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1 CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA GUARULHOS – SP 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3 2 A ORIGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA E SUAS CARACTERÍSTICAS DURANTE A ERA PRÉ-HISTÓRICA ...................................................................... 4 3 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA CHINA, NA ÍNDIA, NO JAPÃO E NO EGITO ............................................................................................... 8 4 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEMPORÂNEA ............................................................................................. 13 5 PROCESSOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL .... 15 5.1 O desenvolvimento da educação física no Brasil ........................... 16 5.2 As escolas europeias no Brasil ...................................................... 20 6 AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL ........................................................................................................... 25 6.1 Saúde renovada ............................................................................. 29 7 ESPORTES E JOGOS CONTEMPORÂNEOS ..................................... 29 8 CONHECIMENTO DOS ESPORTES CONTEMPORÂNEOS ............... 30 9 APLICAÇÃO DOS ESPORTES CONTEMPORÂNEOS EM AMBIENTES EDUCACIONAIS, RECREATIVOS E DE LAZER .................................................. 44 10 POSSIBILIDADES PARA DESENVOLVER ESPORTES CONTEMPORÂNEOS EM AMBIENTES EDUCACIONAIS .................................. 47 11 REFERÊNCIAS ................................................................................. 55 3 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 2 A ORIGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA E SUAS CARACTERÍSTICAS DURANTE A ERA PRÉ-HISTÓRICA Desde a sua origem mais remota, o homem vem se adaptando, criando fórmulas e novas soluções para seguir adiante em seu processo de evolução. Em função de um habitat hostil, o homem primitivo desenvolveu hábitos peculiares para lidar com as condições que lhe eram impostas. A luta com animais que dividiam o espaço de suas cavernas e a caça ao alimento faziam parte do seu dia a dia. Assim, você pode considerar que já naquela época os homens realizavam uma enorme e intensa “aula” de educação física (COSTA, 2000). Tubino (1992) afirma que o homem pré-histórico, especialmente o da Idade da Pedra, realizava atividades físicas impostas pelas necessidades advindas da própria sobrevivência. Nesse período, o ser humano estava submetido a lutas constantes, à necessidade de obter sua alimentação por meio da caça e da pesca, aos hábitos migratórios e a outros aspectos ligados à sua segurança. Portanto, ele vivia em constante atividade física. Esse mesmo autor ressalta o caráter utilitário da perspectiva guerreira que permeava as atividades do homem primitivo. Tais atividades englobavam desde longas caminhadas ou marchas até movimentos relacionados a trepar, saltar, lançar, atacar e defender, levantar e transportar. Os homens primitivos, enquanto nômades, contribuíram com o desenvolvimento da atividade física no que diz respeito à sua primeira característica: o utilitarismo. Ou seja, as movimentações que faziam eram decorrentes de necessidades básicas de sobrevivência, conforme relata Marinho (1980). O autor ainda menciona que o caráter utilitário-guerreiro foi surgindo à medida que aquele homem primitivo deixou de ser nômade e fixou-se à terra ao lado dos rios, tornando-se assim agricultor. Desse modo, ele passou a organizar os primeiros agrupamentos humanos que dariam origem, nas épocas seguintes, a grandes nações. Ramos (1982) detalha as atividades que o homem primitivo executava dando-lhes duas atribuições bem específicas: atacar e defender-se. A principal preocupação do homem pré-histórico era a busca constante pelo alimento para sua 5 subsistência e a de seus familiares ou companheiros. Esse autor ainda relata que, devido à sua essência nômade, o homem primitivo, além de andar grandes distâncias nos mais diversos terrenos, também rastejava, escondendo-se em vegetações ou em meio a árvores para cercar suas presas. Além disso, nesse período o homem subia em árvores para observar, apanhar frutos ou até mesmo para fugir de seus inimigos e/ou animais ferozes. Saltava de grandes alturas e transpunha abismos, fossos e obstáculos presentes em suas jornadas. Levantava e transportava pedras, troncos e outros objetos. Corria em alta velocidade e/ou por longo tempo em busca de suas caças ou para fugir de tempestades, de seus inimigos ou de animais ferozes. Arremessava pedras e paus em alvos quase sempre móveis, usava muito suas mãos e punhos, além de utensílios ainda rudimentares que se pareciam com machados, com o intuito de golpear ou até mesmo executar algum tipo de trabalho. Lutava, de maneira brutal, corpo a corpo, empregando sua inteligência, que era pouco desenvolvida, para vencer outros homens ou animais. Transpunha rios e lagos a nado, mergulhava em profundidade para apanhar peixes ou em alguns casos até mesmo se esconder de possíveis ameaças. (RAMOS, 1982). Você pode considerar que as caminhadas constantes e as corridas, em particular, eram as atividades físicas básicas da época. Em certos momentos, correr era uma questão de vida ou morte, conforme relata Ramos (1982). Séculos mais adiante, se desenvolveram o homem de Heidelberg, o homem de Neanderthal e o homem de Cro-Magnon, sendo que este último é o Homo sapiens em sua fase primitiva. Mesmo com uma lenta evolução, foi o homem paleolítico que melhor se equipou com instrumentos de pedra lascada, melhorando cada vez mais a organização de materiais que pudessem lhe auxiliar em sua rotina. Surgiram assim objetos como: machado, raspador, lança, faca, punhal, agulhas de osso, arpões pontiagudos, anzóis e pedras de pontas aguçadas para o arremesso. No fim desse período, surgiram o arco e a flecha, usados para abater aninais e inimigos a certas distâncias. Na caverna de Mas d’Azil, localizada onde hoje é a França, foram encontrados por historiadores desenhos de utensílios de trabalho e armas, todos 6 eles expressando o uso de pedra lascada. Em muitos outros lugares, pelos mais diferentes continentes, numerosos registros foram encontrados, entre eles um interessante desenho de um arqueiro correndo. (RAMOS, 1982). Inscrições em pedras feitas em cavernas pelo homem pré-histórico. Fonte: Jannarong/Shutterstock.com. Já na época neolítica, possivelmente 10 mil anos a.C., as principais conquistas realizadas pelo homem foram atividades como a tecelagem, a olaria, a produção artificial de fogo, os instrumentos e armas de pedra polida e o uso rudimentar de metais. Tal épocafoi marcada pela fixação do Homo sapiens ao solo por meio da agricultura efetiva e da domesticação de animais. (RAMOS, 1982). Além do aspecto utilitário-guerreiro, havia também as atividades físicas voltadas aos rituais e cultos. Nessas atividades, o homem primitivo tinha seus olhos voltados para o céu. O mundo e as forças naturais formavam uma unidade para ele, que necessitava subsistir mediante grandes esforços, considerando sempre a sua sobrevivência como um favor dos deuses. Nesse sentido, a dança, desde a época paleolítica e por anos depois dela, tornou a atividade física algo místico e lúdico, indicando um estado menos cruel, um 7 despontar de sentimentos no homem primitivo. Mas não somente sob a forma de dança eram feitas as manifestações dos ritos. Sabe-se que desde os tempos mais remotos os exercícios corporais, rudimentarmente sistematizados, constituíam atos de respeito em grandes festividades religiosas, incluindo até o culto aos mortos (RAMOS, 1982). As cerimônias fúnebres encontradas nas mais diferentes civilizações pré- - históricas explicitam o desejo dos familiares do morto de demonstrarem a ele que, mesmo após sua morte, nada havia mudado. Os rituais eram, então, a possibilidade de, mais uma vez, os mortos participarem das alegrias e dos bens da existência humana. Ramos (1982) destaca que as atividades físicas do homem das civilizações primitivas apresentaram cinco aspectos básicos. Essas atividades eram: naturais, utilitárias, guerreiras, rituais e recreativas. Assim, não se constituíam como uma prática de educação física sistematizada, e sim como uma forma espontânea e ocasional de o homem daquela época se exercitar Dessa forma, como você viu, a educação física surgiu de uma prática natural de sobrevivência da humanidade. Os homens precisavam desenvolver muitas das atividades que hoje compõem a cultura corporal de movimento como uma questão de sobrevivência. Os indivíduos que não conseguiram desempenhar bem tais atividades não sobreviveram nem deixaram herdeiros. Portanto, a partir das práticas que o homem levou a cabo para sobreviver e propagar a espécie, o seu processo evolutivo envolveu também o processo evolutivo da educação física, que anos mais tarde se desenvolveu de forma específica em diferentes lugares do mundo. (RAMOS, 1982). 