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38-Missões Urbanas

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apostila de 
 
 
 
MISSÕES URBANAS 
 
 
 
 
Pr. Dr. Clesi lvio de Castro Sousa 
Ministro Evangélico - Professor e Doutor em Teologia - 
Diretor Geral – ITEF / CNPTEC 
 
 
 
 
 
2 
 
 
Tema: Palavra do Diretor 
 
Antes de começar nossos estudos, quero agradecer por ter se matriculado no 
nosso Seminário Maior de Estudos Teológicos, quero dar-te as boas vindas e te desejar 
bons estudos. Quero que saiba que estarei aqui pra te auxiliar no que for necessário, 
contudo, quero que se esforce com toda dedicação pra obter um bom estudo. 
Fazer um estudo teológico não é algo difícil, mas também não é tão fácil, 
contudo, quando buscamos a direção do Espírito Santo, com toda dedicação e devoção, 
somos levados a ter toda revelação que necessitamos. 
Tenho total confiança em você, querido aluno, confiança essa que me leva a 
saber que no futuro próximo, será um grande defensor da fé, e quem sabe um grande 
obreiro capaz de pregar o evangelho com toda excelência e amor. 
Quero aqui fazer uma aliança com você, uma aliança a qual primeiramente será 
feita com o Senhor JESUS CRISTO, filho de Deus. A aliança é que irá estudar com desejo de 
aprender mais de Deus, com intenção de ser edificado, com amor e alegria, e quando 
possível, poder falar e compartilhar tudo quanto tem aprendido a outros para a glória de 
Deus. 
Busquem estudar a Bíblia todos os dias com a intenção de conhecer intimamente 
seu autor, o Espírito Santo, que a Palavra de Deus seja seu alimento constante, isso fará 
que venhas a ter um conhecimento e crescimento espiritual. 
Não estude e não leia a Bíblia somente com um objeto de estudo, mas estude 
com os olhos espirituais pedindo sempre a revelação de Deus e aplicando tudo que 
aprender e ler em sua vida, tudo que ler, veja como um espelho pra você e não como algo 
que somente serve pra outras pessoas, e o mais importante, leia crendo sem duvidar. 
(Hebreus 11.1) 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
Introdução 
 
As questões que nos motivam para esta pesquisa são um embasamento teórico para o 
estudo missiológico da cidade. Por isso decidimos estudar 3 assuntos. Primeiramente a 
história do crescimento das cidades. Como segundo capítulo, problemas atuais das cidades, e 
por último, algumas reflexões teológicas. 
A motivação principal é o crescimento rápido das cidades, aliás, de toda a população 
mundial no último século, a qual se acumula geralmente nas cidades. 
Uma das fontes utilizadas foi a revista “Grosstadt”, numa edi ção de 1997. Alguns 
dados podem estar desatualizados, mas acrescentamos a vantagem de tratar de 
exemplos específicos de cidades atuais. 
Notamos que os problemas das cidades foram abordados, e não as soluções. Na 
verdade vêm ocorrendo várias iniciativas públicas e privadas neste sentido. Desta forma 
os problemas são muito variados, conforme os mesmos são tratados, e conforme as 
características próprias das regiões e sua história. Conscientemente listamos e abordamos 
problemas urbanos, pois o objetivo desta monografia dentro de uma tríade de trabalhos (1, 
a problemática da urbanização; 2, um guia prático para compreender a cidade; 3, análise da 
cidade de Leonberg) é instrumentalizar, ou no mínimo, gerar uma consciência, para a análise 
concreta de cidades com objetivo missiológico. 
Procuramos na medida do possível mesclar dados acerca do Brasil. Não é a intenção 
escrever um capítulo específico acerca do mesmo, mas à medida que dados foram 
aparecendo, fomos mesclando dentro dos assuntos como forma de sublinhar a realidade 
brasileira neste trabalho. 
 
4 
 
 
 
1- O CRESCIMENTO DAS CIDADES 
 
 
 
 
O tema “Cidades em crescimento” é muito atual. Basta estarmos atentos 
para o uso das expressões como “conurbação”, “metrópole”, “região 
metropolitana” e “megalópole”, etc. Grandes aglomerações urbanas têm 
sido o resultado de expansão urbana, provocada pelo desenvolvimento da 
indústria, da tecnologia, dos transportes e das comunicações. (DA SILVA 
FILHO: Interações urbanas) 
O processo de urbanização é o aumento relativo da população 
das cidades acompanhado da redução percentual dos moradores do 
campo. Um país é considerado urbanizado quando a taxa de 
moradores das cidades ultrapassa 50% do total de habitantes. Nesse 
sentido, o Brasil é uma nação urbanizada. (Correio Braziliense 
Online) 
 
Conforme o censo de 2000 (IBGE), cerca de 80% dos brasileiros vivem 
nas cidades. Analisando a situação dos anos 1940, quando cerca de 70% da 
população brasileira morava no campo, vemos uma inversão. (Correio 
Braziliense Online) 
Quase metade dos 6,3 bilhões de habitantes do planeta mora em 
cidades. Em todo o mundo mais de 1 bilhão de pessoas vivem em 
favelas e áreas invadidas. (Correio Braziliense Online) 
Para que tenhamos uma idéia da verdadeira “explosão” da população 
mundial, reproduzimos abaixo uma tabela da população mundial (U.S. Bureau of 
the Census). 
 
Ano População Ano População 
-10000 1 (milhão) 1920 1,86 
-5000 5 1930 2,07 
-1000 50 1940 2,3 
-500 100 1950 2,555,360,972 
-400 162 1960 3,039,669,330 
-200 150 1970 3,708,067,105 
1 170 1980 4,454,389,519 
500 190 1990 5,284,679,123 
1000 254 2000 6,085,478,778 
1500 425 2010 6,812,248,283 
1700 600 2020 7,510,699,958 
1800 813 2030 8,111,883,766 
1900 1,55 (bilhão) 2040 8,623,136,543 
1910 1,75 2050 9,050,494,208 
O que é cidade? Uma definição bastante concreta nos dá a enciclopédia 
Wissen, a qual resumimos aqui. 
5 
 
 
Cidade é uma forma milenar de agrupamentos humanos com determinadas 
regras e status. Como marcas principais de uma cidade entende-se hoje: área 
residencial densa e concentração de trabalho, principalmente com meios de 
sobrevivência secundários e terciários, contendo departamentos políticos, 
econômicos, administrativos e culturais. 
As marcas da cidade são em lugares diferentes do mundo compreendidas 
de forma diferente, de modo que podemos diferenciar uma cidade típica 
européia, oriental, chinesa, indiana, japonesa. (Wissen Stadt) 
 
 
1.1- História 
 
As grandes culturas antigas construíram também suas grandes cidades, p. ex., 
Jericó na Palestina, Babilônia, Nínive, Kisch, Ur e Uruk na Mesopotâmia, Susã na 
Pérsia, Harapa e Mohenjo-Daro na Índia; Yin na China, Theben e Menphis no Egito. 
Estas queriam ser símbolos portentosos do poder dos reis-deuses. (WISSEN: 
Verstädterung) 
Na Grécia antiga, a cidade tinha especial sigificado, pois a organização de 
cidades-estado era o elemento constituinte e norteador da vida grega antiga. A 
fuwnção de proteção não tinha tanta importância como em outras civilizações, tanto 
que somente no séc. 5 a.C. a cidade grega foi rodeada por um muro. 
A civilização romana começou a construir cidades no séc. 5 a.C. na Itália 
(Norba, Velitrae, etc); O modelo portentoso que se desenvolveu no período dos 
imperadores se espalhou, tendo como inspiração a cidade de Roma. Muitas cidades 
foram fundadas a partir de mercados e áreas comerciais (p.ex. Paris), também ao 
lado de vaus de rios, estradas, cruzamentos (Andernach) e acampamentos militares, 
gerava o interesse de implantar uma cidade. Estas cidades foram perdendo seu 
significado depois da queda do império. (WISSEN Verstädterung) 
Na Baixa Idade Média a urbanização foi irregular e sem planejamento, 
enquanto as cidades romanas antigas diminuíam em população ou se 
desertificavam. (WISSEN Verstädterung) 
Somente mais tarde surgiram cidades a partir de diferentes raízes, cuja 
significância cresceu com o florescimento do comércio e indústria (Oppidum, Wik, 
Markt, Burg), e que desenvolveram seus próprios sistemas legais (Lübecker, 
Magdeburger, Kölner Stadtrecht), e puderam se tornar instâncias independentes 
(cidades reais livres) e ses tornaram um fator político crescente desde o final da 
Idade Média ao lado da nobreza e do clero. Na alta Idade Média as cidades se6 
 
