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Raquel Bueno 73 A Patologia Médica I Vesícula biliar • Armazenamento de bile • Epitélio simples cilíndrico com mucossecreção; aspecto aveludado Colelitíase • Doença mais prevalente das vias biliares • Predomina em mulheres • Maioria assintomática • Componentes insolúveis da bile dão origem aos cálculos • Patogênese: Aumento dos constituintes na bile Estase Precipitação de sais inorgânicos ao redor de um núcleo orgânico • Fatores de risco: obesidade, dislipidemia, diabetes... • Cálculos: Cálculos de colesterol Cálculos pigmentares negros: bilirrubinato de cálcio + outros sais de cálcio (muito relacionados com a bilirrubina indireta) Mistos: são os mais comuns; colesterol + sais de cálcio • Diagnóstico por USG (formação de sombra acústica) • Clínica: cólica biliar por obstrução calculosa das vias; dor em hipocôndrio direito ou epigástrio • Complicações: Coledocolitíase → colestase; colangite Colecistites → perfuração; fístulas Adenocarcinoma de vesícula Pancreatite • Cálculos pequenos são piores (pode gerar pancreatite aguda) Colecistite aguda • Complicação primária de cálculos biliares • Geralmente em mulheres de 60 anos • Patogênese similar à da apendicite aguda • Obstrução do colo da vesícula ou do ducto cístico por cálculo → retenção biliar → dilatação do órgão e compressão dos vasos → isquemia → infecção bacteriana secundária e necrose • Lectinas (na bile) são convertidas pelas fosfolipases (do epitélio biliar) em lisolectinas • As lisolectinas lisam o muco (da mucosa biliar) e o epitélio fica exposto • Uma porcentagem pequena das colecistites é acalculosa (precipitada por isquemia) • Macroscopia: vesícula aumentada, distendida, com hiperemia, áreas de hemorragia, parede espessada e depósitos de fibrina. Em casos graves pode ocorrer necrose da parede (colecistite aguda gangrenosa) • Microscopia: hiperemia, hemorragia, edema acentuado, erosões, depósitos de fibrina e neutrófilos • Clínica: dor no hipocôndrio direito, sinal de Murphy +, pode ser dor epigástrica contínua, febre, sudorese, náuseas, vômitos, hiporexia... • Pode ocorrer icterícia discreta • Se a icterícia estiver acentuada, suspeitar de coledocolitíase • Exames laboratoriais: leucocitose e aumento da fosfatase alcalina • Complicações: gangrena e perfuração • Tratamento: regressão espontânea ou colecistectomia Colecistite crônica • A maioria dos casos está associada a colelitíase • Predomina em mulheres entre 50 e 60 anos • Patogênese incerta • Clínica: náuseas, vômitos, dor abdominal recorrente em hipocôndrio direito ou epigástrio • Complicações são menos frequentes • Macroscopia: tamanho e espessura da parede variáveis, serosa normal a opaca, mucosa normal a opaca • Quando a vesícula está contraída com extensa fibrose e calcificação: “vesícula em porcelana” • Microscopia: grau de inflamação variável, linfócitos, plasmócitos e macrófagos; seios de Rokitansky-Aschoff (invaginações da mucosa); pode ter presença de fibrose Pâncreas exócrino • Glândula acessória do TGI • Alongado, lobulado, branco-amarelado, envolto por pseudocápsula • Retroperitoneal • Composto por: Células acinares Pró-enzimas digestivas (ex: amilase, lipase, fosfolipase, tripsina, quimiotripsina, elastase e calicreína) Pancreatites • Processo inflamatório do pâncreas, na maioria das vezes de etiologia não infecciosa • Iniciadas por lesões que levam à autodigestão do pâncreas por suas próprias enzimas • Mecanismos normais protetores: Enzimas sintetizadas como proenzimas inativas Ativação pela tripsina Inibidores de tripsina • Pancreatite ocorre quando esses mecanismos estão sobrecarregados ou desordenados • Pancreatite aguda: processo inflamatório agudo que pode ser reversível com a remoção da causa (formas graves podem ser irreversíveis); • Pancreatite crônica: processo inflamatório irreversível, mesmo com a remoção da causa (perda do parênquima glandular – fibrose) Pancreatite aguda • Mais comum em adultos entre 30 e 60 anos • Lesão reversível do parênquima pancreático associada à inflamação • Principais causas: colelitíase e álcool • Outras etiologias: obstrução de ductos pancreáticos por tumor ou parasitas, trauma, medicamentos, hipercalemia, genética... • Patogênese pela litíase biliar: Obstrução ductal → acúmulo de secreção → pressão ductal