero. S5-GO Gabriela Brito Apresenta fluxo sanguíneo intenso e sangramento intermenstrual. Os submucosos causam mais san- gramento e mais relacionados à infertilidade e perdas gestacionais. MALIGNIDADE Mais comum em mulheres pós menopausadas, devido exposição endometrial ao estrogênio sem oposição da progesterona. Tem como fatores de risco obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, nuliparidade, menopausa tardia ou anovulação crônica. O diagnóstico definitivo é pela biópsia de endométrio. COAGULOPATIA Mulher apresenta SUA desde a menarca, apresenta outros sangramentos como epistaxe, gen- givorragia ou histórico de difi- culdades de coagulação em trau- mas ou cirurgias. Causadas por doença de Von Willebrand, hemo- filia, disfunções plaquetárias, púrpura trombocitopênica, hepato- patias. Necessário fazer acompan- hamento junto com hematologista. DISTÚRBIOS OVULATÓRIOS São os mais comuns. Padrão de sangramento é amenorréia seguida de fluxo intenso (maior exposição à estrogênio- endométrio espesso) ou irregularidade menstrual com fluxo menstrual variável. São exemplos transição menopausal (extremo de idade), imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (extremos de idade), síndrome dos ovários policísticos, anovulação secundária à obesidade, estresse, distúrbios alimentares, hiperprolac- tinemia, atividade física intensa, disfunção tireoidiana. DISTÚRBIOS ENDOMETRIAIS São as causas mais raras. É uma desordem primária do endométrio em que ocorre deficiência local de agentes vasoconstrictores, exces- siva lise do trombo endometrial ou aumento das substâncias vasodila- tadoras. Ocorre em pacientes que tem resposta inflamatória exacer- bada, como na doença inflamatória pélvica (DIP). A clínica se apresenta como ciclos menstruais regulares, porém com excesso de fluxo. IATROGENIA Uso de medicamentos que interferem na coagulação san- guínea ou influenciam na ovulação. Esteróides sexuais, anticoagulantes, ácido acetilsalicílico, antidepres- sivos, fenotiazinas, antiepilépticos. S5-GO Gabriela Brito CAUSAS NÃO CLASSIFICADAS São bem raras, podem ser devido malformações arteriovenosas, hipertrofia miometrial, Istmocele (descontinuidade miometrial em região de histerotomia de cesárea prévia) e alterações mullerianas. AVALIAÇÃO CLÍNICA Fazer anamnese detalhada, impor- tante descartar gestação e abortamento. Fazer exame físico geral, abdominal e ginecológico. EXAME GINECOLÓGICO Exame especular: Toque bimanual: Identificar a origem do sangra- mento, se é do colo, da vagina, útero. Quantifica o sangramento, se a origem é cervical ou vaginal. Verifica o volume uterino e possibi- lita palpação dos anexos. EXAMES COMPLEMENTARES Laboratoriais: Imagem: Hemograma (anemia), B-HCG (gravidez), TSH e prolactina (hipotálamo) e coagulograma (coa- gulopatias). USG transvaginal, histeroscopia, histerossonografia e biópsia de endométrio (suspeita de câncer). TRATAMENTO Manter sinais vitais estáveis e estabilidade hemodinâmica. Fazer exame geral, de pele, pescoço e órgãos genitais. S5-GO Gabriela Brito MANEJO SUA AGUDO Estrogênioendovenoso; Contraceptivo oral combinado: Usar na fase aguda, manter como tratamento de manutenção após estabilização. Progestagênio oral: Noretis- terona. Antifibrinolítico: Por via EV, con- trole hemostático do sangramento, mais usado é ácido tranexâmico. AINES: Mediador inflamatório do endométrio, maior eficácia associa- dos à antifibrinolíticos e tratamen- tos hormonais. Mais usados são na- proxeno, ibuprofeno, diclofenaco. Tratamento cirúrgico: Fazer em casos refratários ao tratamento clínico e SUA secun- dário a causas estruturais. Tamponamento endometrial, dila- tação e curetagem, histeroscopia, ablação endometrial, embolização das artérias uterinas e histerec- tomia. MANEJO SUA NÃO ESTRUTURAL Faz tratamento hormonal (estro- gênio e progestagênio combinados, progestagênio oral ou injetável, DIU), uso de AINES, antifibrinolíticos (ácido tranexâmico). Tratamento cirúrgico é feito se refratário ao tratamento clínico, histerectomia ou ablação endo- metrial. S5-GO Gabriela Brito Mulher, 25 anos, nuligesta, uso de condom como contraceptivo, nega comorbidades ou uso de medicações, procura atendimento com sangramento transvaginal intenso há mais de 15 dias. Apresenta ciclos regulares com sangramento de fluxo progressivamente aumentado por 10 dias. Exame físico ginecológico sem alterações. B-HCG sanguíneo negativo. Qual a investigação inicial mais adequada para iniciar a propedêutica complementar da hemorragia uterina anormal? A) Solicitar hemograma completo, coagulograma e ultrassom transvaginal. B) Solicitar perfil hormonal completo para avaliar anovulação crônica. C) Orientar sobre a imaturidade do eixo hipotálamo-hipófise-ovário. D) Solicitar exames para diagnosticar as principais trombofilias.
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