 
uniram em ligas. O número de habitantes no séc. 14 e 15 era muito variável por 
motivo da epidemia da peste. Veneza, Londres e Paris tinham como grandes 
cidades mundiais, mais de 100.000 habitantes. (Wissen Verstädterung) 
No séc. 19 se desenvolveu a cidade industrial. A base para isso foi a nova 
ordem da sociedade nas revoluções populares, reformas agrárias liberais, 
liberdade de expressão, industrialização e revolução dos meios de 
transporte. A cidade moderna é geralmente uma cidade industrial. Suas 
marcas são o alto grau de centralização, multifuncionalidade, trânsito 
intenso, modificações no clima, crescente administração municipal, 
dificuldades de provisionamento e eliminação de resíduos, são as marcas 
da urbanização na Segunda metade do século 20. Isto é principalmente o 
caso nos países subdesenvolvidos, cujas metrópoles ainda não são 
capazes de receber e aprovisionar as multidões que recebem. (Wissen 
Verstädterung) 
 
As cidades cresceram rapidamente, tanto os setores industriais quanto as 
zonas residenciais cresceram imensamente, e geralmente de forma desumana, 
trazendo vários problemas, como de provisionamento, de higiene e trânsito. 
Somente a pouco tempo se tem feito grandes esforços para solucionar estes 
problemas, pois as conseqüências sobre a vida humana são sempre mais evidentes. 
(p.ex. poluição e envenenamento do ar pelo crescimento da motorização pessoal; 
poluição das águas pela processamento insuficiente do lixo). (Wissen Verstädterung) 
Desde o início, a principal função das cidades foi de proteção, contendo 
castelos, depósitos, e sendo cercada por muros e fossos. Os “urbanistas” da época 
se preocupavam pela segurança, principalmente das áreas residenciais, estradas e 
pontes. Muitas cidades eram fundadas por reis e outros nobres comoinstâncias 
representativas. O desenho das ruas das cidades era variado, conforme a função da 
cidade, pois somente com o surgimento dos automóveis motorizados é que o 
trânsito começou a determinar o traçado das ruas. 
 
Com a industrialização as cidades começaram a “transbordar“. No séc. 19 o 
fornecimento de água e canalização, e a necessidade de estradas determinava o 
processo de urbanização. Na entrada do séc. 20, os arquitetos começaram a discutir 
aspectos estéticos, sociais, higiênicos e sociológicos, avan çando com o passar do 
tempo para a concepção da “urbanização interdisciplinar”. (Wissen Städtebau) 
Ultimamente as planificações de cidades muitas vezes são feitas em 
computadores, através da simulação (p.ex. “sim-cities”), porém até mesmo isso é 
uma tarefa difícil devido à imprevisibilidade humana. (Wissen Städtebau) 
Diga-se também que atualmente há uma crescente consciência ecológica 
7 
 
 
neste ramo, de modo que já se procura construir as cidades de forma menos danosa 
ao ambiente. (Wissen Städtebau) 
 
1.2- Multidisciplinaridade 
 
Urbanismo é uma ciência multidisciplinar, que abrange estudos por parte de 
várias ciências, como por exemplo: arquitetura, urbanismo, sociologia, história, 
geografia, educação, direito, ciência política, filosofia e economia, etc. 
 
1.3- Terminologia 
 
 
1.3.1- Sistema urbanos 
 
Chamamos “sistemas urbanos” as redes que várias cidades formam, onde os 
maiores centros influenciam os menores. Este poder de influência e liderança é tanto 
maior quanto mais diversificada e desenvolvida for a sua economia. A influência se 
estende por vários graus, as maiores sobre as médias, e estas sobre as pequenas. 
(DA SILVA FILHO: Interações urbanas.) 
 
1.3.2- Conurbação 
 
Uma definição de conurbação dada por DA SILVA FILHO (Interações urbanas) 
 
é bem clara. 
 
É o encontro de duas ou mais cidades próximas em razão de seu 
crescimento. (...) Isso ocorre principalmente em regiões mais 
desenvolvidas, onde geralmente há uma grande rodovia que expande 
continuamente a área física das cidades. Exemplos: Juazeiro e Petrolina, 
no Rio São Francisco; região do ABCD, em São Paulo; regiões com as de 
Nova Iorque, da Grande São Paulo, do Grande Rio e outras. 
 
 
1.3.3- Metrópole 
 
Centros urbanos muito grandes, que possui os melhores equipamentos 
urbanos de um país ou região, liderando a rede urbana e exercendo forte influência 
sobre as cidades menores, chegando por vezes a ser um polo regional, nacional ou 
mundial. 
 
A partir da década de 50, o crescimento e a multiplicação das metrópoles 
foi espetacular. Em 1950, por exemplo, só existiam sete cidades com 
mais de 5 milhões de habitantes, a passo que em 1990 já existiam 
dezenas de cidades com mais de 5 milhões de habitantes. Muitas delas 
se expandiram tanto seus limites acabaram se encontrando com os limites 
de outros municípios vizinhos, formando enormes aglomerações 
chamadas regiões metropolitanas. (DA SILVA FILHO: Interações 
urbanas.) 
8 
 
 
1.3.4- Região metropolitana 
 
Região metropolitana então, é um agrupamento de cidades que se integram a 
uma principal através de serviços públicos e de infra-estrutura em comum. (DA 
SILVA FILHO: Interações urbanas) 
 
1.3.5- Megalópole 
 
Megalópole é uma conurbação de várias metrópoles, formando uma extensa e 
gigantesca área urbanizada. Corresponde às mais importantes e maiores 
aglomerações urbanas da atualidade. É encontrada em regiões de intenso 
desenvolvimento urbano, e nelas as áreas rurais estão praticamente ausentes. A 
megalópole brasileira encontra-se em formação ao longo do eixo metropolitano São 
Paulo–Rio de Janeiro. (DA SILVA FILHO: Interações urbanas) 
As principais megalópoles contemporâneas são: 
 
Boswash O nome vem 
de Boston e 
Washington; 
Localização: nordeste 
dos Estados Unidos; 
População: cerca de 50 
milhões de habitantes; 
Metrópoles 
abrangentes: Nova 
York, Filadélfia, 
Baltimore e 
Washington. 
Chippits Localização: ao sul dos 
Estados Unidos, na 
região dos Grandes 
Lagos; 
População: equivalente 
à de Boswash; 
Metrópoles 
abrangentes: Cleveland 
e Detroit; 
Tokkaido Localização: sudeste do 
Japão; 
População: cerca de 45 
milhões de habitantes; 
Metrópoles 
abrangentes: Tóquio, 
Kawasaki, Nagoya, 
Quioto, Kobe e Osaka; 
Megalópole renana Localização: Europa 
ocidental, junto ao vale 
reno; 
População: cerca 33 
milhões de habitantes; 
Metrópoles 
abrangentes: Amsterdã, 
Düsseldorf, Colônia, 
Bonn e Stuttgart. 
 
1.3.6- Explosao demografica 
 
Nome dado ao crescimento rápido e excessivo de população verificado 
sobretudo após a revolução industrial, no século XVIII. 
A explosão urbana causou sérios problemas de degradação ambiental, 
poluição, transportes (a primeira linha do metrô só foi inaugurada no Brasil depois de 
1970), abastecimento d'água e saneamento. (BARSA: Explosão demográfica) 
 
A soma das cidades-de-milhão, que em 1870 somente incluia 4 (London, 
Paris, Tokyo, New York), estava em 2000 além das 250; A soma das 
Megacidades com mais de 10 milhões cresceu principalmente nos países 
em desenvolvimento, e de 1970 a 1995 cresceu de uma (Shangai) a 11. 
45% da humanidade mora hoje em cidades. (Wissen Verstädterung) 
 
Veja apendice sobre populacao mundial no tempo 
9 
 
 
1.4- Migração 
 
 
1.4.1- Êxodo rural 
 
A explosão demográfica das grandes cidades se deve em grande parte ao 
êxodo rural. O que atrai uma pessoa do campo para a cidade? Esta pergunta é 
importante quando levamos em conta que viver em uma cidade pode produzir uma 
realidade com terríveis desdobramentos. 
 