aumentada→ comprometimento do fluxo sanguíneo (isquemia) → lesão de células acinares → extravasamento das enzimas • Patogênese pelo álcool: Ação lesiva direta sobre células acinares (radicais livres) + liberação de citocinas pró-inflamatórias; Contração do esfíncter de Oddi → acúmulo de secreção, pressão ductal e isquemia. Lesão das células acinares levando ao extravasamento de enzimas • Formas de pancreatite: Edematosa/intersticial: edema, esteatonecrose focal (pingo de vela), sem necrose do parênquima ou hemorragia Necrosante: extensas áreas de necrose do parênquima e esteatonecrose Necrohemorrágica: + hemorragia abundante • Clínica: dor abdominal em faixa (por ser retroperitoneal), náuseas, vômitos, febre, taquicardia, hipotensão • Sinal de Cullen: equimose periumbilical • Sinal de Grey-Turner: equimoses nos flancos • Inicialmente aumento da amilase (menos específica, pois glândulas salivares também a produzem) • Posteriormente aumento da lipase (mais específica, pois só o pâncreas produz) • Hipocalemia: sinal de mau prognóstico • Tratamento: suspensão da dieta oral, analgésicos e fluidos EV • Pancreatite edematosa geralmente é revertida • Pancreatites necrosante e necro-hemorrágica tem mais complicações: abscesso peripancreático, pseudocisto pancreático, insuficiência renal aguda, SARA, coagulação intra-vascular disseminada, hipotensão arterial, choque e óbito Pancreatite crônica • Inflamação prolongada do pâncreas associada com uma destruição irreversível do parênquima exócrino, fibrose e, nos estágios mais avançados, destruição do parênquima endócrino • Mais afetados: homens de meia-idade • Causa mais comum: etilismo crônico • Outras causas: obstrução prolongada do ducto pancreático, pancreatite autoimune, radioterapia abdominal, anomalias congênitas, genética... • Patogênese da pancreatite alcoólica: ▪ Hipersecreção enzimática pelas células acinares, sem aumento proporcional de água/bicarbonato → secreção espessa → tampões proteicos intraductais → obstrução de pequenos ductos → lesão parenquimatosa e fibrose • Obs.: precipitações de cálcio nos tampões podem formar cálculos • Macroscopia: tamanho variável, consistência firme/rígida, aspecto nodular grosseiro (análogo à cirrose), sistema ductal dilatado • Microscopia: fibrose parenquimatosa, hipotrofia/atrofia e destruição acinar, dilatação variável de ductos pancreáticos, IIMN, tampões de proteína e calcificações em ductos • Clínica: dor abdominal e no dorso • Crises podem ser precipitadas pelo abuso de álcool ou excessos alimentares • Pode haver febre baixa • Icterícia indica obstrução por cálculos na ampola de vater • Aumento da amilase sérica • No exame de imagem: hipotrofia pancreática e calcificações • Insuficiência pancreática levando a má-absorção (emagrecimento) e esteatorreia • Em estágios tardios pode gerar DM pela destruição as ilhotas Adenocarcinoma ductal do pâncreas • 90 a 95% dos tumores do órgão • Origem: epitélio dos ductos pancreáticos • Prognóstico ruim • Fatores de risco: tabagismo, dieta rica em lipídeos e pobre em fibras • Patogênese: Mutação em oncogenes (KRAS) e genes supressores (TP53) Alteração de metilação em alguns genes (CDKN2A) • Cabeça do pâncreas é a principal sede: diagnóstico precoce por causa da icterícia obstrutiva ou pancreatite obstrutiva • Corpo e causa: diagnósticotardio, pois demora a iniciar os sintomas • Macroscopia: sólido, firme/rígido, branco- acinzentado ou branco-amarelado e ilfiltrativo • Microscopia: arranjos tubulares com células colunares/cuboides atípicas, intensa desmoplasia estromal, infiltração perineural frequente • Tumor silencioso com manifestações tardias • Dor abdominal, perda de peso, anorexia, fraqueza, icterícia obstrutiva, DM • Síndrome de Trousseau: tromboflebite migratória • Infiltração de estruturas vizinhas: nervos, baço, suprarrenais, coluna vertebral, cólon transverso, estômago e fígado • Metástases: Linfáticas: linfonodos regionais Hematogênica: fígado, pulmões, suprarrenais, rins, ossos, cérebro, pele • Prognóstico muito ruim Referências: Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças - 9ª edição – Elsevier Site Anatpat – Unicamp (http://anatpat.unicamp.br/pecasdc.html) Aulas de patologia médica I da FCMMG http://anatpat.unicamp.br/pecasdc.html
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