8 3 A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA CHINA, NA ÍNDIA, NO JAPÃO E NO EGITO Com o passar dos tempos, a vida do homem se tornou mais fácil. Com isso, novas preocupações foram surgindo. Ou melhor: a qualidade de vida passou a ser cada vez mais almejada, pois a simples sobrevivência já havia sido superada. Portanto, era o momento de o homem consolidar sua existência em meio a tantas adversidades já vencidas. (TUBINO, 1992). Tubino (1992) ressalta que, ao revisar os exercícios físicos na Antiguidade Oriental, observa-se que o caráter higiênico surgiu com os chineses, ainda em práticas ritualísticas. Já os hindus realizavam atividades físicas com caraterísticas medicinais e higiênicas, filosóficas, morais e religiosas. No povo japonês, as atividades físicas eram relacionadas ao mar, em função das condições geográficas da região. Também se desenvolviam práticas de guerra, que eram realizadas pelos conhecidos samurais. Para o povo japonês, as atividades físicas possuíam caraterísticas utilitárias, guerreiras, higiênicas, ritualísticas, recreativas e espirituais. Samurais com vestimentas da época. Fonte: a) Hein Nouwens/Shutterstock.com; b) Marzolino/Shutterstock.com 9 Os egípcios, segundo Herodoto, historiador grego, praticavam ginásticas, esportes individuais de combate, além de pequenos jogos e danças. Assim como em outros povos do Oriente Médio, as práticas de atividades físicas tinham caraterísticas fundamentalmente utilitárias, sempre relacionadas às guerras com as quais os egípcios se envolviam seguidamente (TUBINO, 1992). Oliveira (2004) diz que os chineses foram os primeiros a racionalizar o movimento humano, emprestando-lhe, ainda, um forte conteúdo médico. Criaram, talvez, o mais antigo sistema de ginástica terapêutica do qual se tem notícia. O kung-fu (a arte do homem) surgiu por volta de 2700 a.C. e era praticado pela seita Tao-Tsé. Nessa atividade, a pessoa executava os movimentos nas mais diversas posições, obedecendo a certos critérios de respiração, tudo de acordo com a doença a ser tratada. Você deve notar ainda o aspecto religioso dessa prática, que, além de curar enfermidades do corpo, servia para tornar o praticante um “leal servidor da alma”. Já a Índia é reconhecida como uma nação que conseguiu atingir elevado grau espiritual. Entre as práticas hindus, pode-se destacar a yoga como a sua manifestação suprema. A parte desse sistema que trata do corpo físico chama-se hatha-yoga e é fundamentalmente uma ginástica de posições realizada com a utilização de respiração adequada. No entanto, é importante que você perceba que a yoga não é apenas um conjunto de exercícios físicos, mas uma doutrina. Ela busca tanto purificar o corpo como também, por meio da meditação, facilitar a identificação do homem com a sua essência divina. Integra, portanto, o físico, o intelectual e o emocional, numa bela concepção do ser humano (OLIVEIRA, 2004). Nessa época histórica, outros povos destacaram-se pela formação guerreira que era dada aos seus cidadãos. Os egípcios foram considerados por vários historiadores como a mais antiga civilização a deixar seus registros, principalmente por meio dos murais em seus templos e de seus monumentos funerários, bem como de todo o restante de sua inconfundível arte. Um exemplo desses registros está nas paredes das tumbas de Beni Hassan, onde foram esculpidas e pintadas cenas militares muito minuciosas do tempo dos faraós. A grande maioria das imagens retrata lutas, formando um mural extremamente detalhado, como quadros de um 10 filme. Estimulados por uma longa guerra de independência contra os hicsos, povo asiático que os dominou, os egípcios foram levados a se exercitarem aplicadamente para expulsar os invasores, oferecendo um treinamento muito rigoroso aos seus soldados. (OLIVEIRA, 2004). Os egípcios eram exímios praticantes de atividades físicas, possuíam grande força e resistência. Eles desenvolveram intensamente sua formação guerreira por meio de um adestramento no uso do arco e da flecha, na prática da equitação e na luta. Eram um povo muito evoluído culturalmente, possuíam hábeis engenheiros, matemáticos e astrólogos. O povo do Egito, sem dúvida, atingiu o mais alto grau de aperfeiçoamento no terreno da atividade física. Os registros de imagens que deixaram mostram corpos fortes e esculpidos dentro de padrões estéticos comparáveis aos dos gregos. Tais registros, agregados às suas práticas esportivas bastante diversificadas, evidenciam a importância não só da luta, mas também da natação, do remo e do atletismo, o que constitui um verdadeiro sistema de educação física. (OLIVEIRA, 2004). Registro das atividades guerreiras do povo egípcio. Fonte: a) Nick Starichenko/Shutterstock.com; b) Lui, Tat Mun/Shutterstock.com. Outra grande contribuição dos chineses, egípcios, indianos e japoneses foi na área da dança e das expressões culturais realizadas por meio dos movimentos corporais. Na China, por exemplo, surgiu a dança do dragão, que é executada com 11 o auxílio de fantoches com formatos de dragões juntamente a carros alegóricos. Tais fantoches são confeccionados sob medida para que possam ser manipulados por uma equipe de pessoas que ficam dentro deles, fazendo movimentações coordenadas como se fossem um dragão de verdade. Os dançarinos de dragões executam movimentos para mexer a cabeça do dragão a fim de imitar o deslocamento dos espíritos do rio, de maneira sinuosa e ondular. Além disso, a dança demonstra o papel histórico dos dragões,representando poder e dignidade. (OLIVEIRA, 2004). Já no Egito, a dança servia para a comunicação com os deuses, pois seu objetivo era a ligação com o divino. Ou seja, a dança tinha como principal função comunicar, agradecer e pedir proteção aos deuses. Foi o povo egípcio que criou a dança do ventre, considerada sagrada. Essa dança busca dar ênfase aos movimentos pélvicos, colocando em evidência o ventre da mulher. A ideia é simbolizar os ciclos da vida, como as fases da lua, as estações do ano, as marés, o dia e a noite, bem como o nascimento e a morte. (OLIVEIRA, 2004). A dança clássica indiana teve sua origem com o teatro clássico da região, por meio da escritura chamada Natya Shastra. Natya é a fusão de atuação dramática, música e dança. E shastra significa escritura. Historiadores relatam que o Natya Shastra foi criado pelo deus Brahma, que é o senhor da criação na cultura indiana. Em sua origem, a dança era apresentada dentro dos templos, em uma sala construída especialmente para esse fim chamada natyamandapa. Ela era executada somente por mulheres, que eram chamadas de devadasis, termo que significa, em tradução livre, “serva dos deuses”. O objetivo da dança era de oferenda aos deuses, por meio de comidas, flores e especiarias. (OLIVEIRA, 2004). A dança clássica indiana é composta por dois tipos: uma chamada de nritta (dança pura ou abstrata) e outra de nrittya (dança expressiva). Nritta é basicamente composta por movimentos fundamentados no ritmo e na música, sem possuir um significado. Ela tem um caráter simplesmente decorativo e abstrato, e os movimentos são criados pelas várias partes do corpo para produzir uma beleza puramente estética. Já a palavra nrittya é composta de hastas (mãos) e abhinaya (atuar ou educar). A ideia é contar histórias por meio da expressão das mãos, do 12 rosto e do corpo. Abhinaya é uma síntese de vários aspectos do processo dramático. Há quatro tipos de abhinaya citados nas escrituras: angika (refere-se às expressões do corpo), vacika (à fala ou ao canto), aharya (à caracterização) e satvika (ao comportamento das personagens, expressão e emoção empregadas). (OLIVEIRA, 2004). Já no Japão, a dança teve seu desenvolvimento baseado em rituais de evocação dos espíritos mortos ou em orações que buscavam o repouso das almas. Entre as várias danças criadas pelos japoneses, há uma chamada kabuki, cuja movimentação era baseada na fixação dos pés sempre ao solo. Essa dança buscava estabelecer e renovar o contato com a terra. Seus movimentos ainda tinham a tendência de flexionar os quadris e membros inferiores, deixando o corpo o mais baixo possível, acentuando ainda mais a movimentação lenta e firme. (OLIVEIRA, 2004). Você pode perceber, assim, que nos mais diferentes povos, durante as mais diferentes épocas da história, as atividades físicas sempre estiveram presentes, ajudando na evolução do homem. Com a evolução, essas atividades também foram se especializando e melhorando, buscando sempre o aprimoramento dos exercícios. Assim, as atividades físicas se tornaram não somente algo necessário para a sobrevivência, mas práticas que podem proporcionar momentos de prazer. (OLIVEIRA, 2004). Como você viu, os chineses, indianos, japoneses e egípcios contribuíram enormemente para a evolução das atividades físicas que hoje são praticadas nas mais diversas nações. Proporcionaram, assim, o aprofundamento constante na área conceitual e, principalmente, na área prática da educação física, tornando-a uma ciência mais efetiva e respeitada. O objetivo principal de tal área é o bem-estar físico do homem, deixando sua vida mais prazerosa e qualificada. Afinal, os exercícios atuam na prevenção e na manutenção do condicionamento físico (OLIVEIRA, 2004). 13 4 OS FUNDAMENTOS HISTÓRICOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA CONTEMPORÂNEA Contra tudo e contra todos: assim foi a evolução do homem neste planeta. O ser humano buscou a sua sobrevivência e o seu espaço em meio a uma imensidão de adversidades que lhe foram impostas a cada minuto, a cada dia, a cada estação climática. Para chegar onde se encontra hoje, o homem teve de aprender e evoluir. Quando aprendeu a caminhar, percebeu que precisaria correr. Após aprender a correr, veio a necessidade de pular. Depois de pular, a de nadar e assim por diante. Ou seja: a evolução do homem ocorreu em conjunto com a evolução de suas necessidades.