1.4.2- Êxodo rural no Brasil 
 
As migrações produziram uma mudança social. Até os anos 60 havia no Brasil 
apenas duas cidades com mais de 1 milhão de habitantes (SP e RJ). A partir dos 
anos 60 ocorrem fortes correntes migratórias, principalmente do Nordeste em 
direção ao Sudeste e acelera-se o ritmo do êxodo rural. 
Com a mecanização e a conseqüente diminuição de pessoas empregadas no 
campo há a migração. Porém otrabalhador rural é mão-de-obra desqualificada para 
os centros urbanos, e não encontra colocação na indústria e gera a hipertrofia do 
setor de serviços e comércio, ou simplesmente sobrevivem na economia informal ou 
praticando atividades ilícitas. (OLIVEIRA FARIA: Sociologia Jurídica) 
Evolução da População Urbana no Brasil (%) 
 
Distribuição da 
População 
 
1.940 
 
1.960 
 
1.980 
 
1.990 
Rural 68,8 55,3 32,4 24,5 
Urbana 31,2 44,7 67,6 75,5 
 
1.4.3- Exemplo de Bombaim 
 
Sua importância comercial na Índia transformou Bombim para o mais 
importante centro de imigração. A população cresceu rapidamente, principalmente 
depois de 1941 e várias localidades e comunidades foram se agregando ao centro 
de Bombaim. Na população total o crescimento é constante, somente na própria 
Bombaim-city houve um pequeno decréscimo. 
No ano de 1981 mais de 50% dos habitantes eram imigrantes, e entre 1971 e 
 
1981 Bombaim assinalou um crescimento de 1,1 milhão de habitantes. Nesta época 
 
11% de todo êxodo rural da Índia era dirigido a Bombaim. Mas já neste tempo a taxa 
de natalidade ultrapassava a de imigração em cerca de 200 mil pessoas, entremeio 
a taxa de natalidade ultrapassa a de imigração em 4 vezes (1994). A imigração em 
toda a Índia é marcada pela busca de trabalho, de modo que a maioria dos 
imigrantes são homens (para cada 1000 homens, somente 829 mulheres, dados de 
10 
 
 
1991). 
 
A densidade demográfica alcança em Bombaim valores que nenhuma cidade 
européia alcança. Em 1991 viviam no centro de Bombaim 16500 pessoas por Km², 
em comparação Berlim e Munique têm uma média de 4000 hab/Km². Nas favelas 
estes valores aumentam consideravelmente, pois vivem em média 24.300 hab/Km², 
em alguns casos, como Dharavi, a maior favela, até mais que 170.000 hab/Km². 
(Großstädte: Bombaim) 
 
1.5- Capitalismo 
 
O capitalismo, que divide e subordina o rural ao urbano, a cidade passa a ser o 
lugar da indústria e do trabalho assalariado. 
O capitalismo tentou reduzir sua dependência da indústria ao petróleo. Por 
isso, nos anos 90, a economia capitalista reorganizou-se em torno de fatores de 
produção privilegiados: ciência e tecnologia e microeletrônica. A princípio, essa 
tecnologia mostrou-se acertada, havendo uma real retomada do crescimento e 
redução da dependência. 
Contudo, essa nova direção criou a necessidade de investimentos 
pesados em tecnologia. Esta é cada vez mais rapidamente sucateada, 
demandando novos investimentos. Reduz-se o tempo de rotação do 
Capital. Isso gerou uma competitividade cada vez mais acirrada, que se 
expandiu para todo o planeta. A globalização é a ruptura das relações 
econômicas inter-nações, que se tornam parte de um sistema único. Essa 
economia, que vai além das fronteiras, afeta até esmo a soberania das 
nações, exigindo a superação dos ordenamentos jurídicos nacionais. Da 
mesma forma, o crescimento do sistema financeiro internacional colocou 
em xeque a soberania monetária dos países. (OLIVEIRA FARIA. 
Sociologia Jurídica) 
 
 
1.6- Globalização 
 
Em relação ao crescimento das cidades, um fator é de vital significado, a 
globalização, a qual veio se desenvolvendo desde o século XVI, e sofreu uma forte 
aceleração nas últimas décadas. 
Globalização da economia significa integrar os mercados em nível 
mundial no sentido de que um produto, independentemente de sua 
origem ou procedência possa estar oferecido para consumo em qualquer 
parte do globo terrestre.(OLIVEIRA FARIA, Sociologia do direito) 
 
Aparentemente o sistema de mercado é um jogo de troca, no qual todos os 
jogadores beneficiam-se por nele estarem envolvidos, limitados a regras que 
governam as trocas de mercado, buscando tratar todos com igualdade e dar o 
11 
 
 
máximo de chances de cada um. 
 
A globalização sob o aspecto da conveniência do consumidor, pode significar 
conforto e interesse econômico, porque permite obter produtos de qualidade a 
preços diferenciados. Porém do ponto de vista social, a globalização apresenta 
sinais de ser cada vez menos inclusiva, homogeinadora ou convergente, 
aumentando a polarização entre países e classes quanto à distribuição de riqueza, 
renda e emprego. (DA SILVA FILHO) 
Com a revolução das comunicações, o processo de globalização tornou- 
se mais rápido, além de ter se tornado mais abrangente, envolvendo não 
só o comércio e capitais, mas também telecomunicações, finanças e 
serviços antes cobertos por várias formas de proteção.(DA SILVA FILHO) 
 
A cidade de Budapeste é analisada pela Sra. LICHTENBERGER (1997: 87), 
que verifica como a mesma está no campo de batalha da sociedade de consumo. 
Enquanto capital estrangeiro rapidamente constroi novas instituições financeiras, 
bancos, seguradoes e hotéis, aparecem também pequenas empresas apoiadas por 
dinheiro estatal para desempregados que ocupam aos milhares as ruas e passagens 
da metrópole húngara, oferecendo principalmente roupas e alimentos. Pela entrada 
da Áustria na U.E., ocorreu uma grande onda de falências. 
 
1.7- Grandes construções 
 
O crescimento populacional têm gerado a necessidade de mais habitação e 
prédios comerciais. Neste sentido nas últimas décadas têm surgido construções 
“faraônicas”, como grandes prédios e pontes. Citamos alguns exemplos abaixo. 
Foi inaugurado o Taipeh 101. O maior prédio do mundo foi inaugurado na 
Sexta-feira em Taipeh. Na abertura do prédio comercial, de 508 metros de 
altura, “Taipeh 101”, falou o presidente Chen Shui-bian de um “símbolo do 
progresso e bem-estar de Taiwan”. As festividades foram ofuscadas pela 
catástrofe na Ásia. Nunca antes foi construído um arranha-céus t ão alto 
numa região tão ameaçada de terremotos e Taifuns. Mais de 60% de 
todos os tremores de terra do mundo acontecem nesta região. (T-Online 
Nachrichten, 01.01.2005) 
 
O presidente francês, Jacques Chirac, inaugurou nesta terça-feira a ponte 
de Millau, ao sul do país. A nova construção é a mais alta do mundo, com 
uma estrutura que se eleva 343 metros sobre o rio Tarn, ou seja, uma 
altura 23 metros superior à torre Eiffel de Paris. (...) A partir de 17 de 
dezembro, os motoristas poderão cruzar os 2.460 metros de cimento e 
aço pelo preço de 4,90 euros, evitando o tráfego pesado de Millau, o mais 
temido entre a Espanha e o norte da Europa, sobretudo nos meses de 
verão. Pontiaguda, fina e elegante, a ponte, que pesa 290 mil toneladas e 
está apoiada sobre sete gigantescos pilares, foi concebida principalmente 
para resistir aos ventos. Seus construtores garantem que pode agüentar 
12 
 
 
 
 
ve
ntos de até 250 km/h. (...) Erguida em tempo recorde de três anos, a obra 
foi idealizada em 1987 e a primeira pedra foi colocada em dezembro de 
2001.(Folha de SP - 14/12/2004) 
 
 
1.8- Crescimento de São Paulo 
 
A título de exemplo do crescimento das cidades escolhemos a cidade de São 
 
Paulo. 
 
A região metropolitana de São Paulo abrange hoje além do município de São 
Paulo, como zona central, 38 municípios com uma área total de 8051 Km². A área 
construída de 1747 Km² cresceu entre 1983 e 1993 em 372 Km². A Grande São 
Paulo abrigava em 1994 16,3 milhões de pessoas, dos quais 10 milh ões (61%) 
vivem no município de São Paulo, como em municípios como Guarulhos, São 
Bernardo do Campo, Santo André e Osasco mais que 0,5 Mio. De habitantes, uma 
população maior que a Holanda (15,1 Mio.) ou Chile (13,4 Mio). (KOHLHEPP: 
1997:138) 
 
São Paulo se expandiu tremendamente desde os anos 60, se 
apresentando hoje como a mais imponente concentração de arranha-céus 
da América-latina. A muito se desenvolveram em torno da cidade regiões 
dinâmicas, retirando do centro muitas de suas funções, que se 
transferiram para novos sub-centros. (KOHLHEPP: 1997:140) 
 
Nas tabelas abaixo vemos duas situações. Primeiramente o crescimento 
explosivo, em segundo momento, a diminuição percentual do crescimentonos 
últimos anos. 
Tabela 1: desenvolvimento populacional das maiores regiões metropolitans do 
 
Brasil 1960 – 1994 (KOHLHEPP: 1997:138) 
 
Região 
Metropolit 
ana 
 
Hab. 
(Mio.) 
1960 
 
Hab. 
(Mio.) 
1970 
 
Hab. 
(Mio.) 
1980 
 
Hab. 
(Mio.) 
1994* 
 
Crescim. 
Anual (%) 
60-70 
 
Crescim. 
Anual (%) 
70-80 
 
Crescim. 
Anual (%) 
80-94* 
São Paulo 4,79 8,14 12,59 16,33 5,4 4,5 1,9 
Rio de 
Janeiro 
Belo 
Horizonte 
Porto 
Alegre 
4,99 7,08 9.01 10,12 3,5 2,5 1,0 
 
0,89 1,61 2,61 3,70 6,1 5,0 2,5 
 
1,11 1,53 2,23 3,27 3,3 3,5 2,6 
Recife 1,24 1,79 2,35 3,04 3,7 2,7 1,9 
Salvador 0,73 1,15 1,77 2,74 4,6 4,4 3,2 
Fortaleza 0,66 1,04 1,58 2,56 4,7 4,3 3,5 
Curitiba 0,51 0,82 1,44 2,19 4,8 5,8 3,0 
Belém 0,42 0,66 1,00 1,44 4,5 4,3 2,7 
Brasil 
hab. 
Cidades 
Brasil 
Total 
31,30 52,09 80,44 110,88** 5,2 4,4 3,02 
 
 
70,07 93,14 119,00 155,48 2,9 2,5 1,9 
13 
 
 
Fonte: IGBE: Censos Demográficos 1960-1991.* Valores estimados cf. 
EMPLASA; ** 1991 
São Paulo era acima de tudo o destino dos imigrantes do Nordeste brasileiro, 
onde tanto o sertão maltratado pelas secas, como, mais tarde, também das regiões 
urbanas com pouca possibilidade de emprego. Destino das migrações em massa era 
inicialmente as plantações de café no sudoeste do Brasil, no estado vizinho Paraná, 
de onde partiu uma grande onda migratória para São Paulo no início dos anos 60, 
com o fim do boom do café. O destino dos migrantes era encontrar emprego nas 
zonas industriais em expansão, como também a construção civil e florescimento. 
Apesar das taxas de natalidades estarem caindo, o índice de jovens é muito grande, 
devido às famílias que migraram. (KOHLHEPP: 1997:138) 
O centro antigo em torno da Praça da Sé está se degradando através da 
degradação das edificações pelo pouco investimento, especulação 
imobiliária, muitos prédios (semi-)abandonados. Barulho, sujeira, 
criminalidade, alta concentração de marginais, juntando com pouca 
presença de organização governamental levou a uma desvalorização 
desta região central. Os investimentos privados e públicos se concentram 
em novos locais longe do centro. (KOHLHEPP: 1997:140) 
 
Nos anos 90 a taxa de natalidade têm caído, conforme tabela, especialmente 
no município de São Paulo. 
14 
 
 
 
2- OS PROBLEMAS CRESCEM COM O CRESCIMENTO 
 
 
 
 
A urbanização é o deslocamento de grandes segmentos da população rural 
para centros urbanos. As cidades estão ficando maiores, mais complexas e cada vez 
mais desafiadoras. 
O conhecimento sobre a cidade, está em crise. O balanço desse conhecimento 
é decepcionante. A sociologia contemporânea ainda elabora à partir de construções 
conceituais velhas, que não mais se ajustam ao mundo novo. Muito se produz, 
porém muito pouco é acrescentado do ponto de vista sociológico, para o 
conhecimento de um mundo mutante. Raros são os sociólogos que se aventuram a 
uma explicação contemporânea. (SOUZA: 5) 
Com a explosão demográfica crescem e surgem muitos problemas, por 
exemplo: Fome, miséria, competição, solidão, relações meramente econômico- 
financeiras, violência, pobreza, marginalização. Tudo isso são características dos 
grandes centros urbanos. (Cidades e Questões Urbanas) 
A urbanização desordenada, que pega os municípios despreparados para 
atender às necessidades básicas desses migrantes, causa uma série de problemas 
sociais e ambientais. Dentre eles destacam-se o desemprego, a criminalidade, a 
favelização e a poluição do ar e da água. (Correio Braziliense Online) 
Miséria, epidemias, suicídios, prostituição e criminalidade. Desemprego, 
pobreza, trabalho infantil, mercado informal, vulnerabilidades sociais, endividamento, 
crescente desumanização, baixa qualidade de vida, tráfico e consumo de droga, 
poluição, lixo, pobreza, exclusão. Estas são algumas das principais contradições, 
impasses, disputas territoriais e lutas sociais que percorrem o espaço urbano. 
(PEREIRA DE ARAÚJO: 1998) 
 
2.1- O crescimento dos problemas nas grandes cidades 
 
O autor Robert RICKARDS (1997:134), escreve acerca da cidade de Atlanta, e 
em certa altura faz um apanhado do desenvolvimento dos problemas das cidades 
15 
 
 
americanas desde os anos 50. 
 
Assim se acresceram aos problemas não-solucionados das grandes cidades 
americanas nos anos 50, pobreza, segregação, destruição da família e diminuição 
da capacidade do sistema edicacional. 
Durante os anos 60 a dependência de ajuda social e o desemprego longo; 
Durante os anos 70 o crescimento da criminalidade e a crise fiscal; 
Durante os anos 80 a drogadicção e gravidez adolescente, feminização da 
pobreza e da AIDS. Como resultado as cidades americanas são palco de várias 
crises que se interrelacionam que ameaçam explodir a qualquer momento. A 
situação não é igual em todas as grandes cidades. 
A problemática racial permanece e é perigosa. A mudança dos brancos para 
zonas melhores deixou para trás uma classe baixa negra nas grandes cidades. 
Apesar da melhora econômica dos negros, a diferença entre estes e os brancos 
aumentou. Nas cidades moram cerca de três vezes mais negros na pobreza que 
brancos. Acrescente-se que a polarização psicológiva entre as raças continuou 
aumentando. Os negros acreditam que os preconceitos raciais e a discrimeinação 
têm crescido, enquanto os brancos de omitem de cumprir as medidas 
governamentais que deveriam diminuir as conseqüências da discriminação. 
 
2.2- Transportes 
 
A explosão demográfica sofrida pelas principais cidades do mundo no século 
XIX, devido sobretudo à imigração provocada pela rápida industrialização, logo 
mostrou que o transporte de superfície, individual ou coletivo, não conseguiria 
atender às necessidades da população. Para enfrentar esse problema, Londres 
inaugurou, em 1863, a primeira linha de transporte subterrâneo do mundo, quase 
trinta anos antes do metropolitano (metrô) de Chicago, o segundo a ser construído. 
(BARSA: Transporte) 
 
2.3- Habitação 
 
 
2.3.1- Especulação imobiliária 
 
CLEMENS analisa a questão da especulação imobiliária na cidade de 
 
Bombaim, do qual apresentamos um resumo. 
 