(SAGAH, 2021) Mas como está esse cenário hoje? Restou algum daqueles aspectos de outrora? O homem conseguiu evoluir a tal ponto que pode não necessitar mais das práticas do passado? Essas são questões que têm muitas respostas e grande parte delas estará correta. Afinal, a evolução do homem e da própria educação física como ciência deu origem a métodos e técnicas específicas. Nesse sentido, você pode considerar que a qualidade de vida do homem melhorou muito ao longo dos últimos milênios. Muitas das práticas que antigamente lhe serviam como base para a sobrevivência hoje são atividades de lazer ou esportivas. (SAGAH, 2021) Os fundamentos das atividades físicas do passado estão nos dias atuais. Contudo, atualmente também estão em cena as metodologias, a tecnologia e diversos estudos aprofundados. Por outro lado, algumas atividades continuam tão simples quanto no momento em que surgiram. É o caso das caminhadas. O que mudou foi o seguinte: caminhar no passado era uma questão de deslocamento em busca de alimentos, enquanto hoje a caminhada é realizada geralmente por prazer e qualidade de vida. Correr, no passado, visava, em alguns momentos, à fuga de inimigos ou até mesmo de animais. Hoje, a corrida é uma das modalidades mais praticadas no mundo e é encarada como uma atividade que visa ao bem-estar e à melhoria do preparo físico, bem como a grandes competições esportivas. (SAGAH, 2021) 14 A dança, outra atividade física extremamente antiga, que tinha como propósito inicial cultuar os deuses, passou hoje a ter os mais diversos objetivos. Atualmente, ela pode ser recreativa, profissional, para o aprimoramento físico, para o desenvolvimento cultural, etc. Ou seja, a dança possui diversos propósitos na atualidade, mas não deixou de ser conhecida como dança. (SAGAH, 2021) Talvez a mais antiga de todas as formas de atividade física, a luta foi o que manteve o homem vivo no momento das adversidades que lhe foram apresentadas. Presentes nas mais diferentes épocas e nos mais diferentes povos, as lutas são mais do que técnicas de combate: elas constituem a cultura de diferentes nações, representando muitas vezes a ligação do aspecto físico ao espiritual. Hoje, elas possuem inúmeras modalidades, como judô, caratê, boxe, muay thai, luta greco- romana e sumô. Também são muito praticadas as chamadas artes marciais mistas, que misturam artes marciais em suas mais diferentes modalidades em disputas organizadas para combates corpo a corpo de atletas de alto nível. Como você pode notar, o aspecto guerreiro ainda existe e foi aprimorado a ponto de um lutador possuir várias especialidades de combate. Em tempos passados, isso não acontecia e, em alguns casos, nem era permitido. (SAGAH, 2021) Atividades com o auxílio de ferramentas e armas como arco e flecha, que no início tinham o aspecto guerreiro e de caça, hoje ainda mantêm essas características, mas incorporaram mais algumas, que são o caráter de lazer e de esporte. Antes feitas de bambu, madeira e outros materiais rudimentares, as ferramentas hoje costumam ser construídas com a mais alta tecnologia, que é a fibra de carbono, que as torna mais potentes e leves, buscando uma maior performance em precisão e alcance. (SAGAH, 2021) A natação, junto às lutas e às corridas, é uma das práticas de atividade física mais antigas que o homem conhece. Antes praticada como um modo de sobrevivência, ela tornou-se uma atividade de lazer e de desafio do homem consigomesmo e contra adversários. Hoje, a natação é praticada para o homem colocar à prova seu vigor físico e mental. As técnicas de sua prática foram aprimoradas ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que foram implantadas novas tecnologias, como as roupas especiais. (SAGAH, 2021) 15 O que mais marcou o processo de evolução das práticas de atividades físicas é que o cerne de cada uma delas se manteve, ao mesmo tempo em que foram implementadas novas metodologias de execução dos movimentos. Surgiram disciplinas especializadas nas mais diferentes áreas da educação física, como: fisiologia, treinamento físico, bioquímica, biofísica, anatomia, entre muitas outras. Agregado a essas diferentes especialidades, surgiu também o aprimoramento tecnológico, implementado nos materiais utilizados pelos praticantes das mais diversas modalidades. Além disso, auxiliando na evolução de tais práticas, surgiu um nicho mercadológico específico. (SAGAH, 2021) Você pode considerar, então, que os fundamentos da educação física, implementados inicialmente para a sobrevivência humana, passaram por uma época de evolução em diferentes povos. Tais povos contribuíram para aperfeiçoar as atividades físicas e para a evolução de métodos e técnicas específicas de movimento corporal. Hoje, transbordam as possibilidades de atividades dentro da educação física: o que se pensar em termos de movimento humano poderá ser executado e com certeza aprimorado. O que dificilmente vai mudar é a relação do homem com as atividades físicas, talvez a mais antiga relação de que se tem conhecimento. (SAGAH, 2021). 5 PROCESSOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL Em sua trajetória no Brasil, a educação física passou por inúmeros estágios. A sua organização começou no século XIX, quando intelectuais brasileiros, influenciados pelo que ocorria na Europa, passaram a reivindicar a presença da ginástica nas escolas brasileiras. Para isso, foram adotados métodos oriundos das escolas de ginástica europeias. São originárias dessas escolas as primeiras correntes que norteiam os objetivos da educação física no Brasil. Depois de muitos focos, as tendências contemporâneas são baseadas em práticas educativas. (RAMOS, 1983). Neste capítulo, você vai estudar o desenvolvimento da educação física e suas finalidades no Brasil. Também vai ver as relações entre as escolas europeias 16 de ginástica e a evolução da educação física e do esporte por aqui. Além disso, vai conhecer as principais correntes filosóficas e pedagógicas da educação física do Brasil. (RAMOS, 1983). 5.1 O desenvolvimento da educação física no Brasil Os primeiros relatos sobre alguma prática de atividade física no Brasil datam da época do descobrimento. O primeiro documento escrito sobre o País é a carta de Pero Vaz de Caminha. Nela, Caminha descreve os índios dançando e saltando felizes ao som de uma gaita tocada por um de seus conterrâneos (RAMOS, 1983). Os indígenas também tinham outros hábitos ligados à prática de atividades físicas, como a caça, a pesca e as lutas. Porém, a permanência lusitana em terras brasileiras fez com que novos hábitos se instaurassem por aqui. Del Priore e Melo (2009) sublinham que, no período de catequização dos indígenas pelos portugueses, era comum a prática de um jogo chamado “correr argolinhas”. Os autores afirmam que o jogo “[...] consistia num arremedo de torneio medieval, em que os meninos tinham que enfiar argolas em lanças sem ponta, retirando-as de postes, nos quais pendiam presas por uma garra” (DEL PRIORE; MELO, 2009, p. 15). Esse jogo fazia parte da celebração portuguesa chamada de cavalhada. No período colonial, as senzalas foram palcos do surgimento da capoeira. Vidor e Reis (2013) apontam que a capoeira era uma luta, com elementos rítmicos e criativos, disfarçada de dança utilizada como meio de defesa para os abusos que os escravos sofriam à época. Assim, pode-se afirmar que as atividades físicas realizadas pelos indígenas e escravos representaram os primeiros elementos da educação física no Brasil, ainda na era colonial, como você pode ver na Figura a seguir. 17 Jogar capoeira ou Danse de la Guerre, de Johann Moritz Rugendas, de 1835. Fonte: Wikimedia Commons (1835, documento on-line). Com o grande distanciamento entre brancos e negros na era colonial, negros e pobres não tinham riqueza econômica para praticarem os esportes da época, e a capoeira era praticada apenas pelos negros. Os brancos pertencentes à elite se divertiam com esportes oriundos da Europa, como as próprias cavalhadas e as touradas, que ocorriam, geralmente, em datas festivas. Contudo, as constantes críticas à brutalidade das touradas fizeram com que elas fossem proibidas em solo nacional. (RAMOS, 1983). A vinda da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, trouxe novos ares ao desenvolvimento econômico, cultural e, também, esportivo. As normas de etiqueta passaram a recomendar os “jogos de cavalheiro”, remetendo à ideia da prática militar por meio de desfiles de cavalos, corridas e jogos de argolinhas. Del Priore e Melo (2009, p. 32) afirmam: Os “jogos de cavalheiro” entraram definitivamente na pauta das muitas atividades esportivas que ganharam vigor na segunda metade do século XIX. Passou-se da equitação como arte de cavalaria com sabor medieval àquela de trabalho, transporte e lazer. E desta ao hipismo. No mesmo período em que o Código do bom-tom ganhava leitores, os 18 princípios higienistas entusiasmavam médicos, políticos, militares e engenheiros, convidando-os a aderir à equitação. Ainda na época do império, começam os primeiros debates para o desenvolvimento cultural da educação física no Brasil. O primeiro escrito na área é o Tratado da Educação Psicomoral dos Meninos, do médico pernambucano Joaquim Jerônimo Serpa, publicado em 1828. De acordo com esse tratado, a educação englobava a saúde do corpo e a cultura do espírito. Além disso, havia a divisão dos exercícios físicos em duas categorias: 1) os que exercitavam o corpo; e 2) os que exercitavam a memória (DEL PRIORE; MELO, 2009). Castellani Filho (1991) aponta que, além de sofrer influência médica, a educação física brasileira foi influenciada pelas instituições militares contaminadas pelos princípios positivistas, ou seja, de manutenção da ordem e do progresso. O progresso poderia ser representado pela saúde física: um “homem forte” era o adequado para implantar a ideia de desenvolvimento essencial para um país recém- saído da condição colonial. Para Soares (2004, p. 70), a visão europeia influenciou diretamente as formas de praticar educação física no Brasil: A partir de conhecimentos e de teorias gestadas no mundo europeu, os médicos desenharam outro modelo para a sociedade brasileira e contribuíram para a construção de uma nova ordem econômica, política e social. Nesta nova ordem, na qual os médicos higienistas irão ocupar lugar destacado, também colocava-se a necessidade de construir, para o Brasil, um novo homem, sem o qual a nova sociedade idealizada não se tornaria realidade. O pensamento médico higienista construiu um discurso normativo, disciplinador e moral. A abordagem positivista de ciência e a moral burguesa estiveram na base de suas propostas de disciplinamento dos corpos, dos hábitos e da vida dos indivíduos. Tudo em nome da saúde, da paz e da harmonia social... em nome da civilização! Esse discurso foi incorporado por intelectuais brasileiros como Fernando Azevedo e Rui Barbosa. Ambos propuseram a inclusão da ginástica no ambiente escolar, de modo que a educação física adquirisse um caráter higiênico e moral. Nesse contexto, a educação física foi oficializada no Brasil em 1851, por meio da Lei nº. 630, conhecida como Reforma Couto Ferraz, que indicava a importância de se praticarem ginásticas nas escolas municipais primárias e secundárias da Corte. 19 Três anosapós a aprovação dessa reforma, em 1854, a ginástica passou a ser uma disciplina obrigatória no primário e a dança, no secundário (DARIDO, 1999). Para estimular a prática de exercícios físicos no Brasil, o governo valeu- -se de mais decretos e leis. Em 1879, o Decreto nº. 7.247, assinado por Carlos Leôncio de Carvalho, obrigava as escolas primárias e secundárias da Corte a destinarem um espaço para o ensino da ginástica. Três anos depois, Rui Barbosa divulgou um parecer sobre o decreto de Leôncio Carvalho. Chamado Reforma do Ensino Primário e várias Instituições Complementares da Instrução Pública, o parecer realça a importância da ginástica na vida escolar: “Não pretendemos formar acrobatas nem Hércules, mas desenvolver na criança o quantum de vigor físico essencial ao equilíbrio da vida humana, à felicidade da alma, à preservação da Pátria e à dignidade da espécie [...]” (CASTELLANI FILHO, 1991, p. 53). Para convencer os brasileiros a praticar ginástica, Rui Barbosa mencionou em seu parecer o uso da modalidade nos países mais desenvolvidos, o que indicava que ela era um elemento indispensável para a formação integral da juventude (RAMOS, 1983). Entre o conjunto de medidas que propõe, estão: incluir uma sessão essencial de ginástica em todas as escolas de ensino normal; estender a obrigatoriedade da ginástica para ambos os sexos; inserir a ginástica nos programas escolares como matéria de estudo, em horas distintas das do recreio e depois das aulas; e equiparar, em categorias e autoridade, os professores de ginástica aos de todas as outras disciplinas. Mesmo com o apoio de intelectuais e médicos, a educação física escolar sofria forte resistência, principalmente oriunda da elite. Castellani Filho (1991) aponta que as barreiras vinham ainda do período colonial, que estigmatizou a educação física ao trabalho manual e físico associado aos escravos, e não ao intelectual, este sim voltado à classe dominante. O fato de associar, na escola, uma disciplina física às disciplinas de cunho intelectual também não agradava aos pais. A contrariedade ganhava ênfase quando se propunha ginástica ao sexo feminino. Rui Barbosa, contudo, apontava a importância de as mulheres praticarem exercícios, pois elas seriam as mães dos futuros filhos da Pátria e, por isso, deveriam ser saudáveis (RAMOS, 1983). 20 Nessa época, a educação física oferecida nas escolas baseava-se em exercícios rudimentares, movimentos parciais, de flexões, marchas, corridas, saltos simples, equilíbrios (RAMOS, 1983). Segundo Soares (2004), esses movimentos gímnicos eram considerados um trabalho de base. O trabalho deveria ser complementado com exercícios específicos “[...] que pudessem desenvolver os órgãos dos sentidos, que pudessem atender aos preceitos da elegância e, portanto, variar entre os sexos” (SOARES, 2004, p. 80). Canto, declamação e piano eram indicados para as meninas; salto, carreira, natação, equitação e esgrima, para os meninos; e dança, para meninos e meninas. Mais tarde, a educação física no Brasil deixou de ser aquela ritmada e recreativa dos tempos coloniais para se tornar uma ginástica metodizada com contornos higienistas e militaristas. Essa tendência se deve à influência que as escolas europeias tiveram sobre a educação física brasileira. (RAMOS, 1983). 5.2 As escolas europeias no Brasil O método europeu ou as escolas de ginástica europeias influenciaram fortemente a educação física no Brasil. A partir do século XIX, com a educação física começando a fazer parte do cotidiano escolar, as discussões passaram a girar em torno de qual método os instrutores de ginástica deveriam adotar. O debate envolvia as escolas europeias de ginástica, já que não havia um método nacional em vigor (RAMOS, 1983). A seguir, você pode ver as características de cada escola de ginástica. Escola alemã: tinha como característica o nacionalismo e a defesa da pátria. Também se caracterizou pelo uso de aparelhos como as barras fixas e paralelas. Esse método ficou conhecido como Turnen. Escola sueca: tinha caráter mais pedagógico e social, buscando diluir os vícios da sociedade. Era uma ginástica sem aparelhos, com aquecimento e relaxamento. 21 Escola francesa: inspirada na ginástica alemã, tinha como base o desenvolvimento social, na busca de homens completos e universais. Escola inglesa: baseada nas ideias liberais, deu ênfase aos esportes coletivos como forma de desenvolver valores como a moral e a disciplina. Antes mesmo de a ginástica se firmar nas escolas brasileiras, os métodos gímnicos europeus já estavam presentes no Brasil. Segundo Marinho (1943), o primeiro método implantado no Brasil vem da escola alemã, por volta de 1860, e foi consagrado como método oficial do Exército Brasileiro. Por ordens governamentais, o Novo Guia para o Ensino de Ginástica nas Escolas Públicas da Prússia foi traduzido para o português para nortear as atividades que aqui se faziam. Soares (2004) aponta que a implantação da ginástica alemã por aqui se deveu-se ao grande número de imigrantes que de lá vieram para habitar as terras brasileiras, sendo a prática da ginástica um hábito que trouxeram. Outro motivo foi a nomeação do alferes do Estado Maior de segunda classe Pedro Guilhermino Meyer, alemão, para a função de contramestre de ginástica da Escola Militar. Além disso, havia a permanência no Brasil de soldados da Guarda Imperial de origem prussiana (CASTELLANI FILHO, 1991). Esse público vai criar inúmeras sociedades ginásticas alemãs pelo Brasil, baseadas nas ideias de Friedrich Jahn e Guts Muths. O método alemão permaneceu oficial no Brasil até o ano de 1912, quando foi substituído pelo método francês. Apesar dessa disseminação, a ginástica alemã não foi considerada a mais adequada para ser ministrada nas escolas primárias brasileiras. Um de seus maiores combatentes, Rui Barbosa, sugeria que o método sueco fosse o adotado por relacionar-se com a “ciência” e a medicina (SOARES, 2004). Outro pensador, Fernando Azevedo, vai em consonância com as ideias de Barbosa sobre a ginástica sueca: Estes pensadores atribuem à Ginástica Sueca uma adequação maior aos estabelecimentos de ensino, dado o seu caráter essencialmente pedagógico. Esta defesa por parte destes intelectuais de épocas subsequentes serviu para propagar a Ginástica Sueca no Brasil. Com isto, 22 lentamente, a ginástica alemã vai se restringindo aos estabelecimentos militares e a ginástica sueca vai se tornando mais adequada para a educação física civil, seja no âmbito escolar, seja fora dele (SOARES, 2004, p. 60). Outra escola que passou a ter bastante influência sobre a educação física nacional foi a inglesa, baseada nos esportes. O campo esportivo no Brasil começou a se desenvolver em meados do século XIX, com o surgimento de clubes de remo, turfe e atletismo, passando a ganhar destaque no final desse mesmo século. Góis Junior (2015) sublinha que nas classes populares faziam sucesso os jogos de azar (envolvendo apostas com animais), como as touradas e as lutas. Esses jogos passaram a sofrer críticas da elite nacional, afinal não condiziam com o crescimento urbano e as tendências vindas da Europa. Com isso, entraram em cena os esportes ingleses como referenciais de modernidade. Melo (2011) destaca que os esportes no Brasil passaram por cinco fases: a presença e o uso de animais, poupando os homens de exibição corporal, tendo como destaque o turfe; a presença de movimentos humanos a partir de uma nova ideia de corpo (mais próximo do que se concebe hoje), com esportes tais como o remo, a natação e o atletismo; esportes ligados à vida burguesa, com práticas que não exigiam muito esforço físico, como o críquete, o tênis e o golfe; aqueles que usavam a tecnologia, nos quais prevalecia a ideia de velocidade; e, por fim, os esportes coletivos, que aumentavama participação e a interação, ligados à cultura de massas. Você ainda deve notar que todas as modalidades citadas eram bastante populares no Brasil e só tiveram diminuição de público com a chegada do futebol. Esse esporte ganhou rápida aceitação por aqui, embora sofresse contestação pela imprensa por, em