O enorme crescimento econômico e populacional de Bombaim gera várias 
consequências, tanto na metrópole e a circunvizinhança sempre adensante, como 
16 
 
 
no meio rural. Internamente surgem os problemas habitacionais, de emprego, 
provisionamento de coisas essenciais como água, eletrecidade, educação e saúde 
que são de importância decisiva. Porém estas questões estão ligadas a questões 
externas, por exemplo provisionamento de água, que apesar do alto índice 
pluviométrico comente pode ser aproveitado através de projetos de açudes e 
canalização. Ao lado disso a situação na península não oferece mais espaço para 
todas as necessidades, assim que o mercado imobiliário está esgotado e grande 
parte da população é forçado à marginalização. Conflitos de interesse que atingem 
as instituições políticas e administrativas estão relacionados. 
A polarização do mercado imobiliário na Grande-Bombaim e especialmente no 
centro da cidade não está relacionado somente com a explosão demográfica e 
crescimento dos assentamentos, mas também pela situação econômica e social. 
Muitos proprietários de imóveis especulam em torno da valorização imobiliária e 
deixam suas terras ociosas. Os preços dos imóveis em Bombaim entrementes 
podem ser comparáveis aos de Nova Iorque e Hongkong. Na região sul de Bombaim 
custava em 1992 um m² até cerca 3800 DM. Além disso 55% das propriedades se 
concentram na mão de somente 5% da população. 
Resultado desse desenvolvimento é a saída para o mercado imobiliário 
informal, ou seja favelamento, invasões de terras ou invadir as margens das 
rodovias. Favelamentos acontecem geralmente ilegalmente em terrenos ociosos, ou 
seja, terrenos privados com fins especulativos ou terrenos públicos reservados. Noano de 1976, as favelas estavam 54% em terreno público, e 46% em terreno 
privado. 
A necessidade de moradia de Bombaim é estimada em cerca de 60.000 
unidades anuais, dos quais são aprontadas no mercado formal somente 15 a 20 mil. 
Porque a construção civil legal é insignificante e o mercado negro oferece a venda 
de imóveis abertamente, até mesmo a classe média tende a se favelar. Imóveis de 
aluguel não valem a pena, por motivo do tabelamento de preços pelo governo, e por 
isso há muito tempo de espera e tempo para reforma. Avaliações afirmam que em 
1990 em Bombaim cerca de 19650 prédios ameaçados de desabamento, levando 
em conta que entre 1970 e 1990, 2142 desabaram. 
Escrevendo acerca da cidade chinesa de Shangai, Wolfgang TAUBMANN 
(1997: 123) escreve que, o provisionamento com espaço habitacional está sempre 
mais precário. A longa decadência da infra-estrutura e da constru ção civil, e também 
17 
 
 
o rápido desenvolvimento dos últimos anos geraram vários impasses para o 
desenvolvimento urbano. 
 
2.3.2- Bairros de luxo, super(e sub-)valorização de áreas 
 
Wolf GAEBE (1997: 99) escreve acerca de Londres que, tendências 
contraditórias são observáveis no crescimento, renovação e decadência. O boom de 
construção e reformas que vem acontecendo desde os anos 70 no centro de 
Londres, que gerou um crescimento de escritórios, áreas de lazer e moradias de 
luxo, atraindo muitos prestadores de serviços de alto nível para residências de alto 
padrão. Além da City London, pertencem Mayfair e St. James às regiões mais caras. 
Para lá vão o comércio e financistas e escritórios de multinacionais. Por causa da 
baixa qualidade habitacional de grande parte da cidade e por causa da seletividade 
na escolha de novos locais por parte de novos investidores, existem grandes áreas 
sub-utilizadas e decadentes. Também a malha viária, por falta de investimentos está 
em parte ultrapassada e sobrecarregada. Sobrecarga ambiental e caos no trânsito 
são problemas cotidianos. 
 
2.4- Emprego 
 
No quesito emprego os problemas das grandes cidades são marcantes. Por 
exemplo, o autor Wolf GAEBE (1997: 98) escreve acerca da cidade de Londres. 
Londres vem ganhando empregos na área de prestação de serviços e vem 
perdendo sua base de produção (deindustrialização), numa quantidade de mais que 
1,3 milhões desde os anos 50. Vem crescendo a força de trabalho altamente 
qualificada e especializada (bem paga), assim como as carreiras e chances mal- 
pagas, p.ex. trabalho doméstico, na gastronomia e outras prestações de serviço. O 
desemprego juvenil está cada vez maior, e novos empregos surgem geralmente só 
no setor privado e principalmente na prestação de serviços profissionalizada. 
 
2.5- Meio ambiente 
 
BAYAZ (1997:103) escreve sobre a enorme sobrecarga para o meio-ambiente 
que representa a cidade de Istambul, a qual é o centro econômico e cultural da 
Turquia. Os dados falam por si. Extrema poluição do ar, da água, sonora, o 
problema do lixo e o problema do trânsito. Este gera diariamente um caos infinito. 
Estas são as maiores preocupações dos habitantes de Istambul, na qual estão mais 
de 80% do comércio e indústria do país. 
18 
 
 
A poluição do ar acontece primeiramente pelas fábricas, por carros e por 
aquecimento com carvão barato. A consciência ambiental de muitos empresários 
istambulenses deixa a desejar. Maiores investimentos para proteção ambiental são 
difíceis, diante da constante crise econômica. Já existem trabalhos na área de 
medição da poluição, porém medir ainda não resolve o problema. 
Meios de financiamento insuficientes e leis ineficientes protelam a proteção 
ambiental. Muitas indústrias em torno de Istambul são co-responsáveis pela poluição 
do ar, da terra e do Bósforo. Filtros conforme as normas internacionais nas chaminés 
das indústrias ainda são raros. Também os resíduos industriais de muitas fábricas 
escorrem para riachos próximos. A poluição do solo deterioram a qualidade da água 
potável. 
Crescimento urbano, alta industrialização e a mais alta concentração de 
trânsito conduziram em São Paulo a uma diversidade de problemas ambientais. 
Cobertura da superfície pela construção dificulta a drenagem das chuvas e diminue 
o acesso a parques públicos. Poluição do ar e dos rios, poluição sonora e emissões 
pelo trânsito como problemas com eliminação de resíduos de lixo e esgoto são os 
problemas mais graves. (São Paulo) 
A quantidade de resíduos tóxicos no ar têm diminuído um pouco, porém ainda 
é alarmante, causado pelas indústrias e pelo trânsito, situação esta que somada com 
o terreno desnivelado e inversões climáticas freqüentes no inverno, fazem que 
doenças respiratórias sejam freqüentes. 
O trânsito coloca São Paulo em sérias dificuldades. Apesar do anel viário em 
torno do centro, grandes cruzamentos e túneis, eliminação de estradas antigas, 
ainda assim o trânsito é caótico, que sob fortes chuvas pode provocar paralização 
total do trânsito. Desde 1975 o número de automóveis de 4,5 milhões, tem se 
triplicado, absorvendo 21% dos automóveis de todo o Brasil e 57% dos do estado de 
São Paulo. 
Cerca de 15000 ônibus e o Metrô se encarregam do transporte público, pois o 
tempo médio dos trabalhadores em São Paulo para o trabalho é de 2,5 horas. 
A poluição hídrica por esgotos idustriais e residenciais levou a que os dois 
principais rios (Tietê e Pinheiros) se tornassem mortos biologicamente, e 
praticamente a puro esgoto, com alta concentração de metais pesados. Para a 
provisão de água potável, importantes represas no sul da cidade estão poluídas por 
esgotos de bairros não planejados e favelas, tornando-as inúteis para o provimento 
19 
 
 
de água potável, tendo como conseqüência o mau cheiro, contaminação, gosto ruim 
e altos custos de canalização. Somente a metade da cidade de São Paulo está 
provida de um sistema de esgoto, e somente 7,5% dos esgotos são tratados. 
Trabalhos estão sendo realizados para reverter este quadro, mas a dimensão do 
problema é deprimente. 
A eliminação do lixo, numa quantidade diária de 17000 toneladas de lixo 
doméstico da região metropolitana gera, por falta de espaço correto, cerca de 350 
lixões, que poluem o solo, as águas subterrâneas e o ar. 92% do lixo é depositado, 
pois a reciclagem e compostagem são projetos que ainda estão no papel, 
aguardando soluções que dependem da política, ou seja, mais lentas que o 
necessário. 
 
2.6- Grandes acidentes e desastres 
As grandes aglomerações também trazem consigo o risco de acidentes e 
catástrofes naturais com grande número de atingidos, por motivo da grande 
concentração de pessoas em determinados locais ou cidades, como nos exemplos 
abaixo. 
 
Incêndio mata 175 pessoas na Argentina. Um incêndio em uma discoteca 
de Buenos Aires deixou ao menos 175 pessoas mortas e mais de 700 
feridos no final da noite de ontem. Cerca de 4 mil pessoas, a maioria 
jovens, assistiam a um show de rock quando chamas de fogos de 
artificios começaram a se espalhar pelas paredes e pelo teto de lona do 
local. (www.folha.uol.com.br: 01.01.2005) 
 
As Nações Unidas dão início a maior operação humanitária da história 
para prestar socorro às vítimas do tsunami, que matou mais de 23 mil 
pessoas na Ásia, de acordo com informações da Cruz Vermelha. Um dos 
riscos após a tragédia é o de uma epidemia que pode aumentar o número 
de mortos. O médico infectologista Vicente Amato Neto explica que com a 
desestruturação dos diferentes serviços que atendem a população, como 
energia elétrica, abastecimento de água e saneamento básico, realmente 
existe o risco da população ser infectada. As infecções transmitidas por 
água e alimentos são o principal perigo. "Salmonelas, febre tifóide, 
hepatite A, cólera, leptospirose e gastroenterites, como diarréia, são os 
exemplos mais marcantes", diz. (http://tv.terra.com.br/jornaldoterra27.12.2004) 
 
 
2.7- Distância entre ricos e pobres 
 
Em São Paulo (KOHLHEPP, 1997: 140), os ricos têm se retirado das vilas e 
palacetes para apartamentos de luxo (acima de 500 m²), com dispositivos de 
segurança, por exemplo no bairro Morumbi, culminando na formação dos 
http://www.folha.uol.com.br/
http://www.folha.uol.com.br/
http://www.folha.uol.com.br/
http://tv.terra.com.br/jornaldoterra
20 
 
 
condomínios fechados, ou seja áreas residenciais muradas e guardadas por pessoal 
armado, com acesso através de códigos, prestação de serviços de alto nível e a 
proximidade de algum Shopping-center. 
Muito perto destes estão as favelas. Nas construções antigas da classe média 
e alta se desenvolveram os cortiços para os assalariados. Nestas cidades-dormitório 
dividiam muitas pessoas um espaço muito apertado. Pela industrialização aconteceu 
uma divisão espaço-socio-econômica dos diferentes grupos sociais, em difentes 
quarteirões e bairros relativamente homogêneos. 
As primeiras favelas surgiram, durante as grandes imigrações dos anos 40, no 
leste e sul de São Paulo. Desde os anos 60 os assentamentos marginais cresceram 
rapidamente. Atualmente as favelas se espalham por várias regiões da cidade, 
principalmente no sul. No início dos anos 90 São Paulo contava com 800 mil 
favelados, 3 milhões em cortiços e outros 2,4 milhões em outras moradias precárias. 
65 mil eram sem-teto. A soma dos favelados cresceu mais desde os anos 80 que a 
dos cortiços. A maior favela (Heliópolis), conta com 35000 habitantes e 8000 
casebres. Em 1994 cerca de 19% dos paulistas morava em favelas ou cortiços. As 
condições higiênicas destas regiões são por motivo de pouco ou nenhum 
escoamento de esgoto e recolhimento de lixo e instalações sanitárias precárias 
geralmente extremamente ruins, a taxa de mortalidade infantil é alta e doenças 
contagiosas são comuns. 
Através da ocupação espontânea ou bem planejada, são ocupados terrenos 
públicos ou privados, produzindo assentamentos ilegais. Muitas vezes estes 
assentamentos, em terrenos públicos vagos, nas margens dos rios, 
estacionamentos, embaixo de pontes e viadutos, em torno de aeroportos e depósitos 
de lixo. Isto é tolerado por medo de reações violentas, levando-se em conta a falta 
de alternativas. Cerca de 65% dos terrenos públicos estão ocupados ilegalmente. 
 
2.8- Conflito de gerações, tradicão x modernidade 
 
Ahmet BAYAZ (1997: 102) analisando a cidade de Istambul escreve, que o 
lapso entre tradição e modernidade em nenhum lugar é tão evidente quanto em 
Istambul. A cidade entre oriente e ocidente, parece aos de fora cheia de 
contradições. Moças com o lenço na cabeça e mulheres com o véu pertencem ao 
cenário, assim como teenagers em mini-saias e mulheres em estilo vanguardista. 
21 
 
 
2.9- Conflitos raciais, culturais 
 
Nos últimos 35 anos uma considerável soma de negros americanos conseguiu 
se elevar à classe média e se mudar para bairros melhores. Negros americanos 
ampliaram suas representações nos âmbitos municipais, estaduais e federais 
constantemente. Mais o mais impessionante foi, como no caso de Atlanta, a eleição 
de um prefeito negro, enquanto Denver e Miami prefeitos de origem hispânica e Los 
Angeles de origem asiática. Fica a pergunta se estes dados representam mudanças 
reais ou apenas simbólicas. (RICKARDS, 1997: 134) 
22 
 
 
 
3- IMPULSOS PARA UMA MISSIOLOGIA URBANA 
 
 
 
 
 
3.1- Os (aparentes) benefícios missiológicos da cidade 
 
Para o missionário a cidade ofece uma série de vantagens, que os missionários 
na história já fizeram uso. Listamos abaixo alguns. 
Facilidade de comunicação, pelos meios impressos (jornais, livros, panfletos), e 
ultimamente os meios eletrônicos de comunicação, especialmente internet (um meio 
pouco inexplorado). 
Com a maior concentração de pessoas, a facilidade de reunir pessoas é maior. 
Na cidade as pressões sociais, das tradições são menores, portanto as 
conversões são mais fáceis. 
 
Na cidade o índice de alfabetização é maior, facilitando o ensino e preparação 
de líderes. 
Facilidade de preparar uma rede de trabalho. 
 
 
3.2- A decisão de Ló 
 
A cidade oferece também uma série de riscos e tentações. Analisando esta 
questão, o autor Arnold BAUM (130-152) escreve sobre a vida de Ló, especialmente 
sua decisão perante a escolha proposta por Abraão. 
Nossas decisões determinam nosso futuro. O homem é a soma de suas 
decisões. A motivação principal da má decisão de Ló, com certeza não foi a busca 
pela vontade de Deus, muito mais a ganância e desejo de posse, dinheiro, riquezas 
e poder. Quando surgiu a possibilidade de determinar sua moradia, olhou para a 
bela, irrigada, frutífera região do vale do Jordão. 
Será que ele não sabia o que ocorria naquela cidade? Naturalmente, mas ele 
quis colocar ali o destino da sua família. Com essa decis ão ele perdeu seu amigo e 
tio Abraão e seus conselhos, em contrapartida convivendo com o povo de Sodoma 
cada dia se impunha sofrimentos à sua alma (2 Pe 2.7-8). Chegou até mesmo a 
23 
 
 
perder sua liberdade (Gn 14.12). Perdeu seus bens e bem-estar, e escapou por 
pouco com vida, perdendo sua esposa. Depois disso ainda passou pela experiência 
de como suas duas filhas estavam impregnadas da mentalidade sodomita (Gn 
19.31-36). 
 
A tragédia de Ló é um modelo do que ocorre com muitos crentes, inicialmente 
de vento em popa, pensam em adquirir o paraíso, caem nas garras da carnalidade, 
perdendo a ocasião da conversão, a hora da graça, o kairós de Deus. Quanto mais o 
tempo passa, mais endurecido fica o coração do homem para a graça de Deus. 
Ló tomou a maior e mais perigosa decisão de sua vida. 
 
Ló escolheu a grande cidade, e com isso o mundo, o pecado, a 
decadência e a degradação. (BAUM: 132) 
 
Esta decisão de Ló contrasta com a tentação de Jesus: tudo isso te darei... A 
 
tentação foi muito semelhante: te darei os reinos deste mundo! 
 
Missiologia urbana toca neste ponto em vários momentos: 
O que chama o homem do interior para a cidade? 
Como a igreja se relaciona com as coisas da cidade, o modo urbano de viver? 
 
Até que ponto o cristão pode ou deve se tornar um “cidadão* deste mundo”, e 
até que ponto ele é um “cidadão do céu”? (Jo 18.16) *Observe a palavra cidadão: 
têm sua origem na palavra cidade! 
 