alguns jogos, não haver vencedores. Apesar de ser um jogo praticado pelas camadas mais baixas em solo inglês, no Brasil era jogado pela alta sociedade. Santos (2009) refere que ser jogador de futebol era ser chique na passagem do século XIX para o século XX. Nessa linha, Franzini (2009, p. 118) destaca: O uniforme, o equipamento e o vocabulário específico do jogo, todos importados da Inglaterra, das chuteiras ao grito do goal, eram, antes de tudo, marcas de distinção social, expressão do elitismo de seus 23 cavalheiros praticantes. Pouco importava que em sua própria pátria o association não mais tivesse, já havia muito tempo, tais traços aristocráticos. Os homens mais pobres e os negros acabaram sendo aceitos no futebol devido à sua habilidade no jogo, pois eles traziam maior possibilidade de vitórias. (RAMOS, 1983). No entanto, nem o método alemão utilizado pelo Exército, nem o sueco preferido pelos intelectuais brasileiros, nem o método liberal inglês chamaram a atenção dos governantes brasileiros no começo do século XX. Ao escolher um método para a educação física escolar no Brasil, a opção foi mesmo o método francês. Embora já fosse popular desde a década de 1910, ele começou a vigorar em 12 de abril de 1921, sob o título de Regulamento Geral de Educação Física (MARINHO, 1943). Esse era um momento em que os estados da Federação passavam por reformas educacionais e começavam a incluir, de fato, a educação física como disciplina do currículo escolar. Goellner (1992) destaca que o método francês acabou deixando marcas profundas no fazer pedagógico da educação física, pois ele esteve voltado para a formação tanto do soldado combatente quanto do trabalhador produtivo. A orientação desse método se dava pela matriz biológica. Além disso, ele era respaldado pela abordagem positivista do movimento, direcionado para o aprimoramento da saúde, o fortalecimento da raça, a consolidação de certas disciplinas e a manutenção da ordem. Apesar de se tornar oficial em 1921, a chegada da ginástica francesa por aqui, no entanto, se deu em 1907. Nesse ano, a Missão Militar Francesa aportou no Brasil com a finalidade de ministrar instrução militar à Força Pública do Estado de São Paulo, onde fundou uma sala de armas que deu origem, mais tarde, à Escola de Educação Física do Estado de São Paulo. Castellani Filho (1991, p. 34) afirma que essa escola assinalou “[...] a marcante presença dos militares na formação dos primeiros professores civis de educação física, em nosso meio” Da parte dos militares, via Ministério da Guerra, em 1929, havia um anteprojeto de lei cujo conteúdo determinava que a “[...] educação física fosse praticada por todos residentes no Brasil e com obrigatoriedade em todos 24 estabelecimentos de ensino a partir dos 6 anos de idade” (CANTARINO FILHO, 1982, p. 95). O autor afirma que o anteprojeto não foi bem recebido pela Associação Brasileira de Educação (ABE). As críticas da ABE foram dirigidas tanto ao órgão burocrático do governo, considerando-o incapaz de resolver um problema educativo nacional, quanto às finalidades e inconveniências de transplantar para o Brasil um sistema estrangeiro de ginástica, tornando-o obrigatório (CANTARINO FILHO, 1982). Além de pautar discussões sobre o método que as escolas deveriam adotar, o esporte, que ganhava grandes proporções no Brasil, passou a ser alvo de debates em congressos sobre a educação nacional. Acabou por prevalecer o pensamento moderno e, assim, o esporte passou a ganhar vida dentro das escolas, sendo conferida a ele uma certa “pedagogia”, de modo que ele deveria promover, além da saúde, as regras de convivência. (RAMOS, 1983). Na Era Vargas, somam-se novos elementos à escolarização do esporte, com o enfoque sobre o civismo. Além disso, os métodos ginásticos europeus e a ideia de higienização seguem presentes na reforma educacional feita por Getúlio Vargas, sendo o objetivo principal, no Estado Novo, a formação militar para combater os perigos internos e externos (RAMOS, 1983). Após o término da Segunda Guerra Mundial, sob a luz da “escola nova”, a educação física se voltou a uma tendência pedagógica, buscando o desenvolvimento integral da criança a partir da ideia de que a educação física era um meio de educação. Porém, mesmo assim não houve o abandono das práticas militares. No Regime Militar, se fortaleceu então a ideia do esportivismo, que valorizava o rendimento, a vitória e a busca pelo mais hábil e forte, excluindo, assim, as demais possibilidades de movimentos. A partir da década de 1980, a resistência à concepção biológica da educação física foi criticada em relação ao predomínio dos conteúdos esportivos, surgindo novos movimentos (DARIDO; RANGEL, 2005). Essas abordagens criticavam a ideia mecânica de ensino, fundamentando-se na relação teórico-prática e buscando romper com os paradigmas que regiam a educação física na escola. 25 6 AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL As primeiras tentativas de estruturação da educação física no Brasil ocorreram em meados do século XIX. Entre as principais discussões que envolviam a disciplina estava o debate sobre como o conteúdo deveria ser abordado nas escolas brasileiras. Junto à influência das escolas europeias de ginástica, vieram correntes pedagógicas que nortearam o ensino da educação física no Brasil. Conforme Ghiraldelli Junior (1988), a educação física brasileira é dividida em cinco correntes ou tendências pedagógicas: até 1930, a educação física higienista; de 1930 a 1945, a educação física militarista; de 1945 a 1965, a educação física pedagogicista; de 1964 até o início dos anos 1980, a educação física competitivista; e, por fim, a educação física popular. Na Figura a seguir, você pode ver como era a educação física praticada nas escolas brasileiras nos anos 1930, na fase militarista. Aula de educação física em uma escola de Porto Alegre (RS) nos anos 1930. Fonte: Franca (2015, documento on-line) 26 A seguir, você vai conhecer as características de cada corrente pedagógica no Brasil. Higienista: É a primeira corrente pedagógica da educação física brasileira, surgida ainda no século XIX. Buscava resolver os problemas da saúde pública via educação, visto que o País passava por um processo de industrialização, de modo que as pessoas saíam do campo para viver nas cidades. Assim, era necessário disciplinar essas pessoas e fazer com que evitassem práticas prejudiciais à saúde e à moral (SORATO; EUZÉBIO, 2014). Além disso, essas pessoas deveriam fazer exercícios que lhes deixassem com o corpo sadio e em condições de produzir mais no trabalho. Militarista: Essa corrente foi mais praticada durante o período do governo de Getúlio Vargas. Foi delineada a partir da tendência higienista e, assim como esta, considerava a educação física uma disciplina exclusivamente prática, não necessitando de uma fundamentação teórica como suporte, o que a aproximava de uma instrução militar (DARIDO; RANGEL, 2005). Ghiraldelli Junior (1988) aponta que a ideia central era formar cidadãos que pudessem defender a Pátria e exaltar o nacionalismo. Pedagogicista: Essa corrente se desenvolveu após o fim da Segunda Guerra Mundial e a saída de Vargas do governo brasileiro. Foi a primeira corrente a pensar a educação física como uma prática educativa, capaz de promover a educação integral do indivíduo (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). A participação do aluno na aula era mais inclusiva e menos excludente, diferentemente do que ocorrianas correntes anteriores. Conteúdos teóricos entraram em pauta junto aos exercícios práticos, porém não houve um abandono das práticas militares (DARIDO; RANGEL, 2005). 27 Competitivista: Essa corrente se desenvolveu no período do regime militar e, como seu próprio nome diz, sua principal característica é a competição. O esporte era o centro das atenções da educação física dessa época. A aula era vinculada ao rendimento e ao treinamento. O atleta vencedor era visto como um herói (GHIRALDELLI JUNIOR, 1988). Na Figura a seguir, você pode ver um dos jogos praticados nesse período. Aula de basquete nos anos 1970. Fonte: O Globo (c1996-2018, documento on-line) Educação física popular: Essa corrente se opôs às demais e ganhou força a partir dos anos 1980. Segundo Ghiraldelli Junior (1988), ela está ligada à ludicidade e à cooperação, com o objetivo de construir uma sociedade democrática. Tendências contemporâneas: De acordo com Darido (1999), em oposição à vertente mais tecnicista, esportista e biologista, surgem 28 novos movimentos na educação física escolar a partir, especialmente, do final da década de 1970. Você pode ver essas correntes a seguir: Desenvolvimentista: Para essa corrente, o movimento é o princípio, o meio e o fim da educação física. Ela é baseada no desenvolvimento e na aprendizagem motora a partir do trabalho das habilidades e capacidades motoras. Construtivista-interacionista: Essa linha considera a individualidade e as experiências anteriores dos alunos, ou seja, o conhecimento passa a ser adquirido a partir de interações do sujeito com o mundo. As habilidades motoras devem ser desenvolvidas num contexto de jogos e brincadeiras. Crítico-superadora: Utiliza o discurso da justiça social como ponto de apoio e é baseada no marxismo e no neomarxismo. Os conteúdos são decididos a partir da realidade social e precisam ter relevância contemporânea. Psicomotricidade: Valoriza os conhecimentos psicológicos junto aos biológicos, condicionando todos os aprendizados. Leva a criança a ter consciência de seu corpo, sua coordenação motora, seu equilíbrio e sua lateralidade. Crítico-emancipatória: Surge como uma crítica à tendência crítico- superadora. Segundo Kunz (2006), essa concepção busca alcançar, por meio do movimento humano, o desenvolvimento de algumas habilidades. Essas habilidades são a autonomia, a competência objetiva e a social. Trata-se de apresentar ao aluno o conhecimento cultural e historicamente acumulado para ser estudado com criticidade. 