3.3- Antigo Testamento 
 
Fizemos uma pesquisa no AT acerca do termo cidade. O que encontramos 
analisamos e aqui apresentamos um resumo. Entendemos que é importante 
reproduzir aqui estes parágrafos como forma de mostrar que já no tempo do AT, as 
cidades em diversos sentidos desempenhavam papel e importância semelhantes 
aos atuais. 
Era o local onde se ajuntavam os pobres: Alegrar-te-ás, na tua festa, tu, e o teu 
filho, e a tua filha, e o teu servo, e a tua serva, e o levita, e o estrangeiro, e o órfão, e 
a viúva que estão dentro das tuas cidades” (Dt 16:14, tb Dt 26:12). 
A noção de territorialidade está centrada na cidade: “Quando no meio de ti, em 
alguma das tuas cidades que te dá o SENHOR, teu Deus, se achar algum homem 
ou mulher que proceda mal aos olhos do SENHOR, teu Deus, transgredindo a sua 
aliança” (Dt 17:2), e resume o local de habitação: “Quando o SENHOR, teu Deus, 
eliminar as nações cuja terra te dará o SENHOR, teu Deus, e as desapossares e 
morares nas suas cidades e nas suas casas” (Dt 19:1), e local de justiça: “Então, 
24 
 
 
todos os homens da sua cidade o apedrejarão até que morra; assim, eliminarás o 
mal do meio de ti; todo o Israel ouvirá e temerá”. (Dt 21:21, também 22:24 e 23:16) 
É o centro de uma região, incluindo a parte rural, cf Dt 25:8. 
 
Os pontos estratégicos de uma região: Sitiar-te-á em todas as tuas cidades, até 
que venham a cair, em toda a tua terra, os altos e fortes muros em que confiavas; e 
te sitiará em todas as tuas cidades, em toda a terra que o SENHOR, teu Deus, te 
deu” (Dt 28:52). 
É local deensino: “Ajuntai o povo, os homens, as mulheres, os meninos e o 
estrangeiro que está dentro da vossa cidade, para que ouçam, e aprendam, e 
temam o SENHOR, vosso Deus, e cuidem de cumprir todas as palavras desta lei” 
(Dt 31:12). 
A tomada da terra prometida, praticamente foi a tomada das cidades, no livro 
de Josué o termo cidade aparece 129 vezes (português), sempre associado à 
tomada da terra. 
Local de pecado: “Enquanto eles se alegravam, eis que os homens daquela 
cidade, filhos de Belial, cercaram a casa, batendo à porta; e falaram ao velho, 
senhor da casa, dizendo: Traze para fora o homem que entrou em tua casa, para 
que abusemos dele” (Jz 19:22). 
Local de habitação: Assim fizeram os filhos de Benjamim e levaram mulheres 
conforme o número deles, das que arrebataram das rodas que dançavam; e foram- 
se, voltaram à sua herança, reedificaram as cidades e habitaram nelas (Jz 21:23). 
Comunicação, comoção comum: “Então, ambas se foram, até que chegaram a 
Belém; sucedeu que, ao chegarem ali, toda a cidade se comoveu por causa delas, e 
as mulheres diziam: Não é esta Noemi?” (Rt 1:19). 
A fama, o bom nome se espalha na cidade: “Agora, pois, minha filha, não 
tenhas receio; tudo quanto disseste eu te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe 
que és mulher virtuosa” (Rt 3:11). 
“Porta da cidade” é uma expressão citada muitas vezes. O termo significa o 
que para nós hoje é “praça”, observe versículos como: “Boaz subiu à porta da cidade 
e assentou-se ali. Eis que o resgatador de que Boaz havia falado ia passando; 
então, lhe disse: Ó fulano, chega-te para aqui e assenta-te; ele se virou e se 
assentou” (Rt 4:1). 
“As Cidades de Israel” é sinônimo de todo o Israel: “Sucedeu, porém, que, 
vindo Saul e seu exército, e voltando também Davi de ferir os filisteus, as mulheres 
25 
 
 
de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e dançando, 
com tambores, com júbilo e com instrumentos de música” (1 Sm 18:6). 
Identificada como lar, pátria, terra natal: “Já Samuel era morto, e todo o Israel o 
tinha chorado e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade” (1 Sm 28:3); 
“Levantando-se Absalão pela manhã, parava à entrada da porta; e a todo homem 
que tinha alguma demanda para vir ao rei a juízo, o chamava Absalão a si e lhe 
dizia: De que cidade és tu? Ele respondia: De tal tribo de Israel é teu servo” (2 Sm 
15:2). 
 
O que diferencia a missão urbana da rural? Pelos textos acima percebemos 
que desde os tempos do AT, as cidades eram vistas como polos regionais. Algo 
como missão rural, culto na roça, etc, não se conhece no AT. Mesmo o povo rural vê 
a cidade como ponto de referência em sua fé. 
 
3.3.1- Caracteristicas da cidade 
 
Já nos textos do AT citados acima percebemos pontos positivos e negativos 
das cidades: é o lugar para onde afluem os pobres, é o centro espiritual, é espa ço 
para muitos pecados, é lugar de solução de conflitos, criação de rebeliões, e muito 
mais. 
A Industrialização, a Revolução das Comunicações e a Globalização trouxeram 
muitas mudanças na função das cidades. Elas se tornam cada vez mais, ainda mais, 
pontos de convergência, locais onde as pessoas se comunicam e se isolam(!), e, 
principalmente, moram. 
Através dos meios de comunicação se tem acesso aos lares de milhões de 
pessoas. Também os cristãos fazem uso destes recursos. Porém as pessoas estão 
cada vez mais solitárias, quem sabe justamente por causa destes “meios de 
comunicação”, que em parte são meios de uma mão só, ou porque prendem as 
pessoas em casa, etc. 
Também as desigualdades sociais e a competição torna as pessoas mais 
fechadas, isoladas. 
A cidade é local de proximidade entre as pessoas, local de negociar, de 
praticar a liberdade de negociar e ter acesso a tudo que existe. 
Esta proximidade também gera tensões e conflitos. 
 
A quantidade de pessoas habitando próximas gera outros problemas, toda 
espécie de poluição, como lixo, poluição visual (construcoes, etc), do ar, da água. 
26 
 
 
Outros problemas também chamam a atenção, como doenças, epidemias, 
tensões entre centro e periferia, migrações, exodo rural, miséria. 
 
3.4- Novo Testamento 
 
Notamos a ênfase que o evangelista Lucas coloca na missão urbana e na 
questão do pobres, em contraste com os ricos (Lc 6.20, 24). (BARRO 2002: 58) 
“Ao proclamar o Reino de Deus, Jesus mostrou-nos que o único caminho 
para que o mundo, com seus reinos demoníacos, seja transformado é 
através da mensagem poderosa que penetra, salva, cura, liberta e 
perdoa.” (BARRO 2002: 61) 
 
O ponto que nos chamou muita atenção, que em nossa opinião também foi o 
grande responsãvel pelo “sucesso” da pregação de Jesus. Ele dirigiu sua obra para 
as margens da sociedade, para os doentes, os pobres e sofridos. 
“A periferia é a chave hermenêuticas para a compreensão da missão de 
Jesus e da sua opção pelos excluídos da sociedade.” (BARRO 2002: 62) 
 
O proprio Jesus quis deixar marcado que sua missão como encarnado neste 
mundo, incluiu encarnar no cotidiano, por conseguinte nos sofrimentos do povo, a 
maioria da população. 
“O sofrimento é a marca patente da igreja através de toda a história da 
missão. Aquele que seguir e poclamar Jesus deve aprender de seu 
sofrimento.” (BARRO 2002: 70) 
 
Seu sofrimento não foi apenas uma questão de injustiça por parte dos que o 
julgaram, mas fez parte de sua encarnação como verdadeiro ser humano, como 
exemplos citamos o credo niceno (“Cremos em Jesus Cristo (...) verdadeiro 
homem...”), e as próprias palavras de Jesus no evangelho de Lucas, capítulo 9, 
verso 22: “(...) É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja 
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, 
no terceiro dia, ressuscite”. 
 
3.4.1- Profecia contra a cidade 
 
A cidade no AT foi alvo de muitas profecias, prometendo bênçãos e maldições, 
como nos seguintes exemplos. 
“Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela, que estava cheia de justiça! Nela, 
habitava a retidão, mas, agora, homicidas” Is 1:21. “Sentença contra Damasco. Eis 
que Damasco deixará de ser cidade e será um montão de ruínas” Is 17:1. “Naquele 
dia, se entoará este cântico na terra de Judá: Temos uma cidade forte; Deus lhe põe 
a salvação por muros e baluartes” Is 26:1. “porque ele abate os que habitam no alto, 
27 
 
 
na cidade elevada; abate-a, humilha-a até à terra e até ao pó” Is 26:5. “Porque eu 
defenderei esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo 
Davi” Is 37:35. 
O próprio Jesus profetizou sobre Jerusalém (“Jerusalém, Jerusalém, que matas 
os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os 
teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o 
quisestes! 38 Eis que a vossa casa vos ficará deserta.” Mateus 23:37 e 38) 
Um hino “missio-urbano” (461 da Harpa Cristã) que nos inspira a fazer alguns 
comentários. 
1. Jerusalém por Cristo é contemplada. 
 
Com os seus altos que rebrilham lá, 
Mas entre as belas torres levantadas; 
Vê as do templo onde esteve já; 
Jesus com seu olhar mui penetrante, 
Não vê somente o lindo exterior, 
Mas sim as almas tristes, vacilantes, 
Que rejeitaram Seu divino amor. 
A análise de Cristo é dupla: primeiramente o exterior. Este verso evoca à 
 
imaginação a situação quando Cristo olhava para a cidade a partir do Monte das 
Oliveiras, e via o Templo reedificado por Herodes, com seu telhado de ouro, paredes 
colossais, enfim uma construção admirável, à qual os próprios discípulos 
comentaram: “Mestre, que pedras, que construções!”(Mc 13.1). Mas o olhar de 
Jesus vai mais a fundo, pois ele vê a alma da cidade, ou melhor as almas dos 
cidadãos. 
 
2. Jesus chorou: Seu coração rasgado 
 
Lamenta e sente uma dor sem par, 
Por ver seu povo indo descuidado, 
Pra perdição eterna caminhar! 
Um som alegre sobe da cidade,O povo está em festa a jubilar, 
Mas quando o sol, se escondeu à tarde, 
Jesus ao Cedrom foi pra lamentar. 
Isto o leva a chorar. O autor do hino destaca uma situa ção imaginária, “um som 
alegre se ergue da cidade”, na verdade uma realidade bem atual, que caracteriza a 
cidade: os sons, sons de automóveis, gritos, aparelhagem de som. O ítem que mais 
28 
 
 
diferencia a cidade da zona rural parece ser este, o som e o silêncio. O som de festa 
se cotidianizou, pelo uso de aparelhagens de som potentes, que animam o povo às 
festas, de forma semelhante a Jerusalém. Porém no meio da noite Jesus está no 
jardim orando e chorando por esta cidade que sabe se alegrar por meio das festas, 
mas não encontra alegria na salvação de Deus. 
3. Jerusalém, que segues o mau trilho, 
E apedrejas os fiéis de Deus; 
Ó quantas vezes quis juntar teus filhos, 
 
Como a galinha ajunta os pintos seus; 
Mas para Mim, as portas tu fechaste, 
No dia que Eu vim te dar a paz; 
Por teu pecado cega te tornaste, 
Não aceitando o meu amor veraz! 
Esta rejeição do amor de Deus é uma constante na cidade. Aqueles que 
 
pregam o evangelho do amor, da reconciliação do homem com Deus (2 Co 5.20) e 
com seu próximo (como a galinha junta os pintos seus), sofre os mais diferentes 
tipos de apedrejamento. 
4. Ainda se repete a mesma história, 
Jesus do céu está a contemplar 
Cidades que têm aparente glória, 
E continua sempre a chorar; 
 
Pois Ele é quem pode dar a vida 
Às multidões que na condenação 
Rejeitam, sim, a graça oferecida, 
A eternal e grande salvacão! 
Neste último verso a bola é jogada para frente. Também hoje as cidades são 
lugar de “aparente glória”, veja por exemplo as construções faraônicas, prédios com 
centenas de metros de altura, pontes quilométricas, e, principalmente multidões é 
um termo que descreve bem as cidades. Cidades são habitação de multidões, que 
rejeitam a graça de Deus oferecida. A graça oferecida por Jesus para Jerusalém é 
um questionamento missiológico: rejeitar algo que nunca foi oferecido seria um 
absurdo. A graça precisa ser oferecida, ou seja, pregada, para estas multid ões, e 
aqui a importância da obra missionária urbana atual. 
29 
 
 
3.5- O modo urbano de viver 
 
Até a pouco tempo, a maioria da população mundial vivia no campo, e mesmo nas 
cidades, o estilo de vida não diferia em muito do clima campal. Esta situação está invertida 
atualmente, pois o estilo urbano de viver tem penetrado nas zonas rurais. (Wissen 
Verstädterung) 
Toda esta monografia fica claro que existe um “modo urbano de viver”, ou seja, muito 
marcado pelo mercado do consumismo, dos bens materiais, também dos bens “descartáveis”. O 
cidadão vive cada vez mais isolado, alguns buscando a mera sobrevivência, outros buscando a 
acumulação dos bens. 
Numa reavaliação dos valores cristãos, precisa acontecer uma reflexão acerca do que 
pensamos sobre os bens materiais, acerca do convívio (sim, porque “amor ao próximo” não 
é somente caridade (bom samaritano), mas gostar do próximo, estar com ele, conviver 
com ele, confiar nele. A confiança é um valor a ser resgatado, assim como todos os 
valores humanos e pessoais. 
 
3.6- Missão do Espírito Santo 
 
Jorge Barro escolheu o texto de Lc 4.18-19 como aquele onde o próprio Cristo define sua 
missão (BARRO 2002: 48). 
O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; 
enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração 
da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19 e apregoar o 
ano aceitável do Senhor. (Lc 4.18-19) 
 
Algumas conclusões, em primeiro lugar, a unção do Espírito Santo é o impulso inicial da 
missão de Cristo, e entendemos por analogia, de toda missão cristã. (BARRO 2002: 48) 
O próprio Jesus deixa claro a quem sua pregação se dirige. Esta “declaração de 
própósito” de Jesus é uma espécie de “declaração estratégica”, ou “programa de 
trabalho”. 
 
“O programa de Jesus era um autêntico programa de salvação, no poder do Espírito 
Santo, trazendo libertação, perdão, cura e restauração para os marginalizados pela 
sociedade.” (BARRO 2002: 49) 
 
O Reino de Deus não é somente pregado, mas ele deixa suas marcas visíveis no meio do 
povo. Para a missiologia atual é um tema a ser rebuscado, retrabalhado, reenfatizado, pois sem 
o impulso, a direção, a bênção do próprio Deus, através do Espírito Santo, nunca poderemos 
definir nossa ação como sendo “em nome de Cristo (1 Co 12.3; 1 Jo 4.2). 
30 
 
 
 
“Através do poder e da unção do Espírito Santo somos chamados para 
proclamar salvação, libertação, perdão, cura e restauração – as marcas 
visíveis do Reino de Deus.” (BARRO 2002: 50) 
 
 
 
 
 
31 
 
 
 
Conclusão 
 
 
 
 
Os autores citados mostram que a leitura da cidade é algo realmente difícil. 
 
Não vamos resolver os problemas da cidadeh, mas conhecê-los é necessário. 
Não podemos viver fora da realidade, dos problemas pessoais e conjunturais que as 
pessoas enfrentam. Transmitir o amor de Deus requer compreensão. Pregar a 
salvação requer saber em que espécie de perdição as pessoas se encontram, o 
mesmo se diga no espaço libertação (o que escraviza?). Para propor uma 
reavaliação de valores, precisamos saber quais são os valores vigentes (cultura). 
Para falar com as pessoas, precisamos conhecer quais são os espaços públicos de 
comunicação, etc. 
Nos diversas obras consultadas notamos vários pontos de vista: econônico, 
social, político, ambiental. Não há uniformidade, não há métodos de análise até 
agora reconhecidos. Por isso, especialmente, optamos em fazer uma leitura 
missiológica da cidade e do urbanismo. 
Queremos perseguir a pergunta: como o missionário olha a cidade? De que 
maneira a missão de Deus se realiza na cidade? Como vamos ler a cidade? Dentre 
as milhões de informações que querem que leiamos, quais são verdadeiras. Onde 
podemos descobrir informações ocultas? Ou seria necessário praticamente uma 
(des-)remontagem do próprio processo de leitura? Como o missionário e a igreja 
podem se tornar relevantes num contexto urbano? 
32 
 
 
 
 
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