29 6.1 Saúde renovada Busca usar o exercício na aula de educação física como ferramenta para que o aluno tenha gosto e prazer. Segundo Darido (1999), essa tendência mostra-se preocupada com o condicionamento físico do aluno, com um fim biológico, tendo conhecimento da fisiologia, da biomecânica, da nutrição e da anatomia. Dessa forma, a educação física escolar abrange a saúde, envolvendo a frequência cardíaca, a respiração e a alimentação no preparo físico. Em mais de 200 anos, as correntes pedagógicas no Brasil apresentaram inúmeras propostas, desde o disciplinamento até as questões educativas atuais. Neste capítulo, você viu um breve histórico da educação física no Brasil e suas finalidades. Também estudou a influência europeia por meio das quatro principais escolas europeias e dos métodos adotados por aqui. Para concluir, conheceu as correntes pedagógicas que norteiam a disciplina e as tendências atuais. (Darido, 1999). 7 ESPORTES E JOGOS CONTEMPORÂNEOS Os esportes contemporâneos têm surgido como uma possibilidade de prática dentro de diferentes espaços educacionais, recreativos e de lazer, uma vez que oportunizam práticas motoras diferenciadas, ampliando o repertório motor daqueles que os realizam. Neste capítulo, você vai conhecer as regras, as técnicas e os equipamentos dos jogos e esportes contemporâneos, percebendo-os como parte integrante e relevante das aulas de educação física escolar, como uma maneira de ampliar o repertório motor dos estudantes, visualizando possibilidades de sua aplicação em espaços educacionais, esportivos e de lazer. 30 8 CONHECIMENTO DOS ESPORTES CONTEMPORÂNEOS Segundo Barbanti (2006, p. 57), o esporte pode ser entendido como: [...] uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos [...] Tal definição possibilita traçar diferenciações sociológicas, distinguindo o que acontece, por exemplo, em um recreio de uma escola e o que ocorre nos Jogos Olímpicos. Ainda que as práticas e as modalidades esportivas praticadas sejam as mesmas, existem diferenças significativas entre as duas, ainda que ambas sejam partes importantes da sociedade. Dessa forma, o esporte surge como um fenômeno cultural e social que influencia e é influenciado, sendo cada vez mais parte integrante da sociedade e da vida como um todo, criando condições de beneficiar todos aqueles que o praticam (BARBANTI, 2006). Nesse contexto, surgem os esportes contemporâneos, que se configuram pelas inúmeras maneiras de manifestação esportiva resultadas de adaptações e da união de diferentes modalidades esportivas, criando, assim, novas modalidades, além de sua heterogeneidade, com características específicas que se alteram conforme o ambiente em que estão inseridos (MARQUES; GUTIERREZ; ALMEIDA, 2008). Assim, tais esportes contemporâneos passam a surgir como uma possibilidade de práticas diferenciadas, principalmente em espaços educacionais, recreativos e de lazer, capazes de desenvolver diversas áreas do ponto de vista físico e motor, ampliando o repertório motor dos estudantes. (BARBANTI, 2006). Neste capítulo, abordaremos como esportes contemporâneos as modalidades punhobol, ultimate frisbee, four square, korfball, flag football, futevôlei, futmesa e futebol gaélico. Punhobol: A história desse esporte data do ano de 1893, quando teve o seu jogo documentado de maneira organizada, sendo parte importante do movimento 31 ginástico alemão. O primeiro campeonato alemão masculino aconteceu no ano de 1913 e o feminino em 1921. O punhobol é uma modalidade esportiva coletiva percursora do voleibol, o que justifica suas muitas semelhanças. Tem uma representatividade importante no Sul do Brasil, onde é amplamente praticado, sobretudo nas regiões com forte presença de descendentes de alemães, dada a origem da modalidade (CBDT, 2020). Segundo a Confederação Brasileira de Esportes Terrestres (CBDT), que regulamenta o esporte, acontecem no Brasil as seguintes copas e campeonatos em diferentes categorias: mirim (13 anos); infantil (até 16 anos); juvenil (até 18 anos); júnior (até 21 anos); adulta (sem idade para iniciar ou terminar participação); e de veteranos (dividida em duas categorias: acima de 35 anos ou 45 anos). Quadra e rede do punhobol com as respectivas dimensões. Fonte: CBDT (2020, documento on-line). Diferentemente do vôlei, o punhobol é jogado em um campo de grama (conforme a Figura acima), com cinco jogadores de cada lado, o qual se divide ao meio por uma rede que varia entre 3 e 5 cm de largura, em uma altura de 2 m (adulto masculino) e 1,90 m (adulto feminino). A principal característica da modalidade reside no fato de que todas as jogadas são efetuadas com o punho fechado, e as jogadas de defesa feitas com o antebraço (CBDT, 2020). 32 O jogo é disputado em até 5 sets de 11 pontos, sendo necessária uma diferença mínima de 2 pontos entre os placares para ganhar o set. Caso siga com uma diferença inferior a 2 pontos, ganha o set quem alcançar primeiro a marca de 15 pontos. Vence a equipe que ganhar a maioria dos sets disputados.Existem diferentes possibilidades de marcar pontos no punhobol (CBDT, 2020): quando a bola ou o corpo de um jogador toca a fita ou os postes de sustentação da fita; a bola bate em qualquer parte do corpo do jogador que não seja o seu braço ou sua mão fechada; a bola toca o solo duas vezes consecutivas (é permitido um toque da bola no chão); a bola toca o solo fora dos limites da quadra; a bola toca o campo adversário, passando por baixo da fita; uma equipe toca mais do que três vezes na bola; a bola passa para o campo adversário, tendo seu último toque com o solo, e não com o braço, ou a mão fechada de um jogador; um mesmo jogador toca mais de uma vez na bola antes que ela seja tocada por outro jogador; „ invasão da área de saque no momento do saque. Ultimate frisbee: Muitas modalidades esportivas podem ser praticadas utilizando o frisbee (um disco de 175 g), porém certamente o mais conhecido é o ultimate frisbee, praticado em mais de 40 países ao redor do mundo (STUBBS, 2012). Esse esporte de origem norte-americana surgiu no final da década de 1960 combinando a destreza do futebol americano com a finta e a marcação do basquete. Um marco importante para o esporte aconteceu em 2015, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) o reconheceu como uma modalidade olímpica (MAIELO; COSTA, 2020). O esporte é coletivo e composto por duas equipes com 7 integrantes, que jogam o frisbee entre si. O objetivo consiste em um atleta conseguir chegar com a 33 posse do frisbee à zona de finalização (localizada nas extremidades do campo), somando 1 ponto. No ultimate frisbee, a equipe que somar 15 pontos primeiro é a vencedora. Outra característica bastante peculiar da modalidade reside na ausência de um juiz, já que existe, na verdade, um código de conduta, seguido por todos os jogadores. Nessa modalidade, não há contato físico, motivo pelo qual a posse do frisbee representa uma enorme vantagem. Portanto, a estratégia consiste em induzir um erro do adversário ao realizar o lançamento (STUBBS, 2012). Atualmente, um dos principais campeonatos de ultimate frisbee acontece regido pela American Ultimate Disc League (AUDL), nos Estados Unidos. O campo de ultimate frisbee é de grama, com 37 m de largura e 100 m de comprimento, dos quais 18 m nas duas extremidades opostas do campo correspondem à zona de finalização. Campo de ultimate frisbee. Fonte: Maielo e Costa (2020, p. 3). O jogo inicia-se pelo movimento do “pull”, quando o time de defesa lança o disco para o ataque, fazendo com que os jogadores adversários avancem, acompanhando o disco (MAIELO; COSTA, 2020). Para o andamento da partida, algumas regras devem ser observadas, como a que aponta que não é possível realizar deslocamentos quando da posse do frisbee, e sim apenas rotações no 34 próprio eixo em cima de uma perna, sem poder trocá-la até que tenha lançado o disco para outro atleta. Além disso, o frisbee deve ser lançado em menos de 10 segundos, senão será acarretada a perda da posse do disco, o que mostra se tratar de um jogo com muitas trocas de passes. No caso de um passe incompleto, ou caso o oponente intercepte o lançamento, aplica-se a mesma regra (STUBBS, 2012). Four square: O desenho de quadra desse jogo é bastante peculiar, uma vez que acontece dentro de 4 quadrados (por isso o nome do jogo) desenhados no chão, todos com medidas iguais. Primeiro, faz-se a marcação de um quadrado grande, medido 4 m de altura e 4 m de comprimento, desenhando uma cruz no meio, de modo a ter quatro quadrados idênticos. Os quadrados são numerados de 1 a 4 no sentido anti-horário (conforme a Figura 3) (SQUAREFOR.ORG, 2020). O jogo começa com uma pessoa em cada quadrado, e aquele que iniciar no quadrado de número 4 começa com a bola, chutando-a para qualquer um dos outros quadrados. Quem deixar a bola cair no chão irá para o quadrado 1, enquanto os outros jogadores movem-se, em sentido horário, um quadrado acima, ou seja, se o jogador do quadrado 3 é eliminado, ele irá para o quadrado 1 e o jogador do quadrado 1 vai para o 2, o jogador do 2 vai para o 3, e o do 4 permanece onde está. O objetivo do jogo é chegar ao número 4 e lá permanecer. Caso a bola caia no chão e a pessoa que estiver ocupando o quadrado 4 não sair, ela ganha um ponto. Uma pessoa é eliminada do jogo nas seguintes situações: quando, a partir de um chute regular, a bola cair no seu quadrado; quando chutar a bola e ela cair em alguma linha; ou ao chutar a bola para fora do quadrado maior (FOOTBAG BRASIL, 2007). Caso haja mais de 4 jogadores, forma-se uma fila seguindo essa rotação na qual quem é eliminado vai para o final da fila e o novo jogador entra no quadrado número 1 (FOOTBAG BRASIL, 2007). 35 Quadra de four square. Fonte: Squarefor.org (2020, documento on-line). Korfball: Esse esporte, que mistura o basquete com o handebol, tem uma característica que lhe dá um status bastante diferenciado, uma vez que é o único esporte de equipe no qual homens e mulheres dividem o espaço na quadra, ou seja, trata-se de uma modalidade mista (STUBBS, 2012). De origem na Holanda e na Bélgica datada de 1902, sua invenção é atribuída a Vico Broekhuvesen, professor de educação física que ajustou materiais e regras de outro esporte, o ringboll para criar sua própria prática. Esse jogo tem um aspecto social importante para seu país de origem, uma vez que foi amplamente incentivado para ser praticado por mulheres que, naquele período, não tinham uma participação esportiva efetiva (CONFEF, 2007). O korfball foi reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1994, 1 ano depois da fundação da Federação Internacional de Korfball (IKF), com sede 36 na Holanda, sendo praticado atualmente por mais de 200 mil pessoas em todo mundo, contando com competições de nível internacional (CONFEF, 2007). Ele é jogado em uma quadra com 40 m de comprimento por 20 m de largura. A área em laranja é denominada “área de pênalti”, e a “cesta escocesa” fica na união entre os círculos laranjas e azuis (STUBBS, 2012). O esporte é disputado por 4 equipes com 8 atletas (sendo 4 do sexo feminino e 4 do sexo masculino), e vence a equipe que marcar mais pontos (gols), colocando a bola na cesta, assim como no basquete. A bola utilizada é a de futebol, um modelo número 5. Outra de suas características importantes reside no fato de que não existe nenhuma espécie de contato físico, e as marcações acontecem na forma 1 contra 1, em que homens apenas podem marcar homens e mulheres podem apenas marcar mulheres; caso isso não aconteça, pode haver penalidade (CONFEF, 2007; STUBBS, 2012). Durante o tempo de duração da partida — de 2 tempos de 30 minutos cada —, a cada 2 gols os papéis dos jogadores são invertidos, ou seja, aqueles que estavam na posição de ataque passam para a defesa, e vice-versa. Visto que não existe contato físico, a marcação acontece com o jogador da defesa levantando as mãos para impedir que o seu oponente passe a bola. Além disso, como os gols somente são marcados quando o jogador está livre de marcação, este deve efetuar o arremesso antes que o marcador ocupe sua posição (STUBBS, 2012). 37 (a) Quadra de korfball; (b) “cesta escocesa” — equipamento de korfball. Fonte: Adaptada de (a) snater.com (2016) e (b) Oliveira (2018, documento on-line). Flag football: Ainda que o primeiro registro do nome “flag football” tenha surgido apenas em 1954, existem apontamentos históricos que reivindicam sua origem durante a Segunda Guerra Mundial, quando os soldados norte-americanos, ao buscarem uma forma de se divertir durante seus longos períodos nas bases da guerra, encontraram uma maneira simplificada de jogar o futebol americano, com 38 menos riscos e contusões. A partir disso, o esporte cresceu, contando com ligas profissionais,principalmente nos Estados Unidos, além de estar crescendo no Brasil, embora com um caráter amador — no ano de 2020, são 595 pessoas que praticam o flagfootbal, número equilibrado entre homens e mulheres (FLAG FOOTBALL, 2020). Como sugerido, essa modalidade deriva do futebol americano, com um objetivo similar: avançar com a bola no território adversário, alcançando a zona final (endzone) e marcar um touchdown. Uma das principais diferenças entre as modalidades está no próprio nome da modalidade — flag (bandeira) —, já que no flag football os jogadores têm uma faixa com duas flags, uma de cada lado. Para impedir o avanço do adversário, em vez de derrubá-lo, retira-se uma das flags que o jogador tem presa à cintura. Como o contato físico é menor, não há a necessidade de usar materiais de proteção, como os capacetes, o que torna a modalidade mais barata e passível de ser praticada em ambientes educativos, recreativos e de lazer (GONZAGA, 2020). Existem diferentes modalidades do flag football: 11 × 11, 8 × 8, 7 × 7 e 5 × 5, mas apenas o último é regulamentado e padronizado internacionalmente pela International Federation of American Football (IFAF), motivo pelo qual será abordado aqui. Como o próprio nome sugere, a modalidade é disputada por duas equipes com 5 atletas em campo. O time que está com a posse da bola é considerado o “time de ataque”, que tem como objetivo alcançar a endzone. Para isso, o time começa o ataque na zona de 5 jardas, tendo 4 tentativas para marcar o touchdown (GONZAGA, 2020). O time que está sem a posse da bola, o “time de defesa”, deve estar sempre atento para evitar que os atacantes recebam ou passem a bola. Para impedir o avanço do time adversário, os atletas podem interceptar o passe da bola ou retirar a flag do atacante que está com a posse da bola. Assim que isso acontece, a jogada é paralisada e a bola reposicionada no local em que a flag foi retirada. Isso segue até que o time de ataque tenha finalizado suas 4 tentativas ou tenha marcado o touchdown, que vale 6 pontos (GONZAGA, 2020). 39 Quando um time marca um touchdown, ganha a chance de uma jogada extra para marcar mais 1 ou 2 pontos. Para marcar 1 ponto, o time começará na linha de 5 jardas do adversário, devendo, portanto, ser, obrigatoriamente, uma jogada de passe. Para marcar 2 pontos, a tentativa iniciará na linha de 12 jardas do adversário, caso em que pode ser tanto uma jogada de passe quanto de uma corrida (GONZAGA, 2020). O campo de flag football é de grama e apresenta as marcações apresentadas na Figura abaixo: Campo oficial de flag football 5 × 5. Fonte: IFAF (2019, documento on-line). 40 Futevôlei: Esse esporte, que mistura elementos do vôlei de praia e do futebol, tem uma origem incerta, mas existem registros de suas primeiras práticas na praia de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, durante o período da ditadura militar. Nesse período, como havia sido proibida a prática do futebol na praia a partir de um horário determinado, passou-se a utilizar a rede de vôlei para passar a bola com qualquer parte do corpo, exceto os braços e as mãos como uma forma de resistência (FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEVÔLEI, 2019). Inicialmente, o futevôlei era praticado com 6 jogadores de cada lado, assim como no vôlei, mas, como o andamento do jogo ficava pouco dinâmico, o número de jogadores diminuiu até chegar a duplas e “unplas” (quando acontece a disputa individual), como praticado atualmente. Com o decorrer dos anos, esse esporte que nasceu na praia foi ganhando muitos adeptos, com a fundação, em 1998, da Confederação Brasileira de Futevôlei (CBFv), o que possibilitou a realização do primeiro campeonato brasileiro da modalidade (FEDERAÇÃO PAULISTA DE FUTEVÔLEI, 2019). Com a evolução da modalidade, o futevôlei distanciou-se bastante do vôlei de praia — sua rede, por exemplo, é mais baixa, medindo 2,1 m de altura, e a bola é a de futebol. O saque é realizado com os pés, apoiando a bola em um montinho de areia, marcando-se pontos cada vez que a bola toca o solo dentro ou fora da quadra. Além disso, durante o jogo acontecem muitos movimentos, como a bicicleta, em que o atleta cai com as costas no solo, motivo pelo qual é extremamente importante que a quadra tenha uma grande cobertura de areia fofa, com 18 m de comprimento por 9 m de largura (STUBBS, 2012). Quadra e rede de futevôlei. Fonte: Machado (2019, documento on-line) 41 Futmesa: Inicialmente, essa modalidade esportiva, que une características de diferentes modalidades (futebol, vôlei e tênis de mesa), fez um grande sucesso nas praias brasileiras, expandindo-se para outros espaços. O futmesa utiliza uma bola de futebol com uma mesa similar à de tênis de mesa, com uma leve inclinação do centro para as bordas, tendo uma rede demarcatória no centro. É possível jogá- lo no modo de duplas ou individual (FUTMESA BRASIL, 2019). Mesa de futmesa. Fonte: Futmesa Brasil (2019, documento on-line). Durante o jogo, assim como no futebol, não é permitido tocar a bola e a mesa com as mãos. Caso isso ocorra, é considerado ponto da equipe adversária. O(s) jogador(es) tem(têm) direito a dar 3 toques na bola antes de passá-la para a quadra adversária. Quando em duplas, cada jogador pode dar apenas um toque por vez, até que somem 3 toques. Outra característica interessante é que é permitido subir na mesa durante o seu turno de jogada, caso seja necessário, para não deixar a bola cair. Além disso, assim como no tênis de mesa, a bola deve tocar na mesa (FUTMESA BRASIL, 2019). O jogo acontece em um formato de melhor de 1, 3 ou 5 sets, ganhando aqueles que primeiro alcançarem 18 pontos, tendo sempre 2 pontos de diferença, com a pontuação máxima do set de 23 pontos. Após o término de cada set, os jogadores trocam de lado da mesa. Um jogador/equipe marcará um ponto quando das seguintes situações (FUTMESA BRASIL, 2019): 42 o adversário tocar a bola com a mão ou o braço; o adversário fizer uma devolução incorreta; o saque não foi feito dentro das regras (por cima da rede, sem utilizar as mãos); obstrução da bola logo após o saque, sem que a bola tenha batido na mesa; toque duplo do adversário; o adversário realizar o quarto toque; a bola for para fora da quadra, sem ter tocado nela. Futebol gaélico: Segundo registros históricos, sua origem remonta ao de 1885, na Irlanda, onde os confrontos constantes no período com a Inglaterra fizeram com que os irlandeses rejeitassem qualquer modalidade esportiva que tivesse origem inglesa, como o futebol e o rúgbi. Assim, o futebol gaélico constitui uma mistura dessas duas modalidades. Do mesmo ano, data a fundação da Associação Atlética Gaélica, que regulamenta o esporte (STUBBS, 2012). Disputado entre duas equipes compostas por 15 jogadores cada, entre os quais o goleiro, os defensores, os meios-campos e os atacantes, o objetivo do jogo consiste em passar a bola por cima ou por baixo do “H” que está disposto nas extremidades do campo (similar a uma goleira) usando os pés ou as mãos. Outra de suas características peculiares reside no fato de que as mãos e os pés são amplamente utilizados durante o jogo, visto que o atleta se desloca segurando a bola, podendo passá-la com a mão ou os pés. Quando o atleta está com a posse da bola — segurando-a nas mãos —, ele não pode dar mais do que 4 passos antes de colocá-la no chão e chutá-la (com o objetivo de realizar um passe ou de acertar o gol) (STUBBS, 2012). Como é possível observar na Figura, o campo de futebol gaélico é de grama, apresentando como dimensões 130 a 145 m de comprimento, mas a largura pode variar entre 80 e 90 metros. Nas extremidades, é possível visualizar a área do goleiro (muito similar a encontrada em um campo de futebol) com outras marcações 43 importantes para o andamento do jogo, sendoelas, contando do meio para as extremidades, respectivamente (STUBBS, 2012): linha de 45 m — no início do jogo, todos os atletas, exceto aqueles que disputam a bola no momento inicial, devem, obrigatoriamente, manter-se atrás dessa linha; linha de 20 m — após o gol, o jogo reinicia nessa marca; linha de 13 m — marca a linha de pênalti; “H” — são dois, posicionados nas extremidades do campo, com as seguintes dimensões: 7 m de altura, as duas hastes a uma distância de 6,5 m e a trave paralela ao solo a uma altura de 2,5 m do chão. Campo de futebol gaélico, com as marcações e com a marcação do “H”. Fonte: Albuquerque (2020, documento on-line). Podemos perceber que o futebol gaélico, assim como outros esportes descritos, remonta de séculos passados, mas foram reconhecidos como instrumentos de possibilidade de práticas corporais ao redor do mundo há pouco tempo, além de não serem esportes comumente conhecidos, o que lhes confere esse aspecto contemporâneo. Ainda, observamos que tais esportes apresentam em 44 comum o fato de unirem características, materiais e técnicas de diferentes modalidades esportivas já conhecidas e regulamentadas como esportes formais, criando novas modalidades. (STUBBS, 2012): Após conhecer as características de cada um desses esportes, você identificará agora como incorporar modalidades contemporâneas aos espaços educativos, recreativos e de lazer pode trazer benefícios, ressaltando sua importância social. (STUBBS, 2012). 9 APLICAÇÃO DOS ESPORTES CONTEMPORÂNEOS EM AMBIENTES EDUCACIONAIS, RECREATIVOS E DE LAZER Segundo Bramante (1998), o lazer está atrelado a diferentes dimensões sociais e culturais, sendo entendido como “fazer o que gosta” pelo prazer da prática, sem ter a obrigação de realizá-lo, de maneira livre e despretensiosa. Ao observarmos esse conceito, passa a ser natural pensar que a escola surge como um local de prática e experimentação, em que o estudante pode construir ou não o gosto pela prática de atividades físicas também em seu momento de lazer. Portanto, para que isso aconteça, as aulas de educação física devem ser um momento rico (em experiências e oportunidades) e prazeroso. A inserção do jogo na escola como instrumento pedagógico começou a acontecer entre as décadas de 1920 e 1930, pelo movimento da Escola Nova, que surgiu como uma forte corrente pedagógica nesse período no Brasil (GRILLO; PRODÓCIMO; GÓIS JUNIOR, 2016). Com o decorrer do tempo, por volta de 1980, essa perspectiva foi alterada, dando lugar a um modelo mais “esportivista”, no qual a prática de esportes imperava na busca de uma prática esportiva de alto rendimento, enaltecendo os alunos com mais habilidades (BETTI; KURIKI, 2012). Nesse sentido, este capítulo busca apresentar possibilidades diversificadas de práticas para as aulas como uma ferramenta não apenas em um cenário competitivo e formal, mas também de esportes educacionais, com a devida adequação à realidade e à necessidade dos estudantes. 45 Nesse sentido, é importante apontar que a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017) deixa o professor livre para desenvolver os mais diferentes esportes, apontando para possibilidades de esportes de invasão, precisão, marca, rede/quadra dividida ou parede de rebote, técnico-combinatório e esportes de campo e taco. Ao apontar essa gama de práticas esportivas sem que os esportes em si sejam previamente determinados, a BNCC oferece maior liberdade para que o professor saia do “lugar-comum” ocupado nas aulas de educação física e diversifique as práticas corporais que serão vivenciadas, abrindo espaço para muitas das modalidades que apresentamos anteriormente. Seguindo esse pensamento, Maielo e Costa (2020, p. 16) apontam que: O ensino tradicional e tecnicista privilegia a utilização de exercícios fragmentados, isolando partes do jogo para ensinar os fundamentos técnicos. […] com brincadeiras e jogos é possível recriar momentos mais semelhantes aos que ocorrem na modalidade esportiva. Isso vai auxiliar na compreensão da dinâmica de jogo, contribuindo para a capacidade de solucionar problemas específicos da modalidade. Também se afastam de mecanismos de pressão, permitindo que praticantes testem suas habilidades e encontrem novas maneiras de realizar os movimentos. Ao mesmo tempo, podem ser criadas situações para incentivar a criatividade ao se pensar em estratégias e táticas. Assim, percebemos a importância de construir espaços nos quais se permita ao estudante criar significados a partir da prática corporal, conhecendo o espaço em que vive e o seu corpo, identificando novas possibilidades de interagir consigo e com os demais, bem como entendendo as modalidades esportivas não como a finalidade da aula, e sim como um caminho e um mecanismo para atender outras habilidades e competências que fazem parte da educação como um todo — e também da educação física —, como o diálogo, o respeito às diferenças, o autoconhecimento, respeitando os seus sentimentos e dos demais, além de construir uma cultura de autocuidado (BRASIL, 2017). 46 A Confederação Brasileira de Esportes Terrestres, que regulamenta a modalidade do punhobol, aponta que esse esporte é extremamente intuitivo para aplicação nas escolas, visto que a rede pode ser composta apenas de uma corda, além do fato de apresentar técnicas menos complexas que o vôlei. Ainda, por permitir que a bola bata uma vez no chão e que o sujeito bata na bola com a mão fechada, trata-se de uma estratégia interessante para iniciar esportes que utilizam rede, auxiliando no tempo de bola e na percepção do espaço da quadra (SILVA et al., 2014), podendo-se seguir treinando na modalidade ou, ainda, utilizá-la como um mecanismo para iniciar outro esporte mais complexo, como o vôlei. Outra possibilidade de intervenção nas aulas de educação física se dá com o flag football, em que há pouco contato físico, mostrando-se um esporte inclusivo no qual todos podem participar, além de ser fácil de jogar — parte de habilidades motoras fundamentais (correr e arremessar) e tem técnicas pouco refinadas — e permitir o protagonismo de todos os estudantes, visto que todos são importantes para cumprir o objetivo (seja correndo com a bola, seja puxando a flag do adversário), desenvolvendo aspectos importantes sobre a coletividade e a cooperação do time como um todo a partir de técnicas de marcação e trabalho em equipe (ARAÚJO et al., 2019). 47 Outro aspecto interessante que devemos abordar reside no fato de que muitos desses esportes são praticados em momentos de lazer, como o futmesa e o futevôlei, extremamente presente nas praias brasileiras. Nesses espaços, embora existam os equipamentos (como a mesa, a bola, a rede e a quadra), a intenção da prática não se refere ao alto rendimento, sendo, por vezes, modalidades sazonais (como no verão), praticadas unicamente como uma forma de lazer. Assim, o objetivo desse jogo não é o de competir ou ser um esporte de rendimento, o que o diferencia do cenário formal e competitivo dos esportes em sua essência. (ARAÚJO et al., 2019). Aqui, abrimos espaço para o four square, que, diferentemente dos demais, se caracteriza como um jogo bastante simples de ser executado em espaços educacionais, recreativos e de lazer, tornando-se uma possibilidade de atividade que desenvolva a habilidade de controlar a bola com os pés de uma maneira lúdica, promovendo maior interesse dos alunos. (ARAÚJO et al., 2019). Após compreendermos a trajetória e a importância de trazer os esportes contemporâneos para espaços educacionais, recreativos e de lazer, apresentaremos a seguir possibilidades de atividades para o ensino das modalidades esportivas contemporâneas abordadas ao longo do capítulo. (ARAÚJO et al., 2019). 10 POSSIBILIDADES PARA DESENVOLVER ESPORTES CONTEMPORÂNEOS EM AMBIENTES EDUCACIONAIS